Cântico das Criaturas
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar
e nenhum homem é digno de te nomear.
Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão Sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumias.
E ele é belo e radiante, com grande esplendor:
de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Lua e as Estrelas:
no céu as acendeste, claras, e preciosas e belas.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Vento
e pelo Ar, e Nuvens, e Sereno, e todo o tempo,
por quem dás às tuas criaturas o sustento.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã Água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão Fogo,
pelo qual alumias a noite:
e ele é belo, e jucundo, e robusto e forte.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e governa, e produz variados frutos,
com flores coloridas, e verduras.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz,
pois por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal,
à qual nenhum homem vivente pode escapar:
Ai daqueles que morrem em pecado mortal!
Bem-aventurados aqueles que cumpriram a tua santíssima vontade,
porque a segunda morte não lhes fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças
e servi-o com grande humildade…
S. Francisco de Assis
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ntico_das_Criaturas
Ao contrário de outras canções religiosas da época, o Cântico das Criaturas é quase infantil na maneira em que louva
Deus agradecendo-o por criações como o "Irmão
Fogo" e a "Irmã
Água". A letra é uma afirmação da
teologia pessoal de Francisco de Assis. Ele frequentemente se referia aos
animais como irmãos e irmãs da
Humanidade, rejeitava qualquer tipo de acúmulo material e confortos sensuais, em troca da "Senhora
Pobreza".
Francisco teria composto a maior parte do
cântico no fim de
1224, enquanto se recuperava de uma doença em
San Damiano, em uma pequena cabana construída para ele por
Clara de Assis e outras mulheres pertencentes à sua
ordem. De acordo com a tradição, ela teria sido cantada pela primeira vez por São Francisco e pelos irmãos Angelo e Leo, dois de seus companheiros originais, no leito de morte de Francisco, com o
verso final que louva a "Irmã
Morte" tendo sido acrescentado apenas alguns minutos anteriormente.
Historicamente, o
Cântico das Criaturas foi mencionado pela primeira vez na
Vita Prima de
Tommaso da Celano, em
1228.