Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

16 de maio de 2020

6º Domingo da Páscoa

(17.05.2020)

O espírito da Liturgia de hoje:

Um dos temas sempre presente na liturgia, porque faz parte integrante da Palavra de Deus, é a questão da ‘verdade’. Para vivê-la e testemunhá-la, Jesus promete aos seus discípulos o envio, o dom do ‘Espírito da verdade’ que é apresentado como o Defensor dos crentes, daqueles que seguem a mensagem do Mestre. O Espírito da verdade é o ‘Defensor’ e é também Aquele que não nos deixa órfãos, mas nos assiste e acompanha nos caminhos da vida. Como afirmamos nos dons do Espírito Santo, além da verdade, Ele é também presença consoladora, presença acompanhante nos caminhos da vida para nos fortalecer e nos ajudar a caminhar em frente, tal como fortaleceu os Apóstolos e os levou a viver e a anunciar a ‘Boa-Nova’ do Reino, por todo o mundo.

Num tempo de tantas fragilidades, pessoais e sociais, resultantes das dificuldades da vida e também do ambiente social em que nos encontramos, pedir a força do Espírito e saber que Ele está connosco é certamente consolador e também é uma forma de O fazer nosso ‘Defensor’, tal como o foi para a Comunidade cristã das origens.

                 Meditar e viver as Leituras:

O Evangelho da liturgia de hoje já faz parte daquela longa narrativa do Evangelho de S. João, que podemos classificar como o “testamento” de Jesus, deixado aos Seus discípulos na Última Ceia, no Cenáculo, nas vésperas da Sua morte. Aos discípulos, inquietos e assustados, porventura desanimados naquele momento, Jesus promete o “Paráclito, o Espírito Santo”. Será Ele a conduzir a comunidade cristã em direcção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. E, dessa forma, a comunidade será a “morada de Deus” no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer a todos os homens.

          Acolhendo o ‘Espírito da Verdade’, o discípulo de Jesus torna-se também ele um construtor da verdade e sua testemunha. Não há hoje, no meu pobre sentir, um qualquer outro desafio, tão urgente e tão necessário, como é o da ‘construção da verdade’. A nossa sociedade deixa-se, cada vez mais, pautar pelas construções artificiais de vidas que assentam na mentira e na superficialidade, que é outra forma de mentira, embora disfarçada. Todos temos a sensação que são poucos os que lutam pela verdade consistente, transparente, e muitos os que se afadigam em construir, apenas e só, o parecer e não o ser, a imagem e não a verdade, a banalidade disfarçante que encobre e entorpece e não a verdade que liberta e reconcilia. As formas de manipulação política, social, de opinião disfarçada em pressupostos de autonomia, até mesmo em formas religiosas, nunca teve um alcance e uma aceitação tão acomodada como hoje sucede. Os silêncios cúmplices, o ocultamento dos erros e das mentiras, são hoje as formas aceites e acreditadas para ocultar a verdade, para mutilar a verdade, para menosprezar a verdade, para manipular a verdade. As ‘centrais’ da informação manipulada são hoje, e cada vez mais, instrumentos ao serviço dos interesses ocultos dos grupos, das associações, e por vezes até das comunidades, enquanto tais.

          Ora, nada disto é conciliável com a verdade que o Espírito Santo nos propõe. Por isso, Jesus reforça a ideia que temos ‘de conhecer o Espírito’ que Ele nos dá, que Ele envia àqueles que O seguem. E como podemos conhecer esse Espírito? Guardando e pondo em prática os ‘Seus mandamentos’ e esses mandamentos tem um centro: é o próprio Jesus: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei’.

Padre João Lourenço, OFM

 


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