No encerramento das atividades de mais um bom ano desta jovem fraternidade, realizou-se, a 14-07-12, um passeio/convívio em itinerário pelos conventos franciscanos do oeste.
Cerca de 30 irmãos tomaram lugar no autocarro, no Largo da Igreja e do Externato de São Francisco à Luz, em Lisboa. Connosco, a sempre agradável e enriquecedora presença do nosso Assistente Espiritual, Rev. Pe. Domingos Casal Martins.
A oração de Laudes deu início ao dia. Mais adiante, uma breve paragem na área de serviço e, eis-nos rumo a Óbidos.
Óbidos, terra de encantos, é todo um mimo turístico, na vetusta proteção das muralhas. Percorremos a Rua Direita, com pausa para um cafezinho. Admirámos os azulejos do séc. XIII e o varandim barroco de um oratório do séc. XVII, ao atravessarmos a dupla passagem da Porta da Vila. Entrámos na bela Igreja de Santa Maria, onde, com numerosos participantes, decorria a celebração da Eucaristia, em língua que não identifiquei. Seria holandês, luxemburguês? Atenta ao momento do Sanctus, apenas olhei, de relance, as pinturas do teto. No largo, apesar de uma apelativa feira de artesanato, não houve tempo para delongas. Seguimos por ruazinhas pitorescas com alguns degraus de pedra. De quando em vez, num espaço entre casinhas, abre-se um amplo cenário encantador de paisagem dos campos que circundam a vila do castelo.
A Ermida de Nossa Senhora de Monserrate estava aberta para nós. Apreciámos as paredes interiores todas revestidas de azulejos de belo efeito e as diversas imagens de tamanho natural, levadas na Procissão Penitencial da Ordem Terceira, nas terras daquela região. Sobre a ermida multissecular e a procissão, remeto para a leitura do livrinho guia que o nosso Ir. Ministro Luís Topa, tão bem preparou para este passeio.
De volta ao autocarro amarelo que despertava as atenções com os desenhos emblemáticos de monumentos de Lisboa e Sintra, prosseguimos, agora, na direção de Peniche.
Primeira paragem, junto à ruína, embora caiada, do que foi o Convento do Bom Jesus. Apenas a janela, sem vidros, por cima da porta principal, mantém a beleza da sua traça arquitetónica. Aquele alfobre de fé, está reduzido à condição árida de armazém de uma grande cadeia comercial. Pena… Para a necessária informação, de novo aconselho a leitura do livrinho guia.
Nesse local, do outro lado da estrada, quando o autocarro parou e me dirigi para a porta, recebi um autêntico impacto vivificante de beleza natural. O verde mar tão forte mas calmo ao sol, as rochas trabalhadas pela erosão salina e uns corvos marinhos a secar as asas após a pescaria. Belo, grandioso, tremendo e tranquilo. Só Deus pode criar destas maravilhas.
O Cabo Carvoeiro, outra paragem que se impunha e foi devidamente apreciada. Os rochedos altaneiros e caprichosos junto à costa e das falésias. O grande mar com as Berlengas e os Farilhões. Barquinhos brancos de ligação no baloiço verde das ondas. E nós felizes, na ponta mais ocidental da Europa. Fotografias, conversas animadas, alguns tremoços. Crise… nem nos lembrámos.
De volta à estrada, seguimos para Peniche em demanda de um bom almoço, aliás já assegurado no restaurante Minhoto II. As expectativas não foram goradas. A acompanhar a degustação do bom arroz de tamboril, da caldeirada, do bacalhau com migas ou do lombo de porco assado, segundo as nossas preferências gastronómicas, a boa disposição foi uma constante no convívio. Andámos um pouco ao sol pela cidade que as gaivotas sempre sobrevoam e houve quem comprasse os afamados bolinhos “Amigos de Peniche”.
Partimos, tinha de ser. No autocarro, e assim aconteceu ao longo de todo o dia, o Sr. Pe. Domingos ia, oportunamente, partilhando connosco, algo das suas vivências por aquelas paragens. Fomos ao antigo Convento de São Bernardino, fechado e colocado à venda(!...) Visitámos a Igreja que ainda está aberta ao culto. As suas dimensões interiores foram reduzidas e precisa drasticamente de obras, embora seja cuidada com o esmero possível. Mais uma vez relembro a leitura do livrinho guia deste passeio que elucida sobre o historial do convento e as lamentáveis razões do seu estado atual. Falou-se no Euromilhões para solucionar casos como este.
A culminar este dia especial, dirigimo-nos ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, alcandorado na encosta rochosa do extremo ocidental da península de Peniche. Espaço que o mar libertou para este propósito – a edificação de um templo que engloba a pequena gruta em que a imagem pequenina da Senhora, tinha permanecido oculta, durante séculos. O desdobrável também preparado pelo Ir. Ministro, contém informação sobre este templo. Tivemos a oportunidade inesperada de escutar as interessantes explanações do Dr. José Manuel, autor de uma obra sobre o Santuário. Depois, o Sr. Pe. Domingos celebrou a Sagrada Eucaristia, lá, berço do início da sua vida sacerdotal.
O tempo estava esplendoroso e nós em festa, então resolveu-se alargar a rota ao Convento do Varatojo, casa de tantas reminiscências para o Assistente Espiritual da nossa Fraternidade. Foi no Varatojo que, com mais 8 irmãos, fui Admitida à OFS.
Fomos fraternalmente recebidos pelo Padre Frei Maciel, Guardião do Convento de S. António do Varatojo.
Na Igreja, um coro de vozes masculinas entoava as Vésperas. Visitámos a sacristia, com as suas paredes recobertas de formosos painéis de azulejos da vida de Stº António, estivemos na Sala do Capítulo e admirámos o tronco da glicínia secular do pátio do claustro de onde avistei, sob um beiral, 19 “chalets” de andorinhas, alegremente habitados. Gostaríamos de ter ficado mais tempo, passeado pela mata, mas não podíamos atardar-nos mais….
Vimos de novo o mar ao regressar pela Ericeira. Foi já no autocarro e não na Igreja do Varatojo, que rezámos as Vésperas.
A viagem prosseguia em amena conversação mas, ainda sobrou tempo para um momento engraçado. Li ao microfone uma pequena história sobre um gato meu conhecido – O Trombéculas, conhecem?
E assim chegámos a Lisboa depois de um dia muito bem passado.
Paz e bem,
Maria Cristina
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