COMO O IRMÃO S. FRANCISCO NOS PODE SERVIR DE EXEMPLO
Se conhecêssemos como o Pai S. Francisco se converteu, consolidaríamos a nossa fé.
Era filho de Pedro Bernardone e de Dona Pica.
Na sua juventude era dado à vida mundana e irrequieta, como os jovens da sua idade, sempre em festas e algazarras.
FRANCISCO VAI À GUERRA
Francisco sonhava com guerras e honras militares e nesse espírito participou, com insucesso, na guerra que se desencadeou entre Assis e Perúsia, tornando-se, entre outros assissienses, prisioneiro e enfermo. Tal revés não esmoreceu os sonhos de fama e de glória e, livre da prisão e da doença, alistou-se cheio de entusiasmo no exército ao serviço das armas do Papa quando, numa noite, teve uma visão grandiosa: um belo palácio, com muitos soldados e a promessa de que tudo seria seu.
Francisco partiu e em plena marcha ouviu um chamamento, em jeito de visão (como relata a Legenda TRIUM SOCIORUM), uma Voz que lhe dizia:
- Quem te pode ser de mais proveito? O Senhor ou o servo? Respondeu: - O SENHOR. Ouviu novamente a Voz:- Então, porque deixas o Senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo?
Francisco, confuso, respondeu, perguntando:- QUE QUERES QUE EU FAÇA? (como S. Paulo, ou como o profeta Jeremias e outros).
E a Voz replicou:- Volta para a tua terra e ser-te-à dito o que deves fazer. Já em Assis, durante uma festa com os amigos, Francisco, foi tocado pela presença Divina, deixou de se interessar pelas festas e algazarras e, olhando mais para os pobres e necessitados, mudou completamente o seu estilo de vida.
S. FRANCISCO MEDITA NA SUA VIDA FUTURA NUMA GRUTA
Desde então, Francisco iniciou uma busca incessante de Deus, procurava desvendar os seus desígnios e, nas matas e nos bosques, na quietude e no silêncio, esclarecer as dúvidas e as inquietações que a nova visão da vida lhe proporcionava. Vendo a vida com outros olhos, retirou-se para uma gruta para meditar e nela considerar que interessava mais a sabedoria de Deus, a vida religiosa e a oração do que o casamento e a vida mundana.
FRANCISCO DESPOJA-SE DOS BENS MATERIAIS
Transformado pela graça divina e quando vestia, ainda, roupas ricas e mundanas, Francisco decidiu viver onde não fosse conhecido; ali, despiu as roupas, trocou-as pelas de um pobre e fez-se passar por mendigo.
Nessa altura, Francisco participou numa peregrinação à Basílica de S. Pedro em Roma e ao aperceber-se que as esmolas eram parcas, disse de si para si mesmo: - ”O Príncipe dos Apóstolos deve ser honrado com magnificência. Porque será que este povo faz ofertas tão ridículas à Igreja em que repousa o seu corpo?” Tocado de profundo fervor religioso, retirou uma mão cheia de moedas e atirou-as para junto do altar. Foi tanto o ruído que todos os presentes se maravilharam de tanta generosidade. A seguir, saiu, trocou de roupa com um mendigo e começou a pedir esmola nos degraus da Basílica.
S. FRANCISCO ENCONTRA E BEIJA O LEPROSO
Certo dia, Francisco ía pelo campo e ouviu o sino de um leproso, que alertava os transeuntes para o perigo da doença e deteve-se. Era um homem, um leproso, um doente incurável, roto, esfarrapado e coberto de chagas, que causava repulsa e de quem ninguém ousava aproximar-se devido ao risco de contágio. Francisco desceu do cavalo, cobriu o leproso com a capa e, contemplando o seu rosto, beijou-o. Sentiu, naquela hora, que tinha sido o beijo mais doce da sua vida. (Outro ponto de viragem na vida do Santo Pai S. Francisco).
CRUCIFIXO FALA A S. FRANCISCO
Nas suas inquietações e andanças, e nas suas buscas, por aquilo que lhe ia no interior Francisco, ao deambular pelos montes perto de Assis, passou perto de uma capela em ruínas.
Estando incomodado, com os seus sentimentos e palpitações interiores, entrou Francisco em oração profunda, ouviu uma voz: “Francisco olha para a minha Igreja em ruínas e reconstrói-a.”
S. Francisco, saltando de contentamento, vai à loja do pai, e trás uns panos que vai vender à feira de Folino, oferecendo o dinheiro ao capelão da Igreja que o rejeita.
Francisco não desiste e começa a pedir pedras, para reparar a Igreja apregoando: “Quem me der uma pedra, receberá uma recompensa; quem me der duas, terá dupla recompensa; quem me der três, terá tripla recompensa.
Nesta tarefa, foram muitos os que zombaram de Francisco, tomando-o por louco, dizendo que gozara de bem-estar, em casa de seus pais, e agora acartava pedras às costas. Enquanto outros se emocionavam até às lágrimas.
Nunca Francisco, desistiu dos seus intentos de pobreza, humildade e vivência do Evangelho, mesmo passando por todos estes martírios com grande fervor religioso.
S. FRANCISCO DESPE AS ROUPAS DO PAI
Vendo tudo o que o filho estava a passar, o pai Pedro Bernardote, recolheu-o em casa e fechou-o no depósito do carvão, até que sua mãe Dona Pica o soltou. Liberto, fugiu a refugiar-se em casa do senhor bispo e nessa fuga foi perseguido pelo pai que diante do senhor bispo o acusou de esbanjador de fortunas e reclamou a devolução de tudo o que Francisco tinha retirado da sua loja sem a sua autorização.
Então S. Francisco despiu-se completamente e, tudo devolvendo ao pai, disse: A partir de hoje pai só o Pai Nosso que Estais no Céu e abandonando tudo aos pés do pai, ficando completamente nu, foi coberto pelo manto do bispo que lhe deu protecção para o resto da vida.
CASAMENTO DE FRANCISCO COM A SANTA POBREZA
O Senhor comanda no Evangelho: "meditem, tenham cuidado com a maldade e avareza, e guardem-se das solicitudes deste mundo e dos cuidados desta vida".
Portanto, que nenhum dos irmãos, onde quer que esteja ou onde possa ir, de maneira nenhuma toque ou receba dinheiro, ou faça com que seja recebido, por roupas ou livros, ou como preço de qualquer trabalho, ou por qualquer outro motivo, salvo devido à necessidade manifesta de irmãos doentes.
Porque não devemos dar mais uso e estima ao dinheiro do que às pedras. E o diabo tenta cegar os que o desejam ou o valorizam mais que às pedras. Vamos, portanto, ter cuidado, com o receio de que, depois de termos deixado todas as coisas, possamos perder o reino dos céus por essa ninharia.
E se por acaso encontrarmos dinheiro em qualquer lugar, não lhe prestemos mais respeito do que à poeira que pisamos com os nossos pés, porque é a "vaidade das vaidades, e tudo é vaidade". E, se por ventura acontecesse que algum irmão colectasse ou tivesse dinheiro, salvo apenas devido à dita necessidade dos doentes, que todos os irmãos o vejam como um falso irmão, um ladrão, e um com uma carteira, a menos que ele se arrependa genuinamente.
E que os irmãos não recebam, de forma alguma, esmolas de dinheiro ou façam com que sejam recebidas, não procurem dinheiro ou façam com que seja procurado, nem que o dinheiro seja para outras casas ou sítios, e que não andem na companhia de pessoas que andam à busca de dinheiro para esses lugares.
Mas que façam todos os outros serviços não contrários à nossa vida, com a bênção de Deus. No entanto, os irmãos podem, pela necessidade manifesta dos leprosos, pedir esmola para eles. Mas que sejam muito cautelosos com o dinheiro. E que todos os irmãos tenham também muita atenção para não procurarem neste mundo nenhum lucro imundo.
S. FRANCISCO COMEÇOU A PREGAR A POBREZA, A BONDADE, O PERDÃO E MUITA GENTE PARAVA PARA O OUVIR
Ao chegar a hora de deitar, Francisco fingiu dormir, tal como o seu anfitrião e, pensando que o snr. Bernardo já dormia, levantou as mãos ao céu, e com grandíssima devoção começou a orar: “Meu Deus, Meu Deus”. E dizendo isto chorava copiosamente.
Vendo o snr. Bernardo, à luz da lâmpada, os devotíssimos actos de S. Francisco sentiu-se inspirado pelo Espírito Santo a mudar de vida.
S. Francisco, cheio de alegria transbordante, decidiu pedir conselho a Nosso Senhor Jesus Cristo, e rogar-lhe que se dignasse mostrar a sua santíssima vontade.
Deslocaram-se pois a casa do snr. Bispo e pediram ao sacerdote que dissesse a missa e que, após um tempo de oração, tomasse e abrisse o missal. A rogo de S. Francisco, o sacerdote tomou o missal e, fazendo o sinal da santa Cruz, abriu-o três vezes.
Na primeira leitura, escutaram a resposta de Cristo ao jovem que Lhe perguntou qual era o caminho da perfeição: ”Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá-o aos pobres e segue-Me”. Na segunda, a palavra de Cristo aos Apóstolos: ”Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforge, nem sapatos, nem dinheiro.”
E na terceira, o seguinte conselho de Cristo: “Quem quiser vir a mim, negue-se a si mesmo tome a sua cruz e siga-Me”.
Ouvindo isto, o snr. Bernardo vendeu tudo o que tinha, repartiu pelos pobres e necessitados e seguiu o Santo.
Outros companheiros se lhe seguiram no modo de vida e na oração e S. Francisco resolveu enviar os seus frades pelo mundo a anunciar a Boa-Nova.
E FORAM ENVIADOS AOS PARES A ANUNCIAR A PALAVRA
Passado certo tempo, já se reunia um número interessante de seguidores, S. Francisco considerou que se justificava a aprovação de uma regra de vida para os seus frades.
Francisco escreveu uma pequena Regra e partiu para Roma onde o Papa Inocência III a aprovou oralmente.
No regresso a Rivotorto Francisco e os companheiros foram expulsos do estábulo onde pernoitaram, por o agricultor exigir ali instalar o seu jumento e decidiram, dali, rumar para a Porciùncula.
CONFIRMAÇÃO DA REGRA
No ano de 1210, Francisco e os seus seguidores viajaram até Roma para obter do Papa a confirmação e aprovação oficial do seu modo de vida. Era um bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos que se interrogava sobre se seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo?
Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa recebeu-os. Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo, especialmente com a figura de Francisco, a clareza da sua opção e a firmeza que demonstrava.
O PAPA RECONHECE EM S. FRANCISCO O HOMEM DO SONHO
O Papa reconheceu em S. Francisco o homem que vira em sonho a segurar as colunas da Igreja de Latrão (a Igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava ruir.
Percebeu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho e a gerar uma vida nova em toda a Igreja, tão distanciada dos ensinamentos de Cristo! Em nome da mesma Igreja, o Papa aprovou oficialmente o seu modo de viver o Evangelho, autorizou que Francisco e os seus seguidores O pregassem nas Igrejas e fora delas e despediu-os com a sua bênção.
Este facto histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210 e marcou o nascimento oficial da Ordem Franciscana.
TOMADA DO HÁBITO POR CLARA DE ASSIS
Ao ouvir a pregação de S. Francisco uma certa jovem bela, dócil, nobre e de vasta educação, Clara de Assis, converteu-se com tanto ardor e amor que fundou a Segunda Ordem Franciscana, a Primeira, dos Frades, foi fundada por S. Francisco, designada das Senhoras Pobres ou de Santa Clara por se dedicar a uma vida de oração e pobreza à semelhança da que viveu Clara.
Com cada vez mais convertidos e devotos S. Francisco, através da sua vida e dos seus fluentes sermões, passa a ser muito considerado, até entre nobres.
CONDE TOCADO PELA FÉ OFERECE MONTE ALVERNE
Ao ouvir Francisco, o Conde Orlando de Chiusi, dá o Monte Alverne para que o Santo faça aí um eremitério, onde muitas vezes entrou em Extase.
Francisco não abriu caminho apenas para os Religiosos consagrados pelos votos de Pobreza, Obediência e Castidade (que fazem parte de uma Congregação ou Ordem Religiosa) viverem o Evangelho, mas também para leigos, casados ou solteiros.
Trata-se da Ordem Franciscana Secular, cuja sigla é OFS. É a maneira que Francisco encontrou para não excluir ninguém da possibilidade de ser seguidor ou seguidora de Cristo, à sua maneira. Na Ordem Franciscana Secular qualquer cristão ou cristã pode viver o ideal franciscano, fazendo parte de uma Fraternidade Franciscana.
FUNDAÇÃO DA ORDEM TERCEIRA
O humilde servo de Deus, S. Francisco, pouco depois da sua conversão, tendo já reunido e recebido na ordem muitos companheiros, entrou a pensar muito e com grandes dúvidas, sobre o que devia fazer: dar-se somente à oração, ou também, uma vez por outra à pregação? E sobre isto desejava vivamente conhecer a vontade de Deus. Mas porque a santa humildade, que nele morava, não lhe consentia fiar-se de si mesmo, das suas orações, pensou em indagar a vontade divina, por meio das orações dos outros. E chamando frei Masseu, disse-lhe:
Vai ter com a irmã Clara e diz-lhe da minha parte que com algumas companheiras mais espirituais, peça devotamente a Deus que se digne mostrar-lhe o que será mais conveniente: se dedicar-me á pregação ou somente á oração? Depois procura frei Silvestre e diz-lhe o mesmo.
Era esse frei Silvestre, aquele cavalheiro que, vivendo ainda no século, tinha visto sair da boca de S. Francisco uma cruz de oiro, a qual chegava ao céu e abrangia o mundo, duma extremidade á outra: e era agora de tão grande santidade, que, quanto a Deus pedia, tudo obtinha: e muitas vezes falava com Deus, pelo que S. Francisco tinha por ele uma grande devoção.
Foi, pois, frei Masseu e, conforme o Santo mandou, assim fez indo primeiro a santa Clara e depois a frei Silvestre, que apenas recebeu a mensagem, se pôs logo em oração, e orando, obteve a divina resposta: e voltando aonde estava frei Masseu, disse-lhe:
Isto ordena Deus que digas e frei Francisco: não o chamou Ele a este estado para seu único proveito, mas para que faça fruto nas almas e para que muitos encontrem por ele a salvação.
Havida esta resposta, voltou frei Masseu a santa Clara para saber o que tinha conseguido: e respondeu-lhe, que tanto ela como suas companheiras, haviam recebido resposta igual á de frei Silvestre.
Com isto tornou frei Masseu para s. Francisco, que o recebeu com grandíssima caridade, lavando-lhe os pés e preparando-lhe de jantar. Depois chamou-o ao bosque e, ajoelhando diante dele, tirou o capuz, e com os braços cruzados, lhe perguntou:
Que manda o meu Senhor Jesus Cristo?
Respondeu Frei Masseu: Tanto a frei Silvestre como a Sóror Clara e demais irmãs respondeu Cristo e revelou que é da sua vontade que tu vás pelo mundo pregar, porque não te elegeu Ele para ti somente, mas também para salvação de muitos.
Tendo ouvido S. Francisco esta resposta, e conhecendo por ela a vontade de Cristo, levantou-se e com fervor disse:
Vamos em nome de Deus!
Tomou por companheiros a frei Masseu e a frei Ângelo, homens santos. E caminhando ao impulso do espírito, sem escolher nem caminho nem senda, chegaram a um castelo, que se chamava Carmano. E S. Francisco se pôs a pregar, mandando primeiro às andorinhas, que ali estavam cantando, que se calassem, até ele acabar de pregar.
Obedeceram as andorinhas, e ele pregou com tanto fervor, que todos os homens e mulheres daquele castelo o queriam seguir, por devoção e abandonar a terra; mas S. Francisco não o permitiu, dizendo:
Não tenhais pressa, nem partais; eu ordenarei o que haveis de fazer, para salvação das vossas almas.
Então o Santo, prometeu dar-lhes uma forma de vida em que todos podiam observar a vida no Evangelho sem deixar a família nem abandonar as suas casas.
Em 1216 Francisco cumpre o prometido e entrega o hábito da Penitência aos dois primeiros irmãos da Terceira Ordem Franciscana ao casal Luquésio e Buonadona assim como a 1ª Regra mais tarde em 1223 aprovada pelo Papa Honório III.
E deixando-os assim consolados e bem-dispostos à penitência, partiu para entre Carmano e Bevanha. E passando além com grande fervor, levantou os olhos e viu umas árvores e ladeando o caminho, sobre as quais estava infinita multidão de pássaros, de que muito se admirou, e disse aos companheiros:
Esperai aqui por mim que eu vou pregar aos meus irmãozinhos pássaros.
Entrou no campo e começou a pregar aos pássaros, que estavam no chão. E imediatamente os que estavam pelas árvores vieram até ele, e todos juntos permaneceram quietos, até que S. Francisco acabou a pregação; e só depois que lhes lançou a bênção é que partiram.
S. FRANCISCO E O LOBO DE GÚBIO
Em tempo, que S. Francisco, vivia na cidade de Gúbio, era esta assolada, por um lobo feroz que devastava a região, matando gado e pessoas, vivendo toda a população em pânico.
O Santo, ao ter conhecimento de tal facto, partiu ao encontro do animal, e fazendo sobre ele o sinal da Cruz chamou-o e disse-lhe:
“Anda cá irmão lobo! Eu te mando, da parte de Cristo, que não faças mal, nem a mim nem a pessoa alguma”.
Quero fazer as pazes entre ti e eles, de maneira que, nunca mais os atacarás para comer, nem eles te dêem caça, e para que não padeces de fome a população te alimentará.
Assim feitas as pazes viveu o lobo para sempre na aldeia em paz e harmonia com os cidadãos.
EXPULSANDO DEMÓNIOS EM AREZZO
Chegando, certa vez, em Arezzo, São Francisco e Frei Silvestre, depararam com um grande escândalo: a cidade estava afogada numa terrível luta interna. Quase toda a cidade estava dividida em duas facções que, há muito tempo, com ódio, se degladiavam dia e noite. Abrigou-se o bem-aventurado Francisco num hospital dos arredores. Ao ouvir o tumulto e gritaria que não paravam, parecia-lhes que os demónios exultavam com aquelas discórdias, e instigavam os habitantes a destruir a cidade pelo fogo e outras calamidades.
Movido de compaixão por aquela cidade, dirigiu-se a Frei Silvestre, homem de Deus, sacerdote de sólida fé, de admirável simplicidade e pureza, nestes termos: “Vai em frente da porta da cidade e, o mais alto que possas, ordena que os demónios saiam dela”.
Dirigiu-se Frei Silvestre à porta da cidade e, a plenos pulmões, gritou: “Bendito e louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Da parte de Deus Todo-Poderoso e em virtude da obediência devida a nosso Pai Francisco, imponho a todos os demónios que abandonem a cidade!”
Assim foi que, pouco depois, graças à misericórdia de Deus e à oração do bem-aventurado Francisco, sem mais pregação, a paz e a concórdia voltaram a reinar entre os habitantes. A cidade tratou de preservar com grande tranquilidade os direitos dos cidadãos (LP 81; 2C 108: LM VI 9)
S. FRANCISCO DESAFIA UM SACERDOTE DO SULTÃO A ENTRAR NO FOGO
Entre a 4ª e 5ª cruzada houve algumas expedições militares contra os infiéis. De uma delas, que aportou no Egipto, participou São Francisco de Assis.
Ele, (São Francisco) teve a audácia de se fazer conduzir à presença do sultão, tendo somente sua fé por salvaguarda. O sultão o escutou com a maior atenção, como que subjugado.
Como o bem-aventurado Francisco começasse a pregar e ofereceu-se para entrar no fogo juntamente com um sacerdote sarraceno, para assim provar ao sultão que a Lei de Cristo era verdadeira, o sultão respondeu: Irmão, eu não creio que algum sacerdote sarraceno queira entrar no fogo por sua fé.
Depois, temendo que alguns dos de seu exército, pela eficácia da palavra de São Francisco, fossem convertidos para o Senhor, o sultão o fez conduzir, com toda sorte de considerações e em perfeita segurança, ao campo dos nossos, dizendo-lhe por despedida: Reze por mim para que Deus se digne de me revelar a lei e a fé que mais Lhe agrada.
ESTIGMATIZAÇÃO DE S. FRANCISCO
Em Montalverne decorria o ano de 1223, a 14 ou 15 de Setembro, por tempo da festa da Exaltação da Cruz, estava S. Francisco em Extase quando teve uma visão, pairando acima dele, estava um Serafim com seis asas, preso a uma cruz com os braços estendidos e os pés unidos.
Esta aparição deixou S. Francisco confuso, alegre pela beleza, e triste pelo sofrimento atroz que lhe lembrava JESUS CRUCIFICADO.
Não compreendia o Santo, aqueles sinais nem aqueles sentimentos que lhe agitavam o espírito, e o coração quando com grande singularidade, se dá a aparição dos sinais dos cravos, nas suas mãos nos seus pés, e no lado, uma ferida aberta parecendo um golpe de lança, sangrando tão abundantemente das feridas, que lhe tingiam a túnica de sangue por mais que S. Francisco tentasse esconder.
Almejava o Santo no seu coração, há muito tempo, sentir a experiência da Cruz para ficar mais perto do Seu Senhor, e poder viver assim as dores da crucificação.
Foram muito poucos que tiveram o privilégio, (afortunado foi Frei Elias e Frei Rufino) de ver os estigmas já que S. Francisco, pois com muita habilidade, as escondia dos olhos de estranhos dos próprios irmãos e amigos para que não lhe roubassem a graça divina, por isso de quando em vez citava o Profeta: «Escondi no meu coração as Tuas palavras para não pecar contra ti».
UMA VINHA EM RIETI
Quando com muito sofrimento e dor, o bem-aventurado andava a tratar da doença dos olhos, derivado aos maus tratos que deu ao seu corpo e a penitências rigorosas, parou numa paróquia, onde o pároco tinha uma vinha que o abastecia de vinho para todo o ano, onde obrigatoriamente se teria de passar para visitar o santo.
Como as uvas estavam maduras e apetitosas, foram apanhando e comendo, de tal maneira que a vinha ficou pisada e vindimada, pelo que o pobre do pároco, muito se lamentava, até que o santo de tanto o ouvir chamou-o e disse-lhe: «Acaba com as lamentações e confia no Senhor pois serás pago por Ele mais do que tinhas».
Lá ficou o pároco convencido, recebendo na colheita seguinte mais vinho e de melhor qualidade daquela vinha pisada e vindimada do que quando estava carregada de uvas.
CÂNTICO AO IRMÃO SOL
Já muito cansado e doente, por tantos tratamentos, cautérios e sangrias, quando andava pela Ùmbria e pelas Marcas piorou dos seus olhos, e sentindo a fraqueza que o atingia, pediu que o levassem para a Porciùncula e que passasse por S. Damião para visitar a irmã Clara, onde compõe o Cântico das Criaturas e termina o Cântico ao Irmão Sol.
CONFIRMAÇÃO DOS ESTIGMAS DE S. FRANCISCO
Já bastante debilitado do seu estômago, onde a comida já não ficava, com bastantes hemorragias e vomitando sangue, ficou na casa do Bispo de Assis para fazer tratamentos.
Por muito que tivesse, tentado esconder as suas jóias por causa dos tratamentos, foi obrigado a mostrar as chagas que lhe foram impostas no Monte Alverne.
S. FRANCISCO ABENÇOA A CIDADE DE ASSIS
Sentindo-se agonizante em casa do Bispo pediu que o levassem quanto antes para Santa Maria da Porciùncula parando no caminho para o virarem para Assis onde abençoa a cidade pela última vez.
Pressentindo S. Francisco, que o fim estava próximo, mandou chamar os irmãos para as solenes despedidas, chamando Frei Elias impôs as mãos na sua cabeça abençoando-o assim como a todos os irmãos.
Quis DEUS que tão ditosa alma, com um percurso de dita, com êxtases e um amor a JESUS e aos homens do tamanho do mundo, com sofrimento agonizante sem igual, tivesse uma horda de irmãos em todo mundo, que faz com que, S. Francisco de Assis seja contemporâneo ainda hoje, no amor e no sofrimento da humanidade pelos divulgadores da sua prática e dos seus ideais
CASA ONDE NASCEU S. FRANCISCO
Compilado por Irmão Rui
Fontes para completar informação
FONTES FRANCISCANAS I
S. FRANCISCO DE ASSIS
Editorial Franciscana
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