Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

8 de janeiro de 2021

Crónicas da Vida da Fraternidade

 

A Fraternidade e a pandemia – Março a Julho de 2020

·                 Uma nova maneira de viver.

·                Tempo de descobertas

Tempo de solidão e de amor

 

Já se noticiava que a China estava a travar grande batalha com um vírus altamente poderoso e de difícil controlo. Já era notícia, sim. Mas nós por cá, íamos ouvindo com atenção, mas com alguma tranquilidade, pois estávamos distantes e a vida corria normalmente.

Os dias iam passando e cada vez se falava mais no “COVID-19”.  E este viajante indesejável, começou a ter destaque em todos os meios de comunicação. Passou a ser a notícia mais importante, não só em Portugal, como na Europa e em todo o mundo.

No dia 7 de fevereiro de 2020, houve reunião do Conselho, tendo ficado agendada, a próxima, para o dia 14 de março. Esta já não se realizou. Mas, a 15 de fevereiro ainda tivemos a primeira reunião da Fraternidade, com o Conselho recentemente eleito. O irmão José Salpico apresentou o Relatório e Contas relativo ao ano anterior e foi dado a conhecer o PVA – Plano de Vida e Ação 2020. O novo Conselho da Fraternidade, Irmãos Ministro e Conselheiros, foram também apresentados à assembleia. E este dia terminou com a Eucaristia presidida pelo Assistente Espiritual, Frei Fernando Mota. Um momento muito especial, revestido de paz e de alegria.

Foi este o último encontro presencial da Fraternidade de S. Francisco à Luz. Já lá vão três meses…

Os Irmãos dispersaram. Cada um rumou às suas casas e, por força das normas impostas pelo Governo para combater a pandemia que se estava a instalar, começaram a experimentar uma nova forma de viver.

Escolas fechadas desde 16 de março até 9 de abril; bares, discotecas e restaurantes encerrados; a circulação de pessoas restringida. E a segurança foi sendo reforçada. Igrejas fechadas. Celebrações Litúrgicas só através dos meios de comunicação. Mais medidas tiveram que ser tomadas nesse sentido. E foi decretado “estado de emergência” por quinze dias e renovado por igual período.

Mas no meio do sofrimento que se instalou, muitos valores já um pouco esquecidos, começaram a aparecer. Atitudes de solidariedade. Partilha de bens de primeira necessidade. Gestos afetuosos, telefonemas para quebrar a solidão de quem estava só. Começou a notar-se que o EU de cada um se esbatia, para ajudar o OUTRO que necessitava

E a Quaresma teve um sabor diferente. Ninguém poderá esquecer a imagem do Papa Francisco. Sozinho, vestindo de branco, deixando transparecer cansaço e dificuldade em se movimentar, ao subir a Praça de S. Pedro. Espaço vazio. Silêncio total. Imponente e comovedor. Parecia que o Papa tinha sobre os seus ombros todo o sofrimento do mundo.

E o momento em que, à saída da Basílica de S. Pedro, virado para a Praça deserta, ergueu a sagrada custódia e abençoou o mundo… E sempre aquele silêncio profundo que nos transportava até junto de Jesus.

A Via Sacra de sexta-feira santa, com leituras testemunhando o sofrimento real de quem as escreveu, conduziam-nos ao calvário. Tudo tão próximo daquele Jesus que um dia morreu por amor a cada um de nós. Os temas escolhidos para meditação nada tinham de transcendente. Eram testemunhos verídicos. Factos que foram vividos. Sofrimentos reais. Simplicidade na sua comunicação. Quanta dor partilhada!

As Eucaristias transmitidas através da Radio ou da TV, entravam nas nossas casas. Família reunida participando, escutando as sagradas leituras com uma atenção redobrada, meditando em cada palavra, seguindo todos os passos da celebração, com recolhimento. E assim se ia vivendo.

Muitos telefonemas. Mesmo de longe procuravam-se notícias dos Irmãos. Trocavam-se palavras afetuosas. Eram momentos de carinho e de proximidade. Felizmente que, quando há empenho e se vive com amor, encontram-se sempre outras formas de comunicar.

Em ABRIL, o Conselho reuniu, pela primeira vez, usando os meios de videoconferência e, no dia 2 de MAIO, do mesmo modo, juntámo-nos para a Lectio Divina. Ainda em maio, a 16, reuniu a Fraternidade.

Faltava a presença, mas, mesmo assim, estes encontros foram muito reconfortantes e proveitosos. Ganhou-se uma nova energia. Foi como se voltássemos a “casa”.

E chegou o Domingo do Pentecostes. Dia 31 de MAIO. Houve permissão para que as Igrejas abrissem as portas aos fiéis, cumprindo e fazendo cumprir inúmeras exigências que as autoridades impunham.

E, a Igreja do “nosso convento”, acolheu com alegria todos os que puderam rumar até lá. Franqueou alegremente as suas portas. O nosso Assistente Espiritual e Guardião do Convento, Frei Fernando Mota, OFM, com alguns Irmãos da nossa Fraternidade que, generosamente, se ofereceram para servir, ajudaram a implementar as regras impostas, para defesa de todos e para que as cerimónias corressem bem.

A partir desta data, os nossos encontros passaram a ser presenciais. Mas, porque alguns Irmãos não podiam estar presentes, o Irmão Ministro, pensando em todos, achou por bem que se continuasse a utilizar, também, a via ZOOM. É que a vida de todos sofreu transformação. Uns trabalhavam em casa e tinham crianças a cuidar, outros tinham saído da cidade, outros ainda com alguns problemas de saúde viam-se forçados a permanecer casa. E os Irmãos da OFS, como manda a sua Regra, devem cuidar uns dos outros. Era isso que S. Francisco fazia. É isso que nós devemos fazer.

No meio de todas as limitações, o Pai S. Francisco esteve connosco. Ele tinha dito isso antes da sua partida. Que não esqueceria os seus filhos, os que estavam com ele nessa altura e os que viriam através dos tempos.

Assim, em maio, quando se vivia em ansiedade e algum medo, Francisco pôs no nosso caminho, o Irmão Gonçalo Cadete e, uns meses mais tarde, o Irmão Pedro Ferreira. Procuraram a Fraternidade de S. Francisco à Luz, para iniciarem uma caminhada connosco.

Foram recebidos com muita alegria e demos graças ao Senhor e ao nosso Seráfico Pai, pela graça de podermos contar com mais dois Irmãos.

E, assim, chegámos a JULHO. O irmão sol, convidando a dias de lazer, fez lembrar que era época de férias. A intenção dele era boa, só que havia limites e muito sofrimento pelo mundo.

Aqui fez-se uma paragem. Mesmo distantes, em férias ou a trabalhar, os Irmãos continuaram a procurar notícias uns dos outros. Os doentes foram uma preocupação para toda a Fraternidade. E era na oração que nos encontrávamos. A oração une…  como se estivéssemos de mãos dadas pedindo uns pelos outros.

Que S. Francisco interceda por nós. Que o Senhor tenha misericórdia deste mundo em sofrimento. Que aumente a nossa fé e, em cada dia, que a esperança renasça nos nossos corações. Voltaremos aos nossos encontros, não teremos os nossos sorrisos tapados com máscaras e poderemos, então, matar saudades com abraços muito fortes, com muito carinho e alegria. O Senhor é o nosso pastor… nada nos faltará.

Pai S. Francisco, canta connosco, o teu hino de louvor e de ação de graças:

 Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor, a Ti toda a honra e toda a Glória…

maria clara, ofs

JULHO 2020

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