22 de abril de 2010
ITINERÁRIO FRANCISCANO
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12 de abril de 2010
5 de abril de 2010
O SENHOR RESSUSCITOU VERDADEIRAMENTE. ALELUIA!
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29 de março de 2010
28 de março de 2010
SEMANA SANTA - Domingo de Ramos
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20 de março de 2010
Capítulo Electivo
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4 de março de 2010
Ano Sacerdotal - Padre, Ministro da Misericórdia de Deus
Padre, Ministro da Misericórdia de Deus
É um sítio isolado onde se desfruta a beleza da natureza e se ouve o silêncio, local propício à reflexão e à oração.
Ao convidá-lo para esta Semana de Espiritualidade, queremos acolhê-lo cordialmente em nossa casa e proporcionar-lhe um encontro sempre renovador com Jesus Misericordioso, consigo próprio, com outros irmãos na fé e com a natureza.
A Semana tem início às 19:00h, do dia 6 de Abril (Terça-feira de Páscoa), com a oração de Vésperas, e termina no dia 11 de Abril, Domingo da Misericórdia, com a Coroa da Misericórdia e Rito de Envio, pelas 16:00h.A Semana termina com a celebração da Festa da Misericórdia, que a todos enche de alegria.
Vale a pena pedir 4 dias de férias antecipadas para poder participar.
Inscreva-se e estenda este convite a outros: amigos, colegas e a quem o Senhor lhe inspirar.
INSCRIÇÕES
Preço de inscrição: 30 €
Inscrições até 26 de Março de 2010
ALOJAMENTO (DIÁRIA)
Quarto individual: 37 €
Quarto duplo: 32 €
Quarto de Casal: 64 €
Quarto de 4 camas: 29 €
TRANSPORTES
Há autocarros desde os grandes centros até Macedo de Cavaleiros.
De Macedo (Estação: no B. de S. Francisco) para Chacim (14 Km), há autocarro:
- 11: 00h (Santos) – do mercado
- 15: 40h (Santos) – da estação
- 17: 40h (Santos) – da estação e do Café Diamante.
De Chacim a Balsamão (4 Km): de taxi (Telefone do taxi de Chacim: 278 461 370; Telem. 93 833 7313). Se não estiver livre, telefone-nos, que nós iremos buscá-lo(a).
Convento de Balsamão,
de 6 a 11 de Abril de 2010
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Formação em Fraternidade
A pedido do nosso Irmão Rui Grácio aqui fica a divulgação do Curso de
Espiritualidade que terá a sua orientação.
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3 de março de 2010
Mensagem do Santo Padre Bento XVI para a Quaresma de 2010
Queridos irmãos e irmãs,
todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida à luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o vasto tema da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 - 22).
Justiça: «dare cuique suum»
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra «justiça» que na linguagem comum implica «dar a cada um o que é seu - dare cuique suum», segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romano do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele «seu» que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo que só gratuitamente lhe pode ser concedido: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais - no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos, mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o «seu» que lhe é devido.
Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nota Santo Agostinho: se «a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu... não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus» (De civitate Dei, XIX, 21).
De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: «Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tomar impuro.
Mas o que sai do homem, isso é que o toma impuro.
Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos» (Mc 7,14-15.20-21). " Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem «de fora», para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus - é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: «Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado» (SI. 51,7).
Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra m outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram à lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; à lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela " - ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza.
Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?
Justiça e Sedaqah
No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que «levanta do pó o indigente (Sl. 113,7) e justiça em relação ao próximo.
A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem.
De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva (cfr Dt 10,18-19).
Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex 8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo (cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto - suficiência, daquele estado profundo de fecho, que á a própria " origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um «êxodo» mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente para realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?
Cristo, justiça de Deus
O anúncio cristão responde positivamente à sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: «Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus... mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes.
De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vítima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé» (3,21-25).
Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros.
O facto de que a «expiação» se verifique no «sangue» de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si «a maldição» que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a «bênção» que toca a Deus (cfr GaI 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: Que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é «seu»? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante.
Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência -indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.
Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, óbvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do «meu», para me dar gratuitamente o «seu». Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Graças à acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça «maior», que é aquela do amor (cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.
Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.
Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo, de coração, a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2009
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21 de fevereiro de 2010
Paz e Bem para a Madeira
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Preparar a Visita Pastoral e Fraterna
Realizar-se-á no próximo dia 28 de Fevereiro de 2010 a Visita Pastoral e Fraterna à Fraternidade Franciscana Secular de S. Francisco à Luz.
O encontro mensal da Fraternidade, irmãos professos e formandos, iniciar-se-á, no referido dia 28 de Fevereiro, às 13:00 horas, com o almoço preparado pelo Conselho da Fraternidade e terminará com a Eucaristia às 16:30 horas.
Para a preparação da Visita o Conselho Regional ofereceu o seguinte documento aos irmãos.
Pró - memória a distribuir aos Irmãos da Fraternidade onde se vai realizar a Visita Pastoral e Fraterna
1. Em primeiro lugar, pede-se para ler o artigo 26º da Regra e os artigos 92º a 95º das Constituições Gerais.
2. Recorde-se que a finalidade da Visita pastoral e da Visita fraterna é, substancialmente, a mesma: cuidar da fidelidade à fé, à comunhão com a Igreja, ao carisma franciscano e à observância da Regra e das Constituições.
3. A visita é chamada pastoral quando é realizada pelo Visitador religioso e fraterna quando é realizada pelo Visitador secular. Parece-nos que, para maior benefício das fraternidades, é oportuno que as duas visitas se realizem em simultâneo.
4. Objectivos da Visita pastoral:
- Conhecimento da vida da Fraternidade.
- Situação da vida espiritual: oração pessoal e comunitária, vida litúrgica e sacramental.
- Situação da vida fraterna: como é o relacionamento entre os irmãos.
- Situação da assistência espiritual.
- Situação da formação, inicial e permanente.
5. Objectivos da Visita fraterna:
- Incentivar a vida fraterna, promovendo a paz e o relacionamento cordial entre os irmãos.
- Avaliar a presença da Fraternidade na Igreja local; ver se é activa e corresponde ao espírito franciscano.
- Verificar a qualidade da formação inicial e permanente.
- Examinar os Livros e documentos de registo, relativos à vida da Fraternidade.
6. Questionário proposto:
6.1 A nível administrativo e organizativo
- A Fraternidade tem erecção canónica?
- Os livros e registos referentes à admissão à Ordem, às Actas, às Presenças e à Crónica estão em ordem e em dias?
- O livro de Caixa e a gestão económica da Fraternidade é transparente e obedece ao carisma franciscano?
- Se a Fraternidade é proprietária de bens imóveis ou de instituições de solidariedade social, como é organizada essa gestão?
- Há problemas ou assuntos que, neste âmbito, é necessário esclarecer e regularizar?
6.2 A nível do Plano de Vida e Acção
- O Conselho da Fraternidade elabora, anualmente e em comunhão com toda a Fraternidade o Plano de Vida e Acção?
- Quais são os critérios orientadores na elaboração do dito Plano?
- No fim do ano, é feita a avaliação do mesmo Plano?
- São devidamente tidos em conta os Planos de Vida e Acção dos Conselhos Superiores (regional e nacional)?
6.3 A nível de relações fraternas
- Como é o “clima” que se respira na Fraternidade? Podem-se aplicar à fraternidade as palavras do apóstolo Pedro: “Todos têm o mesmo pensar e os mesmos sentimentos, o amor de irmãos, a misericórdia e a humildade”? (1Ped. 3,8).
- Há causas objectivas que dificultam o relacionamento fraterno? Quais? E qual é o remédio possível?
- As iniciativas e as escolhas da Fraternidade favorecem o crescimento da vocação franciscana, que é viver o Evangelho testemunhando-o com uma vida simples e fraterna?
6.4 A nível eclesial e social
- A Fraternidade está inserida positivamente na vida da Paróquia e da Diocese?
- A Fraternidade assume o seu carisma próprio e procura ser fermento da novidade evangélica na Igreja local e na sociedade?
- Há “obras de misericórdia” que caracterizam os irmãos da Fraternidade?
- O primeiro empenho do franciscano secular é valorizar a vida familiar, primeira célula da Igreja. Como é visto e vivido este empenho?
- A Fraternidade está receptiva à pastoral juvenil e vocacional’ Como se relaciona com a JUFRA?
- A Fraternidade está consciente da sua pertença à Família Franciscana e procura manter viva a sua ligação com ela?
- O Evangelho é “profecia” para o mundo. A vida evangélica da Fraternidade interpela o mundo, em ordem ao sentido e ao fim da própria vida?
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19 de fevereiro de 2010
Impacto da pornografia no matrimónio e nos adolescentes
Aqui está um bom artigo que responde a muitas perguntas.
Por Pe. John Flynn, L. C.
Se os consumidores regulares de pornografia são homens, tendem a ter uma tolerância maior com o comportamento sexual anormal, observava o estudo. Também é um habito muito viciante, devido à produção de hormônios que estimulam as partes responsáveis pelo prazer no cérebro. Fagan reconhecia que a energia sexual é uma poderosa força e, devido a isso, a sociedade necessita canalizar essa energia de uma forma que promova o bem comum. O casamento legitima a intimidade sexual, que protege as crianças que são resultado do ato sexual, e promove a estabilidade social. Colocar limites à atividade sexual ajuda os adolescentes enquanto amadurecem para orientar de forma correta sua sexualidade. Infelizmente, comentava o estudo, o desenvolvimento dos modernos meios de comunicação está derrubando estas barreiras e aumenta as formas dos criadores de pornografia entrarem na vida familiar.
Consequências para a família
Ao tratar sobre as consequências para o matrimônio, Fagan faz referência a estudos que demonstram como as mulheres são afetadas pelo consumo de pornografia dos maridos. Em muitos casos, as esposas desses consumidores de pornografia sofrem danos psicológicos profundos, observava. Entre eles, sensações de traição, perda e desconfiança. Podem também se sentir pouco atrativas ou não aptas sexualmente, o que por sua vez pode levá-las à depressão. Fagan acrescentou que os consumidores masculinos de pornografia tendem a diminuir sua implicação emocional em suas relações sexuais, o que acaba fazendo com que suas esposas sofram através da diminuição da intimidade de seus maridos. Em um estudo, os maridos afirmavam desejar menos suas esposas por causa do longo tempo dedicado à pornografia. A pornografia também tem impacto no lado físico nos relacionamentos. A exposição prolongada promove a insatisfação com o outro e com seu comportamento sexual. Fagan fazia referência a outros estudos que mostravam que os consumidores de pornografia veem cada vez mais o casamento como um confinamento sexual e isso os leva a duvidar do valor do matrimônio como instituição social.
Verdadeira infidelidade
O distanciamento emocional das esposas e o próprio casamento sofrem as consequências. Fagan dizia que o consumo da pornografia e de outras formas de contato sexual online é considerado por muitas esposas tão prejudicial para a relação como uma infidelidade na vida real. De fato, os homens e as mulheres reagem à pornografia de modo diferente. Um estudo realizado por estudantes teve como resultado que os homens se transtornavam mais pela infidelidade sexual enquanto que as mulheres pela infidelidade emocional. Outro estudo examinava os diversos tipos de degradação da pornografia. Tanto homens quanto mulheres qualificavam três temas principais como os mais destrutivos, mas com intensidades diferentes: as mulheres os consideravam mais degradantes que os homens. O impacto nas mulheres aumenta quando seus maridos se tornam viciados em pornografia. Fagan citava um estudo que revelou que 40% desses viciados em sexo perdem suas esposas. Não foi investigada a fundo a relação entre pornografia e divórcio, mas um estudo sobre relatos de advogados de divórcio indicava em 68% os casos de divórcios ocasionados por uma das partes que se envolveu em interesses amorosos na internet, e 56% os casos em que uma das partes tinha um interesse obsessivo nas páginas pornográficas da web. As mulheres não são as únicas que sofrem quando a pornografia se converte em vício. O estudo de Fagan observava ainda que o consumo frequente de pornografia trás como consequências uma menor auto-estima e uma menor capacidade entre homens de levar uma vida social significativa. Um estudo sobre viciados em pornografia revelou que eles se sentiam angustiados e percebiam que importantes aspectos de suas vidas estavam se deteriorando através de seus vícios.
Ilusão
A pornografia apresenta a atividade sexual como uma espécie de evento esportivo ou diversão inocente, comentava Fagan, sem nenhum impacto importante nas emoções e na saúde. Argumentava que isso simplesmente não corresponde à realidade. De fato, a pornografia gera percepções distorcidas de realidade social: uma percepção exagerada do nível de atividade sexual da população geral e uma estimativa que aumenta a probabilidade da atividade sexual pré-matrimonial e extra-matrimonial. Também gera uma imaginação do predomínio de perversões como o sexo em grupo, a bestialidade e a atividade sadomasoquista. “Desta forma, as crenças que se formam na mente do espectador de pornografia estão bastante distantes da realidade”, diz Fagan. “Um exemplo é que o uso repetido de pornografia induz a doença mental em matéria sexual”, conclui. Entre as distorções criadas pela pornografia estão três crenças: 1. as relações sexuais na natureza são algo recreativo. 2. os homens são em geral sexualmente dominantes. 3. as mulheres são objetos ou bens sexuais. Em consequência, Fagan descrevia como a pornografia promove a ideia de que a degradação das mulheres é algo aceitável. Além disso, posto que os homens utilizam a pornografia com muito mais frequência que as mulheres, seu predomínio conduz à ideia de que as mulheres são objetos para o sexo ou bens sexuais. Fagan contava que uma grande quantidade de pornografia é de conteúdo violento. Um estudo dos diferentes meios pornográficos encontrou violência em quase 1/4 das cenas de revistas, e mais de 1/4 nas cenas de vídeos, além de mais de 40% na pornografia online. Os estudos sugerem que há uma conexão entre a exposição da pornografia e as agressões sexuais, acrescentou. Inclusive o consumo de pornografia não-violenta aumenta a vontade nos homens de forçar suas parceiras sexuais quando estas não consentem. O consumo de pornografia se associa também a delitos sexuais, afirmava Fagan. Ele cita um estudo de delinquentes sexuais na internet, condenados, que informava que haviam passado mais de 11 horas porsemana vendo imagens pornográficas de crianças na internet. Outros estudos revelaram que uma grande porcentagem de estupradores e violentadores de forma geral viu pornografia durante sua adolescência.
Adolescentes
A pornografia portanto não só danifica matrimônios, mas também tem um forte impacto nos adolescentes. Um estudo sobre adolescentes mostrava que o consumo habitual de pornografia fazia com que não fossem leais com suas namoradas. De igual forma, o uso de pornografia aumentava depois sua infidelidade matrimonial em mais de 300%.Fagan descrevia como os adolescentes que veem pornografia se desorientam durante a fase de desenvolvimento na qual estão aprendendo a lidar com sua sexualidade e também é quando são mais vulneráveis a incertezas sobre suas crenças sexuais e seus valores morais. Um estudo sobre adolescentes revelou que o conteúdo explicitamente sexual na internet aumentava de modo significativo suas incertezas sobre sexualidade. Outro estudo falava que os adolescentes expostos a altos níveis de pornografia tinham um nível mais baixo de auto-estima sexual. Existe também uma relação significativa entre ver com frequência pornografia, sentimentos e sensações de solidão, incluindo graves depressões. O alto consumo de pornografia na adolescência pode ser também um fator de importância nas gravidezes adolescentes. Muito antes da chegada da internet, o Concílio Vaticano II comentava em seu decreto sobre a mídia que, se utilizada de modo apropriado, seria de grande utilidade para a humanidade. A Igreja “sabe que estes meios, retamente utilizados, prestam ajuda valiosa ao género humano, enquanto contribuem eficazmente para recrear e cultivar os espíritos e para propagar e firmar o reino de Deus; sabe também que os homens podem utilizar tais meios contra o desígnio do Criador e convertê-los em meios da sua própria ruína; mais ainda, sente uma maternal angústia pelos danos que, com o seu mau uso, se têm infligido, com demasiada frequência, à sociedade humana" (n. 2), observava o decreto. Um mau uso que hoje envenena famílias e casamentos.
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ZENIT
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16 de fevereiro de 2010
Mensagem do Cardeal-Patriarca de Lisboa para a Quaresma de 2010
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Via Sacra
VIA SACRA
A ÁRVORE DA VIDA
MISTÉRIO DO SOFRIMENTO[1]
Quinto fruto:
Confiança nos perigos
1ª Estação - Jesus, vendido por traição
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
17. Quem deseje meditar devotamente na Paixão de Cristo[2], não pode esquivar-se a considerar antes de mais nada a perfídia do traidor. Estava ele tão profundamente impregnado do veneno da velhacaria, que não teve pejo de trair o seu Mestre e Senhor. Vivia tão inflamado pela chama da cobiça, que se atreveu a vender por dinheiro o Deus de bondade, e a negociar como vil mercadoria, por um preço irrisório, o sangue preciosíssimo de Cristo. E enfim, mostrou também o grau supremo de ingratidão, perseguindo até à morte aquele que lhe tinha confiado tudo, e o promovera à suprema dignidade de apóstolo. Foi tão obstinada a sua impenitência, que nem o ambiente familiar da refeição, nem o gesto de humildade e deferência do Mestre, nem a delicadeza do discurso de despedida, nada disso conseguiu demovê-lo do seu plano diabólico.
Em contrapartida, que incrível bondade a do Mestre para com o discípulo rebelde, a do Senhor santíssimo para com o servo malvadíssimo! Não há dúvida que melhor seria para esse homem não ter nascido (Mt 26, 24).
Pai Nosso
2º Estação - Jesus, prostrado em oração
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
18. Sabendo Jesus o que lhe ia acontecer segundo misteriosa disposição do alto, depois de cantado o hino de acção de graças no fim da Ceia, saiu para o Monte das Oliveiras na intenção de aí orar ao Pai, como tinha por costume. Ao ser invadido pela agonia da morte, perante a previsível dispersão das ovelhas a quem amava com entranhado afecto, como extremoso Pastor que era, então mais do que nunca foi tão horrível para a sensível natureza humana de Cristo imaginar a morte iminente, que chegou a suplicar: Pai, se é possível, passe de mim este cálice! (Mt 26, 39).
A comprovar a enorme angústia que por diversos motivos experimentou nessa hora o espírito do Redentor, estão as gotas de «suor de sangue» a escorrerem-lhe do corpo para o chão.
Pai Nosso
3ª Estação - Jesus cercado por um bando hostil
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
19. No entanto, Jesus estava espiritualmente preparado para o sofrimento, como se deduz com toda a evidência pelo desenrolar dos factos. Quando, pela calada da noite, um bando de homens sanguinários (SI 55, 24) e decididos a darem-lhe a morte (SI 38, 13), vieram procurá-lo, em companhia do traidor, munidos de archotes, lanterna e armas, foi ele a sair-lhes ao encontro, a identificar-se e a deixar-se prender. No entanto, para que a presunção humana se capacitasse de que nada poderia fazer contra ele senão na medida em que ele o permitisse, com uma simples palavra da sua omnipotência lançou por terra os detestáveis esbirros.
Oração: Porém, mesmo nessa altura o manso Cordeiro não se esqueceu da sua compaixão (SI 77, 10), nem do favo dos seus lábios deixou de escorrer o mel da misericórdia (cf. Ct 4, 11). O caso é que, ao simples contacto da sua mão, recompôs a orelha de certo criado atrevido, mutilada por um dos seus discípulos, e reprimiu a impetuosidade desse defensor, disposto a ferir os atacantes. Maldito seja o furor tão selvagem (Gn 49, 7) dessa canalha, que não se rendeu nem à majestade dum milagre nem à generosidade duma cura.
Pai Nosso
4ª Estação - Jesus preso e manietado
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
20. Enfim, quem seria tão insensível que não soltasse um gemido de dor ao ouvir o que depois se passou? Como aqueles ferozes esbirros agarraram com suas mãos homicidas o Rei da Glória, ataram as mão inocentes do doce Jesus, e depois, no meio de injúrias, como se dum ladrão se tratasse, arrastaram para o sacrifício o manso Cordeiro, que não proferiu uma só palavra!
Oração: Que aguilhoada de dor não terão nessa altura sentido os corações dos discípulos, ao verem o Mestre e Senhor, a quem tanto amavam, traído por um condiscípulo, de mãos amarradas atrás das costas, a ser levado para a morte como um bandido! Pois se até o miserável Judas veio mais tarde a ficar cheio de remorsos e de amargura, a ponto de preferir suicidar-se a continuar a viver! Mas ai desse homem, pois em vez de acudir à fonte da misericórdia a pedir perdão, deixou-se vencer pelo desespero, horrorizado com a enormidade do seu crime!
Pai Nosso
Cântico: Vinde, adoremos o Senhor Crucificado (11) – Paixão do Senhor
Música (Cont.)
Sexto fruto:
Paciência nas injúrias
5ª Estação - Jesus, desconhecido dos seus
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
21. Uma vez preso o Pastor, dispersaram-se as ovelhas (Mt 26, 31). Capturado o Mestre, os discípulos puseram-se em fuga. Só Pedro, mais fiel que os outros, o seguiu de longe, até ao átrio do palácio do sumo-sacerdote (cf. Mt 26, 5855). Aí, interpelado três vezes por uma criada, jurou que nem sequer conhecia Cristo. Ao cantar dum galo, o bom Mestre dirigiu ao discípulo predilecto um olhar de comiseração e de graça; e Pedro, recordando então o aviso de Jesus, saiu dali para fora a chorar amargamente (Mt 26, 75).
Oração: Também tu, quem quer que sejas, perante a provocação da criada que é a tua carne, terás porventura renegado descaradamente, por palavras ou por obras, a Cristo que sofreu por ti. Se assim é, recorda a Paixão do extremoso Mestre e sai com Pedro para chorares amargamente por ti mesmo. Pode ser que também para ti dirija o seu olhar aquele que o dirigiu ao Pedro banhado em lágrimas. Tens duas razões para te sentires amargurado: uma é de compunção por ti, outra é de compaixão por Cristo. Enche-te de amargura (cf Lm 3, 15), para que, purificado com Pedro da culpa do pecado, recebas com ele o espírito de santidade.
Pai Nosso
6ª Estação - Jesus, de olhos vendados
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
22. Apresentado perante os celerados pontífices, reunidos para o efeito em sessão de tribunal, Jesus Cristo confessou a verdade: que era de facto o Filho de Deus. Daí resultou ser declarado réu de morte, por essa declaração ser considerada uma blasfémia. Imediatamente foi submetido a inúmeros ultrajes. Assim, o seu rosto, que os anciãos[4] respeitam e os Anjos suspiram por contemplar, enchendo o Céu de alegria, é conspurcado com escarros cuspidos por lábios imundos; é ferido por mãos sacrílegas e por escárnio coberto com um véu. O Senhor de toda a criação é esbofeteado como um vil escravo; e nessa ocasião, de semblante absolutamente calmo e em tom delicado, não deixou de censurar com brandura o procedimento de um dos criados do pontífice, por lhe ter dado uma bofetada: Se disse alguma coisa de mal, mostra onde está o mal; mas se o que eu disse está certo, porque me bates? (Jo 18, 23).
Oração: Oh, Jesus, como foste sincero e benévolo! Ao ver e ouvir tudo isto, haverá alma devota capaz de conter as lágrimas e ocultar a dor que lhe trespassa o coração?
Pai Nosso
7ª Estação - Jesus, nas mãos de Pilatos
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
23. Mas a impiedade dos Judeus, verdadeiramente horripilante, não se sentia satisfeita com tantas injúrias. Rugindo de raiva, como feras, apresentam a um ímpio juiz a alma do Justo, para ele a devorar como um cão danado. Os pontífices conduziram Jesus manietado perante Pilatos, requerendo que fosse infligido o suplício da cruz àquele que não tinha cometido absolutamente nenhum pecado (2 Cor, 5, 21). Mas ele, como cordeiro levado ao matadouro, ou como ovelha emudecida na mãos do tosquiador (Is 53, 7), permaneceu de pé, em frente do juiz, manso e calado, enquanto pérfidas testemunhas lhe atribuíam um acervo de falsos crimes, e com um berreiro ensurdecedor pediam a morte para o autor da Vida, e a vida em liberdade para um ladrão desordeiro e homicida. Em sua loucura e malvadez, preferiram o lobo ao cordeiro, a morte à vida, as trevas à luz.
Oração: Oh, doce Jesus! Quem seria tão duro de coração que pudesse ficar impassível, sem um gemido ou um protesto, ao escutar com os ouvidos corporais, ou até só em imaginação, aqueles gritos horríveis. Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o! (Jo 19, 15).
Pai Nosso
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
24. Pilatos depressa se capacitou que o povo judaico estava assanhado contra Jesus não tanto por zelo de justiça, mas por uma questão de má vontade; por isso lhes afirmou claramente que não encontrava nele qualquer motivo, por mínimo que fosse, para o condenar à morte. No entanto, deixando-se vencer por um receio humano, também ele se sentiu amargurado (Lm 3, 15), e resolveu entregar o rei justo à justiça dum cruel tirano, Herodes, que no entanto se limitou a vilipendiá-lo e logo o devolveu ao remetente. Ordenou então Pilatos, redobrando a crueldade, que o desnudassem perante os seus escarnecedores, para que desumanos algozes lhe dilacerassem com chicotadas atrozes a carne cândida e virginal, multiplicando cruelmente vergões e chagas. O precioso sangue do jovem inocente e amante começou a escorrer-lhe pelas costas abaixo. E isso apesar de não se ter encontrado nele a mais ligeira culpa!
Oração: E tu, homem perdido, em grande parte responsável por ele ter sido assim desfigurado e espezinhado, como não prorrompes num pranto de lágrimas e suspiros? Considera como o Cordeiro inocente, para te livrar duma justa sentença de condenação, aceitou por amor de ti ser condenado a uma sentença injusta. Ele restituiu aquilo que tu roubaste (SI 69, 5), e tu, alma minha malvada e insensível, não pagas com gratidão a sua dedicação, nem retribuis o afecto da sua compaixão!
Pai Nosso
Cântico: Ele foi trespassado (12) – Paixão do Senhor
Música (Cont.)
Sétimo fruto:
Constância nos suplícios
9ª Estação - Jesus desprezado por todos
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
25. Depois de Pilatos haver decidido satisfazer os desejos malvados dos inimigos de Jesus, os sacrílegos soldados não se contentaram com executá-lo por crucifixão; resolveram antes disso divertir-se com a vítima, submetendo-a a uma sessão de vexames e vilipêndios. Nesse intuito reuniram no pretório toda a corte, tiraram ao condenado a roupa própria, vestiram-no com uma túnica escarlate, puseram-lhe aos ombros um manto de púrpura, enfiaram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão direita uma cana a fingir de ceptro, e considerando-o um rei de comédia, genuflectiam zombeteiramente diante dele enquanto lhe davam bofetadas, lhe cuspiam no rosto e lhe batiam na sagrada cabeça com a cana.
Oração: Presta agora atenção, soberbo coração humano, que tanto horror tens a vexames e tanto anseias por honras. Quem é esse que assim aparece, caracterizado de rei, mas por outro lado escarnecido como o mais vil dos escravos? Não é outro senão o teu verdadeiro Rei e verdadeiro Deus, mas que aceitou ser desprezado e abandonado pelos homens e ser tratado como um leproso (Is 53, 3-4), para te libertar a ti da condenação eterna e te curar da lepra da soberba. Desgraçados, sim, três vezes desgraçados aqueles que, apesar dum exemplo tão eloquente de humildade, se deixam exaltar pelo orgulho! Esses crucificam de novo o Filho de Deus (Hb 6, 6), o qual é tanto mais digno de ser reverenciado pelos homens, quanto maiores foram os ultrajes que por eles sofreu.
Pai Nosso
10ª Estação - Jesus pregado na cruz
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
26. Quando os ímpios verdugos se cansaram de ridicularizar o Rei manso e humilde, tornaram-lhe a vestir as roupas próprias, embora não tardasse a ser de novo despojado delas. Depois, carregado com uma cruz às costas, foi conduzido a um lugar chamado da Caveira (Jo 19, 17). Aí, pondo-o completamente nu, apenas com um reles farrapo a cobrir-lhe as partes pudendas, arremessam-no brutalmente para cima da haste da cruz, deitam-no ao comprido, esticam-no, puxam-no, estiram-no dum lado e doutro como se estira uma pele, perfuram-lhe mãos e pés com pregos pontiagudos, ficando assim suspenso da cruz apenas por esses cravos, cada vez mais dilacerado com o próprio peso. As suas roupas são divididas entre os carrascos como espólio, enquanto a túnica, por ser uma peça inteiriça, sem costura, é atribuída a um só, tirado à sorte[5] .
Oração: Contempla agora, alma minha, como o Deus para sempre bendito, que está acima de todas as coisas (Rm 9, 5), se vê completamente submerso, desde a planta dos pés ao alto da cabeça, num mar de sofrimento, a ponto de quase se afogar (SI 69, 2), e isto para te livrar a ti de semelhantes sofrimentos.
Coroado de espinhos, obrigam-no a vergar-se ao peso da cruz e a transportar o madeiro da sua própria ignomínia. Conduzido ao local do suplício, é desnudado, de modo a parecer um autêntico leproso, pelos vergões e rasgões da carne, nas costas e nas ilhargas. Depois, traspassado pelos cravos, o teu Amado apresenta-se como uma chaga viva, para te curar. Só queria que Deus me satisfizesse um pedido e realizasse este meu desejo (Jb, 6, 8): ser também eu todo traspassado, no espírito e na carne, e pregado no patíbulo da cruz, juntamente com o meu Amado!
Pai Nosso
11ª Estação - Jesus no meio de ladrões
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
27. Para aumentar a vergonha, a ignomínia, a desonra e a dor, o Cordeiro inocente é exposto num sítio alto, e apresentado como espectáculo num lugar de execução de malfeitores, fora das muralhas da cidade, como excomungado, em dia de festa e à hora de maior visibilidade, no meio de ladrões, enquanto alguns amigos o choravam e os inimigos o insultavam.
Efectivamente, as pessoas que por ali passavam, abanavam a cabeça (Mt 27, 39) em sinal de desprezo, e muitos que presenciavam a cena faziam troça dele caçoando que salvara outros, mas não era capaz de se salvar a si mesmo (Mt, 27, 42). De tais zombarias não se absteve sequer um dos ladrões. Entretanto, o manso Cordeiro, numa atitude de sublime caridade, interpelava o Pai em favor dos que o tinham crucificado e agora o escarneciam, e prometia o paraíso ao outro ladrão, que se reconhecia culpado e suplicava perdão. Oh, palavra bendita, cheia de compaixão e doçura: Pai, perdoa-lhes! (Lc 23, 34). Oh, expressão rica de amor e de graça: Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso! (Lc 23, 43).
Oração: Podes respirar também tu, ó alma, por mais pecadora que sejas, e ter esperança de perdão, se não te recusares a seguir as pegadas do Senhor Deus que sofreu por ti. Mesmo no meio de tormentos, nunca ele, nem uma só vez, abriu a boca, nem dirigiu a esses cães malditos a mínima palavra para se queixar ou justificar a si, nem tão-pouco para os ameaçar ou amaldiçoar a eles. Pelo contrário, lançou sobre os inimigos uma nova bênção, como nunca tinham ouvido os séculos passados» (S.to Anselmo). Suplica pois, com inteira confiança Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão, porque em ti busco protecção (SI 57 , 2). E pode ser que, tal como o bom ladrão que se reconheceu culpado, possas ouvir também no transe da morte. Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso!
Pai Nosso
12ª Estação - Jesus dessedentado com fel
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
28. Depois disto, como Jesus sabia que a sua obra tinha chegado ao fim, exclamou, para se cumprir o que diz a Sagrada Escritura: «Tenho sede!» (Jo 19, 28). Segundo o testemunho de João, que presenciou a cena, levaram-lhe então aos lábios uma esponja embebida em vinagre misturado com fel; e Jesus, depois de provar, exclamou: Tudo está cumprido! (Jo 19, 30). Dava assim a entender que o essencial da sua amaríssima Paixão consistia precisamente em provar daquela bebida amarga.
Uma vez que Adão se tornou pecador e causador de toda a nossa desgraça por ter saboreado a doçura do fruto duma árvore deliciosa mas proibida, era de facto justo e oportuno encontrar remédio para a nossa salvação pelo processo inverso, provando uma bebida amarga. E se em cada um dos seus membros se iam cravando mais fundo as setas aceradas cujo veneno ele teve de suportar (cf. Jb, 6, 4), apesar de provocarem dores lancinantes, também era justo que não ficassem isentas de qualquer dor a boca e a língua, órgãos de alimentação e de locução.
Assim se cumpria no nosso médico aquele oráculo do profeta: Fez-me comer ervas amargas, deu-me a beber bebidas venenosas (Lm 3, 15). E na doce e amorosa Mãe devia também cumprir-se um outro oráculo: Fiquei assim despedaçada e infeliz para sempre (Lm 1, 13).
Oração: Que língua seria capaz de exprimir, que espírito conseguiria imaginar a imensidade da tua desolação, ó Virgem bendita?[6] A todas estas crueldades infligidas a teu Filho tu estiveste presente, não apenas assistindo a elas, mas sofrendo também com elas. Aquele corpo bendito e santo que concebeste virginalmente, que amamentaste e alimentaste com tanto carinho, que tantas vezes trouxeste ao colo e cobriste de beijos -esse é o mesmo corpo que agora com teus olhos corporais viste a ser dilacerado por azorragues, aguilhoado por espinhos pontiagudos, ferido com pancadas duma cana, esbofeteado e esmurrado, perfurado por cravos, preso e suspenso no madeiro da cruz, a despedaçar-se cada vez mais pelo próprio peso, exposto ao escárnio de toda a gente, e enfim dessedentado com fel e vinagre.
E com os olhos da alma viste também a alma divina de teu Filho saciada com o fel de todas as amarguras, o seu espírito agitado em convulsão, umas vezes com medo, outras com repugnância, ora em luta, ora em tormentos, ou então perturbado e abatido por uma profunda tristeza e dor. Essa dor, embora em parte provocada pela sensação viva do sofrimento físico, resultava mais do seu ardente zelo pela honra divina ofendida pelo pecado, bem como do seu amor compassivo para com as nossas misérias.
Mas a causa principal da dor do teu Filho era a pena que ele sentia por ti, Mãe dulcíssima. Ao ver-te ali diante dele, foi como um dardo a penetrar-lhe até ao fundo do coração.[7]. Por isso, lançando para ti um olhar cheio de ternura, dirigiu-te aquele carinhoso adeus de despedida: Mulher, aí tens o teu filho! (Jo 19,26). Pretendia desta forma consolar a tua alma angustiada, pois não ignorava que tu também te sentias traspassada pela espada de compaixão por ele, mais do que se experimentasses em teu próprio corpo os seus sofrimentos.
Pai Nosso
Cântico: Eu queria ser a fonte (2) – Deus precisa de mim!
Música (Cont.)
Oitavo fruto:
Vitória na morte
13ª Estação - Jesus, sol encoberto pela morte
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
29. Enquanto o Cordeiro inocente, verdadeiro Sol de justiça, esteve suspenso da cruz durante três horas, o sol visível, como em atitude de compaixão para com o seu Criador, ocultava os seus raios de luz E então, pelo meio da tarde, tudo efectivamente se cumpriu, ao extinguir-se a fonte da vida, quando Jesus, Deus e homem, com voz forte distorcida pelas lágrimas (Hb 5, 7), para manifestar o seu amor misericordioso e patentear o poder da sua Divindade, entregou o espírito nas mãos do Pai e expirou.
Naquele momento, a cortina do templo rasgou-se ao meio, de alto a baixo. A terra tremeu e houve rochas que estalaram e túmulos que se abriram (Mt 27, 51-52). O próprio centurião, apesar de ser pagão, reconheceu que aquele homem era verdadeiramente Deus. Muitos que tinham vindo presenciar o espectáculo para se divertirem, voltaram para casa a bater no peito (Lc 23, 48). O mais formoso dos homens (SI 45, 3), de olhos cerrados e faces lívidas, ficou desfigurado como o mais disforme dos seres humanos, transformado em vítima de holocausto de agradável odor oferecida à glória do Pai, para ele acalmar a sua indignação e dominar o furor da sua ira (cf. SI 85, 4).
Oração: Lança um olhar, Senhor Pai Santo, do santuário onde vives, da tua morada do alto dos céus (cf. Dt 26, 15)! Olha para o rosto do teu Ungido (cf. SI 84, 10), para esta vítima sacrossanta que o nosso Pontífice te oferece pelos nossos pecados, e renuncia à ideia de fazeres mal ao teu povo (Ex 32, 12).
Tu, que por ele foste remido, considera quem é esse que por ti se encontra pendente da cruz. Recorda a grandeza e a dignidade daquele cuja morte ressuscita mortos e faz com que o céu e a terra chorem por ele, e até as duras pedras se fendam, como tocadas de natural compaixão. Mas o coração humano é por vezes mais rijo do que as pedras, pois ao recordar tão inaudito sacrifício de expiação, nem se deixa vencer pelo terror, nem comover pela compaixão, nem abrandar pela ternura!
Pai Nosso
14ª Estação - Jesus traspassado pela lança
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
30. Do peito de Cristo já morto na cruz devia surgir a Igreja. Para se cumprir o passo da Escritura segundo o qual hão-de contemplar aquele a quem atravessaram com uma lança (Zc 12, 10), um dos soldados aplicou-lhe uma lançada no peito sagrado. Assim o permitiu a Providência divina, para que daí brotasse sangue e água, e dessa forma pudesse derramar-se o preço da nossa salvação. Nascendo de tal fonte, isto é, do fundo do coração de Cristo, esse sangue confere aos sacramentos da Igreja a possibilidade de alimentarem a vida da graça; e para quem já vive em Cristo constitui a bebida que ele prometera, procedente da fonte viva que dá a vida eterna (Jo 4, 14). Em certo modo a lança do soldado romano é como a de Saul – símbolo da perfídia do povo judeu – que errou o golpe, cujo alvo era David, e por disposição divina foi cravar-se na parede (1 Sm 9, 10), abrindo na pedra do muro um buraco que se transformaria em abrigo para um ninho de pomba (cf. 1 Ct 2,14)[8].
Oração: Coragem, ó alma amiga de Cristo! Imita a pomba que constrói o ninho à entrada das cavernas (Jr 48, 28). Como um pardal que encontrou abrigo (cf. SI 48, 4), conserva-te sempre alerta; como a rola, esconde nesse lugar de refúgio os filhos do teu casto amor; aplica os lábios à chaga aberta no peito de Cristo, para aí matares a sede, nessa fonte de salvação (Is 12, 3). É este o manancial que brota no meio do paraíso, e dividindo-se em quatro braços (Gn 2, 10), se espalha pelos corações dedicados, regando e fecundando toda a terra.
Pai Nosso
15ª - Estação - Jesus coberto de sangue
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
31. Cristo Senhor ficou todo manchado com seu próprio sangue, derramado copiosamente em várias ocasiões: primeiro, misturado com o suor no Getsémani, a seguir com as chicotadas e os espinhos da coroa, depois com os cravos, e finalmente com a lança Assim, revestido da indumentária ritual de Pontífice, de cor encarnada, realizou perante Deus uma abundante redenção (cf SI 130, 7). As suas roupas ficaram vermelhas como as de quem andou a pisar uvas no lagar (Is 63, 2). A sua túnica, como outrora a de José lançado na velha cisterna, tingida em sangue de cabrito, tornou-se semelhante à do homem pecador. (Rm 8, 3), para ser apresentada ao Pai como prova a reconhecer por ele[9].
Oração: «Reconhece, pois, Pai clementíssimo, a túnica do teu predilecto filho José. A inveja dos irmãos despedaçou-o como uma fera cruel, espezinhou-lhe aos pés a túnica e manchou-lhe as suas cores garridas com nódoas de sangue, abrindo nela cinco lastimosos rasgões. É esta, Senhor, a túnica que o teu Filho inocente deixou nas mãos daquela depravada meretriz egípcia, a sinagoga: antes quis descer à prisão da morte despido do manto da carne, do que aceitar uma glória mundana, cedendo à solicitação dum povo adúltero» (S.to Anselmo). Suportou a morte na cruz, sem se importar com a vergonha que havia nisso, sabendo a alegria que o esperava (Hb 12, 2).
E tu também Senhora minha cheia de misericórdia, olha para a roupa sagrada de teu amado Filho, tecida por obra do Espírito Santo de teus membros castíssimos, e juntamente com ele implora o perdão para todos quantos em ti nos refugiamos, a fim de escaparmos ao castigo de Deus que se aproxima (Mt 3, 7).
Pai Nosso
16ª Estação - Jesus sepultado
V.: Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R.: Porque pela Vossa santa cruz remiste o mundo.
32. Por último, um nobre decurião, José de Arimateia, depois de obter autorização de Pilatos, veio com Nicodemos retirar da cruz o corpo de Cristo, e depois de o embalsamar sumariamente com óleos aromáticos e o envolver num lençol, com todo o respeito lhe deu sepultura num túmulo novo, que para si mandara abrir na rocha de um jardim próximo. Após esse ritual, o Senhor foi sepultado, e foi confiada a guarda do sepulcro a militares destacados para essa missão. As piedosas e santas mulheres que o tinham acompanhado durante a vida, não quiseram deixar de lhe prestar depois da morte os bons ofícios da sua dedicação. Compraram unguentos para procederem à unção definitiva do corpo de Jesus. Entre elas, Maria Madalena sentia-se de tal modo inflamada de sentimentos de simpatia, tão motivada por uma terna dedicação, e impelida por tão fortes vínculos de amor, que, esquecida da fraqueza do seu sexo, se atreveu a ir sozinha visitar o sepulcro, sem fazer caso da escuridão da noite nem da crueldade dos perseguidores do Mestre. E ali ficou, da parte de fora da gruta, regando com lágrimas o túmulo. Enquanto os discípulos se encontravam longe, ela estava ali mesmo ao pé, inflamada de amor pelo seu Deus, cada vez mais ansiosa por voltar a vê-Io, tão deprimida na impaciência do seu amor, que nada mais lhe restava senão chorar e repetir com inteira verdade aquelas palavras proféticas: As minhas lágrimas são o meu alimento dia e noite, porque a toda a hora me perguntam: «Onde está o teu Deus?» (SI 42, 4).
Oração: Meu Deus, meu bom Jesus! Reconheço que não sou merecedor nem digno da tua graça, como também não mereci tomar parte no desenrolar destes acontecimentos. Mas concede-me que meditando-os agora devotamente, eu possa experimentar sentimentos de compaixão para com o meu Deus, sacrificado e morto por mim, como os experimentaram a tua Mãe inocente e a Madalena penitente na hora da tua Paixão[10].
Pai Nosso
Cântico: Oração da Paz (15) – Deus precisa de mim!
[1] Texto de S. Boaventura, A Árvore da Vida, Meditações Cristológicas, Editorial Franciscana, pág. 49 e segs. – apresentado e anotado pelo Sr. Padre David de Azevedo, OFM
[2] Começa aqui a contemplação da Paixão do Senhor A contemplação da humanidade de Jesus – e mais precisamente da sua Paixão – deu origem, na Idade Média, à assim chamada "espiritualidade martirial", animada pelo desejo de identificação com o crucificado Em alguns casos chegou mesmo à provocação espontânea do sofrimento pela auto-mortificação S Boaventura, embora insista de preferência nos sofrimentos físicos de Jesus, como o leitor poderá verificar nas páginas seguintes, não conduz a alma para ai, mas para a compaixão afectiva E tinha um bom modelo em S Francisco de Assis Este, embora sonhasse com um martírio cruento, não obteve de Deus essa graça O martírio que o Senhor lhe reservou foi o martírio do Alverne consumação duma vida de apaixonado seguimento de Cristo, na fraternidade e na aceitação amorosa da incompreensão dos homens e da fragilidade da natureza Um sofrimento aceite Não procurado
[3] Embora se detenha na contemplação dos sofrimentos físicos de Jesus, o Doutor Seráfico sabe captar a dor mais pungente para o coração humano, a saber, aquela que se dá no mundo do amor, a do amigo atraiçoado pelo amigo. Veja-se como insiste nas provas de amizade de Jesus para com Judas.
[4] O Doutor Seráfico deve ter em mente a liturgia celeste descrita no Apocalipse: «Sempre que os quatro seres vivos cantam hinos de glória, de louvor e acção de graças, àquele que está sentado sobre o trono, e que vive por todo o sempre, os vinte e quatro anciãos caem por terra em adoração...» (Ap 4, 9-10). E a seguir. «Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder para todo o sempre E os quatro seres vivos respondiam: "Ámen!" E os anciãos caíam de joelhos em adoração» (Ap 5, 13-14).
[5] Duro, o realismo com que o A. descreve a crucifixão: «Arremessam-no brutalmente... deitam-no ao comprido... esticam-no... estiram-no... perfuram-lhe as mãos e os pés». Noutro lugar, sobre um fundo de dor e de beleza, compara a cruz a uma cítara. «Uma cítara se fez para ti o teu Esposo, a saber: a cruz faz as vezes da madeira, e o corpo as das cordas na madeira esticadas» (Vitís Mystíca, c. 7, n. 1). Amor e musicalidade.
[6] Verdadeiramente emocionante esta página sobre a desolação de Maria, a Virgem das Dores. Primeiro, a recordação da anterior ternura de mãe para com aquele corpo quando pequenino. Agora, em contrapartida, a desolação ao contemplá-lo todo macerado.
[7] Que delicada, esta interpretação! A major dor de Jesus não foi a dor física, mas o ver a sua Mãe sofrer. A expressão "Mulher, eis aí o teu filho", que as mais das vezes se interpreta como solicitude pelos homens, entregando-os como filhos a Maria – ou então como preocupação prática pela Mãe, assegurando o seu futuro –, S. Boaventura vê-a como "carinhoso adeus de despedida", a tentar consolá-la da dor que ela sentia, esquecendo-se de si mesmo.
[8] O A. tem na mente a cena da saga do Rei David, quando Saul, comido de ciúmes, o tenta matar com um golpe de lança, mas erra o alvo, ficando a lança cravada na parede (Cf. 1 Rs 19, 10). Aqui a parede é o lado de Cristo. Nela a lança do soldado abriu uma fenda para que a alma possa entrar, e, como a pomba, fazer ninho no coração de Jesus; ou, como a rola, possa guardar lá os seus filhos; ou, como os judeus no deserto, que beberam do rochedo fendido pela vara de Moisés, possa aplicar os lábios à chaga aberta no peito de Cristo, para "aí matar a sede nessa fonte de salvação".
[9] O autor compara o corpo chagado de Jesus à túnica de José do Egipto, que os irmãos sujaram de sangue e levaram a seu pai Jacob. O corpo de Jesus torna-se túnica do homem pecador, que dessa forma se salva, porque os olhos do Pai param nos sofrimentos do Filho inocente. Delicada a referência também a Maria, de cujo corpo, pela agulha do Espírito Santo, fora essa túnica tecida. Que ela junte a sua intercessão à das chagas de seu Filho.
[10] Foi longa a contemplação da Paixão do Senhor. Mas não é de estranhar, porquanto, se Jesus, o Verbo Encarnado, é mistério abrangente no qual se enquadra o Universo e a História toda, a Cruz é o epicentro desse mistério. Para Boaventura a Cruz não é só um tema religioso. É um dado filosófico e meta físico. Para ele, mais importante que a realidade objectiva do Universo, é a História. A tarefa do filósofo e do teólogo é descobrir o "segredo" dessa história, partir a casca da noz e chegar ao miolo. Ora o "miolo" é o Amor; e a revelação total do Amor é a Cruz. Por isso ela é a "estrutura meta física do Universo"; nela se pode iluminar, na mente, "toda a máquina do Universo" (Breviloquium, prol. 4) Pela Encarnação, Cristo tornou-se o centro do mundo. A Cruz, por sua vez, é o profundum Christi. Assim sendo, toda a meta física consiste em descobrir essa "profundidade de Cristo" (Hexaem. 2,32).
Publicada por OFS LUZ à(s) 15:54:00 0 comentários
Quaresma em Fraternidade
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2010
Queridos irmãos e irmãs,
todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).
Justiça: “dare cuique suum”
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).
De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista:”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?
Justiça e Sedaqah
No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva ( cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo ( cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?
Cristo, justiça de Deus
O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)
Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.
Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.
Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.
Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2009
BENEDICTUS PP. XVI
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14 de fevereiro de 2010
13 de fevereiro de 2010
Janeiro em Fraternidade
Solenidade da Santa Mãe de Deus – Dia Mundial da Paz - Mensagem do Papa Bento XVI http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20091208_xliii-world-day-peace_po.html
Falecimento do Senhor Professor Doutor Padre Costa Freitas
As fotografias que apresentamos foram tiradas no Seminário da Luz, no dia 8 de Dezembro de 2009 – Festa da Imaculada Conceição
Dia 8 – Momento de Oração – Lectio Divina - Jo 1,1-18 - "No princípio era o Verbo. O Verbo estava em Deus. E o Verbo era Deus."
Após a formação inicial dos irmãos formandos e para grande surpresa e alegria dos irmãos compareceu ao encontro da Fraternidade o Senhor Padre Domigos Casal Martins, assistente espiritual da Fraternidade, acompanhado pelo Senhor Padre Vítor Melícias, Provincial da Província Portuguesa da OFM. Assistiu-se à Projecção do seguinte excerto do filme S. Francisco sobre a morte do Santo de Assis. http://www.youtube.com/watch?v=VNI0lqtVjKI&feature=player_embedded
Seguidamente, o Senhor Padre Vítor Melícias fez uma alocução brilhantíssima sobre a Irmã Morte, apoiada pelo seguinte texto da Legenda Maior de S. Boaventura (LM 14, 4-6):
A hora da partida aproximava-se. Mandou chamar para ao pé dele todos os irmãos que se encontravam no convento. Dirigiu-lhes algumas palavras de encorajamento para lhes mitigar a dor que sentiam pela sua morte. Exortou-os com paternal afecto ao amor de Deus. Acrescentou ainda algumas considerações sobre a
paciência, a pobreza a fidelidade à santa igreja de Roma; recomendou-lhes a observância do Evangelho como mais importante que a de quaisquer outras leis. Finalmente, sobre todos os Irmãos que o rodeavam estendeu os braços entrecruzados, num gesto que era tanto do seu agrado, e em nome e pelo poder do Crucificado os abençoou a todos, tanto presentes como ausentes. E acrescentou: «Adeus, meus filhos! Permanecei sempre no temor do Senhor! Hão-de sobrevir tentações e não hão-de tardar tribulações: ditosos os que perseverarem no propósito que tomaram. Eu agora vou para Deus; confio-vos à sua graça».
Concluída esta tão terna exortação, mandou trazer o livro dos Evangelhos e pediu que lhe lessem aquele trecho do Evangelho de S. João que começa assim: «Antes da Festa da Páscoa…Depois recitou como pôde o salmo: Em alta voz clamo ao Senhor, em alta voz imploro o Senhor…Levou-o até ao fim: os justos me esperam até ao momento em que me darás a recompensa.
Enfim, realizados nele todos os desígnios de Deus, a sua alma santíssima desprendeu-se da carne para ser absorvida no abismo da claridade divina: o Santo adormeceu no Senhor."
O Senhor Padre Vítor Melícias assinou o Livro de presenças da Fraternidade, cumprimentou os irmãos e despediu-se, deixando-nos muito consolados.
Obrigado, por tudo, Senhor Padre Vítor Melícias.
Obrigado, por tudo, Senhor Padre Domingos Casal Martins.
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