Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

20 de julho de 2012

Congresso Internacional - 24 a 28 de julho

CONGRESSO INTERNACIONAL OS FRANCISCANOS NO MUNDO LUSO-HISPÂNICO: HISTÓRIA, ARTE E PATRIMÓNIO

Sociedade de Geografia, Lisboa, 24 a 28 de Julho de 2012

R. das Portas de Santo Antão 100, 1150 Lisboa



Congratulando-nos pelo facto, publicamos o resumo da comunicação que o Irmão João Furtado Martins, da Fraternidade da Luz,  apresentará no Congresso Internacional.   

JOÃO HENRIQUE COSTA FURTADO MARTINS,

D. [FLUL], Bols.F.C.G.
Enfermarias e Hospícios dos Frades Capuchos da Provincia da Arrábida (Séc. XVI – XVIII) Congresso Os Franciscanos no Mundo Luso-Hispânico
A presente proposta de comunicação, centra-se na problemática da Saúde na província franciscana da Arrábida, província inserida na reforma da Mais Estrita Observância. Dado o modo de vida austero destes frades, as suas casas não tinham as condições adequadas para o tratamento e convalescença dos frades enfermos. Esta realidade evidenciava a necessidade de deslocamento por parte dos frades que padeciam de enfermidades, para locais muitas vezes distantes das casas de onde provinham, havendo a necessidade de se criar enfermarias mais perto das casas dos referidos religiosos. Tanto a Coroa, as Misericórdias como as populações, participaram na criação de espaços favoráveis ao restabelecimento dos religiosos doentes. Os próprios Estatutos da Província da Arrábida, contém referências à organização e gestão das enfermarias, como também relativamente aos procedimentos a tomar pelos frades, nas funções de enfermeiro.

O trabalho realizado foca a constituição dos vários hospícios e enfermarias, a partir das informações recolhidas nas crónicas desta província, como também as dinâmicas relacionais decorrentes da ocupação dos espaços cedidos. O período cronológico abrangido por este trabalho, remete-nos para a segunda metade do século XVI e princípios do XVIII.

16 de julho de 2012

15 de Julho - São Boaventura de Bagnoregio


CASTEL GANDOLFO, domingo, 15 de julho de 2012(ZENIT.org) – Bento XVI após Visita Pastoral à cidade de Frascati retornou a Castel Gandolfo de onde conduziu ao meio dia a tradicional oração mariana do Angelus.

Apresentamos as palavras dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo :

Queridos irmãos e irmãs!

No calendário litúrgico o dia 15 de julho faz memória a São Boaventura de Bagnoregio, franciscano, doutor da Igreja, sucessor de São Francisco de Assis na condução da Ordem dos Frades Menores.

Ele escreveu a primeira biografia oficial do Poverell’, e no final da vida foi Bispo desta Diocese de Albano. Numa carta, Boaventura escreve: “Confesso diante de Deus que a razão que mais me fez amar a vida do beato Francisco é que ela se assemelha ao início e ao crescimento da Igreja”(Epistula de tribus quaestionibus, na Obra de São Boaventura, Introdução Geral, Roma 1990, p.29).

Estas palavras nos remetem diretamente ao Evangelho deste domingo, que apresenta o primeiro envio em missão dos Doze Apóstolos por parte de Jesus “Chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos;

E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; Mas que calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas. (Mc 6, 7-9).

Francisco de Assis, depois de sua conversão, praticou ao ‘pé da letra’ este Evangelho, tornando-se uma fidelíssima testemunha de Jesus ; e associado de maneira singular ao mistério da Cruz, foi transformado num ‘outro Cristo’, como o próprio São Boaventura o apresente.”.

Toda a vida de São Boaventura, assim como sua teologia têm como centro inspirador Jesus Cristo. Esta centralidade de Cristo reencontramos na segunda Leitura da Missa de hoje (Ef 1, 3-14), o célebre hino da Carta de São Paulo aos Efésios, que inicia assim: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.O apóstolo mostra então como se realizou este designo em quatro passagens que começam com a mesma expressão ‘Nele’, referindo à Jesus Cristo. ‘Nele’ o Pai nos escolheu antes da fundação do mundo; ‘Nele’ fomos redimidos mediante o seu sangue; ‘Nele’ nos tornamo herdeiros, predestinados a ser ‘louvor de sua glória’; ‘Nele’aqueles que crêem no Evangelho recebem o sigilo do Espírito Santo.

Este hino paulino contém a visão da história que São Boaventura contribuiu para difundir na Igreja: toda a história tem como centro Cristo, o qual assegura também novidade e renovação a todo tempo. Em Jesus, Deus disse e deu tudo, mas como Ele é um tesouro inexorável, o Espírito Santo jamais deixa de revelar e de atualizar o seu mistério. Por isso a obra de Cristo e da Igreja jamais regride, mas sempre progride

Querido amigos, invoquemos Maria Santíssima, que celebramos amanhã como Virgem do Monte Carmelo, para que nos ajude, como São Francisco e São Boaventura, a responder generosamente a chamada do Senhor, para anunciar o seu Evangelho de salvação com as palavras e antes de tudo com a vida.

10 de julho de 2012

Os Franciscanos no Mundo Luso-Hispânico

CONGRESSO INTERNACIONAL OS FRANCISCANOS NO MUNDO LUSO-HISPÂNICO: HISTÓRIA, ARTE E PATRIMÓNIO

Sociedade de Geografia, Lisboa, 24 a 28 de Julho de 2012

R. das Portas de Santo Antão 100, 1150 Lisboa




Em http://www.socgeografialisboa.pt encontra-se o programa, a ficha de inscrição e os resumos das intervenções.
Apraz transcrever o resumo da intervenção da Mestre, Maria da Luz Sousa Nogueira Rei, com o título “A Livraria do Seminário dos Missionários Apostólicos – Convento de Santo António do Varatojo (1680-1834).”

O Convento de Santo António de Varatojo foi construído com o patrocínio de D. Afonso V e, por este, inaugurado a 4 de Outubro de 1474. É entregue aos Franciscanos (OFM) ficando na dependência da província Observante de Portugal até 1532. De 1532 a 1680 passa a depender da província dos Algarves.
Pelo Breve Apostólico de Inocêncio XI – Ex injuncti Nobis divinitus de 23 de novembro de 1679 passa a designar-se Seminário de Missionários Apostólicos na direta dependência do Ministro Geral da Ordem – Fr. Joseph Ximenes Samaniego.
O seu mentor e fundador é Fr. António das Chagas, OFM (1631-1682) que após atribulada vida secular, se converte à doutrina Evangélica, acreditando que os homens, pelo dom da Graça em Jesus Cristo, podem transformar-se em testemunhos vivos. Acreditava no poder pedagógico da ascese e da pregação.
Assim, estruturou o programa de vida e estudo do pedagogo e do missionário, contido no Cerimonial Doméstico. A sua prioridade é levar o Evangelho às populações dos mais recônditos lugares de Portugal, como confirma o Livro das Missões.
Doravante, no Seminário Apostólico a arte da pregação é ensinada, quer aos aspirantes ao noviciado, quer aos frades já experientes de modo a serem enviados, dois a dois para as missões populares. É a arte da pregação ao serviço do povo, que congrega confrades de outras províncias, a manifestarem interesse em aprender esta técnica e a dedicarem-se a este serviço. É o púlpito na mais extrema radicalidade, é um regresso às origens seráficas.
O objetivo desta comunicação consiste na reconstituição da Livraria do Seminário dos Missionários Apostólicos, com base no Rol de Livros, apenso ao processo de extinção, cuja sentença está datada de 8 de março de 1834.
Este Rol de Livros é a fonte de investigação realizada e, posteriormente, convertido no catálogo possível. Concebeu-se uma grelha, que se preencheu com a informação retirada do Rol que lista 5793 espécies bibliográficas, assim descritas. Autor, título da obra, volume e formato. Considera-se um instrumento incipiente se comparado com inventários e catálogos de outras livrarias do mesmo período, onde local e data de edição estão presentes. De salientar que o catálogo ou inventário da Livraria do Seminário de Missões de Varatojo não é mencionado no Rol.
É através da identificação das obras contidas no Rol de Livros, que se determina o que era fundamental para a formação espiritual e robustez física dos missionários, em preparação, para com ousadia e convicção evangélica, calcorrearem o território, a pedido do episcopado, a doutrinar o povo – missões populares. A espiritualidade varatojana, caracterizava-se de profunda e inabalável austeridade.
Para fundamentar o plano de estudos sistematizado e a sua aplicação prática, é essencial analisar o manuscrito e dar a conhecer as obras, nele referidas, e que constituíram aquela que se considera a primeira biblioteca do Convento de Santo António do Varatojo."

2 de julho de 2012

Ano Clariano - No Louvor a Deus


A elegância de uma alma que se despende no louvor a Deus



Carta de Bento XVI por ocasião do 'Ano Clariano'


CIDADE DO VATICANO, sábado, 21 de abril de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a seguir a carta do Papa Bento XVI ao Bispo de Assis-Nogera Umbra-Gualdo Tadino por ocasião do Ano Clariano.


Ao Venerado Irmão


Domenico Sorrentino


Bispo de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino


Foi com alegria que tomei conhecimento de que nessa Diocese, assim como entre os Franciscanos e as Clarissas do mundo inteiro, se está a recordar santa Clara com um «Ano Clariano», por ocasião do VIII centenário da sua «conversão» e consagração. Tal evento, cuja datação oscila entre 1211 e 1212, completava, por assim dizer, «o feminino» a graça que tinha alcançado poucos anos antes a comunidade de Assis com a conversão do filho de Pietro de Bernardone. E, como acontecera para Francisco, também na decisão de Clara se escondia o rebento de uma nova fraternidade, a Ordem clariana que, tornando-se uma árvore frondosa, no silêncio fecundo dos claustros continua a espalhar a boa semente do Evangelho e a servir a causa do Reino de Deus.

Esta feliz circunstância impele-me a voltar idealmente a Assis, para meditar com Vossa Excelência, venerado Irmão, com a comunidade que lhe foi confiada e, igualmente, com os filhos de são Francisco e as filhas de santa Clara, sobre o sentido deste acontecimento. Com efeito, ele fala também à nossa geração, e tem um fascínio sobretudo para os jovens, aos quais dirijo o meu pensamento carinhoso por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, celebrada este ano, segundo a tradição, nas Igrejas particulares precisamente neste dia do Domingo de Ramos.

É a própria Santa que fala, no seu Testamento, da sua escolha radical de Cristo em termos de «conversão» (cf. FF 2825). É a partir deste aspecto que me apraz começar, quase retomando o discurso feito em referência à conversão de Francisco no dia 17 de Junho de 2007, quando tive a alegria de visitar esta Diocese. A história da conversão de Clara centra-se na festa litúrgica do Domingo de Ramos. Com efeito, o seu biógrafo escreve: «Estava próximo o dia solene dos Ramos, quando a jovem foi ter com o homem de Deus para lhe perguntar sobre a sua conversão, quando e de que modo devia agir. Padre Francisco ordena que no dia da festa, elegante e ornamentada, vá aos Ramos no meio da multidão do povo, e depois na noite seguinte, saindo da cidade, transforme a alegria mundana no luto do domingo da Paixão. Portanto, quando chegou o dia de domingo, no meio das outras mulheres, a jovem, resplandecente de luz festiva, entra com as outras na igreja. Ali, com prenúncio digno, aconteceu que, enquanto os outros corriam para receber os ramos, Clara, por pudor, permaneceu imóvel e então o Bispo, descendo os degraus, chegou até ela e depôs o ramo na suas mãos» (Legenda Sanctae Clarae virginis, 7: FF 3168).

Tinha passado cerca de seis anos desde que o jovem Francisco empreendera o caminho da santidade. Nas palavras do Crucifixo de São Damião — «Vai, Francisco, repara a minha casa» — e no abraço aos leprosos, Rosto sofredor de Cristo, ele tinha encontrado a sua vocação. Disto brotara o gesto libertador do «despojamento» na presença do Bispo Guido. Entre o ídolo do dinheiro que lhe fora proposto pelo pai terreno, e o amor de Deus que prometia encher o seu coração, não teve dúvidas, e com ímpeto exclamara: «De agora em diante poderei dizer livremente:Pai nosso, que estais no Céu, e não já pai Pietro de Bernardone» (Segunda Vida, 12: FF 597). A decisão de Francisco tinha desconcertado a Cidade. Os primeiros anos da sua nova vida foram caracterizados por dificuldades, amarguras e incompreensões. Mas muitos começaram a meditar. Também a jovem Clara, então adolescente, foi sensibilizada por este testemunho. Dotada de um acentuada sentido religioso, foi conquistada pela «mudança» existencial daquele que tinha sido o «rei das festas». Achou o modo de o encontrar e deixou-se envolver pelo seu fervor por Cristo. O biógrafo faz um esboço do jovem convertido, enquanto instrui a nova discípula: «Padre Francisco exortava-a ao desprezo pelo mundo, demonstrando-lhe com uma palavra viva que a esperança deste mundo é árida e traz desilusão, e instilava nos seus ouvidos a dócil união de Cristo» (Vita Sanctae Clarae Virginis, 5: FF 3164).

Segundo o Testamento de Santa Clara, ainda antes de receber outros companheiros, Francisco tinha profetizado o caminho da sua primeira filha espiritual e das suas irmãs de hábito. Com efeito, enquanto trabalhava pela restauração da igreja de São Damião, onde o Crucifixo lhe tinha falado, anunciara que aquele lugar teria sido habitado por mulheres que glorificariam Deus com o seu santo teor de vida (cf. FF 2826; cf. Tomás de Celano, Segunda Vida, 13: FF 599). O Crucifixo original encontra-se agora na Basílica de Santa Clara. Aqueles grandes olhos de Cristo, que tinham fascinado Francisco, tornaram-se o «espelho» de Clara. Não é por acaso que o tema do espelho lhe será tão querido e, na iv carta a Inês de Praga, escreverá: «Fixa todos os dias este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e nele perscruta continuamente o teu rosto» (FF 2902). Nos anos em que se encontrava com Francisco para aprender dele o caminho de Deus, Clara era uma jovem atraente. O Pobrezinho de Assis mostrou-lhe uma beleza superior, que não se mede com o espelho da vaidade, mas desenvolve-se numa vida de amor autêntico, nas pegadas de Cristo Crucificado. Deus é a beleza verdadeira! O coração de Clara iluminou-se com este esplendor e isto incutiu-lhe a coragem de deixar que lhe cortassem os cabelos e de começar uma vida penitente. Para ela, como para Francisco, esta decisão foi marcada por muitas dificuldades. Se alguns familiares a compreenderam sem dificuldade, e a mãe Ortolana e duas irmãs até a seguiram na sua escolha de vida, outros reagiram violentamente. A sua fuga de casa, na noite entre o Domingo de Ramos e a Segunda-Feira Santa, teve aspectos aventurosos. Nos dias seguintes foi perseguida nos lugares onde Francisco lhe tinha preparado um refúgio e tentaram em vão, até com a força, fazê-la renunciar ao seu propósito.

Clara preparara-se para esta luta. E se Francisco era o seu guia, um apoio paterno vinha-lhe também do Bispo Guido, como vários indícios sugerem. Explica-se assim o gesto do Prelado que se aproximou dela para lhe oferecer o ramo, como que para abençoar a sua escolha corajosa. Sem o apoio do Bispo, dificilmente teria sido possível realizar o projecto idealizado por Francisco e levado a cabo por Clara, quer na consagração que ela fez de si mesma na igreja da Porciúncula na presença de Francisco e dos seus frades, quer na hospitalidade que recebeu nos dias seguintes no mosteiro de São Paulo das Abadessas e na comunidade de «Sant’Angelo in Panzo», antes da chegada definitiva a São Damião. A vicissitude de Clara, como a de Francisco, demonstra assim uma característica eclesial particular. Nela encontram-se um Pastor iluminado e dois filhos da Igreja que se confiam ao seu discernimento. Instituição e carisma interagem maravilhosamente. O amor e a obediência à Igreja, tão acentuados na espiritualidade franciscano-clariana, afundam as raízes nesta bonita experiência da comunidade cristã de Assis, que não só gerou para a fé Francisco e a sua «plantinha», mas também os acompanhou com a mão pelo caminho da santidade.

Francisco tinha visto bem a razão para sugerir a Clara a fuga de casa, no início da Semana Santa. Toda a vida cristã, e portanto também a vida de consagração especial, constituem um fruto do Mistério pascal e uma participação na morte e na ressurreição de Cristo. Na liturgia do Domingo de Ramos, dor e glória entrelaçam-se, como um tema que depois se desenvolve nos dias seguintes, através da obscuridade da Paixão, até à luz da Páscoa. Com a sua escolha, Clara revive este mistério. No dia dos Ramos recebe, por assim dizer, o seu programa. Depois, entra no drama da Paixão, cortando os seus cabelos e com eles renunciando inteiramente a si mesma para ser esposa de Cristo na humildade e na pobreza. Francisco e os seus companheiros já são a sua família. Depressa chegarão irmãs de hábito também de terras distantes, mas os primeiros rebentos, como no caso de Francisco, despontarão precisamente em Assis. Ea Santa permanecerá para sempre vinculada à sua Cidade, demonstrando-o especialmente em certas circunstâncias difíceis, quando a sua oração poupou a Assis violência e devastação. Então, disse às irmãs de hábito: «Caríssimas filhas, desta cidade recebemos todos os dias muitos bens; seria muito ímpio se não lhe prestássemos socorro, como podermos no tempo oportuno» (Legenda Sanctae Clarae Virginis23: FF 3203).

No seu significado profundo, a «conversão» de Clara é uma conversão ao amor. Ela já não terá as vestes requintadas da nobreza de Assis, mas a elegância de uma alma que se despende no louvor a Deus e no dom de si mesma. No pequeno espaço do mosteiro de São Damião, na escola de Jesus-Eucaristia contemplado com afecto esponsal, desenvolver-se-ão no dia-a-dia as características de uma fraternidade regulada pelo amor a Deus e pela oração, pela solicitude e pelo serviço. É neste contexto de fé profunda e de grande humanidade que Clara se faz intérprete segura do franciscano ideal, implorando aquele «privilégio» da pobreza, ou seja, a renúncia a possuir bens, mesmo só em comunidade, o que deixou perplexo durante muito tempo o próprio Sumo Pontífice, que no final se arrendeu ao heroísmo da sua santidade.

Como não propor Clara, como Francisco, à atenção dos jovens de hoje? O tempo que nos separa da vicissitude destes dois Santos não diminuiu o seu fascínio. Pelo contrário, é possível ver a sua actualidade no confronto com as ilusões e as desilusões que muitas vezes marcam a hodierna condição juvenil. Nunca uma época fez sonhar tanto os jovens, com os milhares de estímulos de uma vida em que tudo parece possível e lícito. E no entanto, quanta insatisfação está presente, quantas vezes a busca de felicidade, de realização, acaba por fazer empreender caminhos que levam rumo a paraísos artificiais, como os da droga e da sensualidade desenfreada! Também a situação actual, com a dificuldade de encontrar um trabalho digno e de formar uma família unida e feliz, acrescenta nuvens no horizonte. Mas não faltam jovens que, também nos nossos dias, aceitam o convite a confiar-se a Cristo e a enfrentar com coragem, responsabilidade e esperança o caminho da vida, inclusive fazendo a escolha de deixar tudo para O seguir no serviço total a Ele e aos irmãos. A história de Clara, juntamente com a de Francisco, é um convite a meditar sobre o sentido da existência e a procurar em Deus o segredo da alegria verdadeira. É uma prova concreta de que quantos cumprem a vontade do Senhor e confiam nele não só nada perdem, mas encontram o verdadeiro tesouro capaz de dar sentido a tudo.

A Vossa Excelência, venerado Irmão, a esta Igreja que tem a honra de ser o lugar de nascimento de Francisco e de Clara, às Clarissas, que mostram quotidianamente a beleza e a fecundidade da vida contemplativa, em prol do caminho de todo o Povo de Deus, e aos Franciscanos do mundo inteiro, a tantos jovens à procura e necessitados de luz, confio esta breve reflexão. Faço votos por que ela contribua para fazer redescobrir cada vez mais estas duas figuras luminosas do firmamento da Igreja. Com um pensamento especial para as filhas de santa Clara do Protomosteiro, dos demais mosteiros de Assis e do mundo inteiro, concedo de coração a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 1 de Abril de 2012, Domingo de Ramos

BENEDICTUS PP. XVI

© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

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23 de junho de 2012

24 de Junho - Nascimento de S. João Batista


Benedictus



Bendito o Senhor, Deus de Israel *
Que visitou e redimiu o seu povo
E nos deu um Salvador poderoso *
Na casa de David, seu servo,
Conforme prometeu pela boca dos seus santos, *
Os profetas dos tempos antigos,

Para nos libertar dos nossos inimigos *
E das mãos daqueles que nos odeiam
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, *
Recordando a sua sagrada aliança
E o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, *
Que nos havia de conceder esta graça:

De O servirmos um dia, sem temor, *
Livres das mãos dos nossos inimigos,
Em santidade e justiça na sua presença, *
Todos os dias da nossa vida.


E tu, Menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, *
Porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
Para dar a conhecer ao seu povo a salvação *
Pela remissão dos seus pecados,

Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, *
Que das alturas nos visita como Sol Nascente,
Para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte *
E dirigir os nossos passos no caminho da paz.

Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espirito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Amen.

19 de junho de 2012

Chiara Corbela Petrillo - Plantinha de S. Francisco


Chiara morreu por dar prioridade à gravidez a tratamento do cancro

Salvatore Cernuzio
ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Neste sábado, na igreja de Santa Francisca Romana, da capital italiana, foi celebrado o funeral da jovem Chiara Petrillo, falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor.
A cerimônia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, lotando a igreja, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até a saída.
A extraordinária história de Chiara se difundiu pela internet com um vídeo no YouTube, que registrou mais de 500 visualizações em apenas um dia.
A luminosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolher adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu priorizar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico.
Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebês logo após cada parto, devido a graves malformações.
Sofrimentos, traumas, desânimo. Chiara e Enrico, porém, nunca se fecharam para a vida. Depois de algum tempo, chegou Francisco.
As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara teve diagnosticada pelos médicos uma lesão na língua. Depois de uma primeira intervenção, confirmou-se a pior das hipóteses: era um carcinoma.
Começou uma nova série de lutas. Chiara e o marido não perderam a fé. Aliando-se a Deus, decidiram mais uma vez dizer sim à vida.
Chiara defendeu Francisco sem pensar duas vezes e, correndo um grave risco, adiou seu tratamento para levar a maternidade adiante. Só depois do parto é que a jovem pôde passar por uma nova intervenção cirúrgica, desta vez mais radical. Vieram os sucessivos ciclos de químio e radioterapia.
Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, consumida até perder a vista do olho direito, não conseguiu resistir por mais do que um ano. Na quarta-feira passada, por volta do meio dia, rodeada de parentes e de amigos, a sua batalha contra o dragão que a perseguia, como ela definia o tumor em referência à leitura do apocalipse, terminou.
Mas na mesma leitura, que não foi escolhida por acaso para a cerimônia fúnebre, ficamos sabendo também que uma mulher derrota o dragão. Chiara perdeu um combate na terra, mas ganhou a vida eterna e deixou para todos um testemunho verdadeiro de santidade.
“Uma nova Gianna Beretta Molla”, definiu-a o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, que prestou homenagem pessoalmente a Chiara, a quem conhecera havia poucos meses, juntamente com Enrico.
“A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos”, disse o purpurado. “Mas, de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte”. É o caso de Chiara, segundo o cardeal: “Uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino que escapa ao nosso entendimento, mas que existe”.
“Eu não sei o que Deus preparou para nós através desta mulher”, acrescentou, “mas certamente é algo que não podemos perder. Vamos acolher esta herança que nos lembra o justo valor de cada pequeno gesto do cotidiano”.
“Nesta manhã, estamos vendo o que o centurião viveu há dois mil anos, ao ver Jesus morrer na cruz e proclamar: Este era verdadeiramente o filho de Deus”, afirmou em sua homilia o jovem franciscano frei Vito, que assistiu espiritualmente Chiara e a família no último período.
“A morte de Chiara foi o cumprimento de uma prece. Depois do diagnóstico de 4 de abril, que a declarou doente terminal, ela pediu um milagre: não a própria cura, mas o milagre de viver a doença e o sofrimento na paz, junto com as pessoas mais próximas”.
“E nós”, prosseguiu frei Vito, visivelmente emocionado, “vimos morrer uma mulher não apenas serena, mas feliz”. Uma mulher que viveu desgastando a vida por amor aos outros, chegando a confiar a Enrico: “Talvez, no fundo, eu não queira a cura. Um marido feliz e um filho sereno, mesmo sem ter a mãe por perto, são um testemunho maior do que uma mulher que venceu a doença. Um testemunho que poderia salvar muitas pessoas...”.
A esta fé, Chiara chegou pouco a pouco, “seguindo a regra assumida em Assis pelos franciscanos que ela tanto amava: pequenos passos possíveis”. Um modo, explicou o frade, “de enfrentar o medo do passado e do futuro perante os grandes eventos, e que ensina a começar pelas coisas pequenas. Nós não podemos transformar a água em vinho, mas podemos começar a encher os odres. Chiara acreditava nisto e isto a ajudou a viver uma vida santa e, portanto, uma morte santa, passo a passo”.
Todas as pessoas presentes levaram da igreja uma plantinha, por vontade de Chiara, que não queria flores em seu funeral. Ela preferia que cada um recebesse um presente. E no coração, todos levaram um “pedacinho” desse testemunho, orando e pedindo graças a esta jovem mulher que, um dia, quem sabe, será chamada de beata Chiara Corbela.
(Tradução:ZENIT)

18 de junho de 2012

Rio+20-Por uma aliança entre o homem e o ambiente

Por uma aliança entre o homem e o ambiente

A posição da Santa Sé em vista do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20

ROMA, sexta-feira, 15 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos aqui a Position Paper da Santa Sé por ocasião da III sessão do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20, assim como foi publicada pelo L'Osservatore Romano em língua italiana na tarde de ontem em Roma.

1. Introdução

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, representa um importante passo de uma caminhada que proporcionou significativas contribuições para uma melhor compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável, bem como das interações daqueles que são considerados os três pilares deste conceito: o crescimento econômico, a proteção do ambiente e a promoção do bem-estar social. Tal caminho começou em Estocolmo no distante 1972 e passou por dois momentos cruciais no Rio de Janeiro em 1992, com a assim chamada Earth Summit , e em Joanesburgo em 2002.

No contexto dessa caminhada emergiu um consenso unânime sobre o fato de que a tutela do ambiente passa pela melhoria de vida dos povos, e vice-versa, que a degradação ambiental e o subdesenvolvimento são temas altamente interdependentes entre si e devem ser enfrentados em conjunto de forma responsável e solidária.

Em todos estes eventos internacionais, a presença da Santa Sé foi caracterizada não tanto pela promoção de soluções técnicas específicas para as diferentes problemáticas envolvidas na busca de um correto processo de desenvolvimento sustentável, mas especialmente no sublinhar como não é possível reduzir à problema “técnico” o que afeta a dignidade do homem e dos povos: não é possível, de fato, confiar o processo de desenvolvimento somente à técnica, porque senão isso permaneceria sem orientação ética. A busca de soluções a tais problemáticas não pode ser separada da nossa compreensão do ser humano.

É o ser humano, de fato, que vem em primeiro lugar. Vale a pena lembrá-lo. É a pessoa humana que deve estar no centro do desenvolvimento sustentável. A pessoa humana, que é responsável pela boa gestão da natureza, não pode ser dominada pela técnica e tornar-se objeto dela. Tal consciência deve levar os Estados a refletirem juntos sobre o futuro a curto e médio prazo do planeta, evocando as suas responsabilidades pela vida de cada pessoa, bem como pelas tecnologias úteis para ajudar a melhorar a qualidade.

Adotar e incentivar em todas as circunstâncias um modo de vida que respeite a dignidade de cada ser humano e sustentar a pesquisa e a exploração de energia e tecnologias adequadas que preservem o patrimônio da criação e não causem perigo para o ser humano devem ser prioridades políticas e econômicas . Neste sentido, é necessário rever a nossa abordagem da natureza, que é o lugar onde nasce e interage o ser humano, a sua "casa".

A mudança de mentalidade nesta matéria e as obrigações que isso traz devem permitir alcançar rapidamente uma arte do viver juntos que respeite a aliança entre o ser humano e a natureza, sem a qual a família humana corre o risco de desaparecer. É necessário fazer uma reflexão séria e propor soluções precisas e sustentáveis; reflexões que não devem ser ofuscadas por interesses políticos, econômicos ou ideológicos cegamente partidários, que tendem de modo míope a privilegiar o interesse particular sobre a solidariedade.

É verdade que a técnica dá para a globalização um ritmo especialmente acelerado, mas deve-se reafirmar a primazia do ser humano sobre a técnica, sem a qual corre-se o risco de uma perda existencial e uma perda de senso da vida. O fato de que a tecnologia corra mais rápida do que tudo faz com que as sedimentações dos porquês sejam sistematicamente envolvidas pela urgência do como e não tenham portanto o tempo de solidificar-se.

É, portanto, importante chegar a combinar a técnica com uma forte dimensão ética baseada na dignidade da pessoa humana (cf. Bento XVI, durante a apresentação coletiva da Cartas Credenciais de alguns embaixadores, 09 de junho de 2011).

Nesta perspectiva, convém sublinhar como a dignidade do ser humano está intimamente ligada aos direitos de desenvolvimento, a um ambiente saudável e à paz; estes três direitos destacam as dinâmicas das relações entre as pessoas, a sociedade e o ambiente; Isso estimula a responsabilidade de cada ser humano consigo mesmo, com o próximo, com a criação e, em última instância, com Deus. Responsabilidade que envolve a análise criteriosa do impacto e das consequências das nossas ações, com especial atenção para os mais pobres e para as gerações futuras.

2. A centralidade do ser humano no desenvolvimento sustentável

Portanto, é essencial colocar o fundamento da reflexão da Rio+20 no primeiro princípio da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, aprovada na Conferência do Rio de Janeiro de junho de 1992, reconhecendo a centralidade do ser humano, afirma que "os seres humanos estão no centro das preocupações relativas ao desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza".

Colocar o bem do ser humano no centro da atenção do desenvolvimento sustentável é, de fato, a forma mais segura para a sua realização, bem como para promover a proteção da criação; assim, como mencionado, estimula-se a responsabilidade de cada um com os outros, com os recursos naturais e com o seu uso criterioso.

Além disso, partir da centralidade do ser humano e da sua dignidade leva a evitar os riscos de adotar uma abordagem reducionista e ineficaz de caráter neo-malthusiano, que vê o ser humano como um obstáculo ao desenvolvimento sustentável.

Não há oposição entre o ser humano e o ambiente, mas há uma aliança estável e inseparável na qual o ambiente condiciona a existência e o desenvolvimento do ser humano, enquanto que este último aperfeiçoa e enobrece o ambiente com a sua atividade criativa, produtiva e responsável. É essa aliança que deve ser reforçada; uma aliança que respeite a dignidade do ser humano desde a conceção; e aqui deve-se ressaltar também que o termo "igualdade de gênero" significa a igual dignidade entre homens e mulheres.

3. Necessidade de uma revisão profunda e de longo alcance

Nas últimas 4 décadas verificaram-se mudanças muito significativas no âmbito da comunidade internacional, é só pensar nos extraordinários progressos nos conhecimentos técnico-científicos que foram aplicados em setores estratégicos para a economia e a sociedade, tais como transportes, energia e comunicações. Progressos extraordinários que chocam-se com as distorções e os dramáticos problemas do desenvolvimento de muitos Países, e com a crise econômico-financeira que a maioria da sociedade está experimentando.

Estas questões interpelam cada vez mais a comunidade internacional para uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins, bem como a uma revisão profunda e completa do modelo de desenvolvimento, para corrigir as suas falhas e distorções. Exige-o, na verdade, o estado de saúde ecológica do planeta; acima de tudo o requer a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas têm sido evidentes em cada parte do mundo (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 32).

Com base nestes pressupostos, a Santa Sé, no contexto do processo da Rio +20, gostaria de concentrar-se especialmente sobre alguns aspetos, que têm claras repercussões éticas e sociais em toda a humanidade.


Um primeiro aspeto diz respeito ao fato de que esta redefinição de um novo modelo de desenvolvimento, que também a Rio +20 quer contribuir, deve ser permeado e ancorado nos princípios que são pilares da efetiva proteção da dignidade humana. Tais princípios sustentam a correta implementação de um desenvolvimento que tenha um foco especial nas pessoas em situações mais vulneráveis e garantam portanto o respeito da centralidade do ser humano. Estes princípios põe em causa:

- A responsabilidade, também no que diz respeito à necessária mudança de padrões de produção e consumo para que sejam reflexo de um apropriado estilo de vida;

- A promoção e a partilha do bem comum;


- O acesso aos bens primários, incluindo aqueles bens essenciais e fundamentais, como a nutrição, a educação, a segurança, a paz, a saúde; neste último caso, deve ser sempre lembrado que o direito à saúde decorre do direito à vida: o aborto e a contracepção são ferramentas que se opõem gravemente à vida e não podem ser consideradas questões de saúde; a saúde corresponde de fato, à cura e não a meros serviços: esta mercantilização dos cuidados sanitários coloca as questões técnicas sobre aquelas humanas;

- Uma solidariedade com dimensão universal, capaz de reconhecer a unidade da família humana;

- O cuidado da criação, por sua vez conectada com a equidade entre gerações; no entanto, a solidariedade intergeracional requer levar em consideração as capacidades das gerações futuras para superar as dificuldades do desenvolvimento;


- A equidade intrageracional, que está intimamente ligada à justiça social;

- O destino universal não somente dos bens mas também dos frutos da atividade humana.


Estes princípios deveriam estar adesivados naquela "visão compartilhada" que ilumina o caminho da Rio +20 e da pós Rio+20. Além disso, Rio +20 poderia dar uma contribuição para a redefinição de um novo modelo de desenvolvimento ainda mais significativo quanto mais o debate que emergir da Conferência tender a construir esse modelo de desenvolvimento nestes princípios.

4. O princípio da subsidiariedade e o papel da família


Outro princípio fundamental é o da subsidiariedade, como reforço daquele governo internacional para o desenvolvimento sustentável, que é um dos principais objetos de discussões da Rio+20. Hoje, o princípio da subsidiariedade, também na Comunidade internacional, é cada vez mais visto como instrumento de regulação das relações sociais e, portanto, contribui para a definição de regras e formas institucionais.

Uma correta subsidiariedade pode permitir às autoridades públicas, a partir do nível local até o nível mais amplo de dimensão mundial, obrarem de modo eficaz para a valorização de cada pessoa, para a preservação dos recursos e para a promoção do bem comum.

No entanto, o princípio de subsidiariedade deve permanecer intimamente ligado ao princípio da solidariedade e vice-versa, porque se a subsidiariedade sem a solidariedade cai no particularismo social, é igualmente verdade que a solidariedade sem a subsidiariedade cai no assistencialismo que humilha o portador de necessidades. (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 58).


E isso deve ser ainda mais ressaltado nas reflexões de caráter internacional, como as dea Rio +20, onde a aplicação destes dois princípios deve-se traduzir na adoção de mecanismos voltados para combater as iniquidades existentes entre e dentro dos Estados e, portanto, favorecer: a transferência de tecnologias adequadas a nível local, a promoção de um sistema comercial global mais justo e inclusivo, o respeito dos compromissos assumidos com relação à ajuda ao desenvolvimento, a identificação de novos e inovadores instrumentos financeiros que coloquem no centro da vida econômica a dignidade humana, o bem comum e a salvaguarda da criação.

No campo da aplicação do princípio de subsidiariedade, é importante além do mais reconhecer e valorizar o papel da família, célula fundante da nossa sociedade humana como consagrado pelo Art. 16 da Declaração dos Direitos Humanos. Além do mais, essa é a última linha de defesa do princípio de subsidiariedade contra os totalitarismos.

Com efeito, é na família que começa aquele fundamental processo educativo de crescimento de cada pessoa, no qual tais princípios podem ser assimilados e transmitidos às gerações futuras.


Além disso, é no seio da família que o homem recebe as primeiras e determinantes noções sobre a verdade e o bem, aprende o que quer dizer amar e ser amados e, portanto, o que quer dizer em concreto ser uma pessoa (cf. João Paulo II, Centesimus Annus, 39).

A discussão sobre o "quadro internacional para o desenvolvimento sustentável" deveria ser portanto ancorada a um princípio de subsidiariedade, que valorize plenamente o papel da família, unido ao da solidariedade, tendo como elementos fundamentais o respeito pela dignidade humana e a centralidade do ser humano.

5. O desenvolvimento sustentável como parte do desenvolvimento humano integral


Um terceiro aspecto que visa promover a Santa Sé, no quadro do processo da Rio +20 é a conexão entre o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano integral. Ao lado do bem estar material e social devem ser considerados os valores éticos e espirituais que orientam e dão significado às escolhas econômicas e portanto ao progresso tecnológico, dado que cada decisão econômica tem uma consequência de caráter moral. A esfera técnico-econômica não é nem eticamente neutra nem desumana e anti-social por natureza. Pertence à atividade humana e, porque humana, deve ser estruturada e regida eticamente (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, nn. 36 e 37).

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Claro, esse é um desafio complexo, mas, além disso, deve-se apoiar a importância de passar de um desenvolvimento meramente econômico a um desenvolvimento integralmente humano nas suas dimensões: econômica, social e ambiental (cf. Angelus de João Paulo II do 25 de Agosto de 2002, no domingo anterior ao início da Cúpula de Johannesburg) que parte da dignidade de cada pessoa.

Isso significa ancorar sempre mais os três pilares do desenvolvimento sustentável em uma dimensão ética baseada, precisamente, sobre a dignidade humana. Tal desafio pode ser concretamente enfrentado no início daquele processo dirigido à identificação de uma série de “Objetivos do desenvolvimento sustentável” – Sustainable Development Goals, promovendo um trabalho de inovação sobre a modulação de velhos e novos indicadores do desenvolvimento no breve e no longo período; indicadores capazes de individualizar de modo eficaz a melhoria ou não nos aspetos não somente econômicos, sociais ou ambientais do desenvolvimento sustentável, mas também naqueles éticos, pondo em causa necessidades e recursos, e também o acesso a bens e serviços, tanto materiais quanto imateriais.


6. A economia verde e o desenvolvimento humano integral


Uma quarta área de interesse para a Santa Sé diz respeito à economia verde. Conforme destacado pelo debate realizado durante as reuniões preparatórias da Rio +20, não faltam preocupações sobre a transição para uma "economia verde". Este conceito, que demora para encontrar uma clara definição, potencialmente poderia dar uma importante contribuição às causas da paz e da solidariedade internacionais.

No entanto, é importante que seja aplicado de forma inclusiva, orientando-o claramente à promoção do bem comum e à erradicação local da pobreza, elemento essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. Deve-se também evitar com cuidado que a economia verde dê lugar a novas formas de "condicionamentos" do comércio e da assistência internacional, tornando-se uma forma escondida de "protecionismo verde".


Mas é igualmente importante que a economia verde tenha como foco principal o desenvolvimento humano integral. Nesta perspectiva, e tendo em vista a identificação de modelos de consumo e de produção apropriados, a economia verde pode se tornar um instrumento importante para promover um trabalho decente, capaz de favorecer um crescimento econômico que respeite não apenas o ambiente, mas também a dignidade do ser humano.


É desejo da Santa Sé que tudo que emerja da Rio +20 seja considerado não somente um bom resultado mas também e acima de tudo um resultado inovador e capaz de olhar para o futuro, contribuindo para o bem estar material e espiritual de todas as pessoas, das suas famílias e comunidades.


[Tradução do original italiano por Thácio Siqueira]










14 de junho de 2012

Junho - Sagrado Coração de Jesus e de Maria


Concedei, Deus todo-poderoso,

que ao celebrar a solenidade do Coração

do vosso amado Filho,

recordemos com alegria as maravilhas do vosso amor

e mereçamos receber desta fonte divina

a abundância dos vossos dons.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,

que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.




12 de junho de 2012

13 de Junho - Santo António de Lisboa

Responsório de Santo António


Se milagres desejais,
Recorrei a Santo António;
Vereis fugir o demónio
E as tentações infernais.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Todos os males humanos
Se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.

Repete-se: Recupera-se o perdido...

Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro, a morte,
O fraco torna-se forte
E torna-se o enfermo são.

Repete-se: Recupera-se o perdido...

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo…

Repete-se: Recupera-se o perdido...

V: Rogai por nós, bem-aventurado Santo António.
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

OREMOS
Ó Deus, nós vos suplicamos, que alegre à Vossa Igreja a solenidade votiva do bem-aventurado Santo António, vosso Confessor e Doutor, para que, fortalecida sempre com os espirituais auxílios, mereça gozar os prazeres eternos. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Ámen.

ANTO-NINHO

7 de junho de 2012

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo


Adoramos-Te, Santíssimo Senhor Jesus Cristo,
Aqui e em todas as tuas Igrejas espalhadas por todo o mundo
E Te louvamos,
porque pela Tua santa Cruz remiste o mundo.
(S. Francisco de Assis)

31 de maio de 2012

O passeio de Jesus sob o olhar de Maria

A visitação

O passeio de Jesus sob o olhar de Maria, pórtico da vida  (Jo 10, 22-30)

No cumprimento da Palavra e a favor da verdade, da vida e da fraternidade alteia-se o pórtico antigo e contempla-se o passeio de Jesus, sob o olhar de Maria, alegre, disponível e reconhecido, a oferecer-se ao homem peregrino e a consagrar-se ao mendigo, na unidade do conjunto edificado em que se integra, como revelação da origem, da identidade e do sentido de um Deus e de um povo que, no tempo e no espaço, é vestígio vivo, imagem nova e semelhança perfeita do ser para o outro.

Na paisagem urbana, o passeio decorre na frente de majestosos edifícios, públicos e privados, ornamentados com átrios e abóbadas sustentadas por colunas ou pilares, em que a beleza da arquitetura e da escultura revelam a origem da criação do universo e o sentido do ser para o além, em que se alicerça e projeta o edifício. Na ruralidade, decorre no espaço edificado pelo trabalho do homem em que os símbolos dos pórticos em madeira ou ferro forjado, que limitam e encimam os campos e os palácios, associam à largura, altura e profundidade do prédio, a excelência e a nobreza da família que o habita. E na história, a monumentalidade dos templos, das rosáceas, das torres e dos conjuntos arquitetónicos que os coroam, alguns dessacralizados, edificados e dedicados aos santos, aos anjos, aos arcanjos e à Virgem Maria e dos adros que os rodeiam evocam a presença da divindade altíssima e o destino do povo amado e consagrado no culto a Deus e no serviço ao Homem.

O pórtico alteado é, em si, a porta da esperança e nele e por ele estabelecem-se relações positivas, específicas e diferenciadoras entre quem, no viver, não se pensa e sabe dispensado de o passar e quem lhe pode dar passagem. O pórtico impõe-se ao transeunte. Há quem o reclame, o rejeite e o recuse. A porta, ao lado, a da fé, torna-se mais próxima e acessível, a quem não crê, ainda, ser possível.

O pórtico não se dissocia da porta e ambos do corpo edificado. E há pórticos e portas, estreitas e largas, e portas-vozes  e serviços de entrega, porta a porta. O passeio quotidiano sob o pórtico da vida é caminho de transformação, de intercessão, de despojamento e de edificação da pobreza humana na e à consolação divina, selando-as a encarnação do humilde amor. O conjunto, por si e em si, encerra a verdade do encontro entre quem, no passeio, se cruza e permanece unido para sempre. A porta do fundo, a da caridade, é o convite explícito, acolhedor e transformador e sem ela o pórtico não tem sentido.

Há alguém ou alguma coisa que não seja, aparentemente, pórtico e que não deixe de ser, por isso, pórtico? Independentemente da imagem e da semelhança que se estabeleça e que existe, o pórtico será sempre o pórtico e aquilo que ele significa, especialmente na relação que cria com as portas do edifício, do templo ou da Igreja. Na verdade, o pórtico é único, possuiu uma identidade própria e abre-se a uma relação com o Homem que, na simplicidade do seu passear quotidiano, procura um primeiro e último sentido para a vida. É no Filho do Homem que se encontra esse sentido. O pórtico encima o passeio de Jesus, mas é Jesus que fixa o olhar no homem e o convida a entrar, por si e em si, na união do saber e da vontade do Pai. Motiva-o para o essencial e sustenta-o num campo de igualdade. O pórtico orienta o sentido dos seus passos, menoriza-o e glorifica-o para que o Homem tenha vida e a tenha em abundância.

Neste sentido, não há pórticos e pórticos. O pórtico por ser pórtico conduz, pela porta da morte, à vida eterna. O Homem não é livre e muito menos de escolher morrer ou viver, mas pode, desde já, na Trindade Santíssima e na condição de filho, de irmão e de esposo de Nosso Senhor Jesus Cristo, aspirar à liberdade eterna porque, pelo pórtico da vida, é isso que o espera. Que o Espírito Santo nos guie pelos passeios e pelas visitas da vida e nos inspire a viver, em Igreja, sob o pórtico de Maria, a infância, a juventude e a maturidade do nosso Deus Criador, Salvador e Redentor, que é Cristo Jesus.
31/05/2012
francisca

30 de maio de 2012

Passeio Pascal 2012 - Montariol

21 de maio de 2012

Passeio Pascal da Fraternidade 2012 - Montariol

No passado dia 28 de Abril, logo pela manhã, partimos rumo a Braga. Iniciávamos o passeio da nossa fraternidade que tinha como objetivo principal a visita ao recém-inaugurado “Poverello”.

Logo no início do passeio a nossa Irmã Secretária propôs-nos a leitura da regra da O.F.S. ao longo dos dois dias de passeio. De hora a hora liamos um dos artigos da regra e durante o intervalo dos artigos tínhamos oportunidade de refletir sobre o seu conteúdo.

A nossa primeira paragem foi na cidade do Porto onde fomos acompanhados pelo Irmão Guilherme, ofs da Fraternidade de Nª Senhora dos Anjos do Porto e pelo Padre Frei Bernardo Corrêa d´Almeida, ofm. Foram excelentes anfitriões! O Fr. Bernardo não se cansou de dar indicações, explicações e de nos deixar com vontade de visitar o “Porto Franciscano” mais profundamente.

Visitamos o Palácio da Bolsa, antigo convento franciscano, e a Igreja de S. Francisco que hoje funciona apenas como museu. Dois lugares de singular beleza que nos deixaram completamente deslumbrados!

Partimos então para Braga. Em Braga tivemos a graça de participar na Eucaristia, já no “Poverello”. Eucaristia celebrada com doentes, suas famílias, irmãos da primeira ordem (ofm), profissionais de saúde, voluntários…. Enfim em clima de uma grande família!

O local não poderia ser mais envolvente, a capela está virada para a cidade de Braga. Do interior do espaço de oração “abria-se” à nossa frente o “Mundo”, parecia um convite/envio à Missão.

A Missão foi o que nos mostraram a seguir. Vimos o local (“Poverello”), o carinho dos profissionais de saúde e dos voluntários, o entusiasmo e a alegria do Sr. Pe. José Neves, ofm. Não há dúvida que a missão destes homens e mulheres que ali trabalham é uma missão humanitária e evangelizadora!

À noite, ao jantar pudemos contar com a presença, não programada, mas que muito nos honrou do Sr. D. António Montes, ofm que de passagem por Montariol se juntou um pouco a nós e nos deu a alegria da sua companhia.

Após o jantar, apesar de cansados fomos desafiados pelo Irmão Ministro a um momento de convívio. Estes momentos são sempre muito importantes, uma vez que permitem que nos conheçamos melhor e que cresçamos como família fraterna.

O programa de Domingo era, também, muito ambicioso…. Visitamos o Bom Jesus e o Sameiro pela manhã após a Eucaristia Dominical que foi celebrada na Igreja do Convento de Montariol.

O Sr. Pe. Domingos, ofm, nosso assistente espiritual foi o guia de serviço. Apresentou-nos Braga ao pormenor.

Findo o passeio da manhã, almoçamos no Convento de Montariol e partimos para Viana do Castelo. Com o Sr. Pe. Domingos, ofm sempre disponível para partilhar histórias da região. Passamos à sua terra natal e indicou-nos com muito carinho a casa onde nasceu, onde viveu e onde vivem os seus irmãos.

Após paragem breve em Viana do Castelo iniciamos a viagem de regresso.

Do passeio quero ainda destacar o acolhimento dos irmãos da primeira ordem (ofm) em Montariol, do carinho com que fomos recebidos; e também da amizade fraterna que vai crescendo nestes fins-de-semana em que estamos com os irmãos. Vamo-nos conhecendo melhor e vamos sentindo que quem caminha em fraternidade caminha com Cristo, caminha com Francisco, caminha com os irmãos!
Célia e Bruno Vicente






 
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