Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

26 de maio de 2022

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

 


Introdução à Liturgia:

A Igreja celebra neste domingo a Solenidade da Ascensão do Senhor, seguindo assim a perspetiva que S. Lucas nos narra no livro dos Atos doa Apóstolos. Para S. Lucas, a Ascensão é a plenitude do mistério pascal. Quarenta dias após a Páscoa, Jesus é elevado para Deus, tendo realizado a missão que o Pai lhe confiou. Foi durante 40 dias que Ele se preparou para a missão; é por 40 dias que Ele a leva à plenitude. O simbolismo do número quer mostrar essa plenitude do mistério e da missão realizada.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura apresenta-nos a cena e deixa-nos a teologia da mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus. É esta vida que Ele anunciou e promete a todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Ele percorreu. Os discípulos não podem ficar a olhar para o céu, esperando que de lá venha a transformação do mundo. Isso acontece pelo empenho e pelo vigor do seu testemunho.

 A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados; eles devem fazer com que essa esperança seja para eles a força dinamizadora das suas vidas, capaz de transformar o mundo para que este cresça até à plenitude de Deus.

No Evangelho, Jesus apresenta-se como o Messias que deve ser anunciado a todos os povos. Esse anúncio centra-se no arrependimento e no perdão dos pecados que são os dons que os discípulos devem testemunhar e que o Espírito Santo há de fortalecer. É assim, a missão da Igreja que, presente no mundo, dá continuidade ao mandato do Senhor.

Padre João Lourenço, OFM

18 de maio de 2022

6º DOMINGO DO TEMPO PASCAL

 (22 de maio)

Introdução à Liturgia:

A liturgia de hoje, quase na conclusão do tempo pascal e antecedendo a celebração da Ascensão do Senhor, interpela-nos para o testemunho da Comunidade das origens que, confrontada com os problemas que resultam da diversidade cultural e social daqueles que aderem ao Senhor, busca no consenso da fé e na oração encontrar os caminhos da unidade e da fidelidade. É nesta busca da harmonia no amor e na fidelidade que devemos caminhar e testemunhar a nossa fé.

Introdução às Leituras:

A 1ª leitura da eucaristia de hoje narra-nos uma experiência muito bela e motivadora: as comunidades das origens tiveram a alegria de sentir que os seus Pastores, os Apóstolos, lhes ensinaram a seguir Jesus sem ficarem presas ao peso da tradição e dos costumes judeus de então. Aderir a Jesus era uma experiência de comunhão que tudo relativiza, pois só em Jesus está a salvação.

Na continuação do domingo passado, a 2ª leitura, do livro do Apocalipse, fala-nos da nova Jerusalém, onde simbolicamente se congrega o novo povo de Deus, reunido à volta de Cristo. Trata-se de um mundo novo que se constrói a partir do Mistério pascal do Senhor.

 Amor e Palavra’ são duas realidades intrínsecas ao Evangelho. Hoje, São João, no texto evangélico que escutamos, faz-nos compreender que não é possível guardar e pôr em prática a palavra de Jesus se isso não se traduzir num testemunho de amor. É esse testemunho que faz presente na história a ressurreição do Senhor. É pela sua palavra que construímos a verdadeira paz entre todos.

Padre João Lourenço, OFM

5º DOMINGO DA PÁSCOA

 

(15 de maio)

 Introdução à Liturgia:

A celebração da nossa eucaristia de hoje, integrada neste tempo pascal que nos faz viver as alegrias da ressurreição do Senhor, renova em nós o apelo de Jesus aos seus discípulos: ‘o sinal que servirá de testemunho da nossa fé é o amor’. A comunidade cristã, reunida no Senhor Jesus, deve dar este testemunho, sem o qual a nossa fé deixa de ter sentido e conteúdo. É o amor que dá identidade, alento e esperança à nossa vida. É através dele que faremos os novos céus e a nova terra.

Introdução às Leituras:

O anúncio da Boa-Nova, como nos mostra a 1ª leitura, constituiu o centro da missão de Paulo e Barnabé junto das comunidades. É assim que a Igreja se consolida, animada pelo Espírito do ressuscitado que vai fortalecendo os crentes e na sua caminhada e leva os Apóstolos a percorrerem sem medo as longas distâncias por onde difundem a fé no Senhor Jesus.   

A 2ª leitura, do livro do Apocalipse, fala-nos dos ‘novos céus e da nova terra’, sinal da nova criação que Deus oferece àqueles que aderem a Jesus Cristo, o Cordeiro imolado. Toda a humanidade, a partir de Cristo, é chamada a construir uma nova terra que tem como programa o Evangelho e se vive na plenitude da comunhão com Deus e com os irmãos.

 Evangelho fala-nos da paixão como glorificação, já que em Jesus Deus será glorificado e pelo mandamento do amor também os discípulos são glorificados no Mestre. O mandamento do amor, como sinal definitivo da fé em Jesus, é o testemunho que devemos e poder dar ao mundo da nossa comunhão plena com Deus. É isso que o mundo precisa e espera de nós.

Padre João Lourenço, OFM

9 de maio de 2022

CN - Peregrinação Nacional da OFS - 2022









 

4º Domingo da Páscoa

 

Introdução à liturgia:

    O 4º Domingo da Páscoa, chamado “Domingo do Bom Pastor”, convida-nos a celebrar as vocações ministeriais na Igreja, apresentando-nos essa imagem de Jesus - ‘o Bom Pastor’ – que dá a vida pelas ovelhas e se entrega à missão que o Pai lhe confiou. Sem Pastor não há Comunidade e, por isso, somos desafiados a rezar e promover, num contexto de fé e de empenhamento, a causa das vocações ministeriais. Que o Bom Pastor nos envie pastores disponíveis e comprometidos no serviço da sua Igreja.

 Introdução às leituras:

A primeira leitura mostra-nos o percurso do anúncio da Boa-Nova, testemunhando a forma como os discípulos vão percorrendo as comunidades judaicas de então, anunciando a Palavra que é Cristo ressuscitado. Mesmo no meio de dificuldades, o empenho dos discípulos não esmorece. É este o desafio que o Senhor hoje continua a fazer aos Pastores do Seu povo.

 A segunda leitura, do livro do Apocalipse, fala-nos do novo rebanho que festivamente se congrega à volta do Cordeiro e que d’Ele recebe a vida nova. A assembleia festiva dos crentes testemunha essa vida nova que consiste em ‘lavar as túnicas no sangue do Cordeiro’.

 O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é congregar o rebanho que o Pai lhe confiou. São 3 os momentos fundamentais para nos congregarmos em comunhão com o Ressuscitado: ‘Escutar a voz, conhecer o Pastor, seguir o Mestre’. São estes os passos para fazer de Jesus o nosso Bom Pastor.

Padre João Lourenço, OFM

3º Domingo de Páscoa


 (01 de Maio)

Introdução à Liturgia:

A comunidade cristã das origens sempre acreditou e afirmou que Jesus era o messias salvador e libertador. Essa certeza fundamenta-se nas Escrituras e deve ser testemunhada pela sua vivência e pelos seus gestos de vida. É desta certeza do Senhor vivo e ressuscitado que nasce a missão da Igreja que Ele acompanha e fortalece.

 Introdução às Leituras:

Hoje, iniciamos esta introdução às leituras pelo Evangelho, convidando-vos a acolher o convite que Jesus faz aos discípulos para lançarem as redes e acreditarem na sua palavra. Dessa experiência com o Senhor, nasce o serviço de Pedro que tem como fundamento o amor: ‘Amas-me mais do que estes’? Senhor, Tu bem sabes que eu Te amo. A nossa resposta aos desafios de hoje passa também por aqui: O testemunho de que O amamos. É só a partir daqui que qualquer serviço ou ministério tem sentido na Igreja. É pelo amor que os ministérios na Igreja se tornam serviço e se fazem eco da vida nova que o Ressuscitado oferece aos crentes.

Padre João Lourenço, OFM


22 de abril de 2022

2º Domingo de Páscoa

(24 de abril)

 Introdução à Liturgia:

Uma das motivações da liturgia deste tempo pascal está no testemunho daqueles que acreditam na ressurreição do Senhor. Este domingo, vemos como a 1ª comunidade cristã era o espaço privilegiados do testemunho da fé e era a partir desse testemunho que acontecia a adesão a Cristo ressuscitado. Celebra-se também hoje o ‘Domingo da Divina Misericórdia’ que é um dos sinais mais significativos da ressurreição do Senhor que se faz presente na Igreja.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura, tomada dos Atos dos Apóstolos, oferece-nos uma espécie de “fotografia” da comunidade cristã de Jerusalém, salientando o dinamismo do seu testemunho e mostrando como esse testemunho se tornou como um íman que a todos atraía para Cristo.


O Evangelho faz-nos sentir como Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã. Ele faz-se presente e deixa-se tocar. É dessa presença viva que Tomé se faz também testemunha, afirmando a sua fé: ‘Meu Senhor e meu Deus’. A fortaleza da fé nasce sempre da experiência íntima e profunda com Cristo.

 A segunda leitura, do livro do Apocalipse, insiste no motivo da centralidade de Jesus como referência fundamental da comunidade cristã: apresenta-O a caminhar lado a lado com a sua Igreja nos caminhos da história e sugere que é n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova dos discípulos e de todos aqueles que seguem o Senhor.

Padre João Lourenço, OFM

20 de abril de 2022

Peregrinação a Fátima - 21 de maio

 


19 de abril de 2022

Boas Festas - OFS






 

Domingo de Páscoa

 

(17 de abril)

 Introdução à Liturgia:

O domingo de Páscoa é a festa das festas, a festa da ressurreição e da vitória de Cristo sobre o poder da morte. Na Sua ressurreição afirma-se a plenitude da vida, tal como nos recorda a liturgia de hoje: Deus o ressuscitou, libertando-o do poder da morte e mostrando-nos que é por Ele que vencemos o poder do mal e do pecado.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se entregou à morte. Deus o ressuscitou. Este é o primeiro credo da comunidade cristã das origens: Ele foi suspenso na Cruz, mas Deus ressuscitou-O e fez d’Ele o nosso Salvador. A vida triunfa da morte e, por isso, Ele é a nossa esperança.

 Na 2ª leitura, Paulo convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à plena transformação plena. É assim que Cristo se torna a nossa vida e é por Ele que todos chegamos à sua plenitude.

 O Evangelho mostra-nos os discípulos correndo ao encontro do ressuscitado. João e Pedro descobrem que o sepulcro está vazio porque o Crucificado ressuscitou. Por isso, não há que procurar entre os mortos Aquele que está vivo. Agora somos nós que, ressuscitados pelo batismo, testemunhamos essa vida nova e plena que d’Ele recebemos.

Padre João Lourenço, OFM



16 de abril de 2022

Páscoa Feliz

 


11 de abril de 2022

Via_Crucis_15-abril_2022

 


8 de abril de 2022

Domingo de Ramos

(10 de abril 2022)

Introdução à Liturgia:

Com a liturgia deste domingo damos início à celebração da ‘grande semana’ da nossa redenção, acompanhando Jesus nos últimos passos da sua vida e nos momentos mais significativos da sua entrega total por nós. A cruz, que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus, apresenta-nos a lição suprema do seu amor, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo que, à maneira de Isaías, é chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com plena fidelidade, o projeto que Deus lhe havia confiado. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.

O Evangelho narra-nos a paixão segundo o texto de S. Lucas: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom para todos.

Padre João Lourenço, OFM


Do CN - Carta às Fraternidades

 










5º Domingo da Quaresma

 

(03 de abril 2022)

Introdução à Liturgia:

A liturgia deste Domingo continua a propor-nos o tema da misericórdia como expressão plena da relação de Deus para connosco. Por isso, a caminha quaresmal é um momento de olhar ao longe e redobrar a nossa confiança na plenitude do amor de Deus. Este é o tempo em que o Senhor nos desafia a recomeçar, sabendo que Ele é perdão e bondade.

Introdução às Leituras:

Na primeira leitura, tomada do livro de Isaías, vemos o profeta a exortar o povo para que sinta a novidade da presença de Deus nas suas vidas. Numa época como era a do Profeta, e talvez como é também a nossa, em que muitos se sentem desanimados e desiludidos, a palavra de Isaías é um apelo a um novo folgo que nos leve a descobrir a novidade permanente que é o Reino de Deus. 

Na segunda leitura, da carta aos Filipenses, deixa-nos um dos seus mais belos testemunhos sobre a alegria que sente por ter descoberto e se ter entregado totalmente a Cristo. No entanto, ele continua a caminhar, sabendo que a meta exige esforço e só persistindo se chega lá.

No Evangelho, Jesus convida-nos a olhar cada um para si mesmo, a fazer uma pausa na nossa caminhada para interiorizar uma nova relação com Ele. Não há lugar para a acusação, nem que esta seja fundada na Lei; a única coisa verdadeiramente importante é esta: vai e não voltes a pecar.

Padre João Lourenço, OFM

4º Domingo da Quaresma

(27 de março 2022)


O Regresso do Filho Pródigo (Rembrandt 1667-70)

Introdução à Liturgia:

A nossa caminhada quaresmal é um convite constante ao regresso à comunhão com o Pai e à fraternidade com os irmãos. É neste contexto que as leituras deste Domingo nos falam da ‘festa’ da misericórdia de Deus que se traduz pela Sua total disponibilidade em nos acolher. Que a nossa celebração nos leve a contemplar e a experimentar o verdadeiro rosto de Deus, Pai de misericórdia, que nos acolhe como pródigos do seu amor.

 .Introdução às Leituras:

O povo de Israel, ao chegar à terra prometida, celebra ali a sua 1ª páscoa, sinal de que as promessas feitas a Abraão e aos seus descendentes começam a cumprir-se, através do dom e da posse da terra. A Páscoa é não apenas o momento de encontro com o Ressuscitado, mas é também o testemunho que a Sua palavra de realiza na nossa vida, como nos mostra a 1ª leitura.

 No Evangelho, Jesus apresenta-nos a parábola do ‘Filho Pródigo’. Acolher esta parábola é um desafio permanente ao nosso regresso e à comunhão com o Pai. Esta parábola mostra-nos como a plenitude da ternura de Deus é dispensada a cada um de nós. Como pródigos em busca dos braços do Pai, sabemos que Ele nos aguarda para festejar connosco este regresso sempre desejado.

 Na segunda Leitura, Paulo exorta os cristãos de Corinto a aceitar este desafio de serem novas criaturas em Cristo, através do ministério da reconciliação que Deus lhe havia confiado e que continua a confiar à Igreja. A quaresma é este tempo de reconciliação, pessoal e comunitária, connosco e com Deus.

Padre João Lourenço, OFM

 


25 de março de 2022

24 horas para o Senhor


 

3º Domingo da Quaresma

Introdução à Liturgia

A quaresma sempre foi apresentada na vida e na liturgia da Igreja como uma caminhada, que tem como meta a vivência da Páscoa do Senhor. Esta caminhada exige esforço e empenho. Este empenho chama-se conversão, um contínuo recomeço, um regresso constante às origens da nossa comunhão com Deus. A palavra ‘conversão’ significa ‘regresso’ à comunhão com Deus. É este o grande desafio do tempo quaresmal.

Introdução às Leituras

A história da salvação mostra-nos que a relação com Deus não é um mero acaso nem uma feliz coincidência. Ela ensina-nos que Deus sempre se ocupou e cuidou do Seu povo. Fá-lo através de mediadores, a quem chama e envia para reconduzirem o Seu povo à comunhão com ele. A pessoa de Moisés é o paradigma da antiga aliança, chamado para libertar o povo de Deus.

Paulo, na 2ª leitura de hoje, exorta os fiéis de Corinto a que sigam a mensagem de Jesus e se tornem seus verdadeiros seguidores.

A sociedade do tempo de Jesus, tal como ainda hoje sucede, era propensa a fazer leituras dos acontecimentos à luz de um certo fatalismo. Pelo contrário, Jesus convida os seus contemporâneos a ver os acontecimentos como sinais interpelativos, o que chamamos sinais dos tempos e que nos podem levar a refazer caminhos e a recriar uma nova vida, uma nova relação que tenha como centro a pessoa e a mensagem de Jesus.

Padre João Lourenço, OFM

17 de março de 2022

Retiro da Quaresma 2022



 «Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos» (Gal 6, 9-10a).

 Queridos irmãos e irmãs!

A Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Aproveitemos o caminho quaresmal de 2022 para refletir sobre a exortação de São Paulo aos Gálatas: «Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com todos» (Gal 6, 9-10a).

1. Sementeira e colheita

Neste trecho, o Apóstolo evoca a sementeira e a colheita, uma imagem que Jesus muito prezava (cf. Mt 13). São Paulo fala-nos dum kairós: um tempo propício para semear o bem tendo em vista uma colheita. Qual poderá ser para nós este tempo favorável? Certamente é a Quaresma, mas é-o também a nossa inteira existência terrena, de que a Quaresma constitui de certa forma uma imagem [1]. Muitas vezes, na nossa vida, prevalecem a ganância e a soberba, o anseio de possuir, acumular e consumir, como se vê no homem insensato da parábola evangélica, que considerava assegurada e feliz a sua vida pela grande colheita acumulada nos seus celeiros (cf. Lc 12, 16-21). A Quaresma convida-nos à conversão, a mudar mentalidade, de tal modo que a vida encontre a sua verdade e beleza menos no possuir do que no doar, menos no acumular do que no semear o bem e partilhá-lo.

O primeiro agricultor é o próprio Deus, que generosamente «continua a espalhar sementes de bem na humanidade» (Enc. Fratelli tutti, 54). Durante a Quaresma, somos chamados a responder ao dom de Deus, acolhendo a sua Palavra «viva e eficaz» (Heb 4, 12). A escuta assídua da Palavra de Deus faz maturar uma pronta docilidade à sua ação (cf. Tg 1, 19.21), que torna fecunda a nossa vida. E se isto já é motivo para nos alegrarmos, maior motivo ainda nos vem da chamada para sermos «cooperadores de Deus» (1 Cor 3, 9), aproveitando o tempo presente (cf. Ef 5, 16) para semearmos, também nós, praticando o bem. Esta chamada para semear o bem deve ser vista, não como um peso, mas como uma graça pela qual o Criador nos quer ativamente unidos à sua fecunda magnanimidade.

E a colheita? Porventura não se faz toda a sementeira a pensar na colheita? Certamente; o laço estreito entre a sementeira e a colheita é reafirmado pelo próprio São Paulo, quando escreve: «Quem pouco semeia, também pouco há de colher; mas quem semeia com generosidade, com generosidade também colherá» (2 Cor 9, 6). Mas de que colheita se trata? Um primeiro fruto do bem semeado, temo-lo em nós mesmos e nas nossas relações diárias, incluindo os gestos mais insignificantes de bondade. Em Deus, nenhum ato de amor, por mais pequeno que seja, e nenhuma das nossas «generosas fadigas» se perde (cf. Exort. Evangelii gaudium, 279). Tal como a árvore se reconhece pelos frutos (cf. Mt 7, 16.20), assim também a vida repleta de obras boas é luminosa (cf. Mt 5, 14-16) e difunde pelo mundo o perfume de Cristo (cf. 2 Cor 2, 15). Servir a Deus, livres do pecado, faz maturar frutos de santificação para a salvação de todos (cf. Rm 6, 22).

Na realidade, só nos é concedido ver uma pequena parte do fruto daquilo que semeamos, pois, segundo o dito evangélico, «um é o que semeia e outro o que ceifa» (Jo 4, 37). É precisamente semeando para o bem do próximo que participamos na magnanimidade de Deus: constitui «grande nobreza ser capaz de desencadear processos cujos frutos serão colhidos por outros, com a esperança colocada na força secreta do bem que se semeia» (Enc. Fratelli tutti, 196). Semear o bem para os outros liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus.

A Palavra de Deus alarga e eleva ainda mais a nossa perspetiva, anunciando-nos que a colheita mais autêntica é a escatológica, a do último dia, do dia sem ocaso. O fruto perfeito da nossa vida e das nossas ações é o «fruto em ordem à vida eterna» (Jo 4, 36), que será o nosso «tesouro no céu» (Lc 18, 22; cf. 12, 33). O próprio Jesus, para exprimir o mistério da sua morte e ressurreição, usa a imagem da semente que morre na terra e frutifica (cf. Jo 12, 24); e São Paulo retoma-a para falar da ressurreição do nosso corpo: «semeado corrutível, o corpo é ressuscitado incorrutível; semeado na desonra, é ressuscitado na glória; semeado na fraqueza, é ressuscitado cheio de força; semeado corpo terreno, é ressuscitado corpo espiritual» (1 Cor 15, 42-44). Esta esperança é a grande luz que Cristo ressuscitado traz ao mundo: «Se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram» (1 Cor 15, 19-20), para que quantos estiverem intimamente unidos a Ele no amor, «por uma morte idêntica à Sua» (Rm 6, 5), também estejam unidos à sua ressurreição para a vida eterna (cf. Jo 5, 29): «então os justos resplandecerão como o sol, no reino do seu Pai» (Mt 13, 43).

2. «Não nos cansemos de fazer o bem»

A ressurreição de Cristo anima as esperanças terrenas com a «grande esperança» da vida eterna e introduz, já no tempo presente, o germe da salvação (cf. Bento XVI, Spe salvi, 3; 7). Perante a amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, a inquietação com os desafios a enfrentar, o desconsolo pela pobreza de meios à disposição, a tentação é fechar-se num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios, refugiar-se na indiferença. Com efeito, mesmo os recursos melhores conhecem limitações: «Até os adolescentes se cansam, se fatigam, e os jovens tropeçam e vacilam» (Is 40, 30). Deus, porém, «dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco. (…) Aqueles que confiam no Senhor, renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer» (Is 40, 29.31). A Quaresma chama-nos a repor a nossa fé e esperança no Senhor (cf. 1 Ped 1, 21), pois só com o olhar fixo em Jesus Cristo ressuscitado (cf. Heb 12, 2) é que podemos acolher a exortação do Apóstolo: «Não nos cansemos de fazer o bem» (Gal 6, 9).

 Não nos cansemos de rezar. Jesus ensinou que é necessário «orar sempre, sem desfalecer» ( Lc 18, 1). Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa. Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir (cf. Is 7, 9). No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho [2]; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte. A fé não nos preserva das tribulações da vida, mas permite atravessá-las unidos a Deus em Cristo, com a grande esperança que não desilude e cujo penhor é o amor que Deus derramou nos nossos corações por meio do Espírito Santo (cf. Rm 5, 1-5).

Não nos cansemos de extirpar o mal da nossa vida. Possa o jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca Se cansa de perdoar [3]Não nos cansemos de combater a concupiscência, fragilidade esta que inclina para o egoísmo e todo o mal, encontrando no decurso dos séculos vias diferentes para fazer precipitar o homem no pecado (cf. Enc. Fratelli tutti, 166). Uma destas vias é a dependência dos meios de comunicação digitais, que empobrece as relações humanas. A Quaresma é tempo propício para contrastar estas ciladas, cultivando ao contrário uma comunicação humana mais integral (cf. ibid., 43), feita de «encontros reais» ( ibid., 50), face a face.

Não nos cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na prática da esmola, dando com alegria (cf. 2 Cor 9, 7). Deus, «que dá a semente ao semeador e o pão em alimento» (2 Cor 9, 10), provê a cada um de nós os recursos necessários para nos nutrirmos e ainda para sermos generosos na prática do bem para com os outros. Se é verdade que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada da vida (cf. Lc 10, 25-37). A Quaresma é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão. Acolhamos o apelo a praticar o bem para com todos, reservando tempo para amar os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e marginalizados (cf. Enc. Fratelli tutti, 193).

3. «A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido»

Cada ano, a Quaresma vem recordar-nos que «o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia» (ibid., 11). Por conseguinte peçamos a Deus a constância paciente do agricultor (cf. Tg 5, 7), para não desistir na prática do bem, um passo de cada vez. Quem cai, estenda a mão ao Pai que nos levanta sempre. Quem se extraviou, enganado pelas seduções do maligno, não demore a voltar para Deus, que «é generoso em perdoar» (Is 55, 7). Neste tempo de conversão, buscando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o. Na fé, temos a certeza de que «a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido», e obteremos, com o dom da perseverança, os bens prometidos (cf. Heb 10, 36) para salvação nossa e do próximo (cf. 1 Tm 4, 16). Praticando o amor fraterno para com todos, estamos unidos a Cristo, que deu a sua vida por nós (cf. 2 Cor 5, 14-15), e saboreamos desde já a alegria do Reino dos Céus, quando Deus for «tudo em todos» (1 Cor 15, 28).

A Virgem Maria, em cujo ventre germinou o Salvador e que guardava todas as coisas «ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19), obtenha-nos o dom da paciência e acompanhe-nos com a sua presença materna, para que este tempo de conversão dê frutos de salvação eterna.

Roma, em São João de Latrão, na Memória litúrgica do bispo São Martinho, 11 de novembro de 2021.

Francisco

 


[1] Cf. Santo Agostinho, Sermones 243, 9,8; 270, 3; Enarratio in Psalmis 110, 1.

[2] Cf. Francisco, Momento extraordinário de oração em tempo de pandemia (27 de março de 2020).

[3] Cf. Idem, Angelus de 17 de março de 2013.

2º Domingo da Quaresma

Introdução à Liturgia:

O tempo da quaresma é apresentado na liturgia como um caminho, como uma caminhada que cada crente é convidado a fazer, seguindo os passos de Cristo. Neste segundo Domingo, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta aos apelos de Deus em ordem à realização dos seus projetos, numa entrega radical e comprometida com os planos do Pai.

Introdução às Leituras:

A primeira leitura apresenta-se um dos grandes momentos da História da Salvação: O chamamento e a caminhada de Abraão em direção à terra da promessa. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e Lhe responde com total confiança, dispondo-se a seguir os seus apelos. Nesta perspetiva, Abraão é o modelo do crente que acolhe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.

O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e, porventura, assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.

Na segunda leitura, Paulo deixa um apelo a todos aqueles que querem seguir Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada – muito menos o medo, o comodismo ou a instalação – podem desviar o discípulo dessa responsabilidade ou bloqueá-lo na sua caminhada.

Padre João Lourenço, OFM 

 
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