Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

29 de dezembro de 2011

NATAL-COM-CRISE = NATAL-COM-ESPERANÇA




Nós não somos anti-Sistema.
O Sistema é que é anti-nós”
(Indignad@s, 15-M, Espanha).


“NATAL-COM-CRISE = NATAL-COM-ESPERANÇA”

(Quase um poema des-construtivista,
que explica a Matemática
de Jesus de Nazaré).


Con-sum-ismo
Con-som-isto
Con-som-isso
Con-some-te
Con-sub-mete-te.

No entanto,
Dizem-nos eles
Que também Jesus recebeu
uns quantos presentes de Natal:
Ouro,
Inscenso,
Mirra.

Porém,
Afirmam-nos agora,
@s Exegetas
(espécie sempre perigosa),
Que trata-se apenas
De um “género literário”.
Ora, vejamos:
Ouro = Realeza
Incenso = Divindade
Mirra = Humanidade Sofredora (Paixão) de Cristo.

Oh!
Portanto,
Jesus não fez real-mente
Acumulação Primitiva de Capital,
Nem de Poder,
Nem de Cultura,
E por isso
Nunca triunfou,
Neste Mundo,
Neste Sistema.
Magní-fico!

Acumulou Sabedoria,
Que distribiu sempre a mãos cheias.
Acumulou Liberdade,
Que con-dividiu.
Acumulou Esperança,
Que espalhou.
Acumulou Amor,
Que ofereceu.
Acumulou Ser,
Que expandiu.

Ou seja,
Se,
Dada a hipótese:
“Con-sum-ismo
Con-som-isto
Con-som-isso
Con-some-te
Con-sub-mete-te”,
Eis então,
Mutatis mutandis,
A contrario,
Per reductium ad absurdum,
Que fica demonstrada apodictica-mente
A pedagogia matemática de Jesus de Nazaré:
“Se Con-some é igual a Con-subtrai,
Então,
Necessaria-mente,
Con-divide é igual a Con-multiplica”.
Perfeito!
Máxima Nota!
(Está claro?).
É porque Jesus de Nazaré
Nunca estudou
Na escola dos Escribas,
Nem aprendeu com os Fariseus,
Mas doutorou-se
Na Universidade da Vida.

Ah!,
Quer dizer,
Con-sidera
Con-sulta
Con-hece
Con-cebe
Con-sequente
Con-solida
Con-forta
Con-cretiza
Con-catena
Con-cilia
Con-cordata
(Ai, não!
Perdão,
Aqui é que me enganei mesmo!)
Con-figura
Con-firma
Con-grega
Con-juga
Con-strói:
Con-tigo
Com-igo
Con-nosco
Con-vosco.
E assim,
Con-templa
Con-verte (-te)
Con-tacta
Con-(muita)vida
Com-bina
Con-tagia
Con-serta,
Con-tinua:
Con-tigo
Con-nosco
Con-vosco.

E feliz re-nascimento natalício!

(Ass-ass-inado:
Jesus de Nazaré,
O Politica-mente Incorrecto).



Rui Manuel Grácio
(Pela transcrição,
E se ninguém a reclama como sua...)
lisboa
natal’2011.

22 de dezembro de 2011

Natal de 2011 - Santo e Feliz Natal! Boas Festas!



Comentário ao Evangelho do dia 20 de Dezembro feito por Prudêncio (348-após 405), poeta em Espanha «Emerge, dulcis pusio», extracto do hino de Natal «Quid est quod artum circulum»
«Vai chamar-Se Filho do Altíssimo [...] e reinará eternamente»

Mostra-Te, doce criança,

Trazida ao mundo por mãe tão casta,

Que deu à luz sem ter conhecido homem;

Mostra-Te, Mediador, em ambas as Tuas naturezas.



Ainda que nascido no tempo, da boca do Pai,

Engendrado pela Sua palavra (Lc 1,38),

Já habitavas no seio do Pai (Jo 1,2)

Ó Sabedoria eterna (1Co 1,24).



Tu és a Sabedoria que tudo criou (Pr 8,27),

Os céus, a luz e todas as coisas.

Tu és o Verbo poderoso que fez o universo (Heb 1,3)

Porque o Verbo é Deus (Jo 1,2).



Tendo ordenado o curso dos séculos

E fixado as leis do universo,

Este artesão do mundo, este construtor,

Permaneceu no seio do Pai.



Mas, quando se cumpriu o tempo,

Passados milhões de anos,

Desceste a visitar

Este mundo há muito pecador.



[...]Cristo não suportava a queda

Dos povos que se perdiam;

Não podia aceitar que a obra do Pai

Se dissolvesse em nada.



Revestiu-Se de um corpo mortal

A fim de que a ressurreição da nossa carne

Quebrasse as cadeias da morte

E nos conduzisse ao Pai.



[...]Não sentes, ó nobre Virgem,

Apesar dos dolorosos pressentimentos,

Que esse glorioso nascimento

Faz aumentar o brilho da tua virgindade?



Teu seio puríssimo contém o fruto bendito

Que encherá de alegria toda a criatura.

Por ti nascerá um mundo novo,

Aurora de um dia brilhante como o ouro.


©Evangelizo.org 2001-2010

8 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria - Profissões na OFS







No dia da Festa da Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria, na Celebração Eucarística, que se realizou na Igreja do Convento Franciscano da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, professaram a vida evangélica, na Ordem Franciscana Secular ou Ordem Terceira de S. Francisco (OFS) cinco irmãos, na presença da Irmã Ministra do Conselho Regional Sul da OFS e dos irmãos da Fraternidade de S. Francisco à Luz.
A celebração foi presidida pelo Padre Frei Domingos Casal Martins, Guardião do Convento e Assistente Espiritual da Fraternidade da OFS, solenizada pelo coro da Igreja, orientado pelo Padre Frei Albertino Rodrigues e vivenciada por numeroso Povo, que, em ação de graças, se uniu à Família Franciscana, particularmente aos irmãos da Primeira Ordem ou Ordem dos Frades Menores (OFM), no dia da ordenação sacerdotal de Frei Nicolás Almeida (OFM), na Apúlia e da Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria, Padroeira do Convento, da Fraternidade e de Portugal. Seguiu-se um almoço festivo no refeitório conventual findo o qual os convivas regressaram a suas casas louvando o Senhor pelo Dom do Irmão Francisco à Igreja e à Fraternidade Universal.

25 de novembro de 2011

1º Domingo do Advento - Vigiai! - IL Risorto

16 de novembro de 2011

17 de Novembro - Festa de Santa Isabel da Hungria



Catequese do Papa: Isabel da Hungria, a princesa entre os pobres
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.
* * *
Queridos irmãos e irmãs:
Hoje, eu gostaria de falar-vos sobre uma das mulheres da Idade Média que suscitou maior admiração: Santa Isabel da Hungria, chamada também de Isabel de Turíngia. Ela nasceu em 1207, na Hungria. Os historiadores discutem onde. Seu pai era André II, rico e poderoso rei da Hungria, o qual, para reforçar seus vínculos políticos, havia se casado com a condessa alemã Gertrudes de Andechs-Merania, irmã de Santa Edwirges, que era esposa do duque de Silésia. Isabel viveu na corte húngara somente nos primeiros quatro anos da sua infância, junto a uma irmã e três irmãos. Ela gostava de música, dança e jogos; recitava com fidelidade suas orações e mostrava atenção particular aos pobres, a quem ajudava com uma boa palavra ou com um gesto afetuoso.
Sua infância feliz foi bruscamente interrompida quando, da distante Turíngia, chegaram alguns cavaleiros para levá-la à sua nova sede na Alemanha central. Segundo os costumes daquele tempo, de fato, seu pai havia estabelecido que Isabel se convertesse em princesa de Turíngia. O landgrave ou conde daquela região era um dos soberanos mais ricos e influentes da Europa no começo do século XIII e seu castelo era centro de magnificência e de cultura. Mas, por trás das festas e da glória, escondiam-se as ambições dos príncipes feudais, geralmente em guerra entre eles e em conflito com as autoridades reais e imperiais. Neste contexto, o landgrave Hermann acolheu com boa vontade o noivado entre seu filho Ludovico e a princesa húngara. Isabel partiu de sua pátria com um rico dote e um grande séquito, incluindo suas donzelas pessoais, duas das quais permaneceriam amigas fiéis até o final. São elas que deixaram preciosas informações sobre a infância e sobre a vida da santa.
Após uma longa viagem, chegaram a Eisenach, para subir depois à fortaleza de Wartburg, o maciço castelo sobre a cidade. Lá se celebrou o compromisso entre Ludovico e Isabel. Nos anos seguintes, enquanto Ludovico aprendia o ofício de cavaleiro, Isabel e suas companheiras estudavam alemão, francês, latim, música, literatura e bordado. Apesar do fato do compromisso ter sido decidido por razões políticas, entre os dois jovens nasceu um amor sincero, motivado pela fé e pelo desejo de fazer a vontade de Deus. Aos 18 anos, Ludovico, após a morte do seu pai, começou a reinar sobre Turíngia. Mas Isabel se converteu em objeto de silenciosas críticas, porque seu comportamento não correspondia à vida da corte. Assim também a celebração do matrimônio não foi fastuosa e os gastos do banquete foram distribuídos em parte aos pobres. Em sua profunda sensibilidade, Isabel via as contradições entre a fé professada e a prática cristã. Não suportava os compromissos. Uma vez, entrando na igreja na festa da Assunção, ela tirou a coroa, colocou-a aos pés da cruz e permaneceu prostrada no chão, com o rosto coberto. Quando uma freira a desaprovou por este gesto, ela respondeu: "Como posso eu, criatura miserável, continuar usando uma coroa de dignidade terrena quando vejo o meu Rei Jesus Cristo coroado de espinhos?". Ela se comportava diante dos seus súditos da mesma forma que se comportava diante de Deus. Entre os escritos das quatro donzelas, encontramos este testemunho: "Não consumia alimentos sem antes estar certa de que procediam das propriedades e dos bens legítimos do seu marido. Enquanto se abstinha dos bens adquiridos ilicitamente, preocupava-se também por ressarcir àqueles que tivessem sofrido violência"(nn. 25 e 37). Um verdadeiro exemplo para todos aqueles que desempenham cargos: o exercício da autoridade, em todos os níveis, deve ser vivido como serviço à justiça e à caridade, na busca constante do bem comum.
Isabel praticava assiduamente as obras de misericórdia: dava de beber e de comer a quem batia à sua porta, distribuía roupas, pagava as dívidas, cuidava dos doentes e sepultava os mortos. Descendo do seu castelo, dirigia-se frequentemente com suas donzelas às casas dos pobres, levando pão, carne, farinha e outros alimentos. Entregava os alimentos pessoalmente e cuidava com atenção do vestuário e dos leitos dos pobres. Este comportamento foi informado ao seu marido, a quem isso não apenas não desagradou, senão que respondeu aos seus acusadores: "Enquanto ela não vender o castelo, estou feliz!". Neste contexto se coloca o milagre do pão transformado em rosas: enquanto Isabel ia pela rua com seu avental cheio de pão para os pobres, encontrou-se com o marido, que lhe perguntou o que estava carregando. Ela abriu o avental e, no lugar dos pães, apareceram magníficas rosas. Este símbolo de caridade está presente muitas vezes nas representações de Santa Isabel.
Seu casamento foi profundamente feliz: Isabel ajudava seu esposo a elevar suas qualidades humanas ao nível espiritual e ele, por outro lado, protegia sua esposa em sua generosidade com os pobres e em suas práticas religiosas. Cada vez mais admirado pela grande fé de sua esposa, Ludovico, referindo-se à sua atenção aos pobres, disse-lhe: "Querida Isabel, é Cristo quem você lavou, alimentou e cuidou" - um claro testemunho de como a fé e o amor a Deus e ao próximo reforçam e tornam ainda mais profunda a união matrimonial.
O jovem casal encontrou apoio espiritual nos Frades Menores, que, desde 1222, difundiram-se em Turíngia. Entre eles, Isabel escolheu o Frei Rüdiger como diretor espiritual. Quando ele lhe narrou as circunstâncias da conversão do jovem e rico comerciante Francisco de Assis, Isabel se entusiasmou ainda mais em seu caminho de vida cristã. Desde aquele momento, dedicou-se ainda mais a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres. Inclusive quando nasceu seu primeiro filho, seguido de outros dois, nossa santa não descuidou jamais das suas obras de caridade. Além disso, ajudou os Frades Menores a construir um convento em Halberstadt, do qual o Frei Rüdiger se tornou superior. A direção espiritual de Isabel passou, assim, a Conrado de Marburgo.
Uma dura prova foi o adeus ao marido, no final de junho de 1227, quando Ludovico IV se associou à cruzada do imperador Frederico II, recordando à sua esposa que esta era uma tradição para os soberanos de Turíngia. Isabel respondeu: "Não o impedirei. Eu me entreguei totalmente a Deus e agora devo entregar você também". No entanto, a febre dizimou as tropas e o próprio Ludovico ficou doente e morreu em Otranto, antes de embarcar, em setembro de 1227, aos 26 anos. Isabel, ao saber da notícia, sentiu tal dor, que se retirou em solidão, mas depois, fortificada pela oração e consolada pela esperança de voltar a vê-lo no céu, interessou-se novamente pelos assuntos do reino. Outra prova, porém, a esperava: seu cunhado usurpou o governo de Turinga, declarando-se verdadeiro herdeiro de Ludovico e acusando Isabel de ser uma mulher piedosa incompetente para governar. A jovem viúva, com seus três filhos, foi expulsa do castelo de Wartburg e começou a procurar um lugar para refugiar-se. Somente duas de suas donzelas permaneceram junto dela, acompanharam-na e confiaram os três filhos aos cuidados de amigos de Ludovico. Peregrinando pelos povoados, Isabel trabalhava onde era acolhida, assistia os doentes, fiava e costurava. Durante este calvário, suportado com grande fé, paciência e dedicação a Deus, alguns parentes, que haviam permanecido fiéis a ela e consideravam ilegítimo o governo do seu cunhado, reabilitaram seu nome. Assim, Isabel, no início de 1228, pôde receber uma renda apropriada para retirar-se ao castelo familiar em Marburgo, onde vivia também seu diretor espiritual, Frei Conrado. Foi ele quem contou ao Papa Gregório IX o seguinte fato: "Na Sexta-Feira Santa de 1228, com as mãos sobre o altar da capela da sua cidade, Eisenach, onde havia acolhido os Frades Menores, na presença de alguns frades e familiares, Isabel renunciou à sua própria vontade e a todas as vaidades do mundo. Ela queria renunciar a todas as suas possessões, mas eu a dissuadi por amor aos pobres. Pouco depois, construiu um hospital, recolheu doentes e inválidos e serviu em sua própria mesa os mais miseráveis e abandonados. Tendo eu a repreendido por estas coisas, Isabel respondeu que dos pobres recebia uma especial graça e humildade" (Epistula magistri Conradi, 14-17).
Podemos ver nesta afirmação certa experiência mística parecida com a vivida por São Francisco: de fato, o Pobrezinho de Assis declarou em seu testamento que, servindo os leprosos, o que antes era amargo se transformou em doçura da alma e do corpo (Testamentum, 1-3). Isabel transcorreu seus últimos 3 anos no hospital fundado por ela, servindo os doentes, velando com os moribundos. Tentava sempre levar a cabo os serviços mais humildes e os trabalhos repugnantes. Ela se converteu no que poderíamos chamar de mulher consagrada no meio do mundo (soror in saeculo) e formou, com outras amigas suas, vestidas com um hábito cinza, uma comunidade religiosa. Não é por acaso que ela é padroeira da Terceira Ordem Regular de São Francisco e da Ordem Franciscana Secular.
Em novembro de 1231, foi vítima de fortes febres. Quando a notícia da sua doença se propagou, muitas pessoas foram visitá-la. Após cerca de 10 dias, ela pediu que fechassem as portas, para ficar a sós com Deus. Na noite de 17 de novembro, descansou docemente no Senhor. Os testemunhos sobre sua santidade foram tantos, que apenas quatro anos mais tarde, o Papa Gregório IX a proclamou santa e, no mesmo ano, consagrou-se a bela igreja construída em sua honra, em Marburgo.
Queridos irmãos e irmãs, na figura de Santa Isabel, vemos como a fé e a amizade com Cristo criam o sentido da justiça, da igualdade de todos, dos direitos dos demais e criam o amor, a caridade. E dessa caridade nasce a esperança, a certeza de que somos amados por Cristo e de que o amor de Cristo nos espera e nos torna, assim, capazes de imitá-lo e vê-lo nos demais. Santa Isabel nos convida a redescobrir Cristo, a amá-lo, a ter fé e, assim, encontrar a verdadeira justiça e o amor, como também a alegria de que um dia estaremos submersos no amor divino, no gozo da eternidade com Deus. Obrigado.
[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Queridos irmãos e irmãs,
Santa Isabel da Hungria nasceu em mil duzentos e sete. Muito jovem ainda, foi dada em casamento a Luís IV da Turíngia, florescendo entre ambos um amor sincero, animado pela fé e pelo desejo de cumprir a vontade de Deus. Decidida a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres, Isabel praticava assídua e pessoalmente as obras de misericórdia. Foram acusá-la ao marido de assim gastar os bens do condado; ele respondeu: «Desde que não me venda o castelo, não me importa!». Uma vez ela levava o avental cheio de pão para os pobres, quando se cruzou com o marido que lhe perguntou que levava. Isabel abriu o avental; mas, em vez de pão, apareceram magníficas rosas. É o conhecido milagre do pão transformado em rosas, que aparece muitas vezes reproduzido na imagem desta grande Santa da caridade. 

Amados fiéis brasileiros da paróquia São Pedro Apóstolo de Pato Branco e todos os peregrinos de língua portuguesa, agradeço a vossa visita e de coração vos saúdo, desejando que esta peregrinação a Roma deixe a vida de cada um iluminada pelo sentido e pelo amor de Deus e do próximo. Sobre as vossas famílias e comunidades cristãs, desçam abundantes favores divinos, que sobre todos invoco ao abençoar-vos em nome do Senhor.
[Tradução: Aline Banchieri.
©Libreria Editrice Vaticana]

7 de novembro de 2011

25º Aniversário do «Espírito de Assis» - 1986-2011



Assis, Caminho de Paz

Em 27 de Outubro de 1986 realizou-se o primeiro Encontro Inter-Religioso de Oração pela Paz querido por João Paulo II na cidade de Assis que juntou dezenas de representantes das diversas igrejas e tradições religiosas: 124 participantes oficiais de 62 igrejas cristãs e 62 membros de outras tradições (religiões tradicionais da Ásia, da África e da América). Mais de 200 lideres religiosos de todo o mundo…

Porquê Assis e não Jerusalém, Roma, Constantinopla, Meca?
Só Assis tinha, tem a capacidade de se transformar em «parábola de Paz»

Ai viveu S. Francisco, aí aprendeu e ensinou que só temos um Pai e somos todos irmãos. Em Assis viveu e está presente o «irmão universal», o «profeta da paz».
Em 1219, quando os cristãos combatiam os muçulmanos com as Cruzadas, Francisco vai ao encontro destes irmãos: «sou cristão; levai-me ao vosso chefe».

1 - A singularidade do evento

A importância e novidade do evento de Assis foi expressa tanto pelos participantes como pelos observadores e analistas. Representou, de fato, uma novidade e uma iniciativa histórica de grande alcance. e ultrapassando o seu invólucro empírico, O evento de Assis, superando a intenção de seus protagonistas representa um "gesto sem precedente", um acontecimento extraordinário e único, que carrega consigo um explosivo poder simbólico. A jornada de Assis significou para o Cardeal Willebrands, então presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos, "o evento ecuménico mais marcante depois do Concílio Vaticano II". Inaugurava-se um "ecumenismo planetário", expressão cunhada pelo teólogo dominicano Marie-Dominique Chenu, em sua reflexão sobre o encontro. (O Paradigma de Assis, in revista Concilium 3/2001 do Prof. Faustino Teixeira - PPCIR-UFJF / Iser-Assesoria).
O Encontro de Assis de 1986 constitui um marco fundamental no campo do diálogo inter-religioso. O encontro de Assis significou um avanço ainda maior do que aquele expresso no Vaticano II, no Decreto sobre a liberdade religiosa. Pela primeira vez na história, inúmeras lideranças religiosas mundiais encontram-se para juntos rezar e testemunhar a natureza transcendente da paz.
Houve a preocupação dos organizadores de evitar qualquer forma de sincretismo religioso manifesto na forma "juntos para rezar" e não "rezar juntos".

2 - As religiões no "Espírito de Assis"

A vida habitual de uma sociedade, no passado, decorria dentro da própria cultura e religião, embora se soubesse da existência de outras culturas e religiões. Hoje temos não apenas a convivência física – pacífica ou conflituosa – entre pessoas de diferentes religiões, mas também a convivência ao nível de conhecimento. As tecnologias da informação e da comunicação, a globalização e a emigração criaram a possibilidade de um encontro inter-religioso universal.
Somos a primeira geração em toda a história da humanidade que se encontra num ambiente cultural e religioso realmente plural. O contacto vivo entre as diversas religiões torna-nos mais conscientes de que a vivência religiosa se encontra em uma situação nova e, em alguns aspectos, radicalmente nova.

3 - Um fenómeno novo (desafios)

Esta situação coloca profundos desafios, sobretudo à geração nascida numa época de sociedades de uma só religião. Hoje entramos todos facilmente em contacto com outras perspectivas, outra escala de valores e outras normas. A filosofia ocidental converte-se numa corrente de pensamento entre outras, como a muçulmana, a hindu, a chinesa, etc.
A realidade da qual temos de partir é esta: estamos diante de um fenómeno novo, de uma mudança substancial. Somos suas testemunhas e não podemos fechar-nos à mudança.
Hoje todos temos uma certa noção de pluralismo e tolerância mas a história da qual viemos é de séculos e até milénios de atitudes contrárias ao pluralismo, na tradição católica e noutras religiões.

A religião só pode ser portadora de paz.
Peregrinos da verdade, peregrinos da paz.

«O Senhor vos dê a sua paz».
Daniel Teixeira, OFM




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Vejamos alguns momentos simbolicamente importantes da experiência cristã.
1 - Antigo Testamento

Os textos do AT referentes às divindades dos povos vizinhos de Israel qualificam-nos depreciativamente como ídolos: obras de mãos humanas, coisas mortas (Sab 13, 10), nada (Is 44, 9), vazio (Jr 2, 5; 16, 19), mentira (Jr 10, 14; Am 2, 4; Br 6, 50), demónios (Dt 32, 17; Br 4, 7). Só Javé seria um Deus verdadeiro (Jr 10, 10). Em contrapartida, o povo hebreu tinha a convicção de ser um povo diferente, o povo de Deus, o eleito, que deveria viver separado dos gentios e não misturado com eles (Dt 7, 1-2a). Israel devia destruir sem compaixão os altares e imagens dos povos derrotados e expulsos, e não fazer aliança nem aparentar-se com eles. O Israel do Deuteronómio tem a convicção de ser o povo eleito, o santo diante dos demais povos que adorariam ídolos vãos.

2 - O Concílio de Florença (1452)

No séc. XV outro ponto culminante dessa mentalidade é o Concílio de Florença que declarou firmemente crer, professar e ensinar que nenhum daqueles que se encontram fora da Igreja Católica – não somente os pagãos, mas também os judeus, os hereges e os cismáticos – poderão participar da vida eterna. Irão ao fogo eterno que foi preparado para o diabo e seus anjos, a menos que antes do término da sua vida sejam incorporados na Igreja… Ninguém, por grandes que sejam suas esmolas, ou ainda que derrame o sangue por Cristo, poderá salvar-se se não permanecer no seio e na unidade da Igreja Católica (DS 1351).
Durante séculos se pregou e viveu a convicção de que «fora da Igreja não há salvação». Todos os que morressem fora da comunhão da Igreja Católica não poderiam participar da vida eterna e iriam para o fogo eterno.

3 - No século XIX

Gregório IX, na Encíclica Mirari Vos de (1832) afirmou: Outra coisa que tem produzido muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria apresentada em toda a parte, tão favorável ao engano dos ímpios, que ensina que se pode conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que haja rectidão e honradez nos costumes… Desta barrenta fonte do indiferentismo mana aquela absurda e errónea sentença ou, melhor dizendo, loucura, que afirma e defende a todo o custo e para todos a liberdade de consciência (nn. 9-10).
Esta é apenas uma das rejeições que os Papas daquele tempo lançaram solenemente contra os «erros da época»: o pensamento moderno, as liberdades sociais, a democracia, o que hoje reconhecemos como direitos humanos… Neste texto, que ainda não tem dois séculos, nega-se frontalmente e com ostensivo desprezo a liberdade de consciência, a liberdade religiosa e o pluralismo religioso, com toda a solenidade do magistério pontifício.

4 - Concilio Vaticano II (1962-1965)

Este Concílio declara que a pessoa humana tem direito há liberdade religiosa. Esta liberdade consiste em que todos os seres humanos devem estar imunes de coacção, tanto por parte de pessoas particulares como de grupos sociais e de qualquer poder humano, e isso de tal maneira que em matéria religiosa nem se obrigue a ninguém a agir contra a sua consciência, nem se lhe impeça que aja conforme a ela em âmbito privado ou público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites. Declara, ademais, que o direito à liberdade religiosa se funda realmente na dignidade própria à pessoa humana, tal como é conhecida pela palavra revelada de Deus e pela própria razão (DH 2).

A Igreja Católica nada rejeita daquilo que nas religiões não cristãs há de verdadeiro e santo. Considera com sincero respeito os modos de agir e viver, os preceitos e doutrinas, que, ainda que discrepem em muitos pontos do que ela confessa e ensina, não poucas vezes reflectem um lampejo daquela Verdade que ilumina a todos os seres humanos (NAe 2).

Foram praticamente vinte séculos de exclusivismo cristão, quase dois mil anos em que o cristianismo pensou ser a única religião verdadeira, enquanto todas as outras religiões seriam falsas, invenções humanas ou simples preparação para o Evangelho; ou, na melhor das hipóteses, teriam participação na revelação cristã.
A mudança de mentalidade, no mundo católico, deu-se há uns 60 anos, pelo Vaticano II, o que significa que começou na actual geração e ainda não terá tido tempo para se difundir e criar raízes. A posição teológica de que Deus se revela em todas as religiões, sem descriminação por parte de Deus, ainda suscita surpresa e incompreensão, embora sempre tenha havido no cristianismo outra face, uma atitude mais tolerante e pluralista, mas foram sempre uma excepção.
O Concílio Vaticano II foi para a Igreja Católica uma aceitação de boa parte da crítica da cultura moderna às atitudes integristas da Igreja nos últimos séculos. Foi também uma actualização e uma reconciliação com o mundo moderno. Mas logo se tornou evidente que essa renovação não bastava e em seguida aconteceu na Igreja Católica uma involução, e a doutrina oficial ficou para trás em relação á teologia.

5 - As religiões e a Paz

As perguntas em relação à Salvação partem da suposição de que a salvação está reservada apenas ao «povo eleito», ao Povo de Israel. Este sente-se o único povo eleito por Deus. Convém clarificar que uma coisa é ser o povo eleito e outra o único povo eleito.
Na mente e coração de Jesus, Aquele que nos revela o coração e o projecto do nosso Deus para a humanidade, está subentendida a ideia da salvação universal (Mt 22, 1-14).
Coloquemos algumas perguntas:
Senhor, são poucos os que se salvam? (Lc 13, 23).
Todos são chamados a salvar-se, mas salvam-se realmente todos?
Deus pode chamar uns à salvação e outros não? Ler Lc 13, 22-30; Is 13, 22-30

Deus quer que todos os homens se salvem, sem excepção. Todos recebem o chamamento por igual. Onde está então a diferença? Há diferença nos meios e nos caminhos que Deus oferece a seus filhos para a salvação que é sempre iniciativa de Deus e tarefa do homem. Ao homem é impossível salvar-se por si mesmo. É Deus quem salva. Porém, Deus não impõe a salvação mas oferece-a: é dom absolutamente gratuito.
As religiões são diferentes caminhos através dos quais o homem procura chegar a Deus. Mas esses caminhos-religiões não são todos iguais, não possuem todos a verdade nem o mesmo grau de verdade. Por isso a porta para entrar no Reino é estreita mas Ele abre-a a todos. A porta da resposta depende da liberdade humana, e nem todos estão dispostos a entrar por ela porque tentam entrar com muita coisa, “gordos”, cheios de auto-suficiência, da sua verdade.
Porém, importa ter em conta que as religiões são pessoas crentes e não teorias. Todos o Homem busca a verdade e cada religião é possuidora de parte de verdade (todas são verdadeiras) mas nenhuma possui a verdade total já que há nelas também uma dimensão humana e, portanto, imperfeita (todas são falsas-imperfeitas). Se falámos então de pessoas em busca da Verdade falámos de toda a humanidade que Deus quer em comunhão com ele e que busca Deus.
Celebrar 25 anos do "Espírito de Assis" é tomar consciência desta caminhada comum, no respeito pelos diversos caminhos, ou seja pelos crentes todos, o que não é o mesmo que dizer que todas as religiões são iguais ou igualmente boas. Mas o reconhecimento da diferença não pode significar nunca exclusão dos que vivem uma fé diferente da nossa. Somos irmãos em busca do Pai comum e por isso todos empenhados na construção da Paz que nenhuma barreira religiosa deve impedir.

Daniel Teixeira, OFM

1 de novembro de 2011

XIII Capítulo Geral da OFS - 22 a 29/10/2011 - Brasil

http://www.ciofs.org/en.htm

16 de outubro de 2011

Ano Jubilar do "Espírito de Assis"



27 de setembro de 2011

O Irmão Bom Pastor - O Padre Filipe









O Irmão Bom Pastor - Padre Filipe Carreira do Rosário
Eu e o Luís conhecemos o Padre Filipe no casamento da minha melhor amiga de curso, a Ana Barros, na Igreja de Nossa Senhora da Luz. Foi no ano de 1985. Desde então, guardamos a imagem de um homem novo, diferente, ao contrário, como se andasse a fazer o pino, de cabeça para baixo e pés no ar. Ele foi um homem desconcertante, simples e alegre que soube transpor as barreiras das cerimónias e as alturas dos monumentos nacionais, concretamente do retábulo e do altar-mor da Igreja da Luz, no dia daquele casamento. A vida do Padre Filipe foi marcante para nós nestes últimos 25 anos de vida e, nesta hora, reconhecemos que ele foi o nosso Irmão Bom Pastor, o Irmão Bom Pastor da nossa família.
Nesta hora, por graça de Deus, reconhecemos a sua presença na preparação do nosso Matrimónio, nesse longínquo ano de 1985, e na nossa família, imediatamente após o regresso da nossa lua-de-mel, num Domingo do mês de Setembro, depois da Eucaristia das 19:00, quando o cumprimentámos e nos apresentamos como seus paroquianos e ele aceitou tomar um café em nossa casa. Ele abençoava as casas das famílias. Ele abençoou-nos e guardou-nos, desde então.
Na catequese e nos grupos de jovens ensinava a cantar: “A minha meta é Cristo, o meu troféu és Tu meu Senhor Sou jovem e não desisto de espalhar a Paz e o Amor.”
Ele rezou pelo nascimento das nossas filhas, a Francisquinha e a Sarinha, depois de uma intervenção cirúrgica bem sucedida. Alegrou-se com toda a família e baptizou-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
No Centro Social e Paroquial de Carnide, no jardim de infância das nossas meninas, ele foi um Sacerdote e um Pai atento e acolhedor. A sua presença nas festas de Natal e no final dos anos escolares é inesquecível, tal como a sua boa disposição nas celebrações lindas na Igreja de S. Lourenço, que reconstruiu. As crianças corriam ao seu encontro e ele muito sorridente pedia-lhes beijinhos, especialmente às mais pequeninas.
Na Igreja da Luz ele foi o Vigário de Cristo, ele deu a vida pelas suas ovelhas, salvou-as de lobos ferozes e reconduziu-as, com sacrifício da própria vida, a pastagens verdejantes. Ele nunca nos deixou só. Acompanhou-nos sempre.
No Externato da Luz, o Padre Filipe foi o nosso Director. Pelo exemplo ensinou-nos a ser pais e educadores responsáveis; ensinou-nos a disciplina e o prémio do estudo, o trabalho árduo por amor; ensinou-nos a construir uma sociedade mais justa e pacífica, onde todos são irmãos. O Padre Filipe viveu o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o serviço a Deus e ao próximo. O Padre Filipe foi santo nesta terra. Por Ele queremos ser membros da sua família e irmãos de todos os homens. Ele viveu a Fraternidade Universal. Por ele queremos ser dignos de pertencer à Família Franciscana, à família de S. Francisco e de Santa Clara de Assis e de inúmeros santos da Igreja.
Em Lisboa, nesta nossa cidade das sete colinas, reconhecemos que o Padre Filipe criou uma nova paisagem urbana: nas igrejas, nos adros, nos largos, nas rotundas, nas praças, nos jardins, nos centros culturais e nos homens e nas mulheres do nosso tempo que o amaram, uma paisagem linda que permanece, porque ele amou primeiro, tudo e todos, à maneira de Jesus, terna e profundamente. Ele é um outro Bom Pastor. O Padre Filipe partiu para a casa do Pai mas na comunhão dos santos permanece nesta obra que foi ruínas e reconstruída por ele. Nesta hora, agradecemos ao Senhor o dom da vida do Padre Filipe. Sentimos que não foi só para nós mas para todos. O Padre Filipe foi, é e será sempre o nosso Irmão Bom Pastor.
Obrigado Padre Filipe. Até logo.
Beijinhos da Francisca, Luís, Francisquinha e da Sara Rebordão Topa

10 de agosto de 2011

Santa Clara de Assis - 800 anos de Vocação









Com todo o júbilo e reconhecimento pelo grande Dom da visita da Irmã Madre Maria do Lado de Jesus, do Mosteiro de N.ª Senhora da Esperança, em Montalvo, à Fraternidade de S. Francisco à Luz, no ano Jubilar Clareano, publica-se o texto da comunicação da nossa querida Irmã Clarissa.



ANO VOCACIONAL
A Ordem Franciscana celebra o ano jubilar pela fundação da segunda Ordem.
Em Portugal, as Irmãs Clarissas, com a aprovação do Presidente da Família Franciscana e a bênção do Ministro Geral, proclamaram um ano Vocacional, com o fim de voltar às origens da nossa vocação e por ela agradecer ao Pai das misericórdias que nos cumula de seus dons.
Como tema a iluminar a celebração deste ano vocacional o apelo do Apóstolo, repetido e vivido por Santa Clara: “CONHECE A TUA VOCAÇÃO” e a nossa resposta consciente: “NOSSA VOCAÇÃO É O MAIOR DE TODOS OS DONS” (Testamento, 2)
Não se trata de celebrar somente uma data histórica. Isto seria simplesmente fazer arqueologia e tudo se concluiria como um fato de crónica. Trata-se de ver estes 800 anos com o olhar de Deus, isto é: com os olhos da fé, contemplando tudo o que de bom fez o Senhor através de Francisco e da sua “plantinha” a Irmã Clara, contemplar todo o bom e o bem que o Senhor realizou e segue realizando através dos Irmãos Franciscanos e neste ano sobretudo através das Irmãs Clarissas de ontem e de hoje. Contemplando o passado com os olhos de Deus, com os olhos da fé, a história que aparentemente se apresenta como uma simples história humana, acaba sendo “história de salvação”. (São palavras do nosso Ministro Geral às Irmãs Clarissas do Brasil).
A história de Clara, vivendo em seu palácio com todos os condicionalismos de mulher medieval, não a impediu de fazer uma opção por Jesus Cristo.
Ela mesma nos diz no seu testamento (n.5): “O Filho de Deus fez-se nosso caminho, como nos mostrou e ensinou, por palavras e por exemplos o nosso Bem-aventurado Pai S. Francisco, seu apaixonado imitador.”
Clara, que vivia reclusa na torre do palácio familiar ouviu falar da conversão de Francisco e de como se despojou das roupas e do titulo paterno para, livre e liberto, seguir a Jesus Cristo e a Sua Santíssima Mãe, a senhora pobrezinha. Durante a quaresma também teve oportunidade de escutar as suas palavras de fogo que lhe queimaram o coração. Nunca mais o iria esquecer e, já no fim da sua vida, deixou-nos esta recordação no Testamento: “como nos mostrou e ensinou pela palavra e pelo exemplo o nosso bem-aventurado Pai S. Francisco.”
Clara percebeu a divina inspiração, como preciosa predilecção. Acolheu. E o acolhimento foi-lhe purificando a mente na escolha.
A pretexto de piedade, Clara, consegue sair da sua torre para se encontrar com Francisco. Partilha com ele a divina inspiração para seguir a vida dos Irmãos Menores. Francisco mostra-se relutante à ideia de uma jovem mulher nobre viver entre os leprosos. Resiste e orienta-a na oração de fé e de confiança.
Deus que chama dá a força para O seguir. No Testamento Clara recorda-nos quem e como tocou o seu coração: “depois que o Altíssimo Pai Celestial, pouco depois da conversão do nosso bem-aventurado Pai S. Francisco se dignou iluminar-me o coração para que, seguindo-lhe o exemplo, fizesse penitência, segundo a luz da graça que o Senhor me comunicou através da sua vida maravilhosa e da sua doutrina”.
No dia de Ramos Deus se manifesta pelo Bispo Guido. Um ramo: um sinal de Deus feito caminho na vida de Clara.
Francisco não resiste mais à inspiração divina. Mudar de lugar agora é real para Clara. Deixa o seu palácio e caminha para a Porciúncula;
Clara nunca esquecerá aquele dia: “prometi-lhe voluntariamente obediência”( TC 26). Como um Irmão Menor Clara, de livre vontade, prometeu obediência a Francisco confiando a sua vida e a sua vocação à Ordem dos Menores.
Diante da imagem da Virgem Maria Clara fez a sua Profissão:
Seguir as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua Santíssima Mãe.
Francisco comprometeu-se a cuidar de Clara e de suas Irmãs como de seus próprios Irmãos e escreveu para elas uma Forma de Vida registada cuidadosamente, por Clara, no coração da sua regra. Esta Forma de Vida compendia o carisma vocacional de Clara e das Clarissas:
Pois que por inspiração divina vos fizestes filhas e servas do altíssimo e soberano rei e Pai celestial e vos tornastes esposas do Espírito Santo, abraçando uma vida conforme a perfeição do santo Evangelho, eu quero e prometo em meu nome e em nome dos meus Irmãos, ter sempre para convosco, como tenho para com eles diligente cuidado e solicitude particular.” (Regra VI, 3-4).
Francisco reconhece que a vocação de Clara e das Irmãs aconteceu por inspiração Divina. Elas, fiéis a essa inspiração, tornaram-se “
filhas e servas do Altíssimo Rei e Pai celestial e desposaram-se com Deus Espírito Santo.”
Há quatro partes distintas na FORMA DE VIDA:
• Filhas e servas de Deus
• Esposas do Espírito Santo
• Irmãs de Jesus Cristo Palavra – Santo Evangelho
• Irmãs de Francisco e dos Irmãos
Clara decidiu deixar a sua vida palaciana para seguir a vida simples e pobre de Francisco, na fidelidade a Deus que a inspirou, orientou e fortaleceu nessa opção.
Na Porciúncula diante da imagem da Virgem Maria prometeu observar o santo evangelho tornando-se Irmã, Mãe e Discípula de Jesus Cristo e esposa de Deus Espírito Santo: “Tal como a Virgem das Virgens o trouxe materialmente em seu seio assim também tu o podes trazer, de maneira espiritual, no teu corpo casto e virginal, seguindo as suas pegadas.” (3CCL)
Irmã dos Irmãos: Não somos Ordens distintas, somos uma mesma Ordem: “eu quero e prometo em meu nome e em nome dos meus Irmãos, ter sempre para convosco, como tenho para com eles diligente cuidado e solicitude particular
Este é o CARISMA de Clara e de suas Irmãs, depois de serem fiéis à inspiração divina: Viver em fraternidade como filhas de Deus Pai, Esposas do Espírito Santo, Irmãs e Mães de Jesus Cristo; Irmãs e Mães das Irmãs, dos Irmãos e de todos as pessoas do mundo: “Porque o Senhor não nos colocou como espelho e exemplo somente para os outros homens, mas também, para as Irmãs que o Senhor chamou a viver a nossa vocação de modo que também elas se convertam em exemplo e espelho das pessoas que vivem no mundo.” (TC, 19-20)
A Mãe Clara na sua Regra é bem explícita: A Forma de Vida da Ordem das Irmãs Pobres, que São Francisco instituiu é esta: “Observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem próprio e em castidade”(Regra I, 1).
Obediência: Cristo, nosso Irmão mais velho, obedeceu ao Pai Celestial, obedeceu às leis judaicas e às leis civis, obedeceu a Maria e José. Ele é o nosso modelo de obediência com o exemplo e com a Palavra Evangélica.
Sem próprio: “Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, depois vem e segue-me”(Mt. 19,21)
Não ter nada próprio não é viver na miséria, mas sim viver livre e liberto para Deus.
Em castidade: É ter a consciência de que somos esposas do Espírito Santo. O Espírito santo nos habita e nos envolve e o nosso coração está livre para amar a todos: às Irmãs, aos Irmãos e a todas as pessoas: “Amai-vos umas às outras, porque se uma mãe ama e cuida de seu filho carnal com quanta mais solicitude uma Irmã não deve amar e cuidar de sua Irmã espiritual” (RC).
A vocação das Irmãs Clarissas
Trinitária:
• Filhas e servas do Altíssimo Senhor, Rei e Pai
• Esposas do Espírito Santo
• Irmãs e Mães de Jesus Cristo
Cristocêntrica:
Cristo, o Irmão mais velho que caminha connosco e é o alvo da nossa contemplação nos sustém, fortalece e anima. Clara centraliza toda a sua vida espiritual contemplativa e fraterna em Cristo e o aconselha as suas Irmãs.
Com Cristo no centro da nossa vida aí estão as Irmãs, os Irmãos e todas as criaturas, numa fraternidade universal.
Hoje as Irmãs Clarissas são cerca de trinta mil em todo o mundo.
Todas, unidas com toda a Ordem, estão vivendo este ano jubilar, num grande esforço para regressar às Fontes: à pureza, entusiasmo e criatividade do início.
Contamos com a vossa ajuda.
Irmã Maria do Lado de Jesus, OSC

 
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