Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

21 de maio de 2023

5º Domingo da Páscoa

 

(07.05.2023)

Introdução à liturgia:

    A liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre a Igreja – a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o “caminho” de Jesus, dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos homens. Como Jesus nos diz no Evangelho que vamos escutar, “quem O vê, vê o Pai”; quem está com Jesus, está com o Pai, e é esse estar com Ele que hoje nos é pedido como forma de vida.

 Introdução às leituras:

O Evangelho apresenta-nos a Igreja como a comunidade dos discípulos que seguem o “caminho” de Jesus – “caminho” de dom de vida aos irmãos. Aqueles que acolhem esta proposta e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a nova família dos filhos de Deus.

A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caracterizam a “família de Deus”, a Igreja: é uma comunidade santa, embora formada por homens pecadores; é uma comunidade estruturada hierarquicamente, mas onde deve prevalecer o serviço aos irmãos que é exercido no diálogo e na partilha. Os dons recebidos devem ser partilhados, mas sempre com uma simplicidade que seja testemunho do Espírito Santo que nos fortalece.


A segunda leitura também se refere à Igreja; Pedro chama-lhe “edifício espiritual em construção”, do qual Cristo é a “pedra angular” e os cristãos as “pedras vivas”. Essa Igreja é formada por um “povo sacerdotal”, cuja missão é oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida vivida na comunhão com o Pai e no amor incondicional aos irmãos.

Padre João Lourenço, OFM

5º DOMINGO DA PÁSCOA - 2023

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6)

 Os textos de S. João que meditamos nos Evangelhos das eucaristias desta quadra pascal são de uma riqueza única e singular, dando a este tempo um sentido pleno de esperança que nos abre para um horizonte de eternidade, como sucede em todo o Evangelho de S. João. Do texto deste domingo podemos retirar esta afirmação de Jesus em que, mediante 3 palavras, Ele afirma a sua missão ‘Eu sou o caminho’, a sua identidade ‘Eu sou a verdade’ e a sua pessoa ‘Eu sou a vida’. Três palavras-chave que definem o sentido do mistério de Cristo e, ao mesmo tempo, marcam as configurações da vida cristã como sendo uma caminhada na busca e na procura de Deus. Já assim o era no Antigo Testamento como no-lo mostra a pessoa de Abraão: ‘deixa a tua terra e parte’. E Abraão partiu; toma o teu filho e vai… E Abraão tomou o filho e foi…, mesmo ainda sem conhecer o caminho, nem a meta.

Ele partiu porque, sendo Homem de fé, sabia que mesmo na noite da dúvida, da incerteza, Deus era o caminho, do qual recebeu o maior dom – ‘o filho que tanto amas’ – e também era a certeza que os seus sonhos não morreriam no caminho, porque estava pronto a dar a Deus o que d’Ele tinha recebido, o seu grande amor: Isaac. Agora, é Jesus, o filho único, que o Pai deu aos homens que se faz nosso caminho; Ele não nos mostra o caminho; Ele é o caminho e o caminho consiste em ‘acreditar na possibilidade impossível de Deus’ que, apesar do Seu silêncio (como o sentimos hoje, nesta noite de procura e de penumbra) e das Suas exigências impossíveis, nós sabemos que Ele está presente. Com o caminho que é Jesus nós superamos a própria noite de Deus na história, a noite do Seu amor por nós que só Jesus nos permite compreender e caminhar.

Enquanto ‘caminho’, Jesus mostra-nos que a meta é o Pai e é por Ele e n’Ele que alcançamos a plenitude. Ele é o ‘caminho’ que trouxe até nós a glória do Pai e pelo qual subimos também para a mesma glória. Jesus não ousa apresentar-se como um modelo de procedimentos éticos ou de valores morais. Pelo contrário, a sua proposta é uma caminhada que se faz seguindo o seu testemunho de vida. Ele não se faz meta, mas apenas a estrada que até ela nos conduz. A palavra de Jesus é clara; Israel tinha um caminho que era a Lei; foi por ela que Abraão chegou ao Monte Moriah; é nela que Deus abriu um caminho no deserto para que o Seu povo chegasse à Terra prometida, aquando do êxodo; foi ainda por ela que Deus aplanou os montes e outeiros para que, no regresso da Babilónia, o povo alcançasse de novo a sua meta, a nova Sião. Habituados às distâncias e à aridez do deserto, bem como às encruzilhadas dos vales e à sinuosidade das montanhas, Israel sabia, por experiência própria, como é difícil percorrer a Terra e alcançar o termo de uma qualquer viagem, mesmo quando programada. Na Palestina, as incertezas dos caminhos, as miragens do deserto e os perigos que lhes estão associados, acarretam consigo muitos obstáculos e fazem com que qualquer viagem seja sempre um risco. Agora, o ‘caminho’ já não é uma construção exterior, nem uma distância a percorrer, mas sim a pessoa do Filho que, enviado ao mundo para o salvar (Jo 3,17), identifica o Pai e nos introduz na comunhão com Ele. Nós não fazemos o caminho; apenas o percorremos. O nosso itinerário está feito; Jesus é Ele o caminho e a nós compete entrar nele e com Ele seguir estrada fora, ao encontro do Pai. Tal como Jesus afirma só Ele é o caminho e ninguém ‘vai ao Pai se não por Ele’ (Jo 14,6). Mas para isso, há que O conhecer, pois só conhecendo O é que podemos chegar ao Pai e conhecer também o Pai (Jo 14,9). A beleza da fé está aqui; ela é o caminho que em Cristo nos conduz ao Pai. E esse caminho faz-se e perfaz-se em Cristo e com Ele.   

O tempo pascal é esta caminhada em busca da plenitude: caminhada na vida e caminhada na descoberta de Cristo ressuscitado. O evangelho mostra a nossa identidade ‘peregrina’ de crentes que vão descobrindo a presença do Senhor ressuscitado nos sinais da vida e muitos são esses sinais, incluindo o do silêncio de Deus. O sentido do nosso peregrinar não está apenas no ‘fazer caminho’; está essencialmente na busca do Sentido que nos conduz ao Pai. Só por Ele e com Ele podemos lá chegar, pois só n’Ele é que cada homem se faz ‘peregrino da Eternidade.

Padre João Lourenço, OFM

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