Leitores e Bar CCF 2022

29 de dezembro de 2011

NATAL-COM-CRISE = NATAL-COM-ESPERANÇA




Nós não somos anti-Sistema.
O Sistema é que é anti-nós”
(Indignad@s, 15-M, Espanha).


“NATAL-COM-CRISE = NATAL-COM-ESPERANÇA”

(Quase um poema des-construtivista,
que explica a Matemática
de Jesus de Nazaré).


Con-sum-ismo
Con-som-isto
Con-som-isso
Con-some-te
Con-sub-mete-te.

No entanto,
Dizem-nos eles
Que também Jesus recebeu
uns quantos presentes de Natal:
Ouro,
Inscenso,
Mirra.

Porém,
Afirmam-nos agora,
@s Exegetas
(espécie sempre perigosa),
Que trata-se apenas
De um “género literário”.
Ora, vejamos:
Ouro = Realeza
Incenso = Divindade
Mirra = Humanidade Sofredora (Paixão) de Cristo.

Oh!
Portanto,
Jesus não fez real-mente
Acumulação Primitiva de Capital,
Nem de Poder,
Nem de Cultura,
E por isso
Nunca triunfou,
Neste Mundo,
Neste Sistema.
Magní-fico!

Acumulou Sabedoria,
Que distribiu sempre a mãos cheias.
Acumulou Liberdade,
Que con-dividiu.
Acumulou Esperança,
Que espalhou.
Acumulou Amor,
Que ofereceu.
Acumulou Ser,
Que expandiu.

Ou seja,
Se,
Dada a hipótese:
“Con-sum-ismo
Con-som-isto
Con-som-isso
Con-some-te
Con-sub-mete-te”,
Eis então,
Mutatis mutandis,
A contrario,
Per reductium ad absurdum,
Que fica demonstrada apodictica-mente
A pedagogia matemática de Jesus de Nazaré:
“Se Con-some é igual a Con-subtrai,
Então,
Necessaria-mente,
Con-divide é igual a Con-multiplica”.
Perfeito!
Máxima Nota!
(Está claro?).
É porque Jesus de Nazaré
Nunca estudou
Na escola dos Escribas,
Nem aprendeu com os Fariseus,
Mas doutorou-se
Na Universidade da Vida.

Ah!,
Quer dizer,
Con-sidera
Con-sulta
Con-hece
Con-cebe
Con-sequente
Con-solida
Con-forta
Con-cretiza
Con-catena
Con-cilia
Con-cordata
(Ai, não!
Perdão,
Aqui é que me enganei mesmo!)
Con-figura
Con-firma
Con-grega
Con-juga
Con-strói:
Con-tigo
Com-igo
Con-nosco
Con-vosco.
E assim,
Con-templa
Con-verte (-te)
Con-tacta
Con-(muita)vida
Com-bina
Con-tagia
Con-serta,
Con-tinua:
Con-tigo
Con-nosco
Con-vosco.

E feliz re-nascimento natalício!

(Ass-ass-inado:
Jesus de Nazaré,
O Politica-mente Incorrecto).



Rui Manuel Grácio
(Pela transcrição,
E se ninguém a reclama como sua...)
lisboa
natal’2011.

22 de dezembro de 2011

Natal de 2011 - Santo e Feliz Natal! Boas Festas!



Comentário ao Evangelho do dia 20 de Dezembro feito por Prudêncio (348-após 405), poeta em Espanha «Emerge, dulcis pusio», extracto do hino de Natal «Quid est quod artum circulum»
«Vai chamar-Se Filho do Altíssimo [...] e reinará eternamente»

Mostra-Te, doce criança,

Trazida ao mundo por mãe tão casta,

Que deu à luz sem ter conhecido homem;

Mostra-Te, Mediador, em ambas as Tuas naturezas.



Ainda que nascido no tempo, da boca do Pai,

Engendrado pela Sua palavra (Lc 1,38),

Já habitavas no seio do Pai (Jo 1,2)

Ó Sabedoria eterna (1Co 1,24).



Tu és a Sabedoria que tudo criou (Pr 8,27),

Os céus, a luz e todas as coisas.

Tu és o Verbo poderoso que fez o universo (Heb 1,3)

Porque o Verbo é Deus (Jo 1,2).



Tendo ordenado o curso dos séculos

E fixado as leis do universo,

Este artesão do mundo, este construtor,

Permaneceu no seio do Pai.



Mas, quando se cumpriu o tempo,

Passados milhões de anos,

Desceste a visitar

Este mundo há muito pecador.



[...]Cristo não suportava a queda

Dos povos que se perdiam;

Não podia aceitar que a obra do Pai

Se dissolvesse em nada.



Revestiu-Se de um corpo mortal

A fim de que a ressurreição da nossa carne

Quebrasse as cadeias da morte

E nos conduzisse ao Pai.



[...]Não sentes, ó nobre Virgem,

Apesar dos dolorosos pressentimentos,

Que esse glorioso nascimento

Faz aumentar o brilho da tua virgindade?



Teu seio puríssimo contém o fruto bendito

Que encherá de alegria toda a criatura.

Por ti nascerá um mundo novo,

Aurora de um dia brilhante como o ouro.


©Evangelizo.org 2001-2010

8 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria - Profissões na OFS







No dia da Festa da Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria, na Celebração Eucarística, que se realizou na Igreja do Convento Franciscano da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, professaram a vida evangélica, na Ordem Franciscana Secular ou Ordem Terceira de S. Francisco (OFS) cinco irmãos, na presença da Irmã Ministra do Conselho Regional Sul da OFS e dos irmãos da Fraternidade de S. Francisco à Luz.
A celebração foi presidida pelo Padre Frei Domingos Casal Martins, Guardião do Convento e Assistente Espiritual da Fraternidade da OFS, solenizada pelo coro da Igreja, orientado pelo Padre Frei Albertino Rodrigues e vivenciada por numeroso Povo, que, em ação de graças, se uniu à Família Franciscana, particularmente aos irmãos da Primeira Ordem ou Ordem dos Frades Menores (OFM), no dia da ordenação sacerdotal de Frei Nicolás Almeida (OFM), na Apúlia e da Imaculada Conceição da Santa Virgem Maria, Padroeira do Convento, da Fraternidade e de Portugal. Seguiu-se um almoço festivo no refeitório conventual findo o qual os convivas regressaram a suas casas louvando o Senhor pelo Dom do Irmão Francisco à Igreja e à Fraternidade Universal.

16 de novembro de 2011

17 de Novembro - Festa de Santa Isabel da Hungria



Catequese do Papa: Isabel da Hungria, a princesa entre os pobres
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.
* * *
Queridos irmãos e irmãs:
Hoje, eu gostaria de falar-vos sobre uma das mulheres da Idade Média que suscitou maior admiração: Santa Isabel da Hungria, chamada também de Isabel de Turíngia. Ela nasceu em 1207, na Hungria. Os historiadores discutem onde. Seu pai era André II, rico e poderoso rei da Hungria, o qual, para reforçar seus vínculos políticos, havia se casado com a condessa alemã Gertrudes de Andechs-Merania, irmã de Santa Edwirges, que era esposa do duque de Silésia. Isabel viveu na corte húngara somente nos primeiros quatro anos da sua infância, junto a uma irmã e três irmãos. Ela gostava de música, dança e jogos; recitava com fidelidade suas orações e mostrava atenção particular aos pobres, a quem ajudava com uma boa palavra ou com um gesto afetuoso.
Sua infância feliz foi bruscamente interrompida quando, da distante Turíngia, chegaram alguns cavaleiros para levá-la à sua nova sede na Alemanha central. Segundo os costumes daquele tempo, de fato, seu pai havia estabelecido que Isabel se convertesse em princesa de Turíngia. O landgrave ou conde daquela região era um dos soberanos mais ricos e influentes da Europa no começo do século XIII e seu castelo era centro de magnificência e de cultura. Mas, por trás das festas e da glória, escondiam-se as ambições dos príncipes feudais, geralmente em guerra entre eles e em conflito com as autoridades reais e imperiais. Neste contexto, o landgrave Hermann acolheu com boa vontade o noivado entre seu filho Ludovico e a princesa húngara. Isabel partiu de sua pátria com um rico dote e um grande séquito, incluindo suas donzelas pessoais, duas das quais permaneceriam amigas fiéis até o final. São elas que deixaram preciosas informações sobre a infância e sobre a vida da santa.
Após uma longa viagem, chegaram a Eisenach, para subir depois à fortaleza de Wartburg, o maciço castelo sobre a cidade. Lá se celebrou o compromisso entre Ludovico e Isabel. Nos anos seguintes, enquanto Ludovico aprendia o ofício de cavaleiro, Isabel e suas companheiras estudavam alemão, francês, latim, música, literatura e bordado. Apesar do fato do compromisso ter sido decidido por razões políticas, entre os dois jovens nasceu um amor sincero, motivado pela fé e pelo desejo de fazer a vontade de Deus. Aos 18 anos, Ludovico, após a morte do seu pai, começou a reinar sobre Turíngia. Mas Isabel se converteu em objeto de silenciosas críticas, porque seu comportamento não correspondia à vida da corte. Assim também a celebração do matrimônio não foi fastuosa e os gastos do banquete foram distribuídos em parte aos pobres. Em sua profunda sensibilidade, Isabel via as contradições entre a fé professada e a prática cristã. Não suportava os compromissos. Uma vez, entrando na igreja na festa da Assunção, ela tirou a coroa, colocou-a aos pés da cruz e permaneceu prostrada no chão, com o rosto coberto. Quando uma freira a desaprovou por este gesto, ela respondeu: "Como posso eu, criatura miserável, continuar usando uma coroa de dignidade terrena quando vejo o meu Rei Jesus Cristo coroado de espinhos?". Ela se comportava diante dos seus súditos da mesma forma que se comportava diante de Deus. Entre os escritos das quatro donzelas, encontramos este testemunho: "Não consumia alimentos sem antes estar certa de que procediam das propriedades e dos bens legítimos do seu marido. Enquanto se abstinha dos bens adquiridos ilicitamente, preocupava-se também por ressarcir àqueles que tivessem sofrido violência"(nn. 25 e 37). Um verdadeiro exemplo para todos aqueles que desempenham cargos: o exercício da autoridade, em todos os níveis, deve ser vivido como serviço à justiça e à caridade, na busca constante do bem comum.
Isabel praticava assiduamente as obras de misericórdia: dava de beber e de comer a quem batia à sua porta, distribuía roupas, pagava as dívidas, cuidava dos doentes e sepultava os mortos. Descendo do seu castelo, dirigia-se frequentemente com suas donzelas às casas dos pobres, levando pão, carne, farinha e outros alimentos. Entregava os alimentos pessoalmente e cuidava com atenção do vestuário e dos leitos dos pobres. Este comportamento foi informado ao seu marido, a quem isso não apenas não desagradou, senão que respondeu aos seus acusadores: "Enquanto ela não vender o castelo, estou feliz!". Neste contexto se coloca o milagre do pão transformado em rosas: enquanto Isabel ia pela rua com seu avental cheio de pão para os pobres, encontrou-se com o marido, que lhe perguntou o que estava carregando. Ela abriu o avental e, no lugar dos pães, apareceram magníficas rosas. Este símbolo de caridade está presente muitas vezes nas representações de Santa Isabel.
Seu casamento foi profundamente feliz: Isabel ajudava seu esposo a elevar suas qualidades humanas ao nível espiritual e ele, por outro lado, protegia sua esposa em sua generosidade com os pobres e em suas práticas religiosas. Cada vez mais admirado pela grande fé de sua esposa, Ludovico, referindo-se à sua atenção aos pobres, disse-lhe: "Querida Isabel, é Cristo quem você lavou, alimentou e cuidou" - um claro testemunho de como a fé e o amor a Deus e ao próximo reforçam e tornam ainda mais profunda a união matrimonial.
O jovem casal encontrou apoio espiritual nos Frades Menores, que, desde 1222, difundiram-se em Turíngia. Entre eles, Isabel escolheu o Frei Rüdiger como diretor espiritual. Quando ele lhe narrou as circunstâncias da conversão do jovem e rico comerciante Francisco de Assis, Isabel se entusiasmou ainda mais em seu caminho de vida cristã. Desde aquele momento, dedicou-se ainda mais a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres. Inclusive quando nasceu seu primeiro filho, seguido de outros dois, nossa santa não descuidou jamais das suas obras de caridade. Além disso, ajudou os Frades Menores a construir um convento em Halberstadt, do qual o Frei Rüdiger se tornou superior. A direção espiritual de Isabel passou, assim, a Conrado de Marburgo.
Uma dura prova foi o adeus ao marido, no final de junho de 1227, quando Ludovico IV se associou à cruzada do imperador Frederico II, recordando à sua esposa que esta era uma tradição para os soberanos de Turíngia. Isabel respondeu: "Não o impedirei. Eu me entreguei totalmente a Deus e agora devo entregar você também". No entanto, a febre dizimou as tropas e o próprio Ludovico ficou doente e morreu em Otranto, antes de embarcar, em setembro de 1227, aos 26 anos. Isabel, ao saber da notícia, sentiu tal dor, que se retirou em solidão, mas depois, fortificada pela oração e consolada pela esperança de voltar a vê-lo no céu, interessou-se novamente pelos assuntos do reino. Outra prova, porém, a esperava: seu cunhado usurpou o governo de Turinga, declarando-se verdadeiro herdeiro de Ludovico e acusando Isabel de ser uma mulher piedosa incompetente para governar. A jovem viúva, com seus três filhos, foi expulsa do castelo de Wartburg e começou a procurar um lugar para refugiar-se. Somente duas de suas donzelas permaneceram junto dela, acompanharam-na e confiaram os três filhos aos cuidados de amigos de Ludovico. Peregrinando pelos povoados, Isabel trabalhava onde era acolhida, assistia os doentes, fiava e costurava. Durante este calvário, suportado com grande fé, paciência e dedicação a Deus, alguns parentes, que haviam permanecido fiéis a ela e consideravam ilegítimo o governo do seu cunhado, reabilitaram seu nome. Assim, Isabel, no início de 1228, pôde receber uma renda apropriada para retirar-se ao castelo familiar em Marburgo, onde vivia também seu diretor espiritual, Frei Conrado. Foi ele quem contou ao Papa Gregório IX o seguinte fato: "Na Sexta-Feira Santa de 1228, com as mãos sobre o altar da capela da sua cidade, Eisenach, onde havia acolhido os Frades Menores, na presença de alguns frades e familiares, Isabel renunciou à sua própria vontade e a todas as vaidades do mundo. Ela queria renunciar a todas as suas possessões, mas eu a dissuadi por amor aos pobres. Pouco depois, construiu um hospital, recolheu doentes e inválidos e serviu em sua própria mesa os mais miseráveis e abandonados. Tendo eu a repreendido por estas coisas, Isabel respondeu que dos pobres recebia uma especial graça e humildade" (Epistula magistri Conradi, 14-17).
Podemos ver nesta afirmação certa experiência mística parecida com a vivida por São Francisco: de fato, o Pobrezinho de Assis declarou em seu testamento que, servindo os leprosos, o que antes era amargo se transformou em doçura da alma e do corpo (Testamentum, 1-3). Isabel transcorreu seus últimos 3 anos no hospital fundado por ela, servindo os doentes, velando com os moribundos. Tentava sempre levar a cabo os serviços mais humildes e os trabalhos repugnantes. Ela se converteu no que poderíamos chamar de mulher consagrada no meio do mundo (soror in saeculo) e formou, com outras amigas suas, vestidas com um hábito cinza, uma comunidade religiosa. Não é por acaso que ela é padroeira da Terceira Ordem Regular de São Francisco e da Ordem Franciscana Secular.
Em novembro de 1231, foi vítima de fortes febres. Quando a notícia da sua doença se propagou, muitas pessoas foram visitá-la. Após cerca de 10 dias, ela pediu que fechassem as portas, para ficar a sós com Deus. Na noite de 17 de novembro, descansou docemente no Senhor. Os testemunhos sobre sua santidade foram tantos, que apenas quatro anos mais tarde, o Papa Gregório IX a proclamou santa e, no mesmo ano, consagrou-se a bela igreja construída em sua honra, em Marburgo.
Queridos irmãos e irmãs, na figura de Santa Isabel, vemos como a fé e a amizade com Cristo criam o sentido da justiça, da igualdade de todos, dos direitos dos demais e criam o amor, a caridade. E dessa caridade nasce a esperança, a certeza de que somos amados por Cristo e de que o amor de Cristo nos espera e nos torna, assim, capazes de imitá-lo e vê-lo nos demais. Santa Isabel nos convida a redescobrir Cristo, a amá-lo, a ter fé e, assim, encontrar a verdadeira justiça e o amor, como também a alegria de que um dia estaremos submersos no amor divino, no gozo da eternidade com Deus. Obrigado.
[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Queridos irmãos e irmãs,
Santa Isabel da Hungria nasceu em mil duzentos e sete. Muito jovem ainda, foi dada em casamento a Luís IV da Turíngia, florescendo entre ambos um amor sincero, animado pela fé e pelo desejo de cumprir a vontade de Deus. Decidida a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres, Isabel praticava assídua e pessoalmente as obras de misericórdia. Foram acusá-la ao marido de assim gastar os bens do condado; ele respondeu: «Desde que não me venda o castelo, não me importa!». Uma vez ela levava o avental cheio de pão para os pobres, quando se cruzou com o marido que lhe perguntou que levava. Isabel abriu o avental; mas, em vez de pão, apareceram magníficas rosas. É o conhecido milagre do pão transformado em rosas, que aparece muitas vezes reproduzido na imagem desta grande Santa da caridade. 

Amados fiéis brasileiros da paróquia São Pedro Apóstolo de Pato Branco e todos os peregrinos de língua portuguesa, agradeço a vossa visita e de coração vos saúdo, desejando que esta peregrinação a Roma deixe a vida de cada um iluminada pelo sentido e pelo amor de Deus e do próximo. Sobre as vossas famílias e comunidades cristãs, desçam abundantes favores divinos, que sobre todos invoco ao abençoar-vos em nome do Senhor.
[Tradução: Aline Banchieri.
©Libreria Editrice Vaticana]

7 de novembro de 2011

25º Aniversário do «Espírito de Assis» - 1986-2011



Assis, Caminho de Paz

Em 27 de Outubro de 1986 realizou-se o primeiro Encontro Inter-Religioso de Oração pela Paz querido por João Paulo II na cidade de Assis que juntou dezenas de representantes das diversas igrejas e tradições religiosas: 124 participantes oficiais de 62 igrejas cristãs e 62 membros de outras tradições (religiões tradicionais da Ásia, da África e da América). Mais de 200 lideres religiosos de todo o mundo…

Porquê Assis e não Jerusalém, Roma, Constantinopla, Meca?
Só Assis tinha, tem a capacidade de se transformar em «parábola de Paz»

Ai viveu S. Francisco, aí aprendeu e ensinou que só temos um Pai e somos todos irmãos. Em Assis viveu e está presente o «irmão universal», o «profeta da paz».
Em 1219, quando os cristãos combatiam os muçulmanos com as Cruzadas, Francisco vai ao encontro destes irmãos: «sou cristão; levai-me ao vosso chefe».

1 - A singularidade do evento

A importância e novidade do evento de Assis foi expressa tanto pelos participantes como pelos observadores e analistas. Representou, de fato, uma novidade e uma iniciativa histórica de grande alcance. e ultrapassando o seu invólucro empírico, O evento de Assis, superando a intenção de seus protagonistas representa um "gesto sem precedente", um acontecimento extraordinário e único, que carrega consigo um explosivo poder simbólico. A jornada de Assis significou para o Cardeal Willebrands, então presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos, "o evento ecuménico mais marcante depois do Concílio Vaticano II". Inaugurava-se um "ecumenismo planetário", expressão cunhada pelo teólogo dominicano Marie-Dominique Chenu, em sua reflexão sobre o encontro. (O Paradigma de Assis, in revista Concilium 3/2001 do Prof. Faustino Teixeira - PPCIR-UFJF / Iser-Assesoria).
O Encontro de Assis de 1986 constitui um marco fundamental no campo do diálogo inter-religioso. O encontro de Assis significou um avanço ainda maior do que aquele expresso no Vaticano II, no Decreto sobre a liberdade religiosa. Pela primeira vez na história, inúmeras lideranças religiosas mundiais encontram-se para juntos rezar e testemunhar a natureza transcendente da paz.
Houve a preocupação dos organizadores de evitar qualquer forma de sincretismo religioso manifesto na forma "juntos para rezar" e não "rezar juntos".

2 - As religiões no "Espírito de Assis"

A vida habitual de uma sociedade, no passado, decorria dentro da própria cultura e religião, embora se soubesse da existência de outras culturas e religiões. Hoje temos não apenas a convivência física – pacífica ou conflituosa – entre pessoas de diferentes religiões, mas também a convivência ao nível de conhecimento. As tecnologias da informação e da comunicação, a globalização e a emigração criaram a possibilidade de um encontro inter-religioso universal.
Somos a primeira geração em toda a história da humanidade que se encontra num ambiente cultural e religioso realmente plural. O contacto vivo entre as diversas religiões torna-nos mais conscientes de que a vivência religiosa se encontra em uma situação nova e, em alguns aspectos, radicalmente nova.

3 - Um fenómeno novo (desafios)

Esta situação coloca profundos desafios, sobretudo à geração nascida numa época de sociedades de uma só religião. Hoje entramos todos facilmente em contacto com outras perspectivas, outra escala de valores e outras normas. A filosofia ocidental converte-se numa corrente de pensamento entre outras, como a muçulmana, a hindu, a chinesa, etc.
A realidade da qual temos de partir é esta: estamos diante de um fenómeno novo, de uma mudança substancial. Somos suas testemunhas e não podemos fechar-nos à mudança.
Hoje todos temos uma certa noção de pluralismo e tolerância mas a história da qual viemos é de séculos e até milénios de atitudes contrárias ao pluralismo, na tradição católica e noutras religiões.

A religião só pode ser portadora de paz.
Peregrinos da verdade, peregrinos da paz.

«O Senhor vos dê a sua paz».
Daniel Teixeira, OFM




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Vejamos alguns momentos simbolicamente importantes da experiência cristã.
1 - Antigo Testamento

Os textos do AT referentes às divindades dos povos vizinhos de Israel qualificam-nos depreciativamente como ídolos: obras de mãos humanas, coisas mortas (Sab 13, 10), nada (Is 44, 9), vazio (Jr 2, 5; 16, 19), mentira (Jr 10, 14; Am 2, 4; Br 6, 50), demónios (Dt 32, 17; Br 4, 7). Só Javé seria um Deus verdadeiro (Jr 10, 10). Em contrapartida, o povo hebreu tinha a convicção de ser um povo diferente, o povo de Deus, o eleito, que deveria viver separado dos gentios e não misturado com eles (Dt 7, 1-2a). Israel devia destruir sem compaixão os altares e imagens dos povos derrotados e expulsos, e não fazer aliança nem aparentar-se com eles. O Israel do Deuteronómio tem a convicção de ser o povo eleito, o santo diante dos demais povos que adorariam ídolos vãos.

2 - O Concílio de Florença (1452)

No séc. XV outro ponto culminante dessa mentalidade é o Concílio de Florença que declarou firmemente crer, professar e ensinar que nenhum daqueles que se encontram fora da Igreja Católica – não somente os pagãos, mas também os judeus, os hereges e os cismáticos – poderão participar da vida eterna. Irão ao fogo eterno que foi preparado para o diabo e seus anjos, a menos que antes do término da sua vida sejam incorporados na Igreja… Ninguém, por grandes que sejam suas esmolas, ou ainda que derrame o sangue por Cristo, poderá salvar-se se não permanecer no seio e na unidade da Igreja Católica (DS 1351).
Durante séculos se pregou e viveu a convicção de que «fora da Igreja não há salvação». Todos os que morressem fora da comunhão da Igreja Católica não poderiam participar da vida eterna e iriam para o fogo eterno.

3 - No século XIX

Gregório IX, na Encíclica Mirari Vos de (1832) afirmou: Outra coisa que tem produzido muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria apresentada em toda a parte, tão favorável ao engano dos ímpios, que ensina que se pode conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que haja rectidão e honradez nos costumes… Desta barrenta fonte do indiferentismo mana aquela absurda e errónea sentença ou, melhor dizendo, loucura, que afirma e defende a todo o custo e para todos a liberdade de consciência (nn. 9-10).
Esta é apenas uma das rejeições que os Papas daquele tempo lançaram solenemente contra os «erros da época»: o pensamento moderno, as liberdades sociais, a democracia, o que hoje reconhecemos como direitos humanos… Neste texto, que ainda não tem dois séculos, nega-se frontalmente e com ostensivo desprezo a liberdade de consciência, a liberdade religiosa e o pluralismo religioso, com toda a solenidade do magistério pontifício.

4 - Concilio Vaticano II (1962-1965)

Este Concílio declara que a pessoa humana tem direito há liberdade religiosa. Esta liberdade consiste em que todos os seres humanos devem estar imunes de coacção, tanto por parte de pessoas particulares como de grupos sociais e de qualquer poder humano, e isso de tal maneira que em matéria religiosa nem se obrigue a ninguém a agir contra a sua consciência, nem se lhe impeça que aja conforme a ela em âmbito privado ou público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites. Declara, ademais, que o direito à liberdade religiosa se funda realmente na dignidade própria à pessoa humana, tal como é conhecida pela palavra revelada de Deus e pela própria razão (DH 2).

A Igreja Católica nada rejeita daquilo que nas religiões não cristãs há de verdadeiro e santo. Considera com sincero respeito os modos de agir e viver, os preceitos e doutrinas, que, ainda que discrepem em muitos pontos do que ela confessa e ensina, não poucas vezes reflectem um lampejo daquela Verdade que ilumina a todos os seres humanos (NAe 2).

Foram praticamente vinte séculos de exclusivismo cristão, quase dois mil anos em que o cristianismo pensou ser a única religião verdadeira, enquanto todas as outras religiões seriam falsas, invenções humanas ou simples preparação para o Evangelho; ou, na melhor das hipóteses, teriam participação na revelação cristã.
A mudança de mentalidade, no mundo católico, deu-se há uns 60 anos, pelo Vaticano II, o que significa que começou na actual geração e ainda não terá tido tempo para se difundir e criar raízes. A posição teológica de que Deus se revela em todas as religiões, sem descriminação por parte de Deus, ainda suscita surpresa e incompreensão, embora sempre tenha havido no cristianismo outra face, uma atitude mais tolerante e pluralista, mas foram sempre uma excepção.
O Concílio Vaticano II foi para a Igreja Católica uma aceitação de boa parte da crítica da cultura moderna às atitudes integristas da Igreja nos últimos séculos. Foi também uma actualização e uma reconciliação com o mundo moderno. Mas logo se tornou evidente que essa renovação não bastava e em seguida aconteceu na Igreja Católica uma involução, e a doutrina oficial ficou para trás em relação á teologia.

5 - As religiões e a Paz

As perguntas em relação à Salvação partem da suposição de que a salvação está reservada apenas ao «povo eleito», ao Povo de Israel. Este sente-se o único povo eleito por Deus. Convém clarificar que uma coisa é ser o povo eleito e outra o único povo eleito.
Na mente e coração de Jesus, Aquele que nos revela o coração e o projecto do nosso Deus para a humanidade, está subentendida a ideia da salvação universal (Mt 22, 1-14).
Coloquemos algumas perguntas:
Senhor, são poucos os que se salvam? (Lc 13, 23).
Todos são chamados a salvar-se, mas salvam-se realmente todos?
Deus pode chamar uns à salvação e outros não? Ler Lc 13, 22-30; Is 13, 22-30

Deus quer que todos os homens se salvem, sem excepção. Todos recebem o chamamento por igual. Onde está então a diferença? Há diferença nos meios e nos caminhos que Deus oferece a seus filhos para a salvação que é sempre iniciativa de Deus e tarefa do homem. Ao homem é impossível salvar-se por si mesmo. É Deus quem salva. Porém, Deus não impõe a salvação mas oferece-a: é dom absolutamente gratuito.
As religiões são diferentes caminhos através dos quais o homem procura chegar a Deus. Mas esses caminhos-religiões não são todos iguais, não possuem todos a verdade nem o mesmo grau de verdade. Por isso a porta para entrar no Reino é estreita mas Ele abre-a a todos. A porta da resposta depende da liberdade humana, e nem todos estão dispostos a entrar por ela porque tentam entrar com muita coisa, “gordos”, cheios de auto-suficiência, da sua verdade.
Porém, importa ter em conta que as religiões são pessoas crentes e não teorias. Todos o Homem busca a verdade e cada religião é possuidora de parte de verdade (todas são verdadeiras) mas nenhuma possui a verdade total já que há nelas também uma dimensão humana e, portanto, imperfeita (todas são falsas-imperfeitas). Se falámos então de pessoas em busca da Verdade falámos de toda a humanidade que Deus quer em comunhão com ele e que busca Deus.
Celebrar 25 anos do "Espírito de Assis" é tomar consciência desta caminhada comum, no respeito pelos diversos caminhos, ou seja pelos crentes todos, o que não é o mesmo que dizer que todas as religiões são iguais ou igualmente boas. Mas o reconhecimento da diferença não pode significar nunca exclusão dos que vivem uma fé diferente da nossa. Somos irmãos em busca do Pai comum e por isso todos empenhados na construção da Paz que nenhuma barreira religiosa deve impedir.

Daniel Teixeira, OFM

27 de setembro de 2011

O Irmão Bom Pastor - O Padre Filipe









O Irmão Bom Pastor - Padre Filipe Carreira do Rosário
Eu e o Luís conhecemos o Padre Filipe no casamento da minha melhor amiga de curso, a Ana Barros, na Igreja de Nossa Senhora da Luz. Foi no ano de 1985. Desde então, guardamos a imagem de um homem novo, diferente, ao contrário, como se andasse a fazer o pino, de cabeça para baixo e pés no ar. Ele foi um homem desconcertante, simples e alegre que soube transpor as barreiras das cerimónias e as alturas dos monumentos nacionais, concretamente do retábulo e do altar-mor da Igreja da Luz, no dia daquele casamento. A vida do Padre Filipe foi marcante para nós nestes últimos 25 anos de vida e, nesta hora, reconhecemos que ele foi o nosso Irmão Bom Pastor, o Irmão Bom Pastor da nossa família.
Nesta hora, por graça de Deus, reconhecemos a sua presença na preparação do nosso Matrimónio, nesse longínquo ano de 1985, e na nossa família, imediatamente após o regresso da nossa lua-de-mel, num Domingo do mês de Setembro, depois da Eucaristia das 19:00, quando o cumprimentámos e nos apresentamos como seus paroquianos e ele aceitou tomar um café em nossa casa. Ele abençoava as casas das famílias. Ele abençoou-nos e guardou-nos, desde então.
Na catequese e nos grupos de jovens ensinava a cantar: “A minha meta é Cristo, o meu troféu és Tu meu Senhor Sou jovem e não desisto de espalhar a Paz e o Amor.”
Ele rezou pelo nascimento das nossas filhas, a Francisquinha e a Sarinha, depois de uma intervenção cirúrgica bem sucedida. Alegrou-se com toda a família e baptizou-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
No Centro Social e Paroquial de Carnide, no jardim de infância das nossas meninas, ele foi um Sacerdote e um Pai atento e acolhedor. A sua presença nas festas de Natal e no final dos anos escolares é inesquecível, tal como a sua boa disposição nas celebrações lindas na Igreja de S. Lourenço, que reconstruiu. As crianças corriam ao seu encontro e ele muito sorridente pedia-lhes beijinhos, especialmente às mais pequeninas.
Na Igreja da Luz ele foi o Vigário de Cristo, ele deu a vida pelas suas ovelhas, salvou-as de lobos ferozes e reconduziu-as, com sacrifício da própria vida, a pastagens verdejantes. Ele nunca nos deixou só. Acompanhou-nos sempre.
No Externato da Luz, o Padre Filipe foi o nosso Director. Pelo exemplo ensinou-nos a ser pais e educadores responsáveis; ensinou-nos a disciplina e o prémio do estudo, o trabalho árduo por amor; ensinou-nos a construir uma sociedade mais justa e pacífica, onde todos são irmãos. O Padre Filipe viveu o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o serviço a Deus e ao próximo. O Padre Filipe foi santo nesta terra. Por Ele queremos ser membros da sua família e irmãos de todos os homens. Ele viveu a Fraternidade Universal. Por ele queremos ser dignos de pertencer à Família Franciscana, à família de S. Francisco e de Santa Clara de Assis e de inúmeros santos da Igreja.
Em Lisboa, nesta nossa cidade das sete colinas, reconhecemos que o Padre Filipe criou uma nova paisagem urbana: nas igrejas, nos adros, nos largos, nas rotundas, nas praças, nos jardins, nos centros culturais e nos homens e nas mulheres do nosso tempo que o amaram, uma paisagem linda que permanece, porque ele amou primeiro, tudo e todos, à maneira de Jesus, terna e profundamente. Ele é um outro Bom Pastor. O Padre Filipe partiu para a casa do Pai mas na comunhão dos santos permanece nesta obra que foi ruínas e reconstruída por ele. Nesta hora, agradecemos ao Senhor o dom da vida do Padre Filipe. Sentimos que não foi só para nós mas para todos. O Padre Filipe foi, é e será sempre o nosso Irmão Bom Pastor.
Obrigado Padre Filipe. Até logo.
Beijinhos da Francisca, Luís, Francisquinha e da Sara Rebordão Topa

10 de agosto de 2011

Santa Clara de Assis - 800 anos de Vocação









Com todo o júbilo e reconhecimento pelo grande Dom da visita da Irmã Madre Maria do Lado de Jesus, do Mosteiro de N.ª Senhora da Esperança, em Montalvo, à Fraternidade de S. Francisco à Luz, no ano Jubilar Clareano, publica-se o texto da comunicação da nossa querida Irmã Clarissa.



ANO VOCACIONAL
A Ordem Franciscana celebra o ano jubilar pela fundação da segunda Ordem.
Em Portugal, as Irmãs Clarissas, com a aprovação do Presidente da Família Franciscana e a bênção do Ministro Geral, proclamaram um ano Vocacional, com o fim de voltar às origens da nossa vocação e por ela agradecer ao Pai das misericórdias que nos cumula de seus dons.
Como tema a iluminar a celebração deste ano vocacional o apelo do Apóstolo, repetido e vivido por Santa Clara: “CONHECE A TUA VOCAÇÃO” e a nossa resposta consciente: “NOSSA VOCAÇÃO É O MAIOR DE TODOS OS DONS” (Testamento, 2)
Não se trata de celebrar somente uma data histórica. Isto seria simplesmente fazer arqueologia e tudo se concluiria como um fato de crónica. Trata-se de ver estes 800 anos com o olhar de Deus, isto é: com os olhos da fé, contemplando tudo o que de bom fez o Senhor através de Francisco e da sua “plantinha” a Irmã Clara, contemplar todo o bom e o bem que o Senhor realizou e segue realizando através dos Irmãos Franciscanos e neste ano sobretudo através das Irmãs Clarissas de ontem e de hoje. Contemplando o passado com os olhos de Deus, com os olhos da fé, a história que aparentemente se apresenta como uma simples história humana, acaba sendo “história de salvação”. (São palavras do nosso Ministro Geral às Irmãs Clarissas do Brasil).
A história de Clara, vivendo em seu palácio com todos os condicionalismos de mulher medieval, não a impediu de fazer uma opção por Jesus Cristo.
Ela mesma nos diz no seu testamento (n.5): “O Filho de Deus fez-se nosso caminho, como nos mostrou e ensinou, por palavras e por exemplos o nosso Bem-aventurado Pai S. Francisco, seu apaixonado imitador.”
Clara, que vivia reclusa na torre do palácio familiar ouviu falar da conversão de Francisco e de como se despojou das roupas e do titulo paterno para, livre e liberto, seguir a Jesus Cristo e a Sua Santíssima Mãe, a senhora pobrezinha. Durante a quaresma também teve oportunidade de escutar as suas palavras de fogo que lhe queimaram o coração. Nunca mais o iria esquecer e, já no fim da sua vida, deixou-nos esta recordação no Testamento: “como nos mostrou e ensinou pela palavra e pelo exemplo o nosso bem-aventurado Pai S. Francisco.”
Clara percebeu a divina inspiração, como preciosa predilecção. Acolheu. E o acolhimento foi-lhe purificando a mente na escolha.
A pretexto de piedade, Clara, consegue sair da sua torre para se encontrar com Francisco. Partilha com ele a divina inspiração para seguir a vida dos Irmãos Menores. Francisco mostra-se relutante à ideia de uma jovem mulher nobre viver entre os leprosos. Resiste e orienta-a na oração de fé e de confiança.
Deus que chama dá a força para O seguir. No Testamento Clara recorda-nos quem e como tocou o seu coração: “depois que o Altíssimo Pai Celestial, pouco depois da conversão do nosso bem-aventurado Pai S. Francisco se dignou iluminar-me o coração para que, seguindo-lhe o exemplo, fizesse penitência, segundo a luz da graça que o Senhor me comunicou através da sua vida maravilhosa e da sua doutrina”.
No dia de Ramos Deus se manifesta pelo Bispo Guido. Um ramo: um sinal de Deus feito caminho na vida de Clara.
Francisco não resiste mais à inspiração divina. Mudar de lugar agora é real para Clara. Deixa o seu palácio e caminha para a Porciúncula;
Clara nunca esquecerá aquele dia: “prometi-lhe voluntariamente obediência”( TC 26). Como um Irmão Menor Clara, de livre vontade, prometeu obediência a Francisco confiando a sua vida e a sua vocação à Ordem dos Menores.
Diante da imagem da Virgem Maria Clara fez a sua Profissão:
Seguir as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua Santíssima Mãe.
Francisco comprometeu-se a cuidar de Clara e de suas Irmãs como de seus próprios Irmãos e escreveu para elas uma Forma de Vida registada cuidadosamente, por Clara, no coração da sua regra. Esta Forma de Vida compendia o carisma vocacional de Clara e das Clarissas:
Pois que por inspiração divina vos fizestes filhas e servas do altíssimo e soberano rei e Pai celestial e vos tornastes esposas do Espírito Santo, abraçando uma vida conforme a perfeição do santo Evangelho, eu quero e prometo em meu nome e em nome dos meus Irmãos, ter sempre para convosco, como tenho para com eles diligente cuidado e solicitude particular.” (Regra VI, 3-4).
Francisco reconhece que a vocação de Clara e das Irmãs aconteceu por inspiração Divina. Elas, fiéis a essa inspiração, tornaram-se “
filhas e servas do Altíssimo Rei e Pai celestial e desposaram-se com Deus Espírito Santo.”
Há quatro partes distintas na FORMA DE VIDA:
• Filhas e servas de Deus
• Esposas do Espírito Santo
• Irmãs de Jesus Cristo Palavra – Santo Evangelho
• Irmãs de Francisco e dos Irmãos
Clara decidiu deixar a sua vida palaciana para seguir a vida simples e pobre de Francisco, na fidelidade a Deus que a inspirou, orientou e fortaleceu nessa opção.
Na Porciúncula diante da imagem da Virgem Maria prometeu observar o santo evangelho tornando-se Irmã, Mãe e Discípula de Jesus Cristo e esposa de Deus Espírito Santo: “Tal como a Virgem das Virgens o trouxe materialmente em seu seio assim também tu o podes trazer, de maneira espiritual, no teu corpo casto e virginal, seguindo as suas pegadas.” (3CCL)
Irmã dos Irmãos: Não somos Ordens distintas, somos uma mesma Ordem: “eu quero e prometo em meu nome e em nome dos meus Irmãos, ter sempre para convosco, como tenho para com eles diligente cuidado e solicitude particular
Este é o CARISMA de Clara e de suas Irmãs, depois de serem fiéis à inspiração divina: Viver em fraternidade como filhas de Deus Pai, Esposas do Espírito Santo, Irmãs e Mães de Jesus Cristo; Irmãs e Mães das Irmãs, dos Irmãos e de todos as pessoas do mundo: “Porque o Senhor não nos colocou como espelho e exemplo somente para os outros homens, mas também, para as Irmãs que o Senhor chamou a viver a nossa vocação de modo que também elas se convertam em exemplo e espelho das pessoas que vivem no mundo.” (TC, 19-20)
A Mãe Clara na sua Regra é bem explícita: A Forma de Vida da Ordem das Irmãs Pobres, que São Francisco instituiu é esta: “Observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem próprio e em castidade”(Regra I, 1).
Obediência: Cristo, nosso Irmão mais velho, obedeceu ao Pai Celestial, obedeceu às leis judaicas e às leis civis, obedeceu a Maria e José. Ele é o nosso modelo de obediência com o exemplo e com a Palavra Evangélica.
Sem próprio: “Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, depois vem e segue-me”(Mt. 19,21)
Não ter nada próprio não é viver na miséria, mas sim viver livre e liberto para Deus.
Em castidade: É ter a consciência de que somos esposas do Espírito Santo. O Espírito santo nos habita e nos envolve e o nosso coração está livre para amar a todos: às Irmãs, aos Irmãos e a todas as pessoas: “Amai-vos umas às outras, porque se uma mãe ama e cuida de seu filho carnal com quanta mais solicitude uma Irmã não deve amar e cuidar de sua Irmã espiritual” (RC).
A vocação das Irmãs Clarissas
Trinitária:
• Filhas e servas do Altíssimo Senhor, Rei e Pai
• Esposas do Espírito Santo
• Irmãs e Mães de Jesus Cristo
Cristocêntrica:
Cristo, o Irmão mais velho que caminha connosco e é o alvo da nossa contemplação nos sustém, fortalece e anima. Clara centraliza toda a sua vida espiritual contemplativa e fraterna em Cristo e o aconselha as suas Irmãs.
Com Cristo no centro da nossa vida aí estão as Irmãs, os Irmãos e todas as criaturas, numa fraternidade universal.
Hoje as Irmãs Clarissas são cerca de trinta mil em todo o mundo.
Todas, unidas com toda a Ordem, estão vivendo este ano jubilar, num grande esforço para regressar às Fontes: à pureza, entusiasmo e criatividade do início.
Contamos com a vossa ajuda.
Irmã Maria do Lado de Jesus, OSC

10 de julho de 2011

Possível Retrato de S. Francisco em Vida

POSSÍVEL RETRATO DE S. FRANCISCO EM VIDA
COMO O IRMÃO S. FRANCISCO NOS PODE SERVIR DE EXEMPLO






ESTÁBULO ONDE NASCEU S. FRANCISCO


Se conhecêssemos como o Pai S. Francisco se converteu, consolidaríamos a nossa fé.
Era filho de Pedro Bernardone e de Dona Pica.
Na sua juventude era dado à vida mundana e irrequieta, como os jovens da sua idade, sempre em festas e algazarras.

FRANCISCO VAI À GUERRA

Francisco sonhava com guerras e honras militares e nesse espírito participou, com insucesso, na guerra que se desencadeou entre Assis e Perúsia, tornando-se, entre outros assissienses, prisioneiro e enfermo. Tal revés não esmoreceu os sonhos de fama e de glória e, livre da prisão e da doença, alistou-se cheio de entusiasmo no exército ao serviço das armas do Papa quando, numa noite, teve uma visão grandiosa: um belo palácio, com muitos soldados e a promessa de que tudo seria seu.
Francisco partiu e em plena marcha ouviu um chamamento, em jeito de visão (como relata a Legenda TRIUM SOCIORUM), uma Voz que lhe dizia:
- Quem te pode ser de mais proveito? O Senhor ou o servo? Respondeu: - O SENHOR. Ouviu novamente a Voz:- Então, porque deixas o Senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo?
Francisco, confuso, respondeu, perguntando:- QUE QUERES QUE EU FAÇA? (como S. Paulo, ou como o profeta Jeremias e outros).
E a Voz replicou:- Volta para a tua terra e ser-te-à dito o que deves fazer. Já em Assis, durante uma festa com os amigos, Francisco, foi tocado pela presença Divina, deixou de se interessar pelas festas e algazarras e, olhando mais para os pobres e necessitados, mudou completamente o seu estilo de vida.

S. FRANCISCO MEDITA NA SUA VIDA FUTURA NUMA GRUTA
Desde então, Francisco iniciou uma busca incessante de Deus, procurava desvendar os seus desígnios e, nas matas e nos bosques, na quietude e no silêncio, esclarecer as dúvidas e as inquietações que a nova visão da vida lhe proporcionava. Vendo a vida com outros olhos, retirou-se para uma gruta para meditar e nela considerar que interessava mais a sabedoria de Deus, a vida religiosa e a oração do que o casamento e a vida mundana.
FRANCISCO DESPOJA-SE DOS BENS MATERIAIS
Transformado pela graça divina e quando vestia, ainda, roupas ricas e mundanas, Francisco decidiu viver onde não fosse conhecido; ali, despiu as roupas, trocou-as pelas de um pobre e fez-se passar por mendigo.
Nessa altura, Francisco participou numa peregrinação à Basílica de S. Pedro em Roma e ao aperceber-se que as esmolas eram parcas, disse de si para si mesmo: - ”O Príncipe dos Apóstolos deve ser honrado com magnificência. Porque será que este povo faz ofertas tão ridículas à Igreja em que repousa o seu corpo?” Tocado de profundo fervor religioso, retirou uma mão cheia de moedas e atirou-as para junto do altar. Foi tanto o ruído que todos os presentes se maravilharam de tanta generosidade. A seguir, saiu, trocou de roupa com um mendigo e começou a pedir esmola nos degraus da Basílica.
S. FRANCISCO ENCONTRA E BEIJA O LEPROSO
Certo dia, Francisco ía pelo campo e ouviu o sino de um leproso, que alertava os transeuntes para o perigo da doença e deteve-se. Era um homem, um leproso, um doente incurável, roto, esfarrapado e coberto de chagas, que causava repulsa e de quem ninguém ousava aproximar-se devido ao risco de contágio. Francisco desceu do cavalo, cobriu o leproso com a capa e, contemplando o seu rosto, beijou-o. Sentiu, naquela hora, que tinha sido o beijo mais doce da sua vida. (Outro ponto de viragem na vida do Santo Pai S. Francisco).
CRUCIFIXO FALA A S. FRANCISCO
Nas suas inquietações e andanças, e nas suas buscas, por aquilo que lhe ia no interior Francisco, ao deambular pelos montes perto de Assis, passou perto de uma capela em ruínas.
Estando incomodado, com os seus sentimentos e palpitações interiores, entrou Francisco em oração profunda, ouviu uma voz: “Francisco olha para a minha Igreja em ruínas e reconstrói-a.”
S. Francisco, saltando de contentamento, vai à loja do pai, e trás uns panos que vai vender à feira de Folino, oferecendo o dinheiro ao capelão da Igreja que o rejeita.
Francisco não desiste e começa a pedir pedras, para reparar a Igreja apregoando: “Quem me der uma pedra, receberá uma recompensa; quem me der duas, terá dupla recompensa; quem me der três, terá tripla recompensa.
Nesta tarefa, foram muitos os que zombaram de Francisco, tomando-o por louco, dizendo que gozara de bem-estar, em casa de seus pais, e agora acartava pedras às costas. Enquanto outros se emocionavam até às lágrimas.
Nunca Francisco, desistiu dos seus intentos de pobreza, humildade e vivência do Evangelho, mesmo passando por todos estes martírios com grande fervor religioso.
S. FRANCISCO DESPE AS ROUPAS DO PAI
Vendo tudo o que o filho estava a passar, o pai Pedro Bernardote, recolheu-o em casa e fechou-o no depósito do carvão, até que sua mãe Dona Pica o soltou. Liberto, fugiu a refugiar-se em casa do senhor bispo e nessa fuga foi perseguido pelo pai que diante do senhor bispo o acusou de esbanjador de fortunas e reclamou a devolução de tudo o que Francisco tinha retirado da sua loja sem a sua autorização.
Então S. Francisco despiu-se completamente e, tudo devolvendo ao pai, disse: A partir de hoje pai só o Pai Nosso que Estais no Céu e abandonando tudo aos pés do pai, ficando completamente nu, foi coberto pelo manto do bispo que lhe deu protecção para o resto da vida.
CASAMENTO DE FRANCISCO COM A SANTA POBREZA
O Senhor comanda no Evangelho: "meditem, tenham cuidado com a maldade e avareza, e guardem-se das solicitudes deste mundo e dos cuidados desta vida".
Portanto, que nenhum dos irmãos, onde quer que esteja ou onde possa ir, de maneira nenhuma toque ou receba dinheiro, ou faça com que seja recebido, por roupas ou livros, ou como preço de qualquer trabalho, ou por qualquer outro motivo, salvo devido à necessidade manifesta de irmãos doentes.
Porque não devemos dar mais uso e estima ao dinheiro do que às pedras. E o diabo tenta cegar os que o desejam ou o valorizam mais que às pedras. Vamos, portanto, ter cuidado, com o receio de que, depois de termos deixado todas as coisas, possamos perder o reino dos céus por essa ninharia.
E se por acaso encontrarmos dinheiro em qualquer lugar, não lhe prestemos mais respeito do que à poeira que pisamos com os nossos pés, porque é a "vaidade das vaidades, e tudo é vaidade". E, se por ventura acontecesse que algum irmão colectasse ou tivesse dinheiro, salvo apenas devido à dita necessidade dos doentes, que todos os irmãos o vejam como um falso irmão, um ladrão, e um com uma carteira, a menos que ele se arrependa genuinamente.
E que os irmãos não recebam, de forma alguma, esmolas de dinheiro ou façam com que sejam recebidas, não procurem dinheiro ou façam com que seja procurado, nem que o dinheiro seja para outras casas ou sítios, e que não andem na companhia de pessoas que andam à busca de dinheiro para esses lugares.
Mas que façam todos os outros serviços não contrários à nossa vida, com a bênção de Deus. No entanto, os irmãos podem, pela necessidade manifesta dos leprosos, pedir esmola para eles. Mas que sejam muito cautelosos com o dinheiro. E que todos os irmãos tenham também muita atenção para não procurarem neste mundo nenhum lucro imundo.
S. FRANCISCO COMEÇOU A PREGAR A POBREZA, A BONDADE, O PERDÃO E MUITA GENTE PARAVA PARA O OUVIR

Um cavaleiro, de nome Bernardo de Quintavale, ouvindo falar na vida dedicada a Deus, com muita paciência e devoção, pelo “Poverello”, quis conhecer melhor, a vocação do santo, convidando-o para dormir e cear em sua casa.
Ao chegar a hora de deitar, Francisco fingiu dormir, tal como o seu anfitrião e, pensando que o snr. Bernardo já dormia, levantou as mãos ao céu, e com grandíssima devoção começou a orar: “Meu Deus, Meu Deus”. E dizendo isto chorava copiosamente.
Vendo o snr. Bernardo, à luz da lâmpada, os devotíssimos actos de S. Francisco sentiu-se inspirado pelo Espírito Santo a mudar de vida.
S. Francisco, cheio de alegria transbordante, decidiu pedir conselho a Nosso Senhor Jesus Cristo, e rogar-lhe que se dignasse mostrar a sua santíssima vontade.
Deslocaram-se pois a casa do snr. Bispo e pediram ao sacerdote que dissesse a missa e que, após um tempo de oração, tomasse e abrisse o missal. A rogo de S. Francisco, o sacerdote tomou o missal e, fazendo o sinal da santa Cruz, abriu-o três vezes.
Na primeira leitura, escutaram a resposta de Cristo ao jovem que Lhe perguntou qual era o caminho da perfeição: ”Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá-o aos pobres e segue-Me”. Na segunda, a palavra de Cristo aos Apóstolos: ”Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforge, nem sapatos, nem dinheiro.
E na terceira, o seguinte conselho de Cristo: “Quem quiser vir a mim, negue-se a si mesmo tome a sua cruz e siga-Me”.
Ouvindo isto, o snr. Bernardo vendeu tudo o que tinha, repartiu pelos pobres e necessitados e seguiu o Santo.
Outros companheiros se lhe seguiram no modo de vida e na oração e S. Francisco resolveu enviar os seus frades pelo mundo a anunciar a Boa-Nova.
E FORAM ENVIADOS AOS PARES A ANUNCIAR A PALAVRA
Passado certo tempo, já se reunia um número interessante de seguidores, S. Francisco considerou que se justificava a aprovação de uma regra de vida para os seus frades.
Francisco escreveu uma pequena Regra e partiu para Roma onde o Papa Inocência III a aprovou oralmente.
No regresso a Rivotorto Francisco e os companheiros foram expulsos do estábulo onde pernoitaram, por o agricultor exigir ali instalar o seu jumento e decidiram, dali, rumar para a Porciùncula.
CONFIRMAÇÃO DA REGRA
No ano de 1210, Francisco e os seus seguidores viajaram até Roma para obter do Papa a confirmação e aprovação oficial do seu modo de vida. Era um bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos que se interrogava sobre se seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo?
Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa recebeu-os. Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo, especialmente com a figura de Francisco, a clareza da sua opção e a firmeza que demonstrava.
O PAPA RECONHECE EM S. FRANCISCO O HOMEM DO SONHO
O Papa reconheceu em S. Francisco o homem que vira em sonho a segurar as colunas da Igreja de Latrão (a Igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava ruir.
Percebeu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho e a gerar uma vida nova em toda a Igreja, tão distanciada dos ensinamentos de Cristo! Em nome da mesma Igreja, o Papa aprovou oficialmente o seu modo de viver o Evangelho, autorizou que Francisco e os seus seguidores O pregassem nas Igrejas e fora delas e despediu-os com a sua bênção.
Este facto histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210 e marcou o nascimento oficial da Ordem Franciscana.
TOMADA DO HÁBITO POR CLARA DE ASSIS
Ao ouvir a pregação de S. Francisco uma certa jovem bela, dócil, nobre e de vasta educação, Clara de Assis, converteu-se com tanto ardor e amor que fundou a Segunda Ordem Franciscana, a Primeira, dos Frades, foi fundada por S. Francisco, designada das Senhoras Pobres ou de Santa Clara por se dedicar a uma vida de oração e pobreza à semelhança da que viveu Clara.



Clara de Assis foi recebida na Igrejinha da Porciúncula por Francisco, que aí lhe cortou o cabelho, lhe impôs as vestes de penitente e lhe entregou o Evangelho como regra de vida. Viveu toda a sua vida na Igreja de S. Damião, que tinha sido reparada por S. Francisco e, com ele, fundou a numerosa família franciscana.
Com cada vez mais convertidos e devotos S. Francisco, através da sua vida e dos seus fluentes sermões, passa a ser muito considerado, até entre nobres.
CONDE TOCADO PELA FÉ OFERECE MONTE ALVERNE
Ao ouvir Francisco, o Conde Orlando de Chiusi, dá o Monte Alverne para que o Santo faça aí um eremitério, onde muitas vezes entrou em Extase.
Francisco não abriu caminho apenas para os Religiosos consagrados pelos votos de Pobreza, Obediência e Castidade (que fazem parte de uma Congregação ou Ordem Religiosa) viverem o Evangelho, mas também para leigos, casados ou solteiros.
Trata-se da Ordem Franciscana Secular, cuja sigla é OFS. É a maneira que Francisco encontrou para não excluir ninguém da possibilidade de ser seguidor ou seguidora de Cristo, à sua maneira. Na Ordem Franciscana Secular qualquer cristão ou cristã pode viver o ideal franciscano, fazendo parte de uma Fraternidade Franciscana.
FUNDAÇÃO DA ORDEM TERCEIRA
O humilde servo de Deus, S. Francisco, pouco depois da sua conversão, tendo já reunido e recebido na ordem muitos companheiros, entrou a pensar muito e com grandes dúvidas, sobre o que devia fazer: dar-se somente à oração, ou também, uma vez por outra à pregação? E sobre isto desejava vivamente conhecer a vontade de Deus. Mas porque a santa humildade, que nele morava, não lhe consentia fiar-se de si mesmo, das suas orações, pensou em indagar a vontade divina, por meio das orações dos outros. E chamando frei Masseu, disse-lhe:
Vai ter com a irmã Clara e diz-lhe da minha parte que com algumas companheiras mais espirituais, peça devotamente a Deus que se digne mostrar-lhe o que será mais conveniente: se dedicar-me á pregação ou somente á oração? Depois procura frei Silvestre e diz-lhe o mesmo.
Era esse frei Silvestre, aquele cavalheiro que, vivendo ainda no século, tinha visto sair da boca de S. Francisco uma cruz de oiro, a qual chegava ao céu e abrangia o mundo, duma extremidade á outra: e era agora de tão grande santidade, que, quanto a Deus pedia, tudo obtinha: e muitas vezes falava com Deus, pelo que S. Francisco tinha por ele uma grande devoção.
Foi, pois, frei Masseu e, conforme o Santo mandou, assim fez indo primeiro a santa Clara e depois a frei Silvestre, que apenas recebeu a mensagem, se pôs logo em oração, e orando, obteve a divina resposta: e voltando aonde estava frei Masseu, disse-lhe:
Isto ordena Deus que digas e frei Francisco: não o chamou Ele a este estado para seu único proveito, mas para que faça fruto nas almas e para que muitos encontrem por ele a salvação.
Havida esta resposta, voltou frei Masseu a santa Clara para saber o que tinha conseguido: e respondeu-lhe, que tanto ela como suas companheiras, haviam recebido resposta igual á de frei Silvestre.
Com isto tornou frei Masseu para s. Francisco, que o recebeu com grandíssima caridade, lavando-lhe os pés e preparando-lhe de jantar. Depois chamou-o ao bosque e, ajoelhando diante dele, tirou o capuz, e com os braços cruzados, lhe perguntou:
Que manda o meu Senhor Jesus Cristo?
Respondeu Frei Masseu: Tanto a frei Silvestre como a Sóror Clara e demais irmãs respondeu Cristo e revelou que é da sua vontade que tu vás pelo mundo pregar, porque não te elegeu Ele para ti somente, mas também para salvação de muitos.
Tendo ouvido S. Francisco esta resposta, e conhecendo por ela a vontade de Cristo, levantou-se e com fervor disse:
Vamos em nome de Deus!
Tomou por companheiros a frei Masseu e a frei Ângelo, homens santos. E caminhando ao impulso do espírito, sem escolher nem caminho nem senda, chegaram a um castelo, que se chamava Carmano. E S. Francisco se pôs a pregar, mandando primeiro às andorinhas, que ali estavam cantando, que se calassem, até ele acabar de pregar.
Obedeceram as andorinhas, e ele pregou com tanto fervor, que todos os homens e mulheres daquele castelo o queriam seguir, por devoção e abandonar a terra; mas S. Francisco não o permitiu, dizendo:
Não tenhais pressa, nem partais; eu ordenarei o que haveis de fazer, para salvação das vossas almas.
Então o Santo, prometeu dar-lhes uma forma de vida em que todos podiam observar a vida no Evangelho sem deixar a família nem abandonar as suas casas.
Em 1216 Francisco cumpre o prometido e entrega o hábito da Penitência aos dois primeiros irmãos da Terceira Ordem Franciscana ao casal Luquésio e Buonadona assim como a 1ª Regra mais tarde em 1223 aprovada pelo Papa Honório III.
E deixando-os assim consolados e bem-dispostos à penitência, partiu para entre Carmano e Bevanha. E passando além com grande fervor, levantou os olhos e viu umas árvores e ladeando o caminho, sobre as quais estava infinita multidão de pássaros, de que muito se admirou, e disse aos companheiros:
Esperai aqui por mim que eu vou pregar aos meus irmãozinhos pássaros.
Entrou no campo e começou a pregar aos pássaros, que estavam no chão. E imediatamente os que estavam pelas árvores vieram até ele, e todos juntos permaneceram quietos, até que S. Francisco acabou a pregação; e só depois que lhes lançou a bênção é que partiram.
S. FRANCISCO E O LOBO DE GÚBIO
Em tempo, que S. Francisco, vivia na cidade de Gúbio, era esta assolada, por um lobo feroz que devastava a região, matando gado e pessoas, vivendo toda a população em pânico.
O Santo, ao ter conhecimento de tal facto, partiu ao encontro do animal, e fazendo sobre ele o sinal da Cruz chamou-o e disse-lhe:
“Anda cá irmão lobo! Eu te mando, da parte de Cristo, que não faças mal, nem a mim nem a pessoa alguma”.
Quero fazer as pazes entre ti e eles, de maneira que, nunca mais os atacarás para comer, nem eles te dêem caça, e para que não padeces de fome a população te alimentará.
Assim feitas as pazes viveu o lobo para sempre na aldeia em paz e harmonia com os cidadãos.
EXPULSANDO DEMÓNIOS EM AREZZO
Chegando, certa vez, em Arezzo, São Francisco e Frei Silvestre, depararam com um grande escândalo: a cidade estava afogada numa terrível luta interna. Quase toda a cidade estava dividida em duas facções que, há muito tempo, com ódio, se degladiavam dia e noite. Abrigou-se o bem-aventurado Francisco num hospital dos arredores. Ao ouvir o tumulto e gritaria que não paravam, parecia-lhes que os demónios exultavam com aquelas discórdias, e instigavam os habitantes a destruir a cidade pelo fogo e outras calamidades.
Movido de compaixão por aquela cidade, dirigiu-se a Frei Silvestre, homem de Deus, sacerdote de sólida fé, de admirável simplicidade e pureza, nestes termos: “Vai em frente da porta da cidade e, o mais alto que possas, ordena que os demónios saiam dela”.
Dirigiu-se Frei Silvestre à porta da cidade e, a plenos pulmões, gritou: “Bendito e louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Da parte de Deus Todo-Poderoso e em virtude da obediência devida a nosso Pai Francisco, imponho a todos os demónios que abandonem a cidade!”
Assim foi que, pouco depois, graças à misericórdia de Deus e à oração do bem-aventurado Francisco, sem mais pregação, a paz e a concórdia voltaram a reinar entre os habitantes. A cidade tratou de preservar com grande tranquilidade os direitos dos cidadãos (LP 81; 2C 108: LM VI 9)
S. FRANCISCO DESAFIA UM SACERDOTE DO SULTÃO A ENTRAR NO FOGO
Entre a 4ª e 5ª cruzada houve algumas expedições militares contra os infiéis. De uma delas, que aportou no Egipto, participou São Francisco de Assis.
Ele, (São Francisco) teve a audácia de se fazer conduzir à presença do sultão, tendo somente sua fé por salvaguarda. O sultão o escutou com a maior atenção, como que subjugado.
Como o bem-aventurado Francisco começasse a pregar e ofereceu-se para entrar no fogo juntamente com um sacerdote sarraceno, para assim provar ao sultão que a Lei de Cristo era verdadeira, o sultão respondeu: Irmão, eu não creio que algum sacerdote sarraceno queira entrar no fogo por sua fé.
Depois, temendo que alguns dos de seu exército, pela eficácia da palavra de São Francisco, fossem convertidos para o Senhor, o sultão o fez conduzir, com toda sorte de considerações e em perfeita segurança, ao campo dos nossos, dizendo-lhe por despedida: Reze por mim para que Deus se digne de me revelar a lei e a fé que mais Lhe agrada.
ESTIGMATIZAÇÃO DE S. FRANCISCO
Em Montalverne decorria o ano de 1223, a 14 ou 15 de Setembro, por tempo da festa da Exaltação da Cruz, estava S. Francisco em Extase quando teve uma visão, pairando acima dele, estava um Serafim com seis asas, preso a uma cruz com os braços estendidos e os pés unidos.
Esta aparição deixou S. Francisco confuso, alegre pela beleza, e triste pelo sofrimento atroz que lhe lembrava JESUS CRUCIFICADO.
Não compreendia o Santo, aqueles sinais nem aqueles sentimentos que lhe agitavam o espírito, e o coração quando com grande singularidade, se dá a aparição dos sinais dos cravos, nas suas mãos nos seus pés, e no lado, uma ferida aberta parecendo um golpe de lança, sangrando tão abundantemente das feridas, que lhe tingiam a túnica de sangue por mais que S. Francisco tentasse esconder.
Almejava o Santo no seu coração, há muito tempo, sentir a experiência da Cruz para ficar mais perto do Seu Senhor, e poder viver assim as dores da crucificação.
Foram muito poucos que tiveram o privilégio, (afortunado foi Frei Elias e Frei Rufino) de ver os estigmas já que S. Francisco, pois com muita habilidade, as escondia dos olhos de estranhos dos próprios irmãos e amigos para que não lhe roubassem a graça divina, por isso de quando em vez citava o Profeta: «Escondi no meu coração as Tuas palavras para não pecar contra ti».
UMA VINHA EM RIETI
Quando com muito sofrimento e dor, o bem-aventurado andava a tratar da doença dos olhos, derivado aos maus tratos que deu ao seu corpo e a penitências rigorosas, parou numa paróquia, onde o pároco tinha uma vinha que o abastecia de vinho para todo o ano, onde obrigatoriamente se teria de passar para visitar o santo.
Como as uvas estavam maduras e apetitosas, foram apanhando e comendo, de tal maneira que a vinha ficou pisada e vindimada, pelo que o pobre do pároco, muito se lamentava, até que o santo de tanto o ouvir chamou-o e disse-lhe: «Acaba com as lamentações e confia no Senhor pois serás pago por Ele mais do que tinhas».
Lá ficou o pároco convencido, recebendo na colheita seguinte mais vinho e de melhor qualidade daquela vinha pisada e vindimada do que quando estava carregada de uvas.
CÂNTICO AO IRMÃO SOL
Já muito cansado e doente, por tantos tratamentos, cautérios e sangrias, quando andava pela Ùmbria e pelas Marcas piorou dos seus olhos, e sentindo a fraqueza que o atingia, pediu que o levassem para a Porciùncula e que passasse por S. Damião para visitar a irmã Clara, onde compõe o Cântico das Criaturas e termina o Cântico ao Irmão Sol.
CONFIRMAÇÃO DOS ESTIGMAS DE S. FRANCISCO
Já bastante debilitado do seu estômago, onde a comida já não ficava, com bastantes hemorragias e vomitando sangue, ficou na casa do Bispo de Assis para fazer tratamentos.
Por muito que tivesse, tentado esconder as suas jóias por causa dos tratamentos, foi obrigado a mostrar as chagas que lhe foram impostas no Monte Alverne.
S. FRANCISCO ABENÇOA A CIDADE DE ASSIS
Sentindo-se agonizante em casa do Bispo pediu que o levassem quanto antes para Santa Maria da Porciùncula parando no caminho para o virarem para Assis onde abençoa a cidade pela última vez.
Pressentindo S. Francisco, que o fim estava próximo, mandou chamar os irmãos para as solenes despedidas, chamando Frei Elias impôs as mãos na sua cabeça abençoando-o assim como a todos os irmãos.
Quis DEUS que tão ditosa alma, com um percurso de dita, com êxtases e um amor a JESUS e aos homens do tamanho do mundo, com sofrimento agonizante sem igual, tivesse uma horda de irmãos em todo mundo, que faz com que, S. Francisco de Assis seja contemporâneo ainda hoje, no amor e no sofrimento da humanidade pelos divulgadores da sua prática e dos seus ideais

CASA ONDE NASCEU S. FRANCISCO


Compilado por Irmão Rui







Fontes para completar informação
FONTES FRANCISCANAS I
S. FRANCISCO DE ASSIS
Editorial Franciscana
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