99. Segundo a compreensão cristã da realidade, o destino da criação inteira
passa pelo mistério de Cristo, que nela está presente desde a origem: «Todas as
coisas foram criadas por Ele e para Ele» (Cl 1, 16).[80] O prólogo do Evangelho de João (1, 1-18)
mostra a atividade criadora de Cristo como Palavra divina (Logos). Mas o mesmo prólogo surpreende ao afirmar que esta Palavra «Se fez carne» (Jo 1, 14). Uma Pessoa da Santíssima Trindade inseriu-Se no universo criado, partilhando
a própria sorte com ele até à cruz. Desde o início do mundo, mas de modo peculiar a partir da
encarnação, o mistério de Cristo opera veladamente no conjunto da realidade natural, sem com isso afectar a sua autonomia.
Com efeito a Eucaristia é, por si mesma, um acto de amor cósmico. «Sim, cósmico! Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo».[166] A Eucaristia une o céu e a terra, abraça e penetra toda a criação. O mundo, saído das mãos de Deus, volta a Ele em feliz e plena adoração: no Pão Eucarístico, «a criação propende para a divinização, para as santas núpcias, para a unificação com o próprio Criador».[167] Por isso, a Eucaristia é também fonte de luz e motivação para as nossas preocupações pelo meio ambiente, e leva-nos a ser guardiões da criação inteira. (Laudato Si).
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