Leitores e Bar CCF 2022
31 de outubro de 2023
Solenidade de Todos os Santos
Introdução à
liturgia:
A Igreja celebra hoje um dos dias mais
emblemáticos e significativos do seu calendário litúrgico. Desta vez, a
centralidade da nossa liturgia está focada no seguimento de Jesus, nas
propostas de vida em ordem à santidade: ‘Sede Santos’ porque Eu sou santo’.
Este é o apelo de Deus ao seu povo no livro do Levítico. Hoje, celebramos a
santidade a que somos chamados e também os nossos Irmãos que a viveram e a
testemunharam.
A primeira leitura, tomada do Livro do Apocalipse, apresenta-nos a grande festa da santidade, de todos aqueles que ‘banharam’ as suas vidas no sangue do Cordeiro. Por isso, celebram festivamente a sua glorificação. É a festa da universalidade do povo de Deus, onde todos são acolhidos: uma multidão incontável, vinda de todos os povos, raças e nações; Ninguém está excluído dela.
A segunda leitura fala-nos daquilo que nos faz santos e filhos de Deus: o amor. Este é o nosso fermento de santidade, uma santidade que nos abre à plenitude de Deus e à comunhão fraterna com todos os irmãos.
Como chegar à santidade? Qual o código
de vida que devemos seguir? Há algum caminho que nos conduza a essa plenitude
de vida? A regra é a vivência das bem-aventuranças, o verdadeiro caminho de
santidade que Jesus viveu e nos deixou como itinerário a seguir.
Padre João Lourenço, OFM
30º Domingo do Tempo Comum
Introdução à
liturgia:
A vida cristã não é nem se reduz a um mero
sentimento de afeição e compaixão pelos outros. Pelo contrário, tal como nos é
proposto pela liturgia de hoje, ela tem no seu centro a vivência concreta do
amor e da partilha: o amor está no centro da vivência cristã, seja qual for a
forma como fazemos essa experiência de fé. O que Deus pede a cada um é que
deixe o seu coração ser tocado pelo amor.
Introdução às leituras:
A primeira leitura fala-nos do código da Aliança, o centro da vida e da identidade do povo de Israel e faz parte integrante do projeto de Deus para o Seu povo. Aí se fala de situações concretas que exigem o envolvimento pessoal e não apenas um sentimento vazio que manda para os outros, mormente para os anónimos, as exigências que decorrem da nossa identidade cristã.
A segunda leitura, por sua vez, apresenta-nos o exemplo da comunidade cristã de Tessalónica que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida. Foi assim que, dessa experiência comum, nasceu uma verdadeira família de irmãos, tendo o evangelho como fundamento de vida.
Em forma de diálogo entre Jesus e os fariseus, o Evangelho diz-nos, claramente e sem rodeios, que a autenticidade da minha fé está no meu agir e não no meu discurso, na minha ação e não na minha retórica discursiva, assumindo de forma pessoal o que a cada um compete fazer. Esta é a forma de dar sentido à nossa fé.
Padre João Lourenço, OFM
Domingo 29º do Tempo Comum
Domingo das Missões - 2023
Introdução à Liturgia:
A liturgia deste
domingo – dia mundial das Missões – apresenta-nos uma dimensão importante da
nossa relação com as realidades temporais, sociais e políticas em que devemos
privilegiar a palavra de Deus e encontrar nela os critérios das nossas opções. As ambiguidades que persistem e nos envolvem
dificultam, muitas vezes, a prontidão e a clareza das respostas que damos a
este desafio que é feito a cada um de nós. Dia mundial das missões é também uma
ótima oportunidade para refletir acerca do que é a missão da Igreja e de cada
cristão nesta relação com o mundo em que nos encontramos.
Na 1ª leitura, Isaías
apresenta como elementos fundamentais da sua mensagem o universalismo da
salvação, da eleição e da escolha de Deus que se estende a todos os povos. À
semelhança de outros profetas, mostra que Deus se serve de outros povos e dos
seus governantes para advertir Israel do seu mau procedimento, mormente da sua
infidelidade. No dia mundial das Missões, este texto diz-nos que temos de
deixar a nossa ‘zona de conforto’, instalados em oportunos apartamentos e
pensar que estamos a missionar. É necessário sair, ir ao encontro, abrirmo-nos
aos outros.
Padre João Lourenço, OFM
28.º Domingo do Tempo Comum
(15.10.2023)
Introdução à Liturgia:
O tema do banquete
e do encontro que simboliza a comunhão entre Deus e o homem, muito presente em
textos proféticos, é um desafio que a Palavra de Deus nos faz em ordem a
superar as marcas da exclusão humana e introduzir-nos numa relação de amor e de
comunhão com Deus. Num tempo como este em que vivemos, procurar formas de
comunhão é um imperativo da nossa fé. É a este banquete, de que a eucaristia é
o momento central, que nós também somos chamados.
Introdução às Leituras:
Na 1ª leitura,
Isaías oferece-nos dois temas muito caros à Teologia deste profeta e que marcam
o judaísmo e a fé bíblica do seu tempo: o tema do Banquete como forma de
traduzir a relação de amor e de comunhão de Deus com o Seu povo, deixando o
convite aberto a todos os povos para que acolham o ‘alimento’ da Palavra de
Deus.
A 2ª leitura constitui um dos mais belos e impressionantes testemunhos de Paulo. A comunidade dos Filipenses foi uma das mais agradecidas a Paulo, aquele que lhes levou a mensagem de Jesus. Paulo retribui essa generosidade reconhecido, deixando-nos um testemunho de grande despreendimento e de dedicação total à causa do Evangelho.
Padre João Lourenço, OFM
6 de outubro de 2023
27.º Domingo do Tempo Comum - Homilia
Homilia
de Frei Isidro Lamelas (27º Domingo do T. Comum) – Igreja do Seminário
«Que
vos parece?
Mais uma parábola de Jesus, dita aos «chefes dos
sacerdotes» e aos «anciãos» do povo.
Outra vez a imagem da vinha: da vida, do reino…
Outra vez o nosso testemunho e compromisso e vida a ser
questionado: que vos parece?
Que fazemos da vida? Qual o nosso lugar, na Vinha, no
mundo, na Igreja, no Reino?
1. Já
o profeta Ezequiel nos convidava a assumir, com verdade e coerência, a nossa
responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de auto-suficiência em
relação a Deus e em relação aos irmãos. Muitas vezes “a culpa morre solteira”.
Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da
conjuntura económica internacional; é do governo… ou até de Deus. Há guerras e
violência; há injustiça? A culpa é dos tribunais, do sistema; talvez de Deus: A maneira de proceder do Senhor não é justa?.
A minha comunidade cristã está dividida, e não testemunha suficientemente o
amor de Jesus? A culpa é do Papa, ou do bispo, ou dos padres… se a culpa não é
de Deus, é do diabo…
-E a minha culpa? O que é que eu faço? E
as minhas omissões? Não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades
em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Não
precisarei de mudar, de me “converter”?
No Evangelho Jesus dirige-se, de novo aos chefes da
religião e referências na vida pública, mas também aos “católicos praticantes”
que dizem mas não fazem, que rezam mas não vivem; que pregam mas não dão
exemplo.
Somos interpelados por Jesus: «Que vos parece?»; «Qual dos dois fez a vontade do Pai?».
Os fariseus aparecem no Evangelho de Mateus como aqueles
que «dizem, mas não fazem» (Mt 23,3).
É o farisaísmo… O «Fazer», em
oposição a dizer, é um tema
fundamental em Mateus, assim expresso
por Jesus no discurso programático da Montanha: «Nem todo aquele que diz: “Senhor, Senhor” entrará no Reino dos Céus,
mas aquele que faz a vontade do Meu Pai que está nos Céus» (Mt 7,21).
Mais ainda: neste Evangelho de Mateus, o verdadeiro «fazer» traduz-se em «dar fruto, fazer frutificar», como
consequência da conversão ou mudança operada na nossa vida.
É agora mais fácil deixar entrar em nós a força da parábola
de Jesus, contada a gente habituada apenas a dizer, dizer, dizer… Falam, falam… mas não vão para a Vinha. O
homem e pai da parábola é Deus. A vinha é d´Ele, mas é também nossa. Nunca se fala nesta parábola, da
«minha» vinha. A vinha é, portanto, campo aberto de alegria e de liberdade,
onde todos os filhos de Deus podem
encontrar um espaço novo, há sempre vagas… para a filialidade e fraternidade.
É dito que este Pai tem dois filhos, que são todos os Seus
filhos, diferentes, nas reações e comportamentos. Somos todos nós, nas nossas
semelhanças e diferenças. Ao primeiro, o Pai diz: «Filho, vai hoje trabalhar na vinha» (Mt 21,28). Note-se o termo
carinhoso «filho»; e o imperativo da
liberdade «vai»; A autoridade que
falta aos pais…
Vai hoje: o HOJE requer
resposta pronta e inadiável; não faças para amanhã o que podes e deve fazer
hoje.
O primeiro filho dá uma resposta torta e dura: «Não quero»,
mas emendou: «Mas, depois, arrependeu-se e foi»; O segundo filho, depois de ter
ouvido o mesmo convite do seu Pai : «Eu vou, Senhor», . Mas de facto, não foi.
Como se vê, todos os
filhos de Deus-Pai ouvem o mesmo convite e são tratados como filhos,
importantes no seu Reino. O que nos distingue é a resposta, dada em obras e não
em meras palavras “para agradar”. O que importa é o que fazemos hoje, e não o
que dissemos ontem, adiando a decisão, a ação. Fez a vontade do PAI, não o que
disse que sim, mas só de palavras, mas o que nas obras mudou o não em SIM.
É aqui que aparecem os publicanos e as prostitutas: Estes ouviram João e ouvem agora Jesus, e
estão a mudar a sua vida (Mt 21,31-32: Asseguro-vos
que os publicanos e as prostitutas entrarão antes que vós no reino de Deus».)!
O Autor destas páginas deslumbrantes, Mateus, sabe do que fala, pois, era um
publicano. E agora é um Apóstolo e Evangelista. E nós?
Padre Frei Isidro Lamelas, OFM