As escolhas de António
O nosso irmão António que
hoje se festeja nasceu em Lisboa, bem pertinho do Tejo. Foi a 15 de Agosto.
Seus pais levaram-no à Igreja de Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), para
ser batizado. Deram-lhe o nome de Fernando. Aí iniciou a sua formação, tendo
por mestres os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
E foi crescendo como outro
qualquer menino que se sente amado, estudando e dando os primeiros passos no
caminho da fé que um dia o levaria aos altares.
Muito jovem ainda, fez a sua
primeira escolha. Ingressou na mesma Ordem e, no Mosteiro de S. Vicente de Fora,
começou o noviciado. Na vasta biblioteca da sua nova morada, encontrou o noviço
imensa documentação para prosseguir os seus estudos religiosos e de literatura
científica e clássica.
Mas estava muito perto da
casa paterna. A família e os amigos frequentemente o visitavam. Embora gostasse
muito de estar com eles, Fernando sentia que a vida monástica que tinha escolhido
era constantemente devassada. Pretendia viver silencioso, fora dos ruídos do
mundo, numa entrega total a Deus.
Então, fez a sua segunda escolha: pediu aos superiores
que o transferissem para Coimbra. Foi assim que, no Mosteiro de Santa Cruz, com
o cargo de “irmão porteiro”, pode continuar a aprofundar os seus conhecimentos
e a prosseguir a a busca espiritual, com a tranquilidade que o espírito lhe
exigia.
Mas os desígnios de Deus são
insondáveis. Dá plena liberdade ao homem e deixa que seja ele a tomar as suas
decisões.
Por essa altura chegaram a
Coimbra cinco frades franciscanos que se dirigiam a Marrocos. Pobres, com
túnicas toscamente remendadas, irradiando felicidade. Fernando conversou com
eles e ficou maravilhado com a sua pregação e com a sua simplicidade. Pouco
tempo depois tornaram a Coimbra os mesmos frades. Só que, desta vez, vinham
apenas os seus restos mortais. Foram martirizados por se recusarem a negar a
sua identidade cristã.
Foi então que Fernando, que
já tinha sido ordenado sacerdote, fez a sua terceira escolha: decidiu entrar na Ordem dos Frades Menores e viver
o Evangelho ao jeito de Francisco de Assis. Trocou o nome que lhe tinham dado
no batismo, pelo de ANTÓNIO. Frei António, assim seria conhecido.
Nem sempre é fácil tomar
decisões. Quando se está numa encruzilhada, quer o sol brilhe por todo o lado
ou as nuvens escureçam o horizonte, é preciso ter o coração livre, para escutar
a Palavra que o Espírito segreda. E o nosso Irmão António esteve atento à voz
do Senhor e deixou-se guiar pela sua mão.
Envergando o burel feito de
tecido áspero, abraçou a “santa pobreza” e, humildemente, como Irmão Menor, foi
pelo mundo anunciando a boa nova do Senhor Jesus. E nem a doença, que lhe
deformou o corpo e lhe deu muito sofrimento, o impediu de o fazer, até ao fim
dos seus dias. São Boaventura disse que ele “possuía a ciência dos anjos” e S.
Francisco chamou-lhe, na carta que lhe enviou, “meu bispo”.
Que o nosso irmão António
interceda por nós, nos ensine a descobrir a verdadeira alegria, a viver
intensamente a nossa vocação franciscana e a estarmos sempre disponíveis para
escutar o que o Senhor tem para nos dizer, a fim de que possamos “cumprir
a sua santa e verdadeira vontade”.
Paz e Bem irmão António.
Parabéns! Hoje o céu e a terra estão em festa. É o teu
dia. Que o Senhor seja louvado.
Maria Clara, ofs
13Junho
2015
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