Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

28 de dezembro de 2013

Domingo da Sagrada Família


Domingo da Sagrada Família

(29 de Dezembro)

 

Introdução à Liturgia:

Todos sabemos que a ‘Família’, como espaço de comunhão e instituição identitária, passa por uma grande crise na nossa sociedade. Todos falam dela, mas poucos são aqueles que lhe dedicam atenção. Pelo contrário, são muitas as forças sociais e políticas que se empenham, mesmo de forma clara e assumida, em destruí-la. Precisamos de assumir a nossa identidade cristã na construção das nossas famílias. Hoje, a Igreja convida-nos a rezar pela família que somos e a trabalhar pela família que queremos.

 Introdução às Leituras:

O Evangelho de hoje sublinha a dimensão do amor a Deus: o projecto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projecto que Deus tem para cada pessoa.


A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que connosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em gestos e atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço e de perdão.
A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura que vamos escutar.

Mensagem para a Festa da Sagrada Família

Irmãos: Revesti-vos da caridade,

que é o vínculo da perfeição”(Col 3,14).

 
Atitude: “Tal como o Senhor vos perdoou,
                  assim deveis fazer vós também”.
(Padre João Lourenço, OFM) 

24 de dezembro de 2013

Santo Natal!


Por Nosso Amor Nasceu o Senhor!



Feliz Natal!

Próspero Ano Novo de 2014!
Fraternidade de S. Francisco à Luz

Ordem Franciscana Secular
 

23 de dezembro de 2013

4.º Domingo do Advento



4º Domingo do Advento

(22 de Dezembro)

 Introdução à Liturgia:

A liturgia deste Quarto Domingo do Advento orienta-se, através da Palavra de Deus que vamos escutar, para o Nascimento do Senhor. Para que possamos sentir toda a esperança bíblica em que se fundamenta a nossa fé, vamos escutar dois anúncios de nascimento, que nos aproximam da vinda do Senhor. São eles que reforçam a nossa caminhada em direcção ao Presépio e abrem o nosso coração a esta certeza que ‘Deus está connosco’; Aquele que vai chegar é o ‘Emannuel´ prometido, e é por Ele que chegamos ao Pai.


 

 
“O próprio Senhor vos dará um sinal: a Virgem conceberá e dará à luz um Filho
e o seu nome será Emanuel” (Is 7,14)

Atitude: Abrir o coração ao “Deus connosco” que vem salvar-nos

e se faz presente na vida de cada um de nós.
(Padre João Lourenço, OFM)

14 de dezembro de 2013

3.º Domingo do Advento



3º Domingo do Advento

(15 de Dezembro)

Introdução à Liturgia:

     A liturgia deste 3º domingo do Advento lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar”. Este era o apelo do profeta Isaías ao povo de Israel; este é o apelo do Senhor para cada um de nós neste tempo que é de esperança e de solidariedade.
(Introdução às Leituras: Substitui-se pela liturgia da Coroa do Advento)

Mensagem para a 3ª Semana do Advento

Dizei aos corações perturbados:
‘Tende coragem, não temais:
Aí está o vosso Deus’ (Is 35,4).

 

Atitude: ‘Deixar que Cristo fortaleça, no meio das tempestades do dia-a-dia,

o nosso coração vacilante’.
(Padre João Lourenço)

7 de dezembro de 2013

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria


Imaculada Conceição da Virgem Maria
 
8 de dezembro de 2013
 
Eis-me aqui:  ‘Faça-se em mim a Vossa Vontade”.
Este é o caminho que nos conduz ao encontro de Cristo!

Introdução à Eucaristia:
A Igreja celebra hoje, de forma festiva, a solenidade da Imaculada Conceição, festa que nos une na celebração da vida e do mistério da encarnação do Senhor. Maria é a Senhora do advento, a Mãe do Verbo encarnado que aceita ser a ‘serva do Senhor’ que se coloca ao serviço do Pai. Ela é, na sua imaculada Conceição, a figura da Igreja, do novo povo de Deus que aguarda em esperança a vinda do Emmanuel, do Deus connosco que vem libertar e salvar o Seu povo.
 (Padre João Lourenço, OFM)



 

30 de novembro de 2013

1.º Domingo do Advento


1º Domingo do Advento – Ano A

(1 de Dezembro de 2013)

 

«Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.»

 

É Cristo que reveste o meu coração de paz e amor?
Introdução à Liturgia
A todos saudamos no início de um novo ano litúrgico, acompanhados pelo Evangelho de S. Mateus, que ao longo deste ano nos apresenta os passos da vida de Jesus. A liturgia deste domingo apresenta um apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina; pelo contrário, deve caminhar, sempre atento e sempre vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios no quotidiano da sua vida.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura convida os homens – todos os homens, de todas as raças e nações – a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor… É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
A segunda leitura recomenda aos crentes que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas, do egoísmo, da injustiça, da mentira e do pecado. Paulo convida-nos a revestirmo-nos da luz que é a vida de Deus que, em Cristo, é oferecida a todos e que caminhemos, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
O Evangelho é um apelo à vigilância. O crente não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pela ganância que o oprime e lhe rouba todas as oportunidades de gratuidade e de dom. Pelo contrário, como crentes somos convidados a estar atentos e vigilantes, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, empenhando-nos na construção do “Reino”.
(Padre João Lourenço, OFM)

23 de novembro de 2013

«Credo» de Francisco e Itinerário Evangélico

No encerramento do Ano da Fé rendemos graças a Deus e na profissão da Fé da Igreja propomo-nos um itinerário de vida cristã, segundo o Evangelho, guiados por Francisco.

O «CREDO» DE FRANCISCO (1R 23, 1-6)

1. Omnipotente, santíssimo,
altíssimo e soberano Deus,
pai santo e justo, Senhor rei do céu e da terra,
por ti mesmo Te rendemos graças,
porque por tua santa vontade
e pelo teu único Filho com o Espírito Santo,
criaste todas as coisas espirituais e corporais,
e a nós, feitos à tua imagem e semelhança,
nos colocaste no paraíso,
donde decaímos por culpa nossa.

2. E Te rendemos graças,
Porque, como por teu Filho nos criaste,
Assim também pela verdadeira
E santa caridade com que nos amaste,
Fizeste que Ele, o teu Filho,
Verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
Nascesse da gloriosa sempre Virgem
A beatíssima santa Maria,
E pela sua cruz e sangue e morte
Quiseste resgatar-nos, a nós que éramos cativos.

3. E ainda Te rendemos graças,
Porque o mesmo teu Filho
De novo há-de vir na glória da sua majestade
A lançar ao fogo eterno
Os malditos que não fizeram penitência
Nem Te conheceram,
E a dizer a todos os que Te conheceram
E adoraram e serviram em penitência:
Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino
Que para vós foi preparado desde a origem do mundo.

4. E, porque todos nós, míseros pecadores,
Não somos dignos de Te nomear,
Suplicantemente Te exoramos
Que nosso Senhor Jesus Cristo
O teu Filho amado,
Em quem puseste as tuas complacências,
Que sempre para tudo a Ti Te basta
E por quem tão grandes coisas nos fizeste,
Por tudo Te dê graças
Com o Espírito Santo,
Como mais agradável for a Ti e a Ele. Aleluia.

5. E à gloriosa Mãe,
A beatíssima sempre Virgem Maria,
Aos bem-aventurados Miguel, Gabriel, Rafael
E a todos os coros dos bem-aventurados
Serafins, Querubins, Tronos,
Dominações, Principados, Potestades,
Virtudes, Anjos e Arcanjos,
Aos bem-aventurados S. João Baptista,
S. João Evangelista, S. Pedro e S. Paulo,
E aos santos Patriarcas, profetas, santos Inocentes,
Apóstolos, Evangelistas, Discípulos, Mártires,
Confessores e Virgens;
Aos bem-aventurados Elias e Enoque
E a todos os Santos que foram, são e hão-de ser,
Por teu amor humildemente suplicamos que,
Segundo teu beneplácito,
Por estas coisas Te rendam graças,
A Ti soberano Deus verdadeiro, eterno e vivo,
Com teu Filho muito amado
Nosso Senhor Jesus Cristo,
E com o Espírito Santo Paráclito,
Pelos séculos dos séculos. Amen. Aleluia.

A PROPOSTA DE VIDA CRISTÃ DE FRANCISCO (2 CF)

1. Como servo de todos,
A todos tenho a obrigação de servir e ministrar
As palavras do meu Senhor, cheias de suave perfume.
E considerando comigo…resolvi comunicar-vos,
Por meio desta carta e de mensageiros,
As palavras de nosso senhor Jesus Cristo,
Que é o verbo do Pai,
E as palavras do Espírito Santo,
Que são espírito e vida.

2. O Pai altíssimo, pelo arcanjo Gabriel,
Anunciou à santa e gloriosa Virgem Maria,
Que esse Verbo do mesmo pai, tão digno,
Tão santo e glorioso,
Ia descer do céu,
A tomar a carne verdadeira
Da nossa humana fragilidade,
Em suas entranhas,
E sendo Ele mais rico do que tudo, quis, no entanto,
Com sua Mãe bem-aventurada,
Escolher vida de pobreza.

3. E ao aproximar-se a sua paixão,
Celebrou a Páscoa com os seus discípulos,
E tomando o pão, deu graças
E o abençoou e partiu dizendo:
Tomai e comei, isto é o meu corpo.
E tomando o cálice, disse:
Isto é o meu sangue da nova Aliança,
Que por vós e por muitos vai ser derramado,
Para remissão dos pecados.

4. E depois orou ao pai, dizendo:
Pai, se é possível, passe de mim este cálice.
E sobreveio-Lhe um suor como de gotas de sangue,
Que escorria até ao chão.
Pôs, todavia, a sua vontade
Na vontade do Pai, dizendo:
Pai faça-se a tua vontade, não como Eu quero,
Mas como Tu queres.

5. Ora, a vontade do Pai foi esta:
Que seu Filho bendito e glorioso,
Que Ele nos havia dado e que por nós nasceu,
Se oferecesse, por seu próprio sangue,
Como sacrifício e hóstia, no altar da cruz;
Não por Si mesmo,
Por quem todas as coisas foram feitas,
Mas pelos nossos pecados,
Deixando-nos seu exemplo,
Para seguirmos seus passos.

6. E quer que todos sejamos salvos por Ele,
E que O recebamos com um coração puro
E num corpo casto.
Todavia, poucos são os que O querem receber
E ser salvos por Ele,
Não obstante o seu jugo ser suave e o seu peso leve.

10 de novembro de 2013

17 de novembro- Festa de Santa Isabel da Hungria

Festa de S. Isabel da Hungria
Padroeira da OFS


7º Aniversário da ereção da Fraternidade -19/11/2013


Programa
11:00 - Eucaristia no Seminário da Luz
12:00 - Magusto no CCF (aberto a todos as pessoas que assim o desejarem)
13:00 - Almoço partilhado no CCF
15:00 - Exibição de um documentário sobre S. Isabel da Hungria, no auditório do CCF
15:30 - Jogo de Pista, sobre S. Isabel da Hungria, nos jardins do Seminário (p/ grupos de 5 Irmãos)
17:00 - Encerramento

27 de outubro de 2013

Sobe ao Alverne - PVA 2013/2014


Plano de Vida e Ação 2013/2014
TEMA: ERAM ASSÍDUOS AO ENSINO DOS APÓSTOLOS (At 2,42)
 
Subtema: “Sobe ao Alverne e experimenta a intimidade com o Senhor”
 
Redescobrir a nossa espiritualidade Franciscana Secular
Perguntar pela espiritualidade franciscana equivale a fazê-lo sobre a essência do dom que o Espírito Santo quis fazer à Igreja, para sua edificação e aperfeiçoamento, através de S. Francisco. Antes de tudo temos de a considerar como vivência peculiar do evangelho, que manifesta «um aspeto universal da Igreja» (Paulo VI, Alocução de 19 de julho de 1967) e responde, como testemunha o Magistério, a uma perene necessidade da própria Igreja. Tratando-se de uma vivência social e prolongada no tempo, há que procurar as suas características não só na vida e no pensamento do seu iniciador (com os seus elementos primordiais e determinantes) mas também naqueles que perpetuam o carisma na Igreja vivendo-o conforme as diferentes modalidades, cujas coincidências permitem determinar, com outras tantas constantes históricas os seus elementos essenciais.
O carisma franciscano é de tipo nitidamente profético. S. Francisco apenas se “descreveu”; ele realizou com uma notável riqueza de ações simbólicas. Alguns dos seus discípulos contentaram-se em imitar os diversos aspetos da sua personalidade; outros refletiram acerca dela e elevaram-na a teoria, elaboraram intelectualmente o gesto profético, cada um conforme a sua própria índole e circunstância. O carácter peculiar do franciscanismo explica tanto a dificuldade de o reduzir a um sistema de formulações abstratas, tal como a possibilidade de que nele caibam diversas posturas e formulações, tanto vitais como intelectuais. Contento-me aqui a descrever esta espiritualidade, sem a definir, pondo de relevo os seus elementos permanentes, que se encontram em grau eminente em S. Francisco o qual validou a tradição daqueles cristãos (leigos e religiosos) que viram nele o seu modelo e seguiram o seu ideal.
A missão carismática do franciscanismo apresenta-se-nos desde o seu Fundador como a exigência de uma renovação interior da Igreja mediante uma conversão contínua (penitência), como uma reforma da mesma caracterizada pelo regresso aos aspetos vitais, essenciais, do evangelho (profetismo renovador) e realizada (o qual convém ao carisma profético) na fidelidade à norma eclesial da fé e em submissão ativa às diretivas do carisma ministerial e hierárquico , personificado no Papa e nos bispos, com carácter de ajuda, de revivificação e suplência, mais com o testemunho de vida do que com as palavras. S. Francisco tem o mérito de endereçar à Igreja por causas de unidade e ortodoxia, o potentíssimo movimento de reforma que partia da base da própria Igreja do século XII. Esta missão comportava a manifestação (profetismo testemunhal) do carácter sacramental da Igreja enquanto sinal da união mística com Cristo sacerdote e rei, mediante a comunhão ativa com os mistérios da sua paixão e ressurreição, e da união fraterna dos homens entre si e com Deus; da sua realidade como atuação de povo messiânico «pobre e humilde» (Sofonias 2,3; 3,12); do seu caráter de antecipação escatológica do homem novo que voltou a encontrar a harmonia perdida: interior, de perfeita subordinação a Deus; exterior, de redescoberta do sentido religioso do criado, de domínio fraterno sobre as criaturas (profetismo escatológico). Dentro de tais perspetivas podemos chegar a compreender os elementos essenciais do carisma.
Elementos essenciais do carisma franciscano: pobreza, humildade, amor
S. Francisco procura de todo o coração a entrega a Deus, a quem concebe principalmente como Bem supremo, Pai amoroso e providente, e Senhor magnânimo, mediante a conversão interior contínua, na oração incessante (de louvor, ação de graças, de júbilo, de amor) e por adesão amorosa a Cristo crucificado que o leva a identificar-se interiormente com Ele, a imitá-lo fielmente, à aceitação integral do seu evangelho como regra prática de vida, sem subtis distinções, ad litteram, sine glossa, como lhe é dado a entender pelo Espírito Santo e sob a guia da Igreja. S. Francisco incluiu especificamente para os seus irmãos as normas dadas por Cristo aos seus apóstolos quando os enviou a pregar (lc 9 e 10), que as ordens mendicantes quiseram perpetuar na Igreja.
O amor transformante a Jesus Cristo e a sua contemplação nos mistérios onde mais revela o seu amor aos homens (Belém, Eucaristia, Cruz) levam francisco à compreensão e vivência de três atitudes fundamentais, que constituem o cerne da sua resposta amorosa ao Crucificado: a pobreza, a humildade, e a caridade fraterna. Atitudes existenciais que por um lado são libertadoras da escravidão dos bens terrenos, da soberba, do egoísmo (dimensões capitais do homem velho); por outro, são crucificantes (supõem dor na renúncia) e assim assimilativas com Cristo, fazendo do franciscano um alter Christus crucificado (em S. Francisco a estigmatização do Alverne tem valor de símbolo profético, desvelador do mistério da sua vida); por último, estas atitudes escalonam-se e preparam-se uma à outra: a pobreza (desapego dos bens terrenos, que em S. Francisco chega a ser renúncia atual heróica) prepara à humildade (desprezo e esquecimento do eu pecador, submissão a toda a criatura) e ambas à caridade fraterna, que só é possível ao pobre e humilde e se dirige universalmente a toda a criatura com desinteresse absoluto. Finalmente constituem uma simbiose vital: pobreza e humildade quase se identificam; o amor é feito de pobreza e humildade e dirige-se preferentemente aos pobres e humildes; a pobreza e humildade encontram no amor a sua plena justificação e exercício.
Conceção de vida
Estas três virtudes cristiformes estão na raiz da conceção franciscana da vida: pobreza e humildade situam Deus como Ser supremo, transcendente, altíssimo, que se comunica às criaturas, essencialmente mendigas, por puro amor, manifestando-se assim como Pai de bondade infinita. O pecado é essencialmente uma falta de correspondência ao Amor «que não é amado», e um ato de apropriação indevida e orgulhosa. Cristo é o ideal da existência; o desejo supremo da alma é identificar-se com Ele por amor até chegar a participar, «quanto seja possível à humana criatura», da paixão que Ele abraçou «por nós, vilíssimos pecadores» (Flor. IV) atualizando visivelmente o destino cristão da participação na cruz. O franciscano sente-se «arauto do grande Rei» chamado a anunciá-lo a todos os homens com o testemunho da sua vida, que concebe sempre como empresa apostólica. Os homens são todos irmãos, filhos de Deus, pelos quais morreu Cristo, aos quais se dá o franciscano com absoluto desinteresse, na ação, na oração, na imolação; cuja salvação é suprema ânsia da sua alma. Todo o homem há de ser contemplado com humildade, com amor, por isso se há de respeitar a sua liberdade (de onde procede o amor) e a sua personalidade, sublinhando o sentido da responsabilidade pessoal: respeito face ao que pensa diversamente, face ao que erra. E os indivíduos livres e responsáveis não degeneram em anarquia porque o amor fraterno os unifica em Cristo e os leva a submeter-se uns aos outros. O binómio autoridade-obediência é concebido como serviço humilde por amor àquele que manda «os ministros sejam servos de todos», Reg. II, c. 10), e como um sacrifício feito a Deus da própria vontade, por amor a Cristo, a quem obedece.
Tal respeito feito à individualidade faz que o franciscano resista aos esquemas tanto sociais quanto individuais, aos sistemas preconcebidos, aos métodos rigorosos; fomenta personalidades intuitivas, voluntaristas, originais (mais de uma centena de santos canonizados); repugna os centralismos e autoritarismos de toda a classe que sufoquem a própria iniciativa, inclusive a prisão à verdade própria das «escolas», e o apego desordenado à própria mentalidade e cultura.
Simplicidade, abandono, alegria. Destas três virtudes destaca-se a simplicidade, que é candor sapiencial, sinceridade e retidão interiores para com Deus, o próximo e connosco mesmos. A simplicidade é desprezo da vanglória, ódio à simulação e hipocrisia; faz nascer a primazia do amor e da ação sobre o conhecimento: permite conhecer-se para amar e revela que tanto se sabe quanto se age. A purificação interior que causa a simplicidade e a iluminação amorosa com que conduz a Deus dá à alma um reto sentido da significação do universo criado e da atividade do homem nele mesmo: todas as criaturas são irmãs, vestígios da bondade e formusura divinas e todas servem de escala para conhecer e amar a Deus e de instrumentos para atingir o seu reino de amor fraterno na terra. O franciscano perfeito é como a realização do homem novo na sua dimensão escatológica, que mediante o despojamento (assimilação à morte de Cristo) e pelo amor toma o criado reduzindo-o em serviço e louvor a Deus, em fraterna e universal harmonia. De tudo o que foi dito derivam vários aspetos típicos da espiritualidade franciscana: o abandono e confiança absolutos na divina providência, base da sua pobreza; um sentimento de otimismo geral diante da vida que afugenta a tristeza; a proverbial «perfeita alegria» que se encontra inclusive na dor, une ao crucificado, e leva a acolher, cantando, a irmã morte corporal (2 Cel 162); um desejo de paz universal e um esforço perseverante por levá-la a todo o mundo; uma delicada sensibilidade para os valores estéticos; uma valorização positiva das criações humanas, todas provenientes de Deus e a Ele redutíveis quando o coração é puro; um sentido de concretude que olha para as coisas na sua realidade plástica, fugindo ao abstrato, à especulação pura, ao jogo de palavras ou de ideias, o «diletantismo»; uma mística onde o ato de contemplação é sabedoria que se resume em união de amor.
 
Oração e apostolado
A espiritualidade franciscana alimenta-se mediante uma oração de tipo mais afetivo, pessoal e livre. Cristo oferece-se como motivo de imitação e contemplação nos mistérios onde mais ressalta a sua pobreza, a sua humildade e o seu amor (presépio, eucaristia, via sacra). Ao lado de Cristo figura a virgem Maria, a quem S. Francisco saudou como mãe e perfeito exemplo do movimento franciscano (o qual por sua vez deu à Igreja o dogma da Imaculada Conceição).
A oração franciscana é essencialmente um encontro com Deus, fundamento e meta de toda a realização humana, é a que autentifica e define a Fraternidade como a humanidade nova, reunida em volta de Jesus, que conhece por experiência ao Pai e, em consequência, vive de forma coerente a sua relação fraterna com todos os homens.
Por isso, a Fraternidade Franciscana Secular é, antes de tudo, uma comunidade orante, que sabe da presença de Deus e procura por todos os meios responder-lhe de forma existencial, acolhendo essa Presença e fazendo-a frutificar em obras e ações de graças. Esta qualidade orante da Fraternidade não exime de forma irresponsável aos irmãos do seu encontro pessoal com o mistério. A Fraternidade é orante porque, ao mesmo tempo, os irmãos vivem e entendem-se a partir da oração, sentindo-se tocados pelo espírito para pôr em comum a decisão de procurar o rosto de Deus.
Francisco, e como ele os demais irmãos, também entendeu que o fundamental para todo o crente é o encontro com Deus. Por isso, construiu a sua vida em redor desta experiência, de modo que, para Celano, mais que ser um homem de oração, Francisco era a própria oração personificada (2 Cel 95). O apostolado franciscano é principalmente testemunho de presença e atualização de vida evangélica e dirige-se com preferência aos pobres e humildes, cuja sorte o franciscano compartilha vitalmente, pois deve ganhar-se a preferência aos pobres e humildes, cuja sorte o franciscano compartilha vitalmente, pois deve ganhar-se a vida com o trabalho humilde. A pregação é simples, sincera, direta. Ocupa lugar destacadíssimo o interesse pelas missões entre infiéis, nas quais o franciscano costuma ser missionário de vanguarda (como o comprova o franciscano secular do século XIII, o Beato Raimundo Lullo também designado por Doutor Iluminado) e para as quais se torna idóneo devido à grande mobilidade que brota do seu espírito de «estrangeiro e peregrino» e o seu desapego não só de casas, lugares e coisas, mas da própria bagagem cultural e intelectual, que lhe possibilita a compreensão e adaptação de outras realidades.
A espiritualidade franciscana secular pode dizer as seguintes coisas ao homem da nossa época: renovar nos homens a consciência do pecado, e na Igreja a da sua necessidade de se renovar e reformar mediante o regresso sincero ao evangelho; manifestar que o mundo se salva mediante a pobreza, humildade e o amor. Feito serviço; demonstrar que o profetismo reformista só é válido se é uma expressão de amor, de humildade, e em atitude de serviço e obediência à Igreja; ensinar que o individualismo, a liberdade, a responsabilidade pessoal há de contemplar-se em função de amor, solidariedade e obediência; dar sentido cristão ao trabalho, à técnica, à estética, à filosofia, unificando o saber, conjugando-o com a ação e levando-o a Deus; educar para o diálogo, que se funda no mútuo respeito, com crentes e não crentes; preparar e realizar a evangelização do mundo.
P. Paulo Ferreira OFM
Assistente Espiritual da Região Sul da Ordem Franciscana Secular

 
OBJETIVOS DESTE NOVO ANO PASTORAL
 
*      Como adoradores do Pai, façamos da oração e contemplação, a alma da nossa vida e ação (Regra 8), procurando:
v  Conhecer e compreender o valor e o sentido da oração;
v  Sentir a necessidade da oração na nossa vida.
*      Considerar a Oração Fraterna como primazia para viver a Fraternidade.

ALGUMAS LINHAS ORIENTATIVAS
 
*      Cristo no Alverne: Escutá-Lo no silêncio, Contemplá-lo na Sua e na minha Cruz;
*      Viver, com fé, na unidade e na partilha.
*      Manifestar, com alegria e simplicidade de coração, a presença de Cristo Ressuscitado.
*      Obedecer e seguir a Doutrina e Magistério da Igreja.

 
 

 
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