Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

21 de julho de 2015

PVA 2015-2016 da Fraternidade Regional Sul




FRATERNIDADE REGIONAL SUL
OFS PORTUGAL

PLANO DE VIDA E AÇÃO 2015-2016


Ano Santo da Misericórdia
VIII Centenário do Perdão de Assis
Uma feliz coincidência


Tiberio d'Assisi, Concessione dell'indulgenza, 1512
Basilica di Santa Maria degli Angeli
Lema: Sede Misericordiosos

INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos, sucederam-se pessoas capazes do melhor bem e pessoas capazes do pior mal na Igreja e na sociedade, que parecem tantas vezes fazer vacilar a iniciativa de Deus que Ele decidiu sustentar até ao fim dos tempos. Tem havido manifestações do mistério da iniquidade, desgraças de infidelidades, ofensas à dignidade humana. Mas também superabundam maravilhosos testemunhos da grandeza e da beleza de corações puros, almas místicas, espíritos lúcidos, inteligências bondosas. Uma multidão de fiéis, homens e mulheres, eloquentes na proclamação da Palavra com clareza de doutrina; sensatos no discernimento com audaciosas reformas religiosas e sociais; corajosos na confissão da fé em Cristo; fidelíssimos ao duplo mandamento do amor - a Deus e ao próximo - com o risco da própria vida em defesa dos pobres e fracos. Lembremo-nos, por exemplo, que através das mulheres ouviu-se o primeiro anúncio de um mistério incomparável que perdura até aos dias de hoje com o vigor e a frescura de um encontro que transforma a vida: Vidimus Dominum! Vimos o Senhor!

Depois, confirmados no seu íntimo, avançaram os Apóstolos, enérgicos numa evangelização imparável. E depois, ao longo dos séculos, tantos outros, entre os quais se encontram também os Irmãos da Ordem Franciscana Secular, que vencendo «a resistência muitas vezes humanamente invencível da parte daqueles a quem se dirige o evangelizador» (EN 50) (1),  se entregaram com vontade de reviver o Evangelho inteiro, num esforço permanente de nunca se negarem à comunicação, ao diálogo, à colaboração, à revisão crítica e ao discernimento público, com o realismo histórico e a capacidade de inserção tão viva, tão próxima na evolução histórica, com todo o mundo por campo e todo o Evangelho por inspiração única.

Por isso, os desafios de mais um ano da Vida e Ação da Fraternidade Região Sul da OFS em Portugal hão-de basear-se fundamentalmente na renovação da confiança entre todos nós, Irmãos e Irmãs, com os olhos abertos criticamente, convictos de que a relação fraterna é oferta na liberdade, inclusive com aquela linguagem que pode soar dura mas que pretende anunciar uma proposta libertadora de qualquer ilusão ou desilusão acerca do próprio viver livremente. O Espírito torna-nos capazes de acolher a vida fraterna no horizonte da eternidade, sabendo que entre a liberdade de cada um e a ação divina do Espírito existe uma autêntica colaboração, «sinergia», que contribui para a verdadeira realização das nossas vidas, em Deus, cuja misericórdia é «elemento indispensável para dar forma às relações mútuas entre os homens, em espírito do mais profundo respeito por aquilo que é humano e pela fraternidade recíproca.» (DM 14) (2) .

Irmãos e Irmãs comprometidos em tempos de incertezas nos quais é preciso manter a fé sem dureza e o empenho no essencial sem fanatismos, conscientes de que «um anúncio renovado proporciona aos crentes, mesmo tíbios ou não praticantes, uma nova alegria na fé e uma fecundidade evangelizadora. Na realidade, o seu centro e a sua essência são sempre o mesmo: o Deus que manifestou o seu amor imenso em Cristo morto e ressuscitado.» (EG 11) (3) Sabendo que a palavra e a pessoa encontram-se no centro da relação entre nós, e a confiança, para lá de todos os sentimentos, assenta também na razão com que somos capazes de discernir o que melhor convém à vida segundo a vocação franciscana assumida na Ordem Franciscana Secular. Neste sentido, a obediência recíproca no amor é o grande princípio: não dominar um ao outro, mas submeter-se mutuamente, para que nenhum «escândalo», como pedra que provoca a queda ou o tropeço, impedindo a quem caminha de alcançar a sua meta, os afaste do caminho da felicidade juntos. E escandaloso seria a subserviência, a subalternização, a dominação de um sobre o outro, tolhendo assim a liberdade que deve estar presente na escolha e na decisão pelo amor que dá sentido à vida.

Mas, atenção, pois às vezes, por incauta credulidade, pensa-se que a experiência da comunhão pode acontecer à flor da pele ou simplesmente com o aproximar a superfície da alma. Mas a vida ensina-nos que pensando deste jeito, sofremos inevitavelmente fracasso e desolação, devolvidos ao isolamento, amargados diante do facto de não conseguirmos aquela comunhão desejada que sacia e acalma, que concentra e ao mesmo tempo desafoga o nosso espírito. Importa entender que esta comunhão realiza-se a partir da fé, esculpida na rocha viva do silêncio e da palavra, em oração, uma fé humilde mas segura de si mesma, capaz de alicerçar-se na convicção de inserir na relação, isto é, de criar laços interpessoais com Cristo e com os outros. Certamente, um percurso árduo, pois é bem sabido, como dado da psicologia geral, que existe sempre uma dialética entre solidão e comunhão, entre silêncio e palavra, entre distância e proximidade ao outro.

 Por tudo isto, importa, pois, para todos nós, membros da Ordem Franciscana Secular em Portugal, viver da consciência e da liberdade acolhedoras de uma oferta, feita com a capacidade crítica e a confiança atrevida, sem lugar à lamúria nem ao engulho de uma fraca estima por si próprio. Importa manter uma simultânea docilidade à voz do Espírito e à voz de todos os Irmãos, que equilibre a seriedade com a mansidão, e a perseverança para alcançar a meta com a humildade para recomeçar novos caminhos que conduzam mais diretamente a essa mesma meta. Importa cultivar a sabedoria na simplicidade das nossas relações interpessoais, pois «não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas procuremos ser simples, humildes e puros. (…) Nunca devemos estar acima dos outros, mas antes devemos ser servos e sujeitos a toda a humana criatura por amor de Deus.» (2CF 45, 47) (4).

ORAÇÃO

«Deus omnipotente, eterno, justo e misericordioso, concede-nos a nós, miseráveis, que por ti façamos o que sabemos que tu queres, e sempre queiramos o que te apraz, / para que, interiormente purificados, interiormente alumiados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir os passos do teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, / e mediante somente tua graça, chegar até ti, ó Altíssimo, que, em Trindade perfeita e em simples Unidade, vives e reinas e tens toda a glória, ó Deus omnipotente, por todos os séculos dos séculos. Amén(CO 50-52) (5).


Frei Luís de Oliveira, OFM
Lisboa, 11 de Julho de 2015
Objetivos:


Viver a Paz e a Misericórdia no Coração da Fraternidade.

– Estudar nas Fraternidades o Documento do Capítulo Geral:
   «Como Gerir uma Ordem como a OFS, nos dias de hoje».


Motivações

O Santo Padre, o Papa Francisco, convocou a Igreja a viver um Ano Santo extraordinário, a que deu o nome de «Ano Santo da Misericórdia». Este Ano Santo, terá o seu início com a solenidade da Imaculada Conceição, a 8 de Dezembro de 2015, e concluir-se-á, na solenidade de Cristo Rei, em 20 de Novembro de 2016.

Segundo os Ministros Gerais da Primeira Ordem Franciscana e da TOR, esta iniciativa proposta pelo Papa Francisco, é uma feliz coincidência com o que a Família Franciscana se propõe viver em 2016, isto é, o Oitavo Centenário do Perdão de Assis.

Por esta razão os referidos Ministros Gerais dirigiram a todos os frades do mundo, uma carta datada de 12 de Março de 2015, onde manifestam o «desejo sincero de caminhar juntos e crescer na comum vocação e missão», conforme as expectativas que o Papa Francisco tem sobre os religiosos de hoje, e que apresentou por ocasião do Ano da Vida Consagrada.

Neste sentido, é nosso desejo que a Fraternidade Nacional da Ordem Franciscana Secular de Portugal, se deixe plasmar pelo Espirito Santo, a fim de que este ano de graça que Deus nos concede, a todos fortaleça na alegria da fidelidade reconciliada.

Conclusão

Cada uma das nossas Fraternidades possa viver com profundidade a graça deste Ano, para oferecer de maneira renovada a riqueza do nosso carisma, antes de mais, a toda a nossa família espiritual, e depois, de maneira especial aos irmãos seculares que se alimentam da espiritualidade franciscana. Por isso, cada Fraternidade estabeleça na sua formação permanente, momentos de tomada de consciência, de pedido de perdão e de acolhimento alegre da misericórdia.

As diferentes celebrações deste ano contribuam para que todos os Irmãos renovem a sua relação com a Igreja, com a Ordem, e com todo o Povo de Deus, sabendo que o carisma partilhado e posto ao serviço, é uma graça para todos.

Conferência dos Assistentes Espirituais












Sassetta
S. Francisco diante do Papa Honório IIII
1437-44
National Gallery, Londres




(1) Papa Paulo VI, Evangelii Nuntiandi
(2) Papa João Paulo II, Dives in Misericordia
(3) Papa Francisco, Evangelii Gaudium
(4) São Francisco de Assis, Carta a todos fiéis (segunda redação)
(5) São Francisco de Assis, Carta a toda a Ordem





4 de julho de 2015

XIV Domingo do Tempo Comum


 
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