O Poverello (Clique)
Centro de Acolhimento “O POVERELLO”, a unidade de cuidados de curta e longa duração e cuidados paliativos, que visitámos ontem, é um lugar que nos fala da dignidade da vida humana, em que a dor é tratada com carinho e onde a presença de Francisco de Assis nos interpela.
Senhor que quereis que eu faça? – Incita-nos ele a dizer. Em que
posso eu contribuir para suavizar o sofrimento do irmão doente? Diz-me Senhor,
para que eu não viva apenas de palavras e de boas intenções.
Tudo ali leva à contemplação. O
sorriso de quem nos acolhe, a beleza do lugar, as nuvens, o sol e até a irmã
chuva que fez questão de estar presente e refrescar a janela da pequena
capelinha onde celebrámos a Eucaristia.
E, bem ao jeito franciscano, a irmã
Morte corporal, também lá tem um lugar onde é tratada com a honra merecida. Tem
o nome de
Pórtico da VIDA
Podemos chamar-lhe uma sala de
estar. O silêncio e a luz são os seus adornos. A paz que ali se respira afasta
o medo, tem brilho de esperança e deixa o espírito voar procurando vislumbrar
um céu onde os bem-aventurados, revestidos de túnicas brancas, são recebidos
pelo Pai, que lhes mostra o Reino prometido e onde habitarão para sempre.
É uma antecâmara do céu.
Depois da despedida fica-se ali,
triste, saudoso daquele que nos deixou. Olhamos em frente e nada vemos. Como o
véu do templo de Jerusalém, há aqui também um véu que limita o nosso olhar. É
ele que nos separa da Vida Eterna. O nosso familiar, o nosso amigo, o ente
querido que nos deixou, passou essa barreira e foi ao encontro do Senhor. Nós
erguemo-nos, saímos pela outra porta, aquela que se abre para este mundo em que
vivemos, e onde Jesus nos convida a sermos Suas testemunhas, com o nosso
trabalho, com o nosso amor, respeitando todos os seres por Ele criados.
Pórtico da Vida. Símbolo de muitas interrogações, de respostas nem
sempre aceites, de inquietações que por vezes estão adormecidas. Mas a Palavra
de Jesus tem que ser a base da tranquilidade das almas e o alicerce da fé que
professamos.
Pórtico da Vida, a tal salinha que existe no “Poverello”, espaço de
intimidade para a despedida, lugar para deixar que as lágrimas e a dor da
separação se possam manifestar dignamente e em privado. Um último adeus… mas um
adeus revestido de esperança. Jesus disse: “Eu
sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim não morrerá para sempre” (Jo
11,25).
E o conforto destas palavras é um
desafio para que se viva cada dia mais intensamente, construindo a felicidade.
Uma felicidade que não é efémera. É cá de dentro. Brota de nos sentirmos amados
por Deus e de podermos partilhar esse mesmo amor com todos os que se cruzam nos
nossos caminhos. É pôr a render os dons que o Senhor deu a cada um,
utilizando-os com generosidade. É amar a família, os irmãos, amar a vida e, com
a força da oração, caminharmos com alegria.
Obrigada, Pai S. Francisco, pela
poesia da tua vida e por estares hoje, também, no meio dos teus filhos,
trabalhando e continuando a espalhar a Paz e o Bem.
Maria clara, ofs
21JULHO2014
(Convento Franciscano de Montariol) |
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