Leitores e Bar CCF 2022

21 de dezembro de 2012

Encontro com Cristo, da Quaresma ao Advento

Encontro com Cristo - da Quaresma ao Advento e do Advento à Quaresma

É tempo de oração, de reflexão, de partilha, de dar espaço a Deus no mundo em que vivemos. De recomeço em recomeço é possível abrirmo-nos à dimensão espiritual da vida pessoal e fraterna e glorificar o Senhor, em Jesus Cristo, que incessantemente, como na ceia pascal, ensina-nos a acolhe-Lo na sua Encarnação diária e quotidiana e a servi-Lo nos irmãos. Publicam-se, em tempo de Advento,  as notas que registámos do retiro quaresmal da Fraternidade. À Glória de Cristo. Ámen.          





RETIRO QUARESMAL - Padre João Lourenço

1. Tempo de oração

Salmos 91 (Deus Criador) e 8 (A majestade do Senhor e a dignidade do homem).Testamento de S. Francisco.

1.1. Construir uma dimensão fraterna de vida. Esta dimensão faz-se por, com e em Cristo. É uma disponibilidade interior. E o empenho só será sério se nos levar ao encontro com Cristo Pascal. Viver segundo a forma do Santo Evangelho é um dinamismo de procura. A OFS não é um refúgio é uma procura. Um dinamismo de procura, de despojamento de se deixar encontrar pelo Evangelho de NSJC. É um momento de encontro connosco, com Deus e com os outros. Somos uma presença no mundo mas não vinculados ao mundo. A Quaresma é um tempo de encontro connosco, de nos refazermos, de tesourada, de poda, de desladroar. É assim um tempo de encontro connosco, com Deus e com os outros.

1.2. Procuramos o quê? O consumo? A facilidade?

1.3. Francisco encontrou na misericórdia de Deus, na dor com os outros, no sofrimento dos injustiçados o Evangelho de NSJC.

1.4. A Fraternidade é um ponto de chegada e não de partida depois do encontro consigo; com Deus e com os outros.

Preces: Socorrei-nos Senhor com a vossa graça

- Conservar sem mancha os nossos corpos para que sejam digna morada do Espírito Santo

- Despertai em nós, desde a manhã, o desejo de nos sacrificarmos pelos nossos irmãos e de cumprirmos a vossa vontade em todas as atividades deste dia.

- Ensinai-nos a procurar sempre o pão da vida eterna, que Vós ofereceis cada dia.

- Interceda por nós a Mãe Santíssima, refúgio dos pecadores, para alcançarmos o perdão dos nossos pecados.

2. Tempo de reflexão

a. 1º CONFERÊNCIA - Deixa a tua terra… e parte

Sacrifício de Isaac marca o início de uma caminhada de fé. É o texto da mudança de uma forma de ser e de estar. Marca o compromisso de uma vivência pessoal.

Deixa-te para seres uma pessoa nova, uma outra realidade. Parte e eu farei de ti um anúncio, um testemunho, uma nova fraternidade. O que significa partir? Ser peregrino, desinstalado. Partir para ouvir a voz de Deus. Capacidade permanente de procura de Deus, de renúncia. Não fugir, aceitar, acolher e pôr-se a caminho. Vai à procura de uma nova terra, dos outros, da fraternidade. Este chamamento é importante, pressupõe uma liberdade interior e disponibilidade do coração.

Os caminhos de Deus requerem aceitação querida (faça-se). Aceitar partir significa criar uma dimensão espiritual de vida. A gratuidade, a generosidade da nossa entrega é a nossa grandeza. Aqui encontramos a liberdade interior para um novo mundo: o da infinitude, de um horizonte largo.

“Farei de ti…” Força da fraternidade, sinal do Reino, para sermos nós. Fraternidade plena. Deixar para nos abrirmos a Deus, à sua força. Só com ele pode ser significativo construir algo significativo. Não existem certezas.

Que a nossa sombra não seja o limite de nós próprios. Saber escutar o apelo. Ir para além de nós próprios. Aceitar o desafio capacita-nos. Ousadia e atrevimento de nos deixarmos conduzir por algo.

Discípulos: “Vinde e farei de vós pescadores de homens.”Jovem rico. Parte. Deus dá-nos uma ordem. Não há lugar para recusas. Deus impõe-se de cima. A misericórdia de Deus está sempre associada ao chamamento. A certeza de Deus é o sustentáculo da nossa caminhada. “Ap. Estou à porta e chamo se me abrires a porta entrarei em tua casa e cearei contigo.”Aceitar a vontade de Deus porque Ele nos habilita para isso. Deus providenciará. Gratuidade e disponibilidade amorosa.

Não nos podemos recriar na nossa auto – suficiência, no consumo, na fantasia, no imediato, na nossa vontade (maior ídolo), na superficialidade e no endeusarmo-nos por nada, nos amigos (manipulação). Deixar a terra árida que somos e tornarmo-nos plenos de Deus. Nós somos o primeiro Deus de nós próprios. Não aceitamos que Deus nos mostre outra terra.

A verdadeira fé ouve os apelos de Deus a partir de fora.

b. 2ª Conferência - Vai e repara a minha Igreja

Acolher o apelo para partir é fazer a experiência da paternidade divina. Refazer a Igreja significa reconstruir algo de novo. Sentiu a sua Filialidade como dom da paternidade de Deus.

Em despojamento. Agora possa dizer verdadeiramente: Meu Pai! Intimidade profunda entre Deus e Francisco. Vive esta atitude de uma forma radical. Atitude de fé e entrega. Francisco vai traduzir a Fraternidade Universal pela experiência da paternidade divina e esta realidade faz com que todos sejam irmãos. É algo que assume sem reservas. È uma dimensão radical da vida. Vai e repara a minha Igreja. Reconstrução da comunhão fraterna, uma Igreja fraterna que passasse pelos corações. Este é um apelo para nós. Deus quer reconstruir esta casa de comunhão que nós chamamos fraternidade.

Deixar que este apelo entre nas nossas vidas. Tem de ser um apelo comunitário. O Senhor envolve-nos com os outros. Nova Terra – comunhão com o Senhor, com os outros. Francisco parte à procura de uma nova identidade fraterna. Confrontar esta realidade com a nova maneira de ser. Encontramo-nos numa sociedade ferida, como muralha impenetrável que faz com que nos ignoremos uns aos outros. As tecnologias isolam-nos, não nos fazem dialogar. Olhemos o isolamento em que vivemos. Gente que perdeu a capacidade de se relacionar. Fugimos do outro. A proximidade não é real. E o pior é que o isolamento se tornou normalidade.

A fraternidade universal é expressão da paternidade divina e faz com que todos sejam irmãos. Reconstrução da comunhão fraterna. Nova terra é uma nova identidade fraterna. O grave é que o isolamento tornou-se normalidade.

Que respostas temos para esta realidade? Como vivemos no meio do nosso mundo? Como reparamos?

Tudo o que não é construído em comunhão, em fraternidade é instável. Não é verdadeiramente uma casa.

Como podemos contribuir?

-Testemunho (experiência de vida maravilhosa);

- Fraternidade (é sinal visível?)

- Espaço de construção fraterna que possa acolher e deixar-se acolher.

- As nossas fraternidades têm a marca de Francisco de Assis? Acolhemos? Não somos todos reféns da situação que vivemos? Este testemunho não tem a vitalidade que devia ter porque não agimos em sintonia.

- Agir em sintonia

- Reconstruir a partilha e a comunhão em vez da proeminência. Como acolhemos este apelo? Construir comunidade de uma forma transparente (fugimos) temos pouca humildade para acolher as ideias dos outros. Isso não é uma dimensão fraterna.

- Pouca humildade para acolher as ideias dos outros. Somos peregrinos da verdade e não detentores da verdade. Assumir as nossas fragilidades e as dos outros. Soberba, vácua presunção da verdade. Fragilidade de quem procura e busca.

A nossa vocação só se realiza pela fraternidade. Viver o Evangelho em FRATERNIDADE.

A vocação da OFS é viver o Evangelho em Fraternidade.

QUAL O MEU CONTRIBUTO NA CONSTRUÇÃO DA FRATERNIDADE? COMO ME DOU?

Voltando-nos uns para os outros para mutuamente nos amarmos como disso nos deu o exemplo o Senhor). É O EXEMPLO.

As nossas Fraternidades são um espaço de encontro com Cristo?

O outro é um irmãos em Cristo? (refazer-se uns aos outros – Empenhar-se na descoberta de caminhos novos de comunhão /reencontrarmo-nos como irmãos para ir reconstruir a sua Igreja.

Como?

Estabelecer uma relação íntima com Deus. Partir sem olhar a medos mas em entrega. Deixar-se enamorar por Cristo como Francisco. Basta-te a minha graça.

Eco do apelo de Deus à comunhão fraterna: “Amarás.” Dimensão pessoal e fraterna

As nossas Fraternidades são um espaço de encontro com Cristo?

Por onde começar?

1. Recomeçar pela dimensão fraterna (Dinamismo – o individualismo é um esconderijo, um refúgio). Procurar a verdade fraterna. Só a verdade nos empenha/desprendimento/entrega/ empenho.

2. Partilha espiritual é fundamental (condição fraterna, abertura ao outro).
3. Luta contra a resignação – Alegria da Fraternidade.

4. Atitude dinâmica, oblativa, dinâmica.

5. Obra de todos, construída por todos e aberta a todos

6. A Fraternidade não é um património é uma vida constante.

7. Formação permanente – atitude de crescimento

8. Fazer da comunhão fraterna a reconstrução da Igreja.

9. Compromisso. Exigência. Renúncia

10. Restaurar a inquietação interior (novas formas de vida).

11. Cada um é um projeto de Fraternidade e é assim que temos de aparecer no mundo.

12. O paradigma da Comunhão Fraterna é Francisco de Assis

Basta-te a minha graça (S. Paulo)

8 de dezembro de 2012

Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


Festa da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


"Na sua Conceição Imaculada, Maria recebeu a benção do Senhor e a misericórdia de Deus seu Salvador.”

Em homenagem à Virgem Santa Maria e a Santa Clara, “Herdeiras de uma bênção”, transcreve-se o capítulo 17 da obra de Gadi Bosh Pons, OSC, “Chamo-me CLARA DE ASSIS”, Editorial Franciscana – 2011, págs. 103 a 107

"À medida que se aproxima o final da vida, queremos comunicar a experiência adquirida com o tempo. Desejamos manifestar aos que estão próximos o que dá sentido à nossa vida. E fazemo-lo com simplicidade e com a verdade que mana do mais profundo do coração. Quando este momento de verdade chegou à nossa irmã Clara, do seu coração brotou agradecimento e bênção: “o Senhor vos abençoe e vos guarde, vos mostre o seu roste e se compadeça de vós. Volte para vós a sua face e vos dê a paz…”, palavras ternas, impregnadas de orvalho bíblico. Esta Benção que nos legou foi estímulo e apoio para viver o dia-a-dia como dom de Deus e trabalho nosso.

A bênção é para a família franciscana uma maneira de responder e se dirigir ao irmão ou irmã de quem se gosta. A nossa irmã Clara dirigiu-a às irmãs presentes e às que viriam depois, quer dizer, a todas as clarissas do orbe. Com a bênção enlaça o passado, o presente e o futuro num único movimento que nasce de Deus, fonte de vida, sabendo que só Deus pode tornar fecundo qualquer gesto de fraternidade. O coração de Clara e das irmãs une-se ao Pai, ao Filho e ao Espírito, à Vida, à Luz e ao Amor. Se ela se considera a si mesma como a pequena planta de Francisco, irmã e mãe nossa, isso significa que tem consciência da sua missão de ser leito de bênção para os outros. Deseja que cheguem a todos as bençãos espirituais do Deus de entranhas de misericórdia que não cessa de nos abençoar desde a criação.

A bênção da nossa mãe é uma recordação amável e um olhar para o futuro. Orienta-nos através de três eixos fundamentais da fé: o amor, o compromisso e a fidelidade: “Amai sempre a Deus, a vossas almas e a vossas irmãs. Sede solícitas em cumprir o que prometestes ao Senhor”. Orienta-nos progressivamente para o nosso próprio coração, estando no mundo a partir da comunhão com Deus: “O Senhor esteja convosco e faça que vivais sempre em união com Ele. Ámen”.

Ser herdeiras de uma bênção introduz-nos na dinâmica da Ruah divina. Para nós, viver a espiritualidade da bênção significa avivar cada dia a adesão do coração a Jesus, renovar-se, abrir-se, celebrar, alegrar-se, comunicar, partilhar, compromisso com a vida, sensibilidade ecológica…

A adesão pessoal a Jesus é uma atração e uma chamada. Uma graça de Deus e um trabalho da nossa parte. Uma adesão que é amizade, um conhecimento que provém da experiência do trato, da confiança, da relação mantida com o Senhor mediante a oração, a leitura da Escritura, os sacramentos, em especial da participação na Eucaristia. E precisamente porque é uma adesão pessoal, consegue dar o passo de crer não unicamente porque os outros o dizem, nem porque seja favoráveis ou não as circunstâncias externas da sociedade ou da família. É uma adesão por amor, por um conhecimento pessoal de Jesus Ressuscitado que nasce de ter experimentado de alguma maneira a ação do Vivente na própria vida. O amor pessoal é que nos faz pessoas e o seguimento de Jesus arranca desta cordialidade. Seguir a jesus é identificar-se com ele através de um sentimento de pertença. Embora façamos parte de uma família, da Igreja, de um grupo, de uma associação…é a pertença fundamental ao Senhor que nos constitui.

A adesão a Jesus está unida ao acolhimento do outro, passa pelo diálogo. Aproximar-se do outro, passa pelo diálogo. Aproximar-se do outro sem querer ter o exclusivo da verdade, mas dialogando para aprender mutuamente a partir da convivência pacífica e respeitosa. Apesar de às vezes as crenças do outro poderem ser diferentes coincidimos em muitos valores que são património da humanidade.


Viver a espiritualidade da bênção torna-nos respeitosos com a criação. A espiritualidade e a ecologia estão estreitamente relacionadas, e tanto para Santa Clara como para São Francisco, a criação inteira é a casa de todos. Lugar de harmonia e de encontro com o Criador. E convertiam cada criatura em irmã. Louvavam a deus pela mãe terra, pelo sol e a lua, pelo fogo e a água, pelas flores e as estrelas, pelos frutos e a erva… e, sobretudo, pelo homem e a mulher, já que “pela graça de Deus, a alma fiel se torna a mais digna de todas as criaturas, mesmo maior que o Céu; já que os céus e as demais criaturas não podem conter o Criador, só a alma crente se transforma em sua mansão e seu trono pela caridade”.

Viver o dom e o trabalho da espiritualidade da bênção quer dizer também acompanhar os outros a fazer a experiência da fé, desejo positivo, encontro no simples; não apagar o pavio vacilante, viver a alegria do espírito; falar bem de Deus e do outro, escolher um valor que nos construa, um amor que nos dê sentido, um ideal que nos desperte o gosto pela vida…

Adeus, e como costumava dizer soror Clara, desejo-te boa saúde. E encomenda-nos ao Senhor nas tuas fervorosas orações, tanto a mim como a minhas irmãs, que muito nos alegramos, juntas, pelo bem que o senhor opera em ti pela sua graça.” (Gadi Bosh Pons, OSC, “Chamo-me CLARA DE ASSIS”, Editorial Franciscana – 2011, págs. 103 a 107).

A santidade do leigo à luz do Concílio Vaticano II




No dia 17 de novembro de 2012 e integrada no programa da Festa de Santa Isabel da Hungria o Padre Joaquim Carreira das Neves brindou os participantes com uma conferência notável sobre “A santidade do leigo à luz do Concílio Vaticano II”. Começou por interrogar a assembleia sobre o que é isto de ser santo, o que é a santidade e por responder que todos queremos ser santos, todos procuramos a felicidade, a santidade e que esta tem a ver com quem tem fé. Avançou, afirmando que numa sociedade secularizada ser santo é reconhecer-se, perante os não crentes, “bicho raro”, é respeitar a secularidade com os seus valores, é perceber que diante de Deus somos o que somos e é aceitar todos na globalidade, na aldeia global em que vivemos. Prosseguiu, afirmando que há muito híper fenómeno do fenómeno, que se consubstancia nas religiões. Segundo S. Francisco de Assis a santidade é o específico do ser cristão, a santidade é uma posição de alegria e de esperança, a santidade não é pessimista.

Nesta linha, afirmou que os documentos principais do Concílio Vaticano II sobre a santidade dos leigos, são a “Lumen Gentium” (LG) e a “Dei Verbum” (DV) e que estes documentos, que não são um credo, mas que traçam orientações, apresentam o sacramento – como dom de Deus, graça de Deus, veículo da graça, presença real e arquitetura da graça de Deus - do matrimónio, a união esponsal de Cristo com a sua a Igreja, como modelo de santidade para todos os estados de vida: dos casados, sacerdotes, religiosos, viúvos, celibatários, divorciados, operários, pobres e sofredores, fundados na Palavra de Deus concretamente em Gén 2, 24 - “Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne” e carne significa uma só pessoa, sublinhou e em Ef 5,32 - “Grande é este mistério; mas eu interpreto-o em relação a Cristo e à Igreja.

Seguindo de perto LG 41 afirmou que a santidade é a mesma, é igual, para todos e procede da graça do Espírito Santo que pela Palavra se recebe no Batismo. Não há medidas de santidade, ou santidades mais altas, há vocações à perfeição, à santidade do Pai. Os esposos auxiliam-se mutuamente para a santidade, dentro do sacramento do matrimónio, na graça, na vida conjugal, na procriação, exemplo da fecundidade da Igreja - a redução demográfica tem implicações gravíssimas na cultura - e na educação dos filhos, favorecendo a vocação própria de cada um. E corroborou, que a prole é o melhor de uma família. Quanto aos viúvos, celibatários, trabalhadores e sofredores, afirmou que, cada um, segundo o seu estado de vida, tem um dom próprio no Povo de Deus e deve proceder conforme o dom que Deus lhe deu, contribuindo, assim e muito, para a santificação da Igreja. Cristo em união com o Pai continuamente atua para a santificação de todos. E prosseguiu, afirmando que cada um deve progredir pelo caminho da fé, sem desfalecimento, pela fé viva que atua pela caridade, na certeza de que por detrás da Palavra está a “performence” do Espírito Santo. E citou: “Desejaria que todos os homens fossem como eu, mas cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira, outro de outra.”(1 Cor 7,7). E concluiu esta parte afirmando que a caridade, o martírio dos cristãos nos países muçulmanos, os conselhos evangélicos e a santidade no próprio estado de vida favorecem a santidade na Igreja.
Quanto às questões do pecado original e do céu, do inferno e do purgatório, afirmou que como criaturas a questão não reside em ser anjo ou diabo em ir para o céu ou para o inferno, mas na liberdade do Homem. Afirmou que Deus fez-nos na nossa liberdade e esta é que faz a grandeza do Homem. Somos chamados à dimensão espiritual do matrimónio, o que pressupõe a ternura, o afeto, a alegria, a gratidão, o amor indissolúvel que excluiu qualquer espécie de adultério e divórcio. E referiu que é necessário implicar a questão dos divorciados dentro da Igreja. Aliás, citando GS 43, alertou para a necessidade de tomarmos consciência das infidelidades ao Espírito de Deus por parte de membros da Igreja, clérigos ou leigos, e de as combater de modo a que não sejam obstáculo à difusão do Evangelho. E adiantou que os pobres, os que sofrem estão agarrados à cruz de Cristo. Depois de se sofrer um pouco não há ninguém que não esteja agarrado à cruz de Cristo. Todos nos santificamos segundo as condições e circunstâncias da nossa vida. Segundo a atividade temporal de cada um: no trabalho, a operosidade temporal é semente de santidade, na família, onde nasce e prospera a santidade, na amável cooperação entre pais e filhos, na assistência na solidão da velhice e da viuvez, no amor casto dos noivos e no amor indiviso dos esposos, citando GS 49.

Finalmente, reportando-se à ajuda que a Igreja recebe do mundo e não já à ajuda que a Igreja oferece ao mundo e dado o adiantado da hora, afirmou que a Igreja é enriquecida ou santificada com a evolução da vida social (GS 44), concretamente por um intercâmbio, que permite que o anúncio da Palavra de Deus se adapte mais convenientemente aos nossos tempos. E poderia rematar, se o tempo o permitisse, citando GS 44 “Na realidade, todos os que, de acordo com a vontade de Deus, promovem a comunidade humana no plano familiar, cultural, da vida económica e social e também política, seja nacional ou internacional, prestam não pequena ajuda à comunidade eclesial, na medida em que esta depende das realidades exteriores.”

A título de eco da conferência fica-nos a certeza de que “a santidade é possuir o Espírito do Senhor e a sua santa operação”, é a "performence" do Espírito Santo (Rb, 10, 9). Por esta conferência e por tudo, bem - haja, Sr. Padre Joaquim Carreira das Neves.

Após a refeição que se seguiu à conferência e depois da representação da peça “Santa Clara” pela Escola Jacques Ballet, no CCF, a quem agradecemos na pessoa da sua Professora Isabel Jacques, concluímos a Festa com a Eucaristia, cume e fonte da santidade da Igreja, celebrada pelo Assistente da Fraternidade, Padre Domingos Casal de Martins, concelebrada pelo Padre Rui Grácio e pelo Diácono Carlos Miranda, que contou com a presença de numerosos irmãos das Fraternidades Franciscanas Seculares da OFS de Lisboa.