Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

20 de dezembro de 2023

3.º Domingo do Advento

17 de dezembro de 2023

Advento III: A vela do testemunho

1.º Leitor:

Ser testemunha significa partilhar a verdadeira história da salvação, de Deus connosco. O Evangelho é a história verdadeira de onde nasce o testemunho (o acólito acende a 3.ª vela).

2.º Leitor:

Esta é a vela do testemunho. João Batista foi a voz do testemunho. Ele apontava para Jesus Cristo por palavras e ações. Nós também somos chamados a apontar para Jesus Cristo por meio de nossas palavras, gestos, atitudes e ações.

Cântico (Refrão)

 

Resposta - Celebrante:

Senhor, Nosso Deus, assim como as velas do advento brilham, possamos nós também brilhar como testemunhas de Teu Filho Jesus, que vem novamente ao nosso mundo trazendo amor, paz e justiça, por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amén.

São João Batista e São Francisco de Assis Pintura de El Greco


Introdução à Liturgia

 

As leituras do 3º Domingo do Advento garantem-nos que Deus tem um projecto de salvação e de vida plena para propor aos homens e para os fazer passar das “trevas” à “luz”. É esse projecto que fundamenta a alegria e a esperança da vida cristã e é nele que encontramos as motivações da nossa caminhada que nos leva até Deus.

Introdução às Leituras

Na primeira leitura, o profeta, já do período do pós-exílio, apresenta-se aos habitantes de Jerusalém com uma “boa nova” de Deus. A missão deste “profeta”, ungido pelo Espírito, é anunciar um novo, de vida plena e de tempo felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos “pobres” que n’Ele confiam e que d’Ele aguardam a salvação.

 Na segunda leitura Paulo explica aos cristãos da comunidade de Tessalónica a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem e como devemos aguardar o Seu encontro. Paulo pede-lhes que sejam uma comunidade “santa” e irrepreensível, isto é, que vivam alegres, em atitude de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus.

 O Evangelho apresenta-nos João Baptista como sendo a “voz” que prepara os homens para acolher Jesus, a “luz” do mundo. João é o arauto d’Aquele que vai chegar e o seu objectivo é apenas o de levar os seus interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus. João não fala de si, mas apenas d’Ele.

Padre João Lourenço, OFM


SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO

 


(08.12.2023)

Introdução à Eucaristia

 Uma das presenças marcantes do tempo do Advento é a de Maria, a Mãe do Senhor, na celebração da sua Imaculada Conceição. Para além de celebrarmos aquela em quem habitou a plenitude da graça, também celebramos a Mãe do Verbo de Deus encarnado, figura e modelo da Igreja e de cada crente, chamados como ela para sermos os portadores do seu amor. A Senhora do Advento é também a Mulher da escuta da Palavra, do acolhimento e da fidelidade.

 Introdução às Leituras

 A primeira leitura, recorrendo à imagem de Eva, prepara-nos para olhar para Maria como a Nova Eva, a Mãe do tempo novo que, pela sua fidelidade, gerou a vida nova em Cristo, enquanto Eva, pela soberba e pelo pecado, foi geradora de morte.

 A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher – um projecto que desde sempre esteve e está no coração do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.

O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu abrir a sua vida, de forma total e radical, ao plano de Deus. Do seu “sim, o fiat” que traduz a sua total disponibilidade nasce a nova humanidade e configura, desde logo, a Igreja de que que ela é a imagem redimida.

Padre João Lourenço, OFM

12 de dezembro de 2023

2.º Domingo do Advento

 Advento II: A vela da preparação

1.º Leitor:

Sempre que acontecem comemorações significativas nas nossas vidas, preparamo-nos cuidadosamente com todo o empenho. O Evangelho convida-nos a fazer essa preparação para a vinda de Cristo (o acólito acende a 2ª vela).

2.º Leitor:

Esta é a vela da preparação. Até que ponto, estamos dispostos a prepararmo-nos para a vinda de Cristo? Nossas vozes são convidadas a unirem-se à voz de João Batista na preparação do ‘caminho do Senhor’.

Cântico (Refrão)

 Resposta - Celebrante:

Desperta os nossos corações, ó Senhor, para prepararmos o caminho do Teu Filho. Assim como Tu te ofereceste a nós, possamos todos, em serviço, ajudar o mundo a estar pronto para a tua vinda, por Jesus Cristo nosso Senhor. Amén.


10 de dezembro de 2023

Introdução à Liturgia

A liturgia do segundo domingo de Advento convida-nos a ‘preparar os caminhos do Senhor’. Este convite dirige-se a cada um de nós e tem duas dimensões: preparar os caminhos para que o Senhor possa entrar na nossa vida e para que nós possamos ir também ao Seu encontro. O advento abre-nos à esperança do encontro: d’Ele que vem e de cada um de nós que vai. O encontro é Natal. Por isso, o grito de hoje é um convite: Preparai os caminhos do Senhor!

 Introdução às Leituras

 Na primeira leitura, o profeta da época do Exílio testemunha aos que estão no exílio da Babilónia que Deus não se esquece deles e, de novo, os fará regressar à sua terra, à sua cidade, àquele espaço onde eles poderão de novo refazer e reconstruir a sua vida. Será uma caminhada triunfante, pois será feita na esperança e na alegria do encontro.

 

A segunda leitura abre o coração dos crentes para um outro encontro, o encontro definitivo na comunhão com Deus, na segunda vinda de Jesus. É nesta esperança que se constrói o Reino de Deus. Para tal, temos de pautar a nossa caminhada por uma dinâmica de contínua conversão; só assim preparamos “os novos céus e a nova terra onde habita a justiça”.

 

No Evangelho, encontramos a figura de João Baptista, o grande arauto que nos indica os caminhos do Senhor. Ele é a grande figura do Advento, pois tudo n’Ele nos aponta para ‘Aquele que está prestes a chegar’. Esse é que é o Messias, é Ele a Palavra, enquanto João é apenas a voz que se ergue para proclamar a Palavra verdadeira que vai chegar.

Padre João Lourenço, OFM

2 de dezembro de 2023

1º DOMINGO DO ADVENTO – ANO B

 Advento I: A vela da vigilância

 1.º Leitor:

No Advento preparamo-nos para a vinda de Jesus Cristo ao mundo. O Evangelho convida-nos a estar vigilantes na fé. Esta vigilância é também uma forma de superar este estado de pandemia que nos rodeia (o acólito acende a 1.ª vela). 

2.º Leitor:

Esta é a vela da vigilância. Jesus Cristo chama-nos a estar prontos para anunciar e testemunhar o seu nome.

Cântico (Refrão)

Resposta - Celebrante:

Senhor Deus, nós te louvamos pela vinda de Jesus. Ajuda-nos a estar atentos para poder anunciar a vinda do Teu Reino e proclamar a Boa-Nova, por Jesus Cristo nosso Senhor. Amén.  

Introdução à Liturgia

Iniciamos hoje, com a liturgia do primeiro Domingo do Advento, um novo ano litúrgico e a preparação do Natal. Ao longo deste ano litúrgico vamos celebrar e viver os mistérios da vida do Senhor acompanhados pelo Evangelho de S. Marcos que nos convida a descobrir Jesus como o verdadeiro messias, o autêntico salvador que Deus oferece e propõe ao homem. Neste contexto de pandemia, o Advento pode ajudar-nos a interiorizar a nossa vida e a fazer da esperança uma nova forma de estar e de viver. 

Introdução às Leituras

A primeira leitura é um apelo dramático ao Deus que é “pai” e “redentor”, no sentido de vir ao encontro de Israel para o libertar do pecado e para recriar um Povo de coração novo. O profeta não tem dúvidas: a essência de Deus é amor e misericórdia, “qualidades” que levam o Seu povo a confiar plenamente n’Ele. É um texto admirável de Isaías que nos ajudará a fazer uma verdadeira preparação.

A segunda leitura mostra como Deus Se faz presente na história e na vida de uma comunidade crente, através dos dons e carismas que gratuitamente derrama sobre o seu Povo. É também um convite à esperança, à vigilância, para que não nos deixemos seduzir pelos enganos do tempo presente nem abater pela crise que nos envolve.

O Evangelho convida os crentes a olhar a História com esperança e a enfrentar os seus desafios com coragem, determinação e fé, animados pela certeza de que “o Senhor vem” e está sempre presente. Para o crente, a vida é sempre um tempo de compromisso ativo e efetivo na construção do Reino de Deus.

Padre João Lourenço, OFM

Solenidade de Cristo Rei do Universo

 (26.11.2023)

      Introdução à Liturgia                                          

Celebramos hoje, neste último domingo do ano litúrgico, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus, desse reino que Jesus veio anunciar e apresentar-nos como sendo a grande proposta que Deus nos faz. Esse reino que é como uma semente, a semente da verdade e do bem que deve crescer no coração de cada crente.

       Introdução às Leituras

A primeira leitura, do livro de Ezequiel, recorre à imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. Realçando a autoridade de Deus, a imagem sublinha o carinho, a preocupação e a ternura que Deus dispensa àqueles a quem ama, orientando-os nos caminhos da história e estando ao seu lado para lhes apontar metas e horizontes.

Na segunda leitura, Paulo diz-nos que este reino tem os gérmenes de vida na ressurreição de Jesus e é nessa vida nova que tudo encontra sentido. Tudo nasce daí e tudo converge para a plenitude Deus, ‘até que Ele seja tudo em todos’. É Cristo que nos conduz a este Reino definitivo.

O Evangelho apresenta-nos, numa espécie de síntese dramática, a soberania de Jesus que se manifesta num quadro de julgamento, mostrando que o Reino se concretiza nas boas obras, mormente naquelas que parecendo insignificantes são o testemunho da verdadeira grandeza de Deus. É aqui que estão as autênticas sementes do Reino.

Padre João Lourenço, OFM

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM

(19.11.2023) 

A parábola dos talentos no vitral no St Michael Cornhill 

   Introdução à Eucaristia:

A liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre a forma e o modo como aplicamos os nossos talentos, os nossos dons. Colocamo-los ao serviço do reino de Deus ou apenas e só sob a tutela dos nossos interesses pessoais e imediatos? O trabalho, na sua dimensão fraterna e social, é a melhor expressão da nossa comunhão fraterna e do testemunho cristão. 

      Introdução às Leituras:

Na primeira leitura, do livro dos Provérbio, faz-se o elogio da mulher prudente, da esposa e mãe que coloca ao serviço de Deus, na família e nos seus labores, todo o encanto e empenho do coração para servir os outros e os fazer felizes. Na simplicidade do lar se vive uma das dimensões mais encantadoras da vida cristã.

A segunda leitura, continuando a reflexão dos domingos anteriores, diz-nos que o ‘dia do Senhor’ acontece na nossa vida sem o esperamos, porventura quando nem pensamos na sua proximidade, o que quer dizer que o cristão deve estar atento aos sinais que Deus vai fazendo despontar na sua caminhada.

O Evangelho oferece-nos, através de uma parábola, uma bela reflexão sobre o modo como exercemos os dons que o Senhor nos concedeu. Aderir a Cristo implica um empenho renovado pela transformação do mundo, das estruturas sociais e o empenho total nas causas do bem comum, da justiça e da fraternidade. 

Padre João Lourenço, OFM

31º Domingo do Tempo Comum - 2023


Introdução à liturgia:

A celebração da eucaristia, para além de ser o momento privilegiado do nosso encontro com a Palavra de Deus, acolhida e celebrada, é também o momento do confronto entre a nossa vida e as suas múltiplas expressões da nossa identidade vivencial. Uma das dimensões mais significativas deste nosso confronto com a Palavra diz respeito à coerência da nossa vida e à autenticidade do nosso testemunho. Jesus faz-se eco desse imperativo e deixa-nos a advertência para a necessidade da coerência da nossa fé. 

Introdução às leituras:

A 1ª leitura, do livro do profeta Malaquias, faz-se eco da incoerência do povo de Israel que não só abandona a Lei do Senhor, mas chega ao ponto de a desprezar e de proceder à deturpação do seu ensino, de modo que ela se torna torpeço e ruína face à verdadeira vivência na fidelidade à aliança.                 

Na 1ª Carta aos Tessalonicenses, Paulo deixa-nos o seu testemunho pessoal e fala-nos do seu empenho na evangelização da comunidade de Tessalónica e do modo como os crentes aceitaram o Evangelho e se empenham na sua vivência. É esta resposta ao anúncio da Palavra que deixa Paulo feliz e agradecido. 

No Evangelho, Mateus fala-nos da forma como Jesus condena a descarada hipocrisia dos Mestres do seu tempo que se servem da Palavra e não estão ao serviço da Palavra. As advertências de Jesus não são apenas uma realidade do seu tempo; elas são sempre atuais, pois são um desafio permanente à coerência da nossa fé e ao testemunho de verdade que todos somos chamados a dar.

Padre João Lourenço, OFM

  

31 de outubro de 2023

Centenário Regra Bulada 1223


 

Formação_Família_Franciscana

 


Solenidade de Todos os Santos

 


(1 de novembro 2023)

Introdução à liturgia:

A Igreja celebra hoje um dos dias mais emblemáticos e significativos do seu calendário litúrgico. Desta vez, a centralidade da nossa liturgia está focada no seguimento de Jesus, nas propostas de vida em ordem à santidade: ‘Sede Santos’ porque Eu sou santo’. Este é o apelo de Deus ao seu povo no livro do Levítico. Hoje, celebramos a santidade a que somos chamados e também os nossos Irmãos que a viveram e a testemunharam.

 Introdução às leituras:

A primeira leitura, tomada do Livro do Apocalipse, apresenta-nos a grande festa da santidade, de todos aqueles que ‘banharam’ as suas vidas no sangue do Cordeiro. Por isso, celebram festivamente a sua glorificação. É a festa da universalidade do povo de Deus, onde todos são acolhidos: uma multidão incontável, vinda de todos os povos, raças e nações; Ninguém está excluído dela.                     

A segunda leitura fala-nos daquilo que nos faz santos e filhos de Deus: o amor. Este é o nosso fermento de santidade, uma santidade que nos abre à plenitude de Deus e à comunhão fraterna com todos os irmãos.

Como chegar à santidade? Qual o código de vida que devemos seguir? Há algum caminho que nos conduza a essa plenitude de vida? A regra é a vivência das bem-aventuranças, o verdadeiro caminho de santidade que Jesus viveu e nos deixou como itinerário a seguir.

Padre João Lourenço, OFM

30º Domingo do Tempo Comum


(29.10.2023)

Introdução à liturgia:

A vida cristã não é nem se reduz a um mero sentimento de afeição e compaixão pelos outros. Pelo contrário, tal como nos é proposto pela liturgia de hoje, ela tem no seu centro a vivência concreta do amor e da partilha: o amor está no centro da vivência cristã, seja qual for a forma como fazemos essa experiência de fé. O que Deus pede a cada um é que deixe o seu coração ser tocado pelo amor.

Introdução às leituras:

A primeira leitura fala-nos do código da Aliança, o centro da vida e da identidade do povo de Israel e faz parte integrante do projeto de Deus para o Seu povo. Aí se fala de situações concretas que exigem o envolvimento pessoal e não apenas um sentimento vazio que manda para os outros, mormente para os anónimos, as exigências que decorrem da nossa identidade cristã.                   

A segunda leitura, por sua vez, apresenta-nos o exemplo da comunidade cristã de Tessalónica que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida. Foi assim que, dessa experiência comum, nasceu uma verdadeira família de irmãos, tendo o evangelho como fundamento de vida.

Em forma de diálogo entre Jesus e os fariseus, o Evangelho diz-nos, claramente e sem rodeios, que a autenticidade da minha fé está no meu agir e não no meu discurso, na minha ação e não na minha retórica discursiva, assumindo de forma pessoal o que a cada um compete fazer. Esta é a forma de dar sentido à nossa fé.

Padre João Lourenço, OFM


Domingo 29º do Tempo Comum

 

Domingo das Missões - 2023

Introdução à Liturgia:

A liturgia deste domingo – dia mundial das Missões – apresenta-nos uma dimensão importante da nossa relação com as realidades temporais, sociais e políticas em que devemos privilegiar a palavra de Deus e encontrar nela os critérios das nossas opções.  As ambiguidades que persistem e nos envolvem dificultam, muitas vezes, a prontidão e a clareza das respostas que damos a este desafio que é feito a cada um de nós. Dia mundial das missões é também uma ótima oportunidade para refletir acerca do que é a missão da Igreja e de cada cristão nesta relação com o mundo em que nos encontramos.

 Introdução às Leituras:

Na 1ª leitura, Isaías apresenta como elementos fundamentais da sua mensagem o universalismo da salvação, da eleição e da escolha de Deus que se estende a todos os povos. À semelhança de outros profetas, mostra que Deus se serve de outros povos e dos seus governantes para advertir Israel do seu mau procedimento, mormente da sua infidelidade. No dia mundial das Missões, este texto diz-nos que temos de deixar a nossa ‘zona de conforto’, instalados em oportunos apartamentos e pensar que estamos a missionar. É necessário sair, ir ao encontro, abrirmo-nos aos outros.

          A 2ª leitura da nossa eucaristia é a introdução e saudação de Paulo, e de seus colegas de missão, à comunidade de Tessalónica. São palavras simples, mas que traduzem a relação profunda, vivida e sentida, que existia entre a Comunidade e aqueles que por ela tinham passado a difundir a mensagem do Evangelho.

 O Evangelho trás até nós o eco de uma das questões mais complexas do tempo de Jesus. As reações da sociedade judaica face à presença e aos efeitos da dominação romana eram transversais a todo o tecido social, embora nem todos se manifestassem da mesma forma. A resposta dada por Jesus não é uma fuga à questão, mas sim a abertura a uma outra realidade, a uma outra dimensão que é aquela de que ele se faz portador: ‘Dar a Deus’ o que é de Deus.

Padre João Lourenço, OFM

28.º Domingo do Tempo Comum

(15.10.2023)

Introdução à Liturgia:

O tema do banquete e do encontro que simboliza a comunhão entre Deus e o homem, muito presente em textos proféticos, é um desafio que a Palavra de Deus nos faz em ordem a superar as marcas da exclusão humana e introduzir-nos numa relação de amor e de comunhão com Deus. Num tempo como este em que vivemos, procurar formas de comunhão é um imperativo da nossa fé. É a este banquete, de que a eucaristia é o momento central, que nós também somos chamados. 

Introdução às Leituras:

Na 1ª leitura, Isaías oferece-nos dois temas muito caros à Teologia deste profeta e que marcam o judaísmo e a fé bíblica do seu tempo: o tema do Banquete como forma de traduzir a relação de amor e de comunhão de Deus com o Seu povo, deixando o convite aberto a todos os povos para que acolham o ‘alimento’ da Palavra de Deus. 

A 2ª leitura constitui um dos mais belos e impressionantes testemunhos de Paulo. A comunidade dos Filipenses foi uma das mais agradecidas a Paulo, aquele que lhes levou a mensagem de Jesus. Paulo retribui essa generosidade reconhecido, deixando-nos um testemunho de grande despreendimento e de dedicação total à causa do Evangelho.

 No Evangelho, estamos em presença da 3ª parábola consecutiva que Jesus dirige aos membros do Sinédrio, o órgão judaico de governo para as questões da lei e da sua interpretação. Jesus quer mostrar que é necessário ter um coração novo e aberto para acolher o Reino. O Judaísmo tinha perdido essa dimensão de comunhão, de banquete e de partilha, para se tornar num sistema jurídico e legalista, recusando por isso mesmo acolher a mensagem de Jesus.

Padre João Lourenço, OFM


6 de outubro de 2023

27.º Domingo do Tempo Comum - Homilia

 


Homilia de Frei Isidro Lamelas (27º Domingo do T. Comum) – Igreja do Seminário

«Que vos parece?

Mais uma parábola de Jesus, dita aos «chefes dos sacerdotes» e aos «anciãos» do povo.

Outra vez a imagem da vinha: da vida, do reino…

Outra vez o nosso testemunho e compromisso e vida a ser questionado: que vos parece?

Que fazemos da vida? Qual o nosso lugar, na Vinha, no mundo, na Igreja, no Reino?

1. Já o profeta Ezequiel nos convidava a assumir, com verdade e coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de auto-suficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos. Muitas vezes “a culpa morre solteira”. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da conjuntura económica internacional; é do governo… ou até de Deus. Há guerras e violência; há injustiça? A culpa é dos tribunais, do sistema; talvez de Deus: A maneira de proceder do Senhor não é justa?. A minha comunidade cristã está dividida, e não testemunha suficientemente o amor de Jesus? A culpa é do Papa, ou do bispo, ou dos padres… se a culpa não é de Deus, é do diabo…

-E a minha culpa? O que é que eu faço? E as minhas omissões? Não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Não precisarei de mudar, de me “converter”?

No Evangelho Jesus dirige-se, de novo aos chefes da religião e referências na vida pública, mas também aos “católicos praticantes” que dizem mas não fazem, que rezam mas não vivem; que pregam mas não dão exemplo.

Somos interpelados por Jesus: «Que vos parece?»; «Qual dos dois fez a vontade do Pai?».

Os fariseus aparecem no Evangelho de Mateus como aqueles que «dizem, mas não fazem» (Mt 23,3). É o farisaísmo… O «Fazer», em oposição a dizer, é um tema fundamental em Mateus, assim expresso por Jesus no discurso programático da Montanha: «Nem todo aquele que diz: “Senhor, Senhor” entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade do Meu Pai que está nos Céus» (Mt 7,21).

Mais ainda: neste Evangelho de Mateus, o verdadeiro «fazer» traduz-se em «dar fruto, fazer frutificar», como consequência da conversão ou mudança operada na nossa vida.

É agora mais fácil deixar entrar em nós a força da parábola de Jesus, contada a gente habituada apenas a dizer, dizer, dizer… Falam, falam… mas não vão para a Vinha. O homem e pai da parábola é Deus. A vinha é d´Ele, mas é também nossa. Nunca se fala nesta parábola, da «minha» vinha. A vinha é, portanto, campo aberto de alegria e de liberdade, onde todos os filhos de Deus podem encontrar um espaço novo, há sempre vagas… para a filialidade e fraternidade.

É dito que este Pai tem dois filhos, que são todos os Seus filhos, diferentes, nas reações e comportamentos. Somos todos nós, nas nossas semelhanças e diferenças. Ao primeiro, o Pai diz: «Filho, vai hoje trabalhar na vinha» (Mt 21,28). Note-se o termo carinhoso «filho»; e o imperativo da liberdade «vai»; A autoridade que falta aos pais…

Vai hoje: o HOJE requer resposta pronta e inadiável; não faças para amanhã o que podes e deve fazer hoje.

O primeiro filho dá uma resposta torta e dura: «Não quero», mas emendou: «Mas, depois, arrependeu-se e foi»; O segundo filho, depois de ter ouvido o mesmo convite do seu Pai : «Eu vou, Senhor», . Mas de facto, não foi.

Como se vê, todos os filhos de Deus-Pai ouvem o mesmo convite e são tratados como filhos, importantes no seu Reino. O que nos distingue é a resposta, dada em obras e não em meras palavras “para agradar”. O que importa é o que fazemos hoje, e não o que dissemos ontem, adiando a decisão, a ação. Fez a vontade do PAI, não o que disse que sim, mas só de palavras, mas o que nas obras mudou o não em SIM.

É aqui que aparecem os publicanos e as prostitutas:  Estes ouviram João e ouvem agora Jesus, e estão a mudar a sua vida (Mt 21,31-32: Asseguro-vos que os publicanos e as prostitutas entrarão antes que vós no reino de Deus».)! O Autor destas páginas deslumbrantes, Mateus, sabe do que fala, pois, era um publicano. E agora é um Apóstolo e Evangelista. E nós?

Padre Frei Isidro Lamelas, OFM 

30 de setembro de 2023

Agradecimento - Conselho Nacional


 

50. ª Peregrinação Franciscana a Fátima

 


Thogether - Encontro do Povo de Deus

 


26º Domingo do Tempo Comum

 


(01.10.2023)

Introdução à Liturgia:

A liturgia de hoje convida-nos a olhar para algo que é fundamental na nossa fé: ‘Deus tem uma proposta a fazer-nos’. A sua mensagem não é vã nem vazia; pelo contrário, ela está carregada de sentido e constitui um desafio para cada um de nós. É perante esta proposta que nós podemos escolher, dizer sim ou dizer não, fazê-la nossa ou ignorá-la. Ser cristão é, tal como Jesus, dizer sim e assumir o compromisso da fidelidade à proposta que nos é feita.

 Introdução às Leituras:

A experiência do exílio na Babilónia foi o grande desafio que Deus fez ao Seu povo. O profeta Ezequiel, na 1ª leitura, convida os israelitas a comprometerem-se de forma séria e consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada crente deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as implicações práticas da sua adesão à Aliança.

A 2ª leitura, Paulo, com um dos textos mais ricos de toda a sua teologia e de todas as suas Cartas, exorta os cristãos de Filipos a seguir o exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo assumiu a realidade da fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor.

 Na parábola do Evangelho, Mateus apresenta-nos a forma e o modo como se concretiza a proposta que Deus nos faz: pelas obras e compromissos e não pelas palavras e pelas boas intenções. Um desafio sempre presente na Igreja e dirigido a cada um de nós. O ‘sim’ que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, mas antes um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores.

Padre João Lourenço, OFM

25º Domingo do Tempo Comum

 



Introdução à Liturgia:

A liturgia deste domingo convida-nos a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens. Será isto uma frase feita ou uma realidade a descobrir? De facto, o projeto de Deus assenta em algo que está para além do nosso horizonte moderno e da nossa lógica moderna. Os homens de hoje têm dificuldade em compreender a gratuidade e o dom. São estes os fundamentos radicais de novidade que Deus é para nós.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura é um apelo de Isaías a cada um de nós para que procure o Senhor. Procurá-l’O é o desejo que deve animar a nossa caminhada espiritual e isso faz-se por um processo de conversão permanente. Sem esta abertura total, podemos correr muito para a Igreja, mas isso não significa que O encontremos.

Na segunda leitura, Paulo, partindo da sua própria experiência, diz-nos o que é a vida cristã: Cristo é a nossa vida. É uma vida em plenitude que não se limita a isto ou àquilo, mas que comporta toda a nossa caminhada, seguindo as propostas que Cristo nos faz.

.O Evangelho diz-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a antiguidade na fé, sem prazos nem créditos, sem olhar às qualidades ou aos comportamentos anteriormente assumidos. A Deus interessa apenas a forma como se acolhe o Seu convite e nos disponibilizamos para o Seu Reino. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.

Padre João Lourenço, OFM

24º Domingo do Tempo Comum

 

(17/09/2023 – Ano A) 

          Introdução à Liturgia:    

Ser cristão, discípulo de Jesus, pressupõe que a nossa vida, em cada um dos seus momentos, seja marcada pela mensagem, pelos gestos e pelo testemunho do Mestre. Um dos sinais que define a identidade do nosso seguimento de Jesus está no perdão, aquilo que mais e melhor o distinguiu do judaísmo do seu tempo e que ele assumiu como núcleo central da sua mensagem. É do perdão que a palavra de Deus hoje nos fala e nos convida a pôr em prática.

           Introdução às Leituras 

A 1ª leitura, tomado do livro de Ben Sirah, relaciona a cólera e o ódio com o pecado, convidando o crente a saber perdoar. O perdão de que a Palavra de Deus nos fala tem o seu fundamento no próprio Deus; não se trata de um esquecimento cómodo nem de um procedimento de boas maneiras. Pelo contrário, ele é expressão da nossa fé e da nossa vontade em seguir Jesus. 

Na 2ª leitura, da carta aos Romanos, S. Paulo, num texto muito breve, diz-nos algo que é fundamental para a nossa vida. Ela pertence a Cristo, em todos os seus momentos. Somos do Senhor e para o Senhor, o que nos fortalece na comunhão fraterna, já que também somos da Igreja e para a Igreja. 

Hoje, Jesus, como é tão próprio de S. Mateus, apresenta-nos uma parábola sobre o perdão e os procedimentos que isso implica. Para o cristão, o perdão deve ser incondicional, assumido plenamente na nossa vida e nas nossas relações. Não se trata apenas e só de uma atitude pessoal; o perdão é também uma questão social, com implicações importantes na construção da nossa sociedade. Não podemos agir de uma forma, e esperar que Deus proceda connosco de outra. Sobre o perdão, a oração e o agir têm de estar em harmonia total.

Padre João Lourenço, OFM

 
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