Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

29 de novembro de 2018

Oração e Carta do Conselho Nacional

















Encontro de Formadores


Crónicas - Peregrinação a Fátima


Participação na 46ª Peregrinação anual da Família Franciscana a Fátima

 Fátima, dias 6 e 7 de outubro de 2018
Tema: “O Arauto do Grande Rei” (Ofício da Paixão – S. Francisco de Assis)

À hora marcada, à porta da Igreja do Seminário da Luz, os Irmãos e outras pessoas amigas que costumam juntar-se à Fraternidade nesta peregrinação, tomaram lugar no autocarro que nos conduziria a Fátima. Ainda passámos pelo Campo Grande para receber os Irmãos que ali esperavam.

E lá fomos rumo ao Santuário Mariano. O altar do mundo, como lhe chamam e que o irmão Pedro nos recordou.

O irmão Luís Topa, Ministro da nossa Fraternidade, fez o acolhimento. Saudou os presentes, deu indicações e disponibilizou-se para resolver qualquer problema que surgisse.

O irmão Pedro Martins, Secretário da nossa Fraternidade, e a irmã Ministra da Fraternidade do Campo Grande, foram designados pelo irmão Luís Topa, para conduzirem as orações propostas e os cânticos franciscanos e marianos.

E, em paz e alegria, chegámos à Casa de Nossa Senhora do Carmo onde nos instalámos. Tempo livre. O almoço seria servido às 13 horas.
*

A tarde teria um programa apertado. Seria o tempo forte da Peregrinação.

O tema deste Encontro da Família Franciscana era “O Arauto do Grande Rei…”. Palavras de Francisco. Ele assim se intitulava. Tema muito bonito e que não se tem ouvido muito nos últimos anos. Soa bem. Entra no ouvido e obriga a pensar. O arauto não vive em silêncio. Faz-se ouvir. Anuncia a boa-nova. Vai à frente. Passa a mensagem.
Era assim o nosso pai S. Francisco. Será, certamente, o que ele gostaria que nós fossemos. Arautos do Senhor. Humildes mas sem medo.

Junto à Capelinha das Aparições, saudou-se Nossa Senhora. Ela que é a Rainha da Ordem Franciscana. Abrimos o coração. Depositamos a seus pés, a alegria, a emoção que ali nos levava e pedimos a sua proteção para as nossas famílias e para todos os nossos Irmãos da Fraternidade que não puderam ir.

A Família Franciscana começou a dirigir-se para o Centro Paulo VI. Cumprindo o calendário estabelecido, aí escutámos a saudação do Presidente da Família Franciscana Portuguesa, Frei Fernando Cabecinhas, OFMCap. Cantou-se com entusiasmo o “Paz e Bem”. Subiram ao palco e por todos muito aclamados, os novos membros da Direção da Família Franciscana: Frei Armindo Carvalho, Provincial dos Frades Menores, Irmã Glória, Franciscana Hospitaleira, Frei Daniel, OFM e o Irmão Rui Silva, Ministro Nacional da OFS.

Frei Sérgio, OFM, apresentou os vários movimentos de juventude franciscana. Apresentação bem concebida. Cada grupo se mostrou em vídeo, dando a conhecer como pretendem viver a mensagem de Francisco. Testemunhámos entusiasmo e alegria, características tão próprias de jovens em busca de um ideal.

 Deu ainda a conhecer o projeto poços para África. Trata-se de uma iniciativa da OFS e dos Jovens Franciscanos de toda a Europa, atendendo ao apelo do Papa Francisco na Laudato SÍ. Vamos colaborar?

A Conferência anunciada no programa, proferida pelo Dr. Carlos Liz, teve por tema - “e se um anjo nos aparecesse ao caminho?...”. Creio que, muitas vezes, os anjos se tornam visíveis, confortam e afastam do caminho obstáculos. Gostei duma frase do ilustre conferencista, enquanto desenvolvia o seu tema: “…o vosso Francisco”. Não foi lindo?! O nosso Francisco! É mesmo assim que o sentimos.

Mais uma vez um grupo da Família Franciscana percorreu, em oração, onze quilómetros a pé, para chegar ao Santuário.

A Eucaristia foi na Basílica da Santíssima Trindade. Ali sentimos que estávamos todos. Os Sacerdotes no altar, nossos Irmãos da Primeira Ordem. Em frente ao altar muitos Irmãos. Toda a Família Franciscana estava ali representada. Momento de muita paz, de abandono, de escuta da Palavra.

Depois do jantar onde convivemos com outros Irmãos (não havia lugares marcados), com as nossas capas de franciscanos seculares, estivemos na Capelinha das Aparições rezando o Terço e participando na Procissão das velas. Momento de muita fé. A grande multidão que nos circundava, não impedia que cada um se sentisse só, em frente de Nossa Senhora, numa grande intimidade.
A noite já tinha chegado há muito. O frio que se fazia sentir, reforçado pelo vento que descia da serra, era leve e cortante, não impedindo, contudo, que nos dirigíssemos à Basílica de Nossa Senhora do Rosário, para uma vigília de Oração. Um lindo fim do dia seis e um bom começo do dia sete. Nossa Senhora, nossa Mãe, para ti o nosso carinho.

No dia seguinte, domingo, estivemos nas celebrações habituais do Santuário. A homilia proferida pelo Reitor, tocou-nos. Falou da família. Da desagregação da mesma. Do sofrimento de muitos casais cristãos. Claro que era um tema difícil e, daí, tenha sido tocado um pouco ao de leve. Mas deu para dialogarmos entre Irmãos. Para sentirmos que há tanto a fazer.

Foi com alguma tristeza que verificamos que este ano havia menos franciscanos. Poucos hábitos castanhos da Primeira Ordem. Menos Franciscanos Seculares do que nos outros anos. Menos Religiosas franciscanas… Porquê? Estes dias são tão importantes, para cada um, para toda a Família Franciscana…  Desejamos que, no futuro, esta peregrinação venha a ter o brilho que já teve anteriormente.

Mas também há alegrias para recordar. Pequenas, mas cheias de emoção. Uns Irmãos que, por lhes ter sido pedido para ajudarem a renascer uma Fraternidade da OFS, longe de Lisboa, têm estado um pouco ausentes da nossa “casa” da Luz. E eu retive as suas palavras: “é muito gratificante o que estamos a fazer mas sentimos enorme desejo de regressar à nossa Fraternidade-mãe”. Que lindo! Que laços fraternos! Outra situação. Uma Irmã nossa foi a Fátima integrada em peregrinação da sua paróquia onde desenvolve muito trabalho. Encontrei-a por acaso durante a Eucaristia de domingo. Abraçamo-nos. Passado um pouco veio buscar-me para me apresentar à família e a outras pessoas da sua paróquia. - É uma das minhas irmãs franciscanas – dizia ela, com muita alegria. Quando nos despedimos, uma das suas amigas que lá estava, falou-me assim: a X é muito boa, está sempre pronta a ajudar toda a gente, faz muito bem a todos, ninguém a larga”. Fiquei encantada. Que Irmãos tão bons que Francisco colocou no nosso caminho.

A Peregrinação estava a terminar. As malas prontas para colocar no autocarro. Mas ainda tínhamos um bocadinho de tempo para usarmos do modo que quiséssemos. E, assim, lá fomos… rua acima conversando tranquilamente, em busca dum saboroso cafezito.

E a viagem de regresso começou. O Irmão Ministro congratulou-se por tudo ter corrido tão bem. O seu trabalho deu-nos a tranquilidade de viver dois dias somente como peregrinos. Toda a logística ficou a seu cargo. Que S. Francisco o recompense pelo seu serviço aos Irmãos.

Cantámos, agradecemos a Nossa Senhora os momentos tão fortes que vivemos junto ao seu altar e, em santa alegria, voltamos à vida de cada dia, aos nossos compromissos.

Pai S. Francisco ensina-nos a ser como tu, embora em ponto pequenino, Arautos do Grande Rei”.


Glória ao Altíssimo, Omnipotente e bom Senhor…
maria clara, ofs
7 de Outubro 2018

27 de novembro de 2018

XVIII Capítulo Nacional Eletivo da OFS










26 de novembro de 2018

Solenidade de Cristo Rei do Universo



(2018)
Introdução à Liturgia
Celebramos, neste último domingo do ano litúrgico, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus, desse reino que Jesus veio anunciar e que, embora não seja deste mundo, Ele quer que cada um de nós seja já um sinal desse Reino de comunhão e de amor. Não sendo um reino como os demais, Jesus é rei no coração de cada crente que o testemunha com a sua vida.

Introdução às Leituras
A primeira leitura, do livro de Daniel, serve-se de uma linguagem simbólica para nos afirmar que Deus sempre se faz presente na História, não abandonando o homem à mercê do acaso, mas sim cuidando dele, o que se concretiza em Jesus.


A segunda leitura, do livro do Apocalipse, fala-nos da esperança futura. Recorrendo aos vários títulos de glorificação atribuídos a Jesus e que já faziam parte da esperança do Antigo Testamento, o autor do Apocalipse diz-nos que Jesus é a nossa esperança e é n’Ele que está o nosso futuro.

O Evangelho apresenta-nos Jesus em diálogo com Pilatos acerca do Reino. O diálogo, parecendo sobre a mesma coisa, é, na verdade, sobre realidades diferentes. É o reino do Amor e da verdade que Jesus vem propor e do qual Ele quer ser rei, rei dos corações, da paz e da harmonia entre os povos, congregando-os na comunhão com Deus.

Padre João Lourenço, OFM

19 de novembro de 2018

33º Domingo do Tempo Comum


(18 de novembro)

Introdução à liturgia:
Ao aproximar-nos do fim do ano litúrgico, os textos da nossa Eucaristia apontam-nos para um fim, o objetivo da liturgia que nos encaminha para o encontro final com Deus. Neste domingo, a Fraternidade da Ordem Franciscana Secular que ajuda e anima as nossas Eucaristias, celebra a festa da sua Padroeira – Santa Isabel da Hungria, a rainha da caridade e a mãe exemplar que após a morte do seu marido se dedicou totalmente aos outros, fazendo-se franciscana. O seu exemplo continua a ser uma luz para nós e para todos aqueles que desejam seguir os passos do Pai S. Francisco.

Introdução às leituras:
A primeira leitura, do livro de Daniel, usa uma linguagem que é própria de um tempo de crise e de tensão, para nos falar da esperança que deve animar os crentes. Embora o texto nos possa criar alguns sentimentos de medo e de temor, o seu objectivo é gerar confiança na presença de Deus que caminha na história ao lado dos seus fiéis.
                       
A segunda leitura, continuando o tema dos domingos precedentes, diz-nos que Cristo é o verdadeiro sacerdote da reconciliação. É por Ele que chegamos à verdadeira comunhão com o Pai, mediante o perdão dos nossos pecados. Ele é o profeta da reconciliação.

O Evangelho diz-nos, de forma clara e sem rodeios, que devemos estar vigilantes, vivendo a nossa fé com empenho e sabendo que não somos senhores do tempo nem da História. A vivência da minha fé tem de ser testemunhada pelo meu agir e não por discursos de carácter retórico. Esta é a forma comprometida de viver e testemunhar a nossa fé. Tudo o mais são formas de alienarmos a nossa identidade cristã.
Padre João Lourenço, OFM 

10 de novembro de 2018

32º Domingo do Tempo Comum



(11 de novembro)

Introdução à liturgia:
Celebrar a Eucaristia, é celebrar a nossa fé em Deus e a fidelidade de Deus para connosco. Toda a história da salvação é um ato de generosidade de Deus para o homem, testemunhado no dom e no exemplo de Jesus. Ele ensina-nos e nos mostra como o dom é a melhor forma de O seguir e de colocar a nossa vida nas suas mãos.

Introdução às leituras:
Tomada do livro do Reis, a primeira leitura fala-nos de Elias e da sua confiança em Deus, o Deus que ele anuncia e que o leva ao encontro de uma viúva em terra estrangeira. Ali, através da confiança em Deus, ele faz-se testemunha dessa generosidade sem limites, mostrando como em Deus as próprias carências se fazem plenitude de vida e de partilha.
                       
Continuando a leitura da Carta aos Hebreus, o seu autor mostra-nos como em Jesus estabelecemos um novo culto, uma nova forma de adoração ao Pai. Cristo é a verdadeira vítima que nos reconcilia na plenitude da comunhão com Deus.

No Evangelho, temos de novo um eco da plena confiança em Deus. Tomando o exemplo apresentado na 1ª leitura, agora é Jesus que nos mostra como assumir a nossa fé, recusando a falsa religiosidade que se faz de palavras para assumir a nossa doação ao Senhor sem reservas nem temores.
Padre João Lourenço, OFM

5 de novembro de 2018

Semana dos Seminários


2 de novembro de 2018

Instrução Ad resurgendum cum Christo

2 de novembro - Fiéis defuntos

"Anunciamos Senhor a Vossa morte, proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus"  

A razão da preferência pela sepultura dos corpos à cremação (uma estima maior pelos defuntos) e a fé na imortalidade da alma e na ressurreição dos corpos

Instrução Ad resurgendum cum Christo a propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas da cremação (Clique aqui) 



1. Para ressuscitar com Cristo, é necessário morrer com Cristo, isto é, “exilarmo-nos do corpo para irmos habitar junto do Senhor” (2 Cor 5, 8). Com a Instrução Piam et constantem, de 5 de Julho de 1963, o então chamado Santo Ofício, estabeleceu que “seja fielmente conservado o costume de enterrar os cadáveres dos fiéis”, acrescentando, ainda, que a cremação não é “em si mesma contrária à religião cristã. Mais ainda, afirmava que não devem ser negados os sacramentos e as exéquias àqueles que pediram para ser cremados, na condição de que tal escolha não seja querida “como a negação dos dogmas cristãos, ou num espírito sectário, ou ainda, por ódio contra a religião católica e à Igreja”.1 Esta mudança da disciplina eclesiástica foi consignada no Código de Direito Canónico (1983) e no Código dos Cânones da Igreja Oriental (1990).
Entretanto, a prática da cremação difundiu-se bastante em muitas Nações e, ao mesmo tempo, difundem-se, também, novas ideias contrastantes com a fé da Igreja. Depois de a seu tempo se ter ouvido a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos e numerosas Conferências Episcopais e Sinodais dos bispos das Igrejas Orientais, a Congregação para a Doutrina da Fé considerou oportuno publicar uma nova Instrução, a fim de repôr as razões doutrinais e pastorais da preferência a dar à sepultura dos corpos e, ao mesmo tempo, dar normas sobre o que diz respeito à conservação das cinzas no caso da cremação.
Foto mostra local onde se acredita que o corpo de
Jesus foi deixado. Túmulo foi aberto durante trabalhos
de restauração. A igreja do Santo Sepulcro,
em Jerusalém, atrai milhares de visitantes anualmente
(Foto: Gali Tibbon / AFP)

2. A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da fé cristã, anunciada come parte fundamental do Mistério pascal desde as origens do cristianismo: “Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze” (1 Cor 15, 3-5).
Pela sua morte e ressurreição, Cristo libertou-nos do pecado e deu-nos uma vida nova: “como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivemos uma vida nova” (Rom 6, 4). Por outro lado, Cristo ressuscitado é princípio e fonte da nossa ressurreição futura: “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram….; do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos serão restituídos à vida” (1 Cor 15, 20-22).
Se é verdade que Cristo nos ressuscitará “no último dia, é também verdade que, de certa forma já ressuscitámos com Cristo. De facto, pelo Baptismo, estamos imersos na morte e ressurreição de Cristo e sacramentalmente assimilados a Ele: “Sepultados com Ele no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos” (Col 2, 12). Unidos a Cristo pelo Baptismo, participamos já, realmente, na vida de Cristo ressuscitado (cf. Ef 2, 6).
Graças a Cristo, a morte cristã tem um significado positivo. A liturgia da Igreja reza: “Para os que crêem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna”.2 Na morte, o espírito separa-se do corpo, mas na ressurreição Deus torna a dar vida incorruptível ao nosso corpo transformado, reunindo-o, de novo, ao nosso espírito. Também nos nossos dias a Igreja é chamada a anunciar a fé na ressurreição:A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: acreditando nisso somos o que professamos”.3

3. Seguindo a antiga tradição cristã, a Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos defuntos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado.4
Ao lembrar a morte, sepultura e ressurreição do Senhor, mistério à luz do qual se manifesta o sentido cristão da morte,5 a inumação é, antes de mais, a forma mais idónea para exprimir a fé e a esperança na ressurreição corporal.6
A Igreja, que como Mãe acompanhou o cristão durante a sua peregrinação terrena, oferece ao Pai, em Cristo, o filho da sua graça e entrega à terra os restos mortais na esperança de que ressuscitará para a glória.7
Enterrando os corpos dos fiéis defuntos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne,8 e deseja colocar em relevo a grande dignidade do corpo humano como parte integrante da pessoa da qual o corpo condivide a história.9 Não pode, por isso, permitir comportamentos e ritos que envolvam concepções erróneas sobre a morte: seja o aniquilamento definitivo da pessoa; seja o momento da sua fusão com a Mãe natureza ou com o universo; seja como uma etapa no processo da reincarnação; seja ainda, como a libertação definitiva da “prisão” do corpo.
Por outro lado, a sepultura nos cemitérios ou noutros lugares sagrados responde adequadamente à piedade e ao respeito devido aos corpos dos fiéis defuntos, que, mediante o Baptismo, se tornaram templo do Espírito Santo e dos quais, “como instrumentos e vasos, se serviu santamente o Espírito Santo para realizar tantas boas obras”.10
O justo Tobias é elogiado pelos méritos alcançados junto de Deus por ter enterrado os mortos,11 e a Igreja considera a sepultura dos mortos como uma obra de misericórdia corporal.12
Ainda mais, a sepultura dos corpos dos fiéis defuntos nos cemitérios ou noutros lugares sagrados favorece a memória e a oração pelos defuntos da parte dos seus familiares e de toda a comunidade cristã, assim como a veneração dos mártires e dos santos.
Mediante a sepultura dos corpos nos cemitérios, nas igrejas ou em lugares específicos para tal, a tradição cristã conservou a comunhão entre os vivos e os mortos e opõe-se à tendência a esconder ou privatizar o acontecimento da morte e o significado que ela tem para os cristãos.

4. Onde por razões de tipo higiénico, económico ou social se escolhe a cremação; escolha que não deve ser contrária à vontade explícita ou razoavelmente presumível do fiel defunto, a Igreja não vê razões doutrinais para impedir tal práxis; uma vez que a cremação do cadáver não toca o espírito e não impede à omnipotência divina de ressuscitar o corpo. Por isso, tal facto, não implica uma razão objectiva que negue a doutrina cristã sobre a imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos.13
A Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos; todavia, a cremação não é proibida,a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”.14
Na ausência de motivações contrárias à doutrina cristã, a Igreja, depois da celebração das exéquias, acompanha a escolha da cremação seguindo as respectivas indicações litúrgicas e pastorais, evitando qualquer tipo de escândalo ou de indiferentismo religioso.

5. Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica.
Desde o início os cristãos desejaram que os seus defuntos fossem objecto de orações e de memória por parte da comunidade cristã. Os seus túmulos tornaram-se lugares de oração, de memória e de reflexão. Os fiéis defuntos fazem parte da Igreja, que crê na comunhãodos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja”.15
A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã. Por outro lado, deste modo, se evita a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas.

6. Pelos motivos mencionados, a conservação das cinzas em casa não é consentida. Em casos de circunstâncias gravosas e excepcionais, dependendo das condições culturais de carácter local, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa. As cinzas, no entanto, não podem ser dividias entre os vários núcleos familiares e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas

7. Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não seja permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objectos, tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adoptadas razões de ordem higiénica, social ou económica a motivar a escolha da cremação.

8. No caso do defunto ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, devem ser negadas as exéquias, segundo o direito.16

O Sumo Pontífice Francisco, na Audiência concedida ao abaixo-assinado, Cardeal Prefeito, em 18 de Março de 2016, aprovou a presente Instrução, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação em 2 de Março de 2016, e ordenou a sua publicação.

Roma, Congregação para a Doutrina da Fé, 15 de Agosto de 2016, Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria.
Gerhard Card. Müller

Prefeito

Luis F. Ladaria, S.I.

Arcebispo titular de Thibica

Secretário

____________________
[1] AAS 56 (1964), 822-823.
2 Missal Romano, Prefácio dos Defuntos I.
3 Tertuliano, De resurrectione carnis, 1,1: CCL 2, 921.
4 Cf. CDC, can. 1176, § 3; can. 1205; CCIO, can. 876, § 3; can. 868.
5 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1681.
6 Cf. CDC, can. 1176, § 3; can. 1205; CCIO, can. 876, § 3; can. 868.
7 Cf. 1 Cor 15,42-44; Catecismo da Igreja Católica, n. 1683.
8 Cf. Santo Agostinho, De cura pro mortuis gerenda, 3, 5: CSEL 41, 628.
8 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 14.
10 Cf. Santo Agostinho, De cura pro mortuis gerenda, 3, 5: CSEL 41, 627.
11 Cf. Tb 2, 9; 12, 12.
12 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2300.
13Cf. Suprema e Sagrada Congregação do Santo Ofício, Istruçao Piam et constantem, de 5 de Julho de 1963: AAS 56 (1964), 822.
14 CDC, can. 1176, § 3; cf. CCIO, can. 876, § 3.
15 Catecismo da Igreja Católica, n. 962.
16 CDC, can. 1184; CCIO, can. 876, § 3.
[01683-PO.01] [Texto original: Português]




31 de outubro de 2018

Solenidade de Todos os Santos

Todos os santos -  - Wassily KANDINSKYPintor russo (1866-1944)
(1 de novembro 2018)

Introdução à liturgia:
A Igreja celebra hoje um dos dias mais emblemáticos e significativos do seu calendário litúrgico. Desta vez, a centralidade da nossa liturgia está focada no seguimento de Jesus, nas propostas de vida em ordem à santidade: ‘Sede Santos’ porque Eu sou santo’. Este é o apelo de Deus ao seu povo no livro do Levítico. Hoje, celebramos a santidade a que somos chamados e também os nossos Irmãos que a viveram e a testemunham.

Introdução às leituras:
A primeira leitura apresenta-nos a grande festa da santidade, daqueles que ‘banharam’ as suas vidas no sangue do Cordeiro. Por isso, celebram festivamente a sua glória. É uma festa onde todos são acolhidos, uma multidão incontável, vinda de todos os povos, raças e nações; Ninguém está excluído dela.
                       
A segunda leitura fala-nos daquilo que nos faz santos e filhos de Deus: o amor. Este é o nosso fermento de santidade, uma santidade que nos abre à plenitude de Deus e à comunhão fraterna com todos os irmãos.

Como chegar à santidade? Qual o código de vida que devemos seguir? Há algum caminho que nos conduza a essa plenitude de vida? A regra é a vivência das bem-aventuranças, o verdadeiro caminho de santidade que Jesus viveu e nos deixou como itinerário a seguir.
Padre João Lourenço, OFM

 
© 2007 Template feito por Templates para Você