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10 de fevereiro de 2012

O SANTO "maluquinho" de Assis - Testemunho













O SANTO “maluquinho” de Assis
Eu sou uma apaixonada de Francisco de Assis. E, se o não fosse, seria de admirar. O meu pai pertencia à ordem terceira franciscana e, desde pequenina, em casa, o nome de Francisco era muito familiar. Eu própria, se tivesse nascido rapaz ter-me-iam posto o seu nome. Assim, de qualquer modo, fiquei na família. Baptizaram-me de “Clara”. E, segundo os meus pais contavam, a minha mãe deu entrada na maternidade depois de ter terminado a reunião mensal dos Terceiros, na Igreja de Santo António à Sé, em Lisboa.

Francisco de Assis é um modelo. Um modelo de amor a Cristo, aos irmãos e a tudo o que Deus criou. Aprendi a amá-lo pelo fascínio que tinha para mim a sua vida errante, alegre, despojado de tudo, pela poesia que lhe brotava da alma e que o fazia cantar louvores ao Criador. Quando eu era adolescente, duma maneira um tanto irreverente, chamava-lhe “o santo maluquinho de Assis”. O meu pai, homem bom e sensível, não gostava muito desta minha maneira de falar acerca do Poverello… Mas eram de carinho essas palavras.

Longe já vai essa época. Muita coisa mudou na minha vida. Mas o espírito franciscano continua mais vivo do que nunca. Um dos meus filhos chama-se Francisco. E o nosso Santo tem tido sempre também um cantinho na minha casa, na nova vida que construí.

Tive, há pouco tempo, o ensejo de visitar em Itália os lugares franciscanos. E foi maravilhoso!

O Senhor deu-me esta oportunidade e São Francisco e Santa Clara
[a], lá estavam à minha espera. Tudo o que senti em Assis, Greccio, Rivotorto ou no Monte Alverne, é impossível de descrever. Mas tive consciência de que por ali passou o meu Santo.

O mundo hoje é muito diferente… Francisco, se andasse agora por aqui, certamente não iria beijar as chagas do leproso, mas não viraria a cara para o lado quando passasse por um-sem-abrigo, desgrenhado e mal cheiroso. Não deixaria de repartir o pouco que teria, com algum pedinte que o abordasse. Da sua boca sairia sempre uma palavra de conforto para o seu semelhante e a sua oração de louvor a Deus seria tão fervorosa e intensa como o foi na época em que cá andou.

A sua simplicidade derrubaria as barreiras que hoje nós construímos como defesa da nossa integridade, porque há tanta maldade por aí. O comodismo, a intolerância, a falta de tempo para amar o próximo, que hoje fazem parte do dia a dia, não se instalariam no seu modo de vida. Francisco, hoje, como ontem, teria o seu campo de acção, ouviria a palavra de Jesus e seguiria as suas pegadas.

Querido Santo, não deixes que se apague em mim a chama e a emoção que eu vivi no Monte Alverne. Que não tenha subido, em vão, lá acima. Que no íntimo do meu coração, com a simplicidade com que tu viveste, eu possa chamar de irmãos, não só o sol, a lua e as estrelas, mas todo aquele que precisar da minha ajuda. Que eu encontre sempre o modo certo para confortar, que eu saiba dar amor e que encontre o verdadeiro significado da palavra humildade que tu tanto amaste.

Meu bom Santo! O Santo mais “maluquinho” que eu conheço! Louvado seja Deus pela admirável criatura que tu foste e por me ter sido dada a felicidade de Te conhecer desde que nasci.

PAZ e BEM, Pai São Francisco!
Maria Clara
(escrito em 2005)
Hoje, em 2011, sou
Maria Clara, ofs

[a] Clara de Assis, discípula de S. Francisco. Com ela começou a segunda ordem franciscana: as Irmãs Clarissas.

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