Jesus As The Good Shepherd In Caesarea's National Park, Israel |
DOMINGO DO BOM
PASTOR
Introdução
à liturgia:
O 4º Domingo da Páscoa, de todos conhecido como o “Domingo do Bom
Pastor”, colhe esta designação a partir do cap. 10º do Evangelho de S. João que
sempre se lê, repartido em três unidades, neste 4º domingo. Trata-se de um tema
– o Pastor – e de um texto, o capítulo de S. João que são marcantes da tradição
bíblica, da vida e da pastoral da Igreja, e também da espiritualidade cristã.
No entanto, importa ter presente que este tema – o Pastor – tem já as suas
raízes no Antigo Testamento, designadamente nos Salmos (que toda a gente
conhece e canta) e também em Ezequiel (cap. 34), um texto que serve de fundo e
enquadra muito bem a mensagem que é transmitida por S. João. É aqui que o
evangelista coloca toda a força e a centralidade dessa imagem única e singular
– Jesus, ‘o Bom Pastor’ – que dá a vida pelas ovelhas e se entrega à missão que
o Pai lhe confiou. O texto de S. João não é um texto fechado sobre si mesmo;
não se trata de uma contemplação passiva. É uma imagem aberta e dinâmica que se
prolonga naqueles que seguem o testemunho de Jesus e se dedicam ao Povo de
Deus, pois sem Pastor não há Comunidades e, por isso, somos desafiados a rezar
e promover, cada um com a sua capacidade, a causa do serviço pastoral: ser
pastores conforme as nossas capacidades e os ministérios que nos são confiados.
Também é tempo de rezar e pedir ao Bom Pastor que nos envie bons pastores para
o serviço da Sua Igreja.
A
Figura do Bom Pastor:
Quem já visitou Cesareia Marítima teve a oportunidade de ver uma das
mais antigas estátuas de Jesus (apesar de um pouco mutilada) como o ‘Bom
Pastor’, carregando uma ovelha aos ombros. Isto mostra-nos que desde cedo os
cristãos sentiram que o ‘ser pastor’ não era apenas uma figura de estilo nem
uma mera categoria simbólica; muito mais que isso. A mensagem bíblica sempre se
apresentou como um serviço e na figura do ‘Bom Pastor’ Jesus concretiza aquilo
que Ele mesmo tinha dito: ‘Não vim para ser servido, mas para servir’; ou
ainda: ‘Eu estou no meio de vós como quem serve’. De facto, a imagem do pastor
é uma das mais expressivas, e simples ao mesmo tempo, para traduzir a ideia de
serviço. Por isso, ela é uma ideia profundamente revolucionária. Deus sempre
foi acreditado como fonte de poder e de mando; é a Escritura que nos diz que
Ele é Pastor e que cuida do Seu rebanho, das suas ovelhas (Ez 34). A figura de
pastor, como todos sabemos, nem era grata aos judeus, pois os pastores eram
considerados como gente impura, gente que andava entre os gados e não cultivava
as normas da pureza ritual. É a estes ‘marginais’ que Ele é anunciado na noite
de Belém, os primeiros contemplados com a feliz notícia de que ‘nos nasceu um
Salvador, fonte de alegria’ e de esperança para todo o povo. Jesus apresenta-se
como o ‘Bom Pastor’ (o ‘Belo Pastor, no dizer do texto grego que com esta
designação quer expressar a beleza e a ternura de Deus pelo Seu povo). Sendo o
Bom Pastor, o evangelho (Jo 10) oferece-nos um conjunto de atitudes que definem
a ‘bondade do Pastor’: Ele liberta, abre portas, mostra o caminho, conduz às
pastagens, chama pelo nome, recolhesse todas e cada uma das suas ovelhas,
recolhe-as no aprisco do seu ‘coração misericordioso’, vai buscar a que anda
perdida e cuida da que está ferida pelo pecado, faz frente ao salteador e,
finalmente, dá a vida por cada uma e por todas. A Sua missão é libertar o
rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens
verdejantes onde há vida em plenitude. Jesus cumpre com amor essa missão, no
respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas,
aceitando cada uma como é para que venha a ser aquilo que Deus quer que
sejamos. Na segunda leitura, Pedro reforça esta mesma atitude, convidando-nos a
seguir o Pastor para não sermos ovelhas tresmalhadas. Hoje, o empenho na Igreja
convida-nos a ser verdadeiras ovelhas que se aconchegam ao Bom Pastor e d’Ele
recebem a força e a esperança de um amanhã de luz. Que o nosso confinamento nos
ajude a sentir mais fortemente a presença do Bom Pastor que nos guia na
esperança de um amanhã melhor.
Rezemos ao Bom Pastor: ‘Não Te esqueças que somos as tuas ovelhas e nos
colocamos nas Tuas mãos. Conduz-nos aos pastos da vida eterna’. Um santo e
feliz domingo do ‘Bom Pastor’.
Fr.
João Lourenço
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