Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

22 de fevereiro de 2019

7º Domingo do Tempo Comum


ANO C
(24.02.2019)

Introdução à Eucaristia:
O amor aos inimigos é um tema constante na vivência da fé, aliás já presente no Antigo Testamento e tomado por Jesus como o seu grande mandamento. Esta novidade cristã revolucionou a espiritualidade e deu à fé cristã uma nova dimensão, uma dimensão universal que faz da nossa fé uma realidade aberta a todos e onde não há lugar para o ódio nem para a vingança. É esta novidade que hoje somos chamados a celebrar na nossa Eucaristia.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura, do primeiro livro de Samuel, mostra-nos como o rei David preservou a vida do seu adversário, o rei Saul, porque ele era o ungido do Senhor. A bondade de David tornou-se assim exemplar, já que a sua fidelidade a Deus impunha o respeito pelo outro, mesmo quando ele é nosso adversário.

Na segunda leitura, dando continuidade ao texto da 1ª Carta aos Coríntios que já meditamos nos domingos anteriores, Paulo fala-nos de Cristo como o novo Adão, figura e modelo do novo homem que aspira às coisas do alto, vivendo segundo os valores de Deus e não se deixando aprisionar pelos apetites ou instintos terrenos.

No Evangelho, Jesus continua a expor aos seus discípulos a Boa-Nova que Ele veio anunciar. Reside aqui a grande novidade, a grande Boa-Nova que ele vem anunciar e que estabelece a diferença total com a mensagem do Antigo Testamento: amar os inimigos. É esta mensagem que os discípulos de Jesus devem viver, tal como Ele a propôs àqueles que o seguiam.
Padre João Lourenço, OFM

15 de fevereiro de 2019

6º Domingo do Tempo Comum

(Ano C – 2019)

Introdução à Eucaristia:
A liturgia de hoje convida-nos a fazer um confronto entre a nossa auto-suficiência, uma espécie de idolatria sobre nós mesmos, algo muito comum ao nosso tempo e a verdadeira fé que se entrega nas mãos de Deus e n’Ele confia plenamente. Sendo um desafio que nos é feito, é também uma prova que nos é proposta acerca dos valores do Evangelho, bem identificados nas Bem-aventuranças.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura, do livro de Jeremias, fala-nos dos dois caminhos que nos são propostos: o da confiança no Senhor que conduz à vida e à felicidade, e o da auto-suficiência que é comparado à aridez do deserto, sem vida e sem esperança, em que nada tem futuro, pois acabamos por viver fechados nos nossos próprios muros.

Na segunda leitura, dando continuidade ao texto da 1ª Carta aos Coríntios que nos fala da ressurreição, Paulo diz, de uma forma muito expressiva, que o centro da nossa fé está na ressurreição do Senhor e que é aí que tem fundamento a nossa esperança. Cristo é as primícias daquela vida que também nos está reservada em Deus.

No Evangelho, Jesus continua a expor aos seus discípulos a Boa-Nova que Ele veio anunciar. E fá-lo de uma forma muito clara através da mensagem dos dois caminhos: o da felicidade e da liberdade da fé, vivendo as Bem-aventuranças, ou o da auto-suficiência que reduz a vida à posse das coisas e à contemplação do narcisismo pessoal que mais não é do que a ‘árvore estéril’ do deserto.
Padre João Lourenço, OFM

7 de fevereiro de 2019

5º Domingo do Tempo Comum



(10 fevereiro 2019)
Introdução à Liturgia
A liturgia deste domingo convida-nos, uma vez mais, a reflectir sobre a centralidade da Palavra de Deus, do Seu chamamento, que nos desafia e nos motiva para uma vida nova. Temos o chamamento de Isaías e dos discípulos; são exemplos e paradigmas de adesão à Palavra que motiva e dá sentido à nossa caminhada. É na Palavra e pela Palavra que nós celebramos a nossa fé.   

Introdução às Leituras
A primeira leitura, do livro de Isaías, fala-nos da vocação do Profeta, fascinado pela glória do Senhor, aceita o convite que lhe é feito para ser o arauto da sua santidade de Deus no meio dos homens do seu tempo.

Na segunda leitura, S. Paulo recorda aos cristãos qual é o núcleo central do Evangelho: a morte e a ressurreição de Jesus. Era esse o conteúdo da fé da Igreja que ele recebeu da comunidade apostólica e que agora transmite aos cristãos de Corinto. Foi isso mesmo que ele descobriu a partir do seu encontro com Cristo.

O Evangelho fala-nos do ensino de Jesus, junto às margens do Lago da Galileia e do seu encontro com as multidões que o procuravam. É desse ensino, da escuta da Palavra que nasce a vocação e o seguimento dos discípulos. A Palavra de Deus está sempre no centro que dá sentido e horizontes à vida cristã.
Padre João Lourenço, OFM 

1 de fevereiro de 2019

4º Domingo do Tempo Comum



(03.02.2019)
Introdução à Liturgia:
Na liturgia deste domingo, particularmente no Evangelho, sentimos como Jesus, no seu tempo, tal como hoje, se tornou sinal de contradição, mesmo para aqueles que estavam próximos dele, os seus conterrâneos. ‘Ninguém é profeta na sua própria Terra’, pode constituir uma boa desculpa para muitas coisas. No entanto, acerca de Jesus vem-nos dizer que só se chega a Ele pela fé, pelo acreditar e não apenas por uma proximidade de vizinhança ou de simpatia. A fé é a condição para o aceitar e o seguir.

Introdução às Leituras:
Jeremias é, muitas vezes, apresentado como um paradigma da fidelidade no acolher e no responder à missão que lhe é confiada. Como profeta, Jeremias viveu este encanto da Palavra de Deus e a ela se dedicou de ‘alma e coração’, vencendo e superando todos os obstáculos que os seus contemporâneos lhe criaram.

No domingo passado, Paulo falava-nos da unidade dos dons recorrendo à imagem do corpo: muitos membros para uma harmonia perfeita. Hoje, dando continuidade ao seu pensamento, Paulo fala-nos do amor que tudo deve superar, pois só ele resiste às vicissitudes do tempo e nos leva à comunhão plena com Deus. Só Ele permanece.

Tendo anunciado na sinagoga os grandes temas da sua mensagem, como escutamos no domingo passado, hoje Jesus começa a proclamá-los, sabendo que a sua aceitação vai criar ruturas, exigir opções, tal como já havia sucedido na história do Antigo Testamento. Aceitar Jesus implica sempre uma disponibilidade interior que não se compraz com meias verdades nem com meias decisões.
Padre João Lourenço, OFM

28 de janeiro de 2019

S. Francisco Patrono dos Guardas Prisionais

S. Francisco patrono dos veterinários, militares, forças de segurança e guardas prisionais

São Francisco de Assis prega aos passarinhos" (detalhe).
Ambrogio Bondone, chamado Giotto  (1266-7 – 1337)
Por Decreto de 3 de Junho de 2017, o então Bispo das Forças Armadas de Portugal, D. Manuel Linda, declarou São Francisco de Assis como padroeiro dos veterinários, dos Militares e das Forças de Segurança.
Este Decreto foi agora oficialmente reconhecido pela Santa Sé, através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé.
Foi assinado pelo Perfeito da Congregação, o Cardeal Robert Sarah, publicado no dia 4 de Outubro de 2018, Solenidade de São Francisco.
Para o Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor, todo o louvor por seu servo Francisco de Assis.
Paz e Bem!
Frei Armindo Carvalho, Ministro Provincial,
in http://ofm.org.pt/noticias/s-francisco-patrono-dos-veterinarios-militares-e-forcas-de-seguranca/

[Os trabalhadores integrados nas carreiras do corpo da guarda prisional (CGP) são equiparados ao pessoal com funções policiais da PSP (forças de segurança), nos termos estabelecidos nos artigos 28.º e 45.º do Estatuto do CGP, aprovado pelo Decreto-Lei nº 3/2014, de 9 de janeiro, sendo, de pleno direito, seu patrono S. Francisco de Assis].

Carta- 40 anos da Promulgação da Regra da OFS









Encontro de Formação - 23 e 24-02-2019



Carta do Conselho Nacional



As festas terminaram…



As festas terminaram…

As festas natalícias terminaram. Apagaram-se as luzes dos presépios. Arrumaram-se os enfeites que adornaram as casas nestes dias tão belos.
Os Reis já regressaram às suas terras, aos seus palácios. Deixaram prendas junto do Menino. Partiram felizes com a revelação que lhes foi oferecida. Agora mais do que estudar as estrelas eles desejam meditar nesse Jesus que adoraram lá em Belém.
Também os pastores, de novo no seu trabalho, têm tempo para pensar no que aconteceu naqueles dias. Aceitaram com simplicidade o chamamento que lhes foi feito para visitarem o Menino. E até prendas lhe levaram. Coisas que fariam falta àquela mãe.
Os anjos voltaram para os céus. Deixaram de se ouvir as suas melodias. E as estrelas continuaram a aparecer à noite, na sua forma bela e luminosa, como sempre. Nada de novo. Aparentemente, claro.
***
E mais um ano começou. Tempo de renovação, de projetos, de tomar decisões. Tempo de viver com uma fé intensa, esse Jesus que nos foi dado conhecer. Não presenciámos o seu crescimento, não o vimos correr e brincar com os meninos da sua idade; também não acompanhámos os seus dias em Nazaré, a sua vida junto de seus Pais, onde se sentia seguro, amado e acarinhado, como qualquer uma das nossas crianças. Mas sabemos que “… por nós homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem…”
E aqui estamos nós, animados pela nossa Fé, percorrendo mais uma etapa. Mais um ano. Dia a dia, como os magos e os pastores, pensemos nesse Menino com alegria.
Neste começo do ano, ainda interiormente inebriados com as alegrias natalícias, não esqueçamos de colocar nas nossas agendas (juntamente com outros bons propósitos), a nossa vida em Fraternidade. A vivência da nossa vocação franciscana.
Se tanto temos recebido do Senhor, também o nosso sentimento de gratidão deve ser muito forte. Temos muito para melhorar. Conhecer cada irmão. Ama-lo como ele é. Conhecer as suas virtudes e não nos determos nos seus defeitos. Nós não somos um grupo de amigos, nem tão pouco uns conhecidos que gostam de conviver. Assumimos um compromisso. Professamos na Ordem Franciscana Secular. Foi Francisco que nos escolheu. E que santo orgulho essa escolha nos faz sentir! Temos que amar, ser misericordiosos, fazer dos nossos encontros uma festa. Escutar os problemas de cada um, sorrir com o coração e, uma coisa bem importante, é rezarmos uns pelos outros. Não deixar passar um só dia sem pensar na Fraternidade. Isto é, no rosto de cada irmão. Todos têm um nome. Não podemos ser uma Fraternidade de desconhecidos.
Um bom ano para todos. Que o pai S. Francisco nos ajude a viver em humildade e com o coração disponível para amarmos, verdadeiramente, os Irmãos que encontrámos no caminho que aceitámos percorrer… e que a luz de Belém continue a brilhar para nós.
Paz e Bem!
maria clara, ofs
18janeiro2019

Encontro de Formação Regional


3º Domingo do Tempo Comum



(27.01.2019)
Introdução à Liturgia:
A liturgia deste domingo dá-nos a oportunidade de iniciar a leitura contínua do Evangelho de S. Lucas que nos vai acompanhar na nossa caminhada de fé ao longo deste ano, nos chamados domingos do ‘tempo comum’. Através de Lucas acompanhamos a caminhada de Jesus e somos convidados a redescobrir este dom da gratuidade de Deus que nos convida a regressar à casa do Pai, às ‘entranhas’ do amor de Deus.

Introdução às Leituras:
Num texto muito belo que é tomado do livro de Neemias, a 1ª leitura fala-nos do tempo novo que o povo de Israel inicia após o seu regresso do exílio da Babilónia. No centro desse tempo novo está a Palavra de Deus que constitui o elemento agregador e motivador de uma nova dinâmica de comunhão. Por isso, celebrar e partilhar é o grande desafio da nossa Fé.

A segunda leitura, na continuação do domingo anterior, fala-nos da unidade em Cristo que se constrói na comunhão das diversas formas de viver a fé. Paulo, recorre à imagem do corpo, para nos ajudar a construir essa comunhão.

O Evangelho fala-nos das motivações que levam Lucas a escrever os acontecimentos à volta de Jesus, dizendo-nos que eles devem fortalecer a fé dos ‘servidores da Palavra’ e de todos os crentes. Depois, fala-nos da missão de Jesus no anúncio da Boa-Nova, tal como o profeta Isaías o havia anunciado.
Padre João Lourenço, OFM

21 de janeiro de 2019

2º Domingo do Tempo Comum



(20.01.2019)
Introdução à Liturgia:
A liturgia deste domingo oferece-nos uma oportunidade de estabelecer uma relação entre as celebrações natalícias e os conteúdos da mensagem anunciada e proposta por Jesus, na sua vida pública pelos caminhos da Palestina. Para nos mostrar isso, apresenta-se jesus como aquele que é o ‘vinho’ novo do amor e da misericórdia de Deus, dizendo-nos que Deus não esquece o Seu povo e que lhe envia agora a plenitude da salvação esperada.


Introdução às Leituras:
A primeira leitura, do livro de Isaías, através de uma linguagem figurativa, fala-nos do amor ‘esponsal’ de Deus pelo Seu povo, não deixando que este pereça abandonado nos caminhos da história. Deus dedica ao Seu povo todo o carinho que o jovem marido dedica à sua amada. Nós, a Igreja, somos esta ‘amada de Deus’ a quem Ele continua a dirigir palavras de amor e a deixar desafios de esperança.  

Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos de Corinto a viverem de forma harmoniosa, tendo em conta a pluralidade de dons e carismas que enriquecem a comunidade. Para isso, cada um deve colocar-se ao serviço do bem-comum, não a pensar em si, mas sim no bem comum, pois todos os dons são graça do Espírito Santo.

O Evangelho, tomado do texto de São João, apresenta-nos as Bodas de Caná, onde Jesus se dá a conhecer aos discípulos, num contexto de ‘boda’, uma das imagens mais ricas do Antigo Testamento para nos falar do amor de Deus. Ele é agora o centro desse banquete de comunhão, o ‘vinho novo’ que empresta aos homens um novo alento para a sua caminhada. Por isso, o texto termina, com a adesão dos discípulos que acreditam n’Ele e O seguem.
Padre João Lourenço, OFM 

16 de janeiro de 2019

Ciclo de Conferências no CCF - 25 de janeiro


Encontros de Espiritualidade no CCF


14 de janeiro de 2019

Festa do Baptismo do Senhor

Batismo de Jesus, Em Portugal dos Pequenitos, CoimbraPortugal.

(10 de janeiro 2016)

Introdução à Liturgia:
A liturgia deste domingo, concluindo o tempo de Natal, fala-nos do baptismo de Jesus nas margens do Jordão. É a 1ª manifestação pública de Jesus, pela qual o Pai o confirma como o Seu amado Filho, enviado ao mundo com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projeto do Pai, Ele fez-se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, para que possamos chegar à vida em plenitude.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim. Revestido do Espírito de Deus, Jesus concretiza essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses não são os procedimentos de Deus.

A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

No Evangelho, através do testemunho de João Batista, o Pai confirma o envio e a missão de Jesus. Ele é agora o ‘céu aberto’ que dá a conhecer aos homens o mistério de Deus. Como diz o Papa, na carta ‘O Rosto da Misericórdia’, Jesus é no meio dos homens o verdadeiro ‘rosto de Deus’ que nos propõe novos caminhos de Paz e Harmonia.
Padre João Lourenço, OFM

10 de janeiro de 2019

Semana de oração pela vocação franciscana




FRANCISCANOS FEITOS PARA O DIÁLOGO

Começa hoje a semana de oração pela vocação franciscana, até 16 de janeiro, dia de Frei Berardo e Companheiros, Mártires de Marrocos, que estiveram na origem da vocação franciscana de Santo António de Lisboa.

Celebramos este ano os 800 anos de um dos diálogos mais importantes da história, no encontro de São Francisco de Assis com os irmãos muçulmanos.

Desde as origens que o diálogo faz parte da identidade franciscana, da sua forma de ser e de viver: os franciscanos foram feitos para o diálogo.

Frei Hermínio Araújo
in https://www.facebook.com/herminio.araujo.58173

ORAÇÃO

Senhor Jesus,

chamados a acolher-Te pelo Espírito,
concede-nos a graça de Te encontrar em cada dia e instante;
chamados a seguir-Te conforme a Regra do Evangelho,
liberta-nos de tudo o que nos impede de Te seguir;
chamados a testemunhar-Te na vida,
concede-nos a liberdade de irmos ao encontro
dos demais,
reconhecendo-os como irmãos.
Seguros de que não nos abandonas,
dá-nos a coragem dos Mártires de Marrocos,
para a Te anunciar sem fronteiras;
dá-nos a ousadia de Francisco de Assis,
para sairmos ao encontro dos sultões dos
nossos tempos;
acalenta, no coração dos jovens,
o desejo profundo e sincero de Te seguir.

Amen.

7 de janeiro de 2019

Solenidade da Epifania do Senhor



(3 de janeiro 2016)

Introdução à Liturgia:
Fazendo parte da quadra natalícia, a liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens, dando assim uma dimensão universal ao mistério da manifestação do Senhor: Ele dá-se a conhecer a todos os povos. Ele é a “luz” que resplandece na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Esta “luz” incarnou na nossa história, fez-se presente na história dos homens e iluminou os seus caminhos, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida em plenitude.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora que Deus fará brilhar sobre Jerusalém, simbolizando assim a chegada da plenitude da vida de que Jesus é portador. A centralidade universal de Cristo atrai a Ele todos os povos que caminham guiados por essa luz.

Atualizando em Cristo o anúncio da 1ª Leitura, a segunda diz-nos que essa Luz se concretiza através dos arautos do Evangelho de que Paulo é testemunho; já não apenas aos Judeus, mas a todos os povos, pois todos são chamados a partilhar a mesma comunhão em Cristo.

No Evangelho, numa narrativa muito bela e profundamente simbólica, Mateus dá-nos a conhecer a forma como a Luz que é Cristo convida todos os povos, simbolizados nos Magos, que caminham ao encontro de Jesus. Importa estar atentos aos seus sinais e deixar-se conduzir por Ele, pois só assim podemos encontrar um novo caminho para construir um mundo diferente.
Padre João Lourenço, OFM

4 de janeiro de 2019

59º Dia Mundial da Paz



MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ
1º DE JANEIRO DE 2019
«A BOA POLÍTICA
ESTÁ AO SERVIÇO DA PAZ»

1. «A paz esteja nesta casa!»
Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis, pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»

2. O desafio da boa política
A paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade.

3. Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e da paz
O Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde caminha a história da família humana».[4]Trata-se de um programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a fidelidade.
A propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo.[5]
Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.

4. Os vícios da política
A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio.

5. A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa «fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver. Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um instrumento de diálogo».[6]
Cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas sociedades necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos mensageiros e testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família humana.

6. Não à guerra nem à estratégia do medo
Cem anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje, ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas.
O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.

7. Um grande projeto de paz
Celebra-se, nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
- a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
- a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado..., tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
- a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro.
A política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55).
Vaticano, 8 de dezembro de 2018.
Franciscus

[1] Cf. Lc 2, 14: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado».
[2] Cf. Le Porche du mystère de la deuxième vertu (Paris 1986).
[3] Carta ap. Octogesima adveniens (14/V/1971), 46.
[4] Carta enc. Caritas in veritate (29/V/2009), 7.
[5] Cf. «Discurso na Exposição-Encontro “Civitas” de Pádua»: Revista 30giorni (2002-nº 5).
[6] Bento XVI, Discurso às Autoridades do Benim (Cotonou, 19/XI/2011).
[7] Carta enc. Pacem in terris (11/IV/1963), 24 (44).

3 de janeiro de 2019

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