Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

29 de janeiro de 2014

Janeiro - Formação Permanente - Revitalizar

REVITALIZAR/REAVIVAR A "FORMA DE VIDA"
TESTEMUNHANDO A FRATERNIDADE


1. Palavra inspiradora:
MC 23,8-10: "Quanto a vós, não vos deixeis tratar por mestres, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. E, na terra, a ninguém chameis pai, porque um só é vosso Pai: Aquele que está nos céus".
Mt 18,20: "Pois onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu estou no meio deles (Cfr. Rnb 22,32-37 OU IR).

2. Regra de vida:
No 4: "A Regra e Vida dos Franciscanos Seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo os exemplos de S. Francisco de Assis, que fez de Cristo o inspirador e centro da sua vida para com Deus e com os homens".

3. Algumas implicações
  • Descobrir nos irmãos a pessoa viva e operante de Cristo (R.V., 5).
  • Como irmãos, conformar a sua maneira de pensar e de agir com Cristo (Id., 7).
  • Acolher todos os homens com espírito humilde e benevolente, como sendo um dom do Senhor e a imagem de Cristo. Conviver com todos num espírito de verdadeira alegria (Id., 13).
  • Procurar os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos através do diálogo e com o poder transformador do amor e do perdão, mostrando-se, assim, portadores da paz, a qual deve ser construída constantemente (Id., 19).
  • Assumir a vocação da OFS como o viver o Evangelho em comunhão fraterna (Id., 33).
  • Aprofundar os verdadeiros fundamentos da fraternidade universal e implementar em toda a parte o espírito de acolhimento e o clima de fraternidade (Const., art.º 18,2).
  • Colaborar com os movimentos que promovam a fraternidade entre os povos (Id., art.º 18,3).
  • Atuar como fermento, mediante o testemunho do amor fraterno (Id., art.º 19,l).
  • Entender a paz como obra da justiça e fruto da reconciliação e do amor fraterno (Id., art.º 23,1).

4. Fraternidade/Comunhão - Unidade "versus" solidão-individualismo
- Dia Mundial da Paz : 01.01.2014
- Mensagem do Papa Francisco: "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz"
- Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 18-25 de Jan.
Estes dois acontecimentos motivam esta partilha fraterna, como contributo de formação permanente dos Irmãos desta fraternidade. Apenas alguns elementos que se apresentam como ajuda a uma reflexão pessoal e como compromisso para a vida concreta.

Da Mensagem do Papa Francisco podemos salientar alguns pontos. Assim:

No 1 e 3: a fraternidade dimensão essencial - A paternidade divina
  • A fraternidade como uma dimensão essencial da pessoa, sendo esta um ser relacional.
  • A consciência desta dimensão essencial leva-nos a ver e a tratar cada pessoa como um verdadeiro irmão. Sem isto, não é possível a construção de uma sociedade justa.
  • A fraternidade começa-se a aprender no seio da família.
  • Apesar da importância das ligações e comunicações que envolvem o nosso planeta e do que elas permitem, isto contrasta muitas vezes com a globalização da indiferença. Torna-nos vizinhos, mas não irmãos.
  • Em muitas partes do mundo: a lesão dos direitos humanos fundamentais, as situações de desigualdade, pobreza, injustiça, a ausência de uma cultura de solidariedade, o individualismo, o egocentrismo, o consumismo materialista... a revelarem uma profunda carência de fraternidade.
  • Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige a referência a um Pai comum – paternidade divina. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens. A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus que se revela no amor pessoal, solícito e concreto por cada pessoa (cfr. Mt 6,25-30). Quando este amor é acolhido ele torna-se agente de transformação da vida e das relações com o outro.

No 2: Onde está o teu irmão?
  • Partindo da história dos dois irmãos Caim e Abel (Gn 4,l-16), cuja vocação era ser irmãos, importa entender alguns dos obstáculos que se interpõem à realização da fraternidade. Caim assassinou Abel. Recusou-se a reconhecer-se como irmão e a relacionar-se com ele. Ignorou o vínculo da fraternidade, da reciprocidade e da comunhão. Porquê? Por inveja.
  • Esta narração ensina que a humanidade traz inscrita uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade da sua rejeição. Disto mesmo dá testemunho o egoísmo diário, estando este na base de muitas guerras e injustiças.

No 4: A fraternidade é fundamento e caminho para a paz
  • Referindo a "Populorum Progressio", de Paulo VI, salienta: o dever de solidariedade: que nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social: que requer a reformulação entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal: que impele à promoção de um mundo mais humano para todos

No 5: A fraternidade, principio que vence a pobreza
  • A fraternidade é fundamental para vencer a pobreza, porque uma causa importante da pobreza é a falta de fraternidade entre os povos e entre as pessoas. Em muitas sociedades sente--se uma profunda pobreza relacional, devido à carência de sólidas relações familiares e comunitárias. Com isto surgem a marginalização, a solidão e várias formas de doença patológica.
  • Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos.

No 6: A redescoberta da fraternidade na economia
  • As graves crises financeiras e económicas dos nossos dias: que têm a sua origem no progressivo afastamento do homem de Deus e do próximo, com a ambição desmedida de bens materiais, e também no empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias.
  • As sucessivas crises económicas devem levar a superar os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida. Além disso, pode ser também uma ocasião para recuperar as virtudes da prudência, justiça, fortaleza e temperança (virtudes cardiais). Elas podem ajudar-nos a superar os momentos difíceis e a descobrir os laços fraternos que nos unem uns aos outros. Estas virtudes são necessárias sobretudo para construir e manter a sociedade a medida da dignidade humana.

No 7: A fraternidade extingue a guerra
  • Irmãos que continuam a viver a experiência dilacerante da guerra. A exigir de todos a oração pela paz.
  • Apelo a quantos semeiam a violência e morte, com armas: naquele que se considera um inimigo a abater, redescobrir um irmão; ir o encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para construir a justiça, a confiança e a esperança.
  • Não bastam os acordos internacionais e as leis nacionais para preservar a humanidade do risco de conflitos armados. É preciso uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos.

No. 8: A corrupção e o crime organizado que contrastam com a fraternidade
  • A fraternidade como sendo geradora de paz social, porque cria o equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum.
  • Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual. Este desenvolve-se quer em formas de corrupção, quer na formação de organizações económicas, as quais, minando a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa. Estas organizações ofendem a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação.
  • O drama da droga, com a qual se lucra desafiando as leis morais e civis; a devastação dos recursos naturais, a poluição, a tragédia da exploração no trabalho, os tráficos ilícitos de dinheiro, a prostituição que destrói e rouba o futuro a tanta gente, o tráfico de seres humanos, os crimes contra menores ...
  • As condições desumanas de muitos estabelecimentos prisionais, onde os reclusos acabam reduzidos a um estado degrandante e violados na sua dignidade.

No 9: A fraternidade ajuda a guardar e a cuidar da natureza
  • A natureza: dom do Criador oferecido à família humana. A natureza está à nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente. Por vezes surge a ganância, a soberba de dominar, de possuir, de manipular ..., não permitindo a defesa deste dom e o respeito do mesmo.
  • O sector agrícola que tem a vocação vital de cultivar e guardar os recursos naturais para alimentar a humanidade. De que modo usamos os recursos da terra?

No 10: Conclusão
Uma necessidade: que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, assumida, testemunhada
...
5. Fraternidade franciscana
  • Antes da fraternidade como ideal de vida evangélica, Francisco encontrou o irmão. No irmão se revelou o Cristo Irmão. Através de Cristo e do seu Evangelho foi percebendo o sentido pleno da paternidade universal de Deus e de família dos filhos de Deus, que irmana os batizados, todos os homens, a criação inteira.
  • Fundada em Cristo, a fraternidade que S. Francisco tem em mente é sempre a que une os homens no amor de um mesmo Pai, realizada, como ele diz, por "um tal filho, agradável, humilde, pacífico, doce, amável e mais que tudo desejável, Nosso Senhor Jesus Cristo, que deu a vida pelas suas ovelhas e orou ao Pai, dizendo: Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste" (cfr. 1CF 11-14 e Jo 17).
  • Esta unidade, constituída por irmãos, se converte em fraternidade pela ação do Espírito Santo. Francisco, nos seus escritos, fala sempre de fraternidade quando designa o grupo dos seus seguidores. O termo "irmão" aparece com muita frequência nas duas Regras (Rnb e Rb) e no Testamento com adjetivos cheios de afeto: "irmãos meus", "meus irmãos benditos", amadíssimos irmãos" ...
  • Na fraternidade franciscana podemos distinguir alguns aspetos fundamentais:
- Cristo como centro vivo da fraternidade
- a fraternidade vitalizada pela Palavra
- a fraternidade alimentada pela oração
- a fraternidade fundada na caridade
- a mútua aceitação
- a nivelação entre os componentes do grupo-fraternidade (irmãos)
- a mútua abertura e confiança
- a caridade terna, cordial e sacrificada
...
E isto tanto vale para as fraternidades dos "menores" como dos "seculares".

6. A paz franciscana
Da homilia do Papa Francisco, em Assis, a 04 de Outubro de 2013

A propósito de Mt 11, 28-29.
"Esta é a segunda coisa de que Francisco nos dá testemunho (porque a primeira diz respeito ao ser cristão = uma relação vital com a Pessoa de Jesus): quem segue a Cristo, recebe a verdadeira paz, a paz que só Ele, e não o mundo, nos pode dar. Na ideia de muitos, S. Francisco aparece associado com a paz: e está certo, mas poucos vão em profundidade. Qual é a paz que Francisco acolheu e viveu, e que nos transmite? A paz de Cristo, que passou através do maior amor, o da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos, quando apareceu no meio deles e disse: "A paz esteja convosco!"; e disse-o, mostrando as mãos chagadas e o peito trespassado (Jo 20, 19.20).
A paz franciscana não é um sentimento piegas. Por favor, este S. Francisco não existe! A paz de S. Francisco é a de Cristo, e encontra-a quem "toma sobre si" o seu "jugo", isto é, o seu mandamento: "amai- vos uns aos outros, como Eu vos amei" (cf. Jo 13,34; 15,12). E este jugo não se pode levar com arrogância, presunção, orgulho, mas apenas com mansidão e humildade de coração. Voltamo-nos para ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a ser "instrumentos da paz", da paz que tem a sua fonte em Deus, a paz que nos trouxe o Senhor Jesus"
"Altíssimo, omnipotente, bom Senhor, (...) louvado sejas( ...) com todas as tuas criaturas". Assim começa o Cântico de S. Francisco. O amor por toda a criação, pela sua harmonia. O Santo de Assis dá testemunho do respeito por tudo o que Deus criou e que o homem é chamado a guardar e proteger, mas sobretudo da testemunho de respeito e amor por todo o ser humano. Deus criou o mundo, para que seja lugar de crescimento na harmonia e na paz. A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia e de paz. Daqui, desta Cidade da paz, repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição! Respeitemos todo o ser humano: cessem os conflitos armados que ensanguentam a terra, calem-se as armas, e que, por toda a parte, o ódio dê lugar ao amor, a ofensa ao perdão e a discórdia à união. Ouçamos o grito dos que choram, sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra na Terra Santa, tão amada por S. Francisco, na Síria, em todo o Médio Oriente, no mundo.

Voltamo-nos para ti, Francisco, e te pedimos: alcançai-nos de Deus o dom de ter, neste nosso mundo, harmonia e pazl"
Frei José Pinto, OFM 
(Assistente Espiritual da Fraternidade Franciscana Secular de S. Francisco à Luz) 

0 comentários:

 
© 2007 Template feito por Templates para Você