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31 de julho de 2014

O Poverello - Ecos da Peregrinação



 O Poverello (Clique)

Centro de Acolhimento “O POVERELLO”, a unidade de cuidados de curta e longa duração e cuidados paliativos, que visitámos ontem, é um lugar que nos fala da dignidade da vida humana, em que a dor é tratada com carinho e onde a presença de Francisco de Assis nos interpela.

Senhor que quereis que eu faça? – Incita-nos ele a dizer. Em que posso eu contribuir para suavizar o sofrimento do irmão doente? Diz-me Senhor, para que eu não viva apenas de palavras e de boas intenções.

Tudo ali leva à contemplação. O sorriso de quem nos acolhe, a beleza do lugar, as nuvens, o sol e até a irmã chuva que fez questão de estar presente e refrescar a janela da pequena capelinha onde celebrámos a Eucaristia.

E, bem ao jeito franciscano, a irmã Morte corporal, também lá tem um lugar onde é tratada com a honra merecida. Tem o nome de



Pórtico da VIDA

Podemos chamar-lhe uma sala de estar. O silêncio e a luz são os seus adornos. A paz que ali se respira afasta o medo, tem brilho de esperança e deixa o espírito voar procurando vislumbrar um céu onde os bem-aventurados, revestidos de túnicas brancas, são recebidos pelo Pai, que lhes mostra o Reino prometido e onde habitarão para sempre.

É uma antecâmara do céu.

Depois da despedida fica-se ali, triste, saudoso daquele que nos deixou. Olhamos em frente e nada vemos. Como o véu do templo de Jerusalém, há aqui também um véu que limita o nosso olhar. É ele que nos separa da Vida Eterna. O nosso familiar, o nosso amigo, o ente querido que nos deixou, passou essa barreira e foi ao encontro do Senhor. Nós erguemo-nos, saímos pela outra porta, aquela que se abre para este mundo em que vivemos, e onde Jesus nos convida a sermos Suas testemunhas, com o nosso trabalho, com o nosso amor, respeitando todos os seres por Ele criados.

Pórtico da Vida. Símbolo de muitas interrogações, de respostas nem sempre aceites, de inquietações que por vezes estão adormecidas. Mas a Palavra de Jesus tem que ser a base da tranquilidade das almas e o alicerce da fé que professamos.

Pórtico da Vida, a tal salinha que existe no “Poverello”, espaço de intimidade para a despedida, lugar para deixar que as lágrimas e a dor da separação se possam manifestar dignamente e em privado. Um último adeus… mas um adeus revestido de esperança. Jesus disse: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim não morrerá para sempre” (Jo 11,25).

E o conforto destas palavras é um desafio para que se viva cada dia mais intensamente, construindo a felicidade. Uma felicidade que não é efémera. É cá de dentro. Brota de nos sentirmos amados por Deus e de podermos partilhar esse mesmo amor com todos os que se cruzam nos nossos caminhos. É pôr a render os dons que o Senhor deu a cada um, utilizando-os com generosidade. É amar a família, os irmãos, amar a vida e, com a força da oração, caminharmos com alegria.

Obrigada, Pai S. Francisco, pela poesia da tua vida e por estares hoje, também, no meio dos teus filhos, trabalhando e continuando a espalhar a Paz e o Bem.

Maria clara, ofs
21JULHO2014

(Convento Franciscano de Montariol)









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