Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

23 de junho de 2012

24 de Junho - Nascimento de S. João Batista


Benedictus



Bendito o Senhor, Deus de Israel *
Que visitou e redimiu o seu povo
E nos deu um Salvador poderoso *
Na casa de David, seu servo,
Conforme prometeu pela boca dos seus santos, *
Os profetas dos tempos antigos,

Para nos libertar dos nossos inimigos *
E das mãos daqueles que nos odeiam
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, *
Recordando a sua sagrada aliança
E o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, *
Que nos havia de conceder esta graça:

De O servirmos um dia, sem temor, *
Livres das mãos dos nossos inimigos,
Em santidade e justiça na sua presença, *
Todos os dias da nossa vida.


E tu, Menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, *
Porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
Para dar a conhecer ao seu povo a salvação *
Pela remissão dos seus pecados,

Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, *
Que das alturas nos visita como Sol Nascente,
Para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte *
E dirigir os nossos passos no caminho da paz.

Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espirito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Amen.

19 de junho de 2012

Chiara Corbela Petrillo - Plantinha de S. Francisco


Chiara morreu por dar prioridade à gravidez a tratamento do cancro

Salvatore Cernuzio
ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Neste sábado, na igreja de Santa Francisca Romana, da capital italiana, foi celebrado o funeral da jovem Chiara Petrillo, falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor.
A cerimônia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, lotando a igreja, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até a saída.
A extraordinária história de Chiara se difundiu pela internet com um vídeo no YouTube, que registrou mais de 500 visualizações em apenas um dia.
A luminosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolher adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu priorizar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico.
Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebês logo após cada parto, devido a graves malformações.
Sofrimentos, traumas, desânimo. Chiara e Enrico, porém, nunca se fecharam para a vida. Depois de algum tempo, chegou Francisco.
As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara teve diagnosticada pelos médicos uma lesão na língua. Depois de uma primeira intervenção, confirmou-se a pior das hipóteses: era um carcinoma.
Começou uma nova série de lutas. Chiara e o marido não perderam a fé. Aliando-se a Deus, decidiram mais uma vez dizer sim à vida.
Chiara defendeu Francisco sem pensar duas vezes e, correndo um grave risco, adiou seu tratamento para levar a maternidade adiante. Só depois do parto é que a jovem pôde passar por uma nova intervenção cirúrgica, desta vez mais radical. Vieram os sucessivos ciclos de químio e radioterapia.
Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, consumida até perder a vista do olho direito, não conseguiu resistir por mais do que um ano. Na quarta-feira passada, por volta do meio dia, rodeada de parentes e de amigos, a sua batalha contra o dragão que a perseguia, como ela definia o tumor em referência à leitura do apocalipse, terminou.
Mas na mesma leitura, que não foi escolhida por acaso para a cerimônia fúnebre, ficamos sabendo também que uma mulher derrota o dragão. Chiara perdeu um combate na terra, mas ganhou a vida eterna e deixou para todos um testemunho verdadeiro de santidade.
“Uma nova Gianna Beretta Molla”, definiu-a o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, que prestou homenagem pessoalmente a Chiara, a quem conhecera havia poucos meses, juntamente com Enrico.
“A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos”, disse o purpurado. “Mas, de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte”. É o caso de Chiara, segundo o cardeal: “Uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino que escapa ao nosso entendimento, mas que existe”.
“Eu não sei o que Deus preparou para nós através desta mulher”, acrescentou, “mas certamente é algo que não podemos perder. Vamos acolher esta herança que nos lembra o justo valor de cada pequeno gesto do cotidiano”.
“Nesta manhã, estamos vendo o que o centurião viveu há dois mil anos, ao ver Jesus morrer na cruz e proclamar: Este era verdadeiramente o filho de Deus”, afirmou em sua homilia o jovem franciscano frei Vito, que assistiu espiritualmente Chiara e a família no último período.
“A morte de Chiara foi o cumprimento de uma prece. Depois do diagnóstico de 4 de abril, que a declarou doente terminal, ela pediu um milagre: não a própria cura, mas o milagre de viver a doença e o sofrimento na paz, junto com as pessoas mais próximas”.
“E nós”, prosseguiu frei Vito, visivelmente emocionado, “vimos morrer uma mulher não apenas serena, mas feliz”. Uma mulher que viveu desgastando a vida por amor aos outros, chegando a confiar a Enrico: “Talvez, no fundo, eu não queira a cura. Um marido feliz e um filho sereno, mesmo sem ter a mãe por perto, são um testemunho maior do que uma mulher que venceu a doença. Um testemunho que poderia salvar muitas pessoas...”.
A esta fé, Chiara chegou pouco a pouco, “seguindo a regra assumida em Assis pelos franciscanos que ela tanto amava: pequenos passos possíveis”. Um modo, explicou o frade, “de enfrentar o medo do passado e do futuro perante os grandes eventos, e que ensina a começar pelas coisas pequenas. Nós não podemos transformar a água em vinho, mas podemos começar a encher os odres. Chiara acreditava nisto e isto a ajudou a viver uma vida santa e, portanto, uma morte santa, passo a passo”.
Todas as pessoas presentes levaram da igreja uma plantinha, por vontade de Chiara, que não queria flores em seu funeral. Ela preferia que cada um recebesse um presente. E no coração, todos levaram um “pedacinho” desse testemunho, orando e pedindo graças a esta jovem mulher que, um dia, quem sabe, será chamada de beata Chiara Corbela.
(Tradução:ZENIT)

18 de junho de 2012

Rio+20-Por uma aliança entre o homem e o ambiente

Por uma aliança entre o homem e o ambiente

A posição da Santa Sé em vista do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20

ROMA, sexta-feira, 15 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos aqui a Position Paper da Santa Sé por ocasião da III sessão do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20, assim como foi publicada pelo L'Osservatore Romano em língua italiana na tarde de ontem em Roma.

1. Introdução

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, representa um importante passo de uma caminhada que proporcionou significativas contribuições para uma melhor compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável, bem como das interações daqueles que são considerados os três pilares deste conceito: o crescimento econômico, a proteção do ambiente e a promoção do bem-estar social. Tal caminho começou em Estocolmo no distante 1972 e passou por dois momentos cruciais no Rio de Janeiro em 1992, com a assim chamada Earth Summit , e em Joanesburgo em 2002.

No contexto dessa caminhada emergiu um consenso unânime sobre o fato de que a tutela do ambiente passa pela melhoria de vida dos povos, e vice-versa, que a degradação ambiental e o subdesenvolvimento são temas altamente interdependentes entre si e devem ser enfrentados em conjunto de forma responsável e solidária.

Em todos estes eventos internacionais, a presença da Santa Sé foi caracterizada não tanto pela promoção de soluções técnicas específicas para as diferentes problemáticas envolvidas na busca de um correto processo de desenvolvimento sustentável, mas especialmente no sublinhar como não é possível reduzir à problema “técnico” o que afeta a dignidade do homem e dos povos: não é possível, de fato, confiar o processo de desenvolvimento somente à técnica, porque senão isso permaneceria sem orientação ética. A busca de soluções a tais problemáticas não pode ser separada da nossa compreensão do ser humano.

É o ser humano, de fato, que vem em primeiro lugar. Vale a pena lembrá-lo. É a pessoa humana que deve estar no centro do desenvolvimento sustentável. A pessoa humana, que é responsável pela boa gestão da natureza, não pode ser dominada pela técnica e tornar-se objeto dela. Tal consciência deve levar os Estados a refletirem juntos sobre o futuro a curto e médio prazo do planeta, evocando as suas responsabilidades pela vida de cada pessoa, bem como pelas tecnologias úteis para ajudar a melhorar a qualidade.

Adotar e incentivar em todas as circunstâncias um modo de vida que respeite a dignidade de cada ser humano e sustentar a pesquisa e a exploração de energia e tecnologias adequadas que preservem o patrimônio da criação e não causem perigo para o ser humano devem ser prioridades políticas e econômicas . Neste sentido, é necessário rever a nossa abordagem da natureza, que é o lugar onde nasce e interage o ser humano, a sua "casa".

A mudança de mentalidade nesta matéria e as obrigações que isso traz devem permitir alcançar rapidamente uma arte do viver juntos que respeite a aliança entre o ser humano e a natureza, sem a qual a família humana corre o risco de desaparecer. É necessário fazer uma reflexão séria e propor soluções precisas e sustentáveis; reflexões que não devem ser ofuscadas por interesses políticos, econômicos ou ideológicos cegamente partidários, que tendem de modo míope a privilegiar o interesse particular sobre a solidariedade.

É verdade que a técnica dá para a globalização um ritmo especialmente acelerado, mas deve-se reafirmar a primazia do ser humano sobre a técnica, sem a qual corre-se o risco de uma perda existencial e uma perda de senso da vida. O fato de que a tecnologia corra mais rápida do que tudo faz com que as sedimentações dos porquês sejam sistematicamente envolvidas pela urgência do como e não tenham portanto o tempo de solidificar-se.

É, portanto, importante chegar a combinar a técnica com uma forte dimensão ética baseada na dignidade da pessoa humana (cf. Bento XVI, durante a apresentação coletiva da Cartas Credenciais de alguns embaixadores, 09 de junho de 2011).

Nesta perspectiva, convém sublinhar como a dignidade do ser humano está intimamente ligada aos direitos de desenvolvimento, a um ambiente saudável e à paz; estes três direitos destacam as dinâmicas das relações entre as pessoas, a sociedade e o ambiente; Isso estimula a responsabilidade de cada ser humano consigo mesmo, com o próximo, com a criação e, em última instância, com Deus. Responsabilidade que envolve a análise criteriosa do impacto e das consequências das nossas ações, com especial atenção para os mais pobres e para as gerações futuras.

2. A centralidade do ser humano no desenvolvimento sustentável

Portanto, é essencial colocar o fundamento da reflexão da Rio+20 no primeiro princípio da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, aprovada na Conferência do Rio de Janeiro de junho de 1992, reconhecendo a centralidade do ser humano, afirma que "os seres humanos estão no centro das preocupações relativas ao desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza".

Colocar o bem do ser humano no centro da atenção do desenvolvimento sustentável é, de fato, a forma mais segura para a sua realização, bem como para promover a proteção da criação; assim, como mencionado, estimula-se a responsabilidade de cada um com os outros, com os recursos naturais e com o seu uso criterioso.

Além disso, partir da centralidade do ser humano e da sua dignidade leva a evitar os riscos de adotar uma abordagem reducionista e ineficaz de caráter neo-malthusiano, que vê o ser humano como um obstáculo ao desenvolvimento sustentável.

Não há oposição entre o ser humano e o ambiente, mas há uma aliança estável e inseparável na qual o ambiente condiciona a existência e o desenvolvimento do ser humano, enquanto que este último aperfeiçoa e enobrece o ambiente com a sua atividade criativa, produtiva e responsável. É essa aliança que deve ser reforçada; uma aliança que respeite a dignidade do ser humano desde a conceção; e aqui deve-se ressaltar também que o termo "igualdade de gênero" significa a igual dignidade entre homens e mulheres.

3. Necessidade de uma revisão profunda e de longo alcance

Nas últimas 4 décadas verificaram-se mudanças muito significativas no âmbito da comunidade internacional, é só pensar nos extraordinários progressos nos conhecimentos técnico-científicos que foram aplicados em setores estratégicos para a economia e a sociedade, tais como transportes, energia e comunicações. Progressos extraordinários que chocam-se com as distorções e os dramáticos problemas do desenvolvimento de muitos Países, e com a crise econômico-financeira que a maioria da sociedade está experimentando.

Estas questões interpelam cada vez mais a comunidade internacional para uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins, bem como a uma revisão profunda e completa do modelo de desenvolvimento, para corrigir as suas falhas e distorções. Exige-o, na verdade, o estado de saúde ecológica do planeta; acima de tudo o requer a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas têm sido evidentes em cada parte do mundo (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 32).

Com base nestes pressupostos, a Santa Sé, no contexto do processo da Rio +20, gostaria de concentrar-se especialmente sobre alguns aspetos, que têm claras repercussões éticas e sociais em toda a humanidade.


Um primeiro aspeto diz respeito ao fato de que esta redefinição de um novo modelo de desenvolvimento, que também a Rio +20 quer contribuir, deve ser permeado e ancorado nos princípios que são pilares da efetiva proteção da dignidade humana. Tais princípios sustentam a correta implementação de um desenvolvimento que tenha um foco especial nas pessoas em situações mais vulneráveis e garantam portanto o respeito da centralidade do ser humano. Estes princípios põe em causa:

- A responsabilidade, também no que diz respeito à necessária mudança de padrões de produção e consumo para que sejam reflexo de um apropriado estilo de vida;

- A promoção e a partilha do bem comum;


- O acesso aos bens primários, incluindo aqueles bens essenciais e fundamentais, como a nutrição, a educação, a segurança, a paz, a saúde; neste último caso, deve ser sempre lembrado que o direito à saúde decorre do direito à vida: o aborto e a contracepção são ferramentas que se opõem gravemente à vida e não podem ser consideradas questões de saúde; a saúde corresponde de fato, à cura e não a meros serviços: esta mercantilização dos cuidados sanitários coloca as questões técnicas sobre aquelas humanas;

- Uma solidariedade com dimensão universal, capaz de reconhecer a unidade da família humana;

- O cuidado da criação, por sua vez conectada com a equidade entre gerações; no entanto, a solidariedade intergeracional requer levar em consideração as capacidades das gerações futuras para superar as dificuldades do desenvolvimento;


- A equidade intrageracional, que está intimamente ligada à justiça social;

- O destino universal não somente dos bens mas também dos frutos da atividade humana.


Estes princípios deveriam estar adesivados naquela "visão compartilhada" que ilumina o caminho da Rio +20 e da pós Rio+20. Além disso, Rio +20 poderia dar uma contribuição para a redefinição de um novo modelo de desenvolvimento ainda mais significativo quanto mais o debate que emergir da Conferência tender a construir esse modelo de desenvolvimento nestes princípios.

4. O princípio da subsidiariedade e o papel da família


Outro princípio fundamental é o da subsidiariedade, como reforço daquele governo internacional para o desenvolvimento sustentável, que é um dos principais objetos de discussões da Rio+20. Hoje, o princípio da subsidiariedade, também na Comunidade internacional, é cada vez mais visto como instrumento de regulação das relações sociais e, portanto, contribui para a definição de regras e formas institucionais.

Uma correta subsidiariedade pode permitir às autoridades públicas, a partir do nível local até o nível mais amplo de dimensão mundial, obrarem de modo eficaz para a valorização de cada pessoa, para a preservação dos recursos e para a promoção do bem comum.

No entanto, o princípio de subsidiariedade deve permanecer intimamente ligado ao princípio da solidariedade e vice-versa, porque se a subsidiariedade sem a solidariedade cai no particularismo social, é igualmente verdade que a solidariedade sem a subsidiariedade cai no assistencialismo que humilha o portador de necessidades. (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 58).


E isso deve ser ainda mais ressaltado nas reflexões de caráter internacional, como as dea Rio +20, onde a aplicação destes dois princípios deve-se traduzir na adoção de mecanismos voltados para combater as iniquidades existentes entre e dentro dos Estados e, portanto, favorecer: a transferência de tecnologias adequadas a nível local, a promoção de um sistema comercial global mais justo e inclusivo, o respeito dos compromissos assumidos com relação à ajuda ao desenvolvimento, a identificação de novos e inovadores instrumentos financeiros que coloquem no centro da vida econômica a dignidade humana, o bem comum e a salvaguarda da criação.

No campo da aplicação do princípio de subsidiariedade, é importante além do mais reconhecer e valorizar o papel da família, célula fundante da nossa sociedade humana como consagrado pelo Art. 16 da Declaração dos Direitos Humanos. Além do mais, essa é a última linha de defesa do princípio de subsidiariedade contra os totalitarismos.

Com efeito, é na família que começa aquele fundamental processo educativo de crescimento de cada pessoa, no qual tais princípios podem ser assimilados e transmitidos às gerações futuras.


Além disso, é no seio da família que o homem recebe as primeiras e determinantes noções sobre a verdade e o bem, aprende o que quer dizer amar e ser amados e, portanto, o que quer dizer em concreto ser uma pessoa (cf. João Paulo II, Centesimus Annus, 39).

A discussão sobre o "quadro internacional para o desenvolvimento sustentável" deveria ser portanto ancorada a um princípio de subsidiariedade, que valorize plenamente o papel da família, unido ao da solidariedade, tendo como elementos fundamentais o respeito pela dignidade humana e a centralidade do ser humano.

5. O desenvolvimento sustentável como parte do desenvolvimento humano integral


Um terceiro aspecto que visa promover a Santa Sé, no quadro do processo da Rio +20 é a conexão entre o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano integral. Ao lado do bem estar material e social devem ser considerados os valores éticos e espirituais que orientam e dão significado às escolhas econômicas e portanto ao progresso tecnológico, dado que cada decisão econômica tem uma consequência de caráter moral. A esfera técnico-econômica não é nem eticamente neutra nem desumana e anti-social por natureza. Pertence à atividade humana e, porque humana, deve ser estruturada e regida eticamente (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, nn. 36 e 37).

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Claro, esse é um desafio complexo, mas, além disso, deve-se apoiar a importância de passar de um desenvolvimento meramente econômico a um desenvolvimento integralmente humano nas suas dimensões: econômica, social e ambiental (cf. Angelus de João Paulo II do 25 de Agosto de 2002, no domingo anterior ao início da Cúpula de Johannesburg) que parte da dignidade de cada pessoa.

Isso significa ancorar sempre mais os três pilares do desenvolvimento sustentável em uma dimensão ética baseada, precisamente, sobre a dignidade humana. Tal desafio pode ser concretamente enfrentado no início daquele processo dirigido à identificação de uma série de “Objetivos do desenvolvimento sustentável” – Sustainable Development Goals, promovendo um trabalho de inovação sobre a modulação de velhos e novos indicadores do desenvolvimento no breve e no longo período; indicadores capazes de individualizar de modo eficaz a melhoria ou não nos aspetos não somente econômicos, sociais ou ambientais do desenvolvimento sustentável, mas também naqueles éticos, pondo em causa necessidades e recursos, e também o acesso a bens e serviços, tanto materiais quanto imateriais.


6. A economia verde e o desenvolvimento humano integral


Uma quarta área de interesse para a Santa Sé diz respeito à economia verde. Conforme destacado pelo debate realizado durante as reuniões preparatórias da Rio +20, não faltam preocupações sobre a transição para uma "economia verde". Este conceito, que demora para encontrar uma clara definição, potencialmente poderia dar uma importante contribuição às causas da paz e da solidariedade internacionais.

No entanto, é importante que seja aplicado de forma inclusiva, orientando-o claramente à promoção do bem comum e à erradicação local da pobreza, elemento essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. Deve-se também evitar com cuidado que a economia verde dê lugar a novas formas de "condicionamentos" do comércio e da assistência internacional, tornando-se uma forma escondida de "protecionismo verde".


Mas é igualmente importante que a economia verde tenha como foco principal o desenvolvimento humano integral. Nesta perspectiva, e tendo em vista a identificação de modelos de consumo e de produção apropriados, a economia verde pode se tornar um instrumento importante para promover um trabalho decente, capaz de favorecer um crescimento econômico que respeite não apenas o ambiente, mas também a dignidade do ser humano.


É desejo da Santa Sé que tudo que emerja da Rio +20 seja considerado não somente um bom resultado mas também e acima de tudo um resultado inovador e capaz de olhar para o futuro, contribuindo para o bem estar material e espiritual de todas as pessoas, das suas famílias e comunidades.


[Tradução do original italiano por Thácio Siqueira]










14 de junho de 2012

Junho - Sagrado Coração de Jesus e de Maria


Concedei, Deus todo-poderoso,

que ao celebrar a solenidade do Coração

do vosso amado Filho,

recordemos com alegria as maravilhas do vosso amor

e mereçamos receber desta fonte divina

a abundância dos vossos dons.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,

que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.




12 de junho de 2012

13 de Junho - Santo António de Lisboa

Responsório de Santo António


Se milagres desejais,
Recorrei a Santo António;
Vereis fugir o demónio
E as tentações infernais.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Todos os males humanos
Se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.

Repete-se: Recupera-se o perdido...

Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro, a morte,
O fraco torna-se forte
E torna-se o enfermo são.

Repete-se: Recupera-se o perdido...

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo…

Repete-se: Recupera-se o perdido...

V: Rogai por nós, bem-aventurado Santo António.
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

OREMOS
Ó Deus, nós vos suplicamos, que alegre à Vossa Igreja a solenidade votiva do bem-aventurado Santo António, vosso Confessor e Doutor, para que, fortalecida sempre com os espirituais auxílios, mereça gozar os prazeres eternos. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Ámen.

ANTO-NINHO

7 de junho de 2012

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo


Adoramos-Te, Santíssimo Senhor Jesus Cristo,
Aqui e em todas as tuas Igrejas espalhadas por todo o mundo
E Te louvamos,
porque pela Tua santa Cruz remiste o mundo.
(S. Francisco de Assis)

31 de maio de 2012

O passeio de Jesus sob o olhar de Maria

A visitação

O passeio de Jesus sob o olhar de Maria, pórtico da vida  (Jo 10, 22-30)

No cumprimento da Palavra e a favor da verdade, da vida e da fraternidade alteia-se o pórtico antigo e contempla-se o passeio de Jesus, sob o olhar de Maria, alegre, disponível e reconhecido, a oferecer-se ao homem peregrino e a consagrar-se ao mendigo, na unidade do conjunto edificado em que se integra, como revelação da origem, da identidade e do sentido de um Deus e de um povo que, no tempo e no espaço, é vestígio vivo, imagem nova e semelhança perfeita do ser para o outro.

Na paisagem urbana, o passeio decorre na frente de majestosos edifícios, públicos e privados, ornamentados com átrios e abóbadas sustentadas por colunas ou pilares, em que a beleza da arquitetura e da escultura revelam a origem da criação do universo e o sentido do ser para o além, em que se alicerça e projeta o edifício. Na ruralidade, decorre no espaço edificado pelo trabalho do homem em que os símbolos dos pórticos em madeira ou ferro forjado, que limitam e encimam os campos e os palácios, associam à largura, altura e profundidade do prédio, a excelência e a nobreza da família que o habita. E na história, a monumentalidade dos templos, das rosáceas, das torres e dos conjuntos arquitetónicos que os coroam, alguns dessacralizados, edificados e dedicados aos santos, aos anjos, aos arcanjos e à Virgem Maria e dos adros que os rodeiam evocam a presença da divindade altíssima e o destino do povo amado e consagrado no culto a Deus e no serviço ao Homem.

O pórtico alteado é, em si, a porta da esperança e nele e por ele estabelecem-se relações positivas, específicas e diferenciadoras entre quem, no viver, não se pensa e sabe dispensado de o passar e quem lhe pode dar passagem. O pórtico impõe-se ao transeunte. Há quem o reclame, o rejeite e o recuse. A porta, ao lado, a da fé, torna-se mais próxima e acessível, a quem não crê, ainda, ser possível.

O pórtico não se dissocia da porta e ambos do corpo edificado. E há pórticos e portas, estreitas e largas, e portas-vozes  e serviços de entrega, porta a porta. O passeio quotidiano sob o pórtico da vida é caminho de transformação, de intercessão, de despojamento e de edificação da pobreza humana na e à consolação divina, selando-as a encarnação do humilde amor. O conjunto, por si e em si, encerra a verdade do encontro entre quem, no passeio, se cruza e permanece unido para sempre. A porta do fundo, a da caridade, é o convite explícito, acolhedor e transformador e sem ela o pórtico não tem sentido.

Há alguém ou alguma coisa que não seja, aparentemente, pórtico e que não deixe de ser, por isso, pórtico? Independentemente da imagem e da semelhança que se estabeleça e que existe, o pórtico será sempre o pórtico e aquilo que ele significa, especialmente na relação que cria com as portas do edifício, do templo ou da Igreja. Na verdade, o pórtico é único, possuiu uma identidade própria e abre-se a uma relação com o Homem que, na simplicidade do seu passear quotidiano, procura um primeiro e último sentido para a vida. É no Filho do Homem que se encontra esse sentido. O pórtico encima o passeio de Jesus, mas é Jesus que fixa o olhar no homem e o convida a entrar, por si e em si, na união do saber e da vontade do Pai. Motiva-o para o essencial e sustenta-o num campo de igualdade. O pórtico orienta o sentido dos seus passos, menoriza-o e glorifica-o para que o Homem tenha vida e a tenha em abundância.

Neste sentido, não há pórticos e pórticos. O pórtico por ser pórtico conduz, pela porta da morte, à vida eterna. O Homem não é livre e muito menos de escolher morrer ou viver, mas pode, desde já, na Trindade Santíssima e na condição de filho, de irmão e de esposo de Nosso Senhor Jesus Cristo, aspirar à liberdade eterna porque, pelo pórtico da vida, é isso que o espera. Que o Espírito Santo nos guie pelos passeios e pelas visitas da vida e nos inspire a viver, em Igreja, sob o pórtico de Maria, a infância, a juventude e a maturidade do nosso Deus Criador, Salvador e Redentor, que é Cristo Jesus.
31/05/2012
francisca

30 de maio de 2012

Passeio Pascal 2012 - Montariol

21 de maio de 2012

Passeio Pascal da Fraternidade 2012 - Montariol

No passado dia 28 de Abril, logo pela manhã, partimos rumo a Braga. Iniciávamos o passeio da nossa fraternidade que tinha como objetivo principal a visita ao recém-inaugurado “Poverello”.

Logo no início do passeio a nossa Irmã Secretária propôs-nos a leitura da regra da O.F.S. ao longo dos dois dias de passeio. De hora a hora liamos um dos artigos da regra e durante o intervalo dos artigos tínhamos oportunidade de refletir sobre o seu conteúdo.

A nossa primeira paragem foi na cidade do Porto onde fomos acompanhados pelo Irmão Guilherme, ofs da Fraternidade de Nª Senhora dos Anjos do Porto e pelo Padre Frei Bernardo Corrêa d´Almeida, ofm. Foram excelentes anfitriões! O Fr. Bernardo não se cansou de dar indicações, explicações e de nos deixar com vontade de visitar o “Porto Franciscano” mais profundamente.

Visitamos o Palácio da Bolsa, antigo convento franciscano, e a Igreja de S. Francisco que hoje funciona apenas como museu. Dois lugares de singular beleza que nos deixaram completamente deslumbrados!

Partimos então para Braga. Em Braga tivemos a graça de participar na Eucaristia, já no “Poverello”. Eucaristia celebrada com doentes, suas famílias, irmãos da primeira ordem (ofm), profissionais de saúde, voluntários…. Enfim em clima de uma grande família!

O local não poderia ser mais envolvente, a capela está virada para a cidade de Braga. Do interior do espaço de oração “abria-se” à nossa frente o “Mundo”, parecia um convite/envio à Missão.

A Missão foi o que nos mostraram a seguir. Vimos o local (“Poverello”), o carinho dos profissionais de saúde e dos voluntários, o entusiasmo e a alegria do Sr. Pe. José Neves, ofm. Não há dúvida que a missão destes homens e mulheres que ali trabalham é uma missão humanitária e evangelizadora!

À noite, ao jantar pudemos contar com a presença, não programada, mas que muito nos honrou do Sr. D. António Montes, ofm que de passagem por Montariol se juntou um pouco a nós e nos deu a alegria da sua companhia.

Após o jantar, apesar de cansados fomos desafiados pelo Irmão Ministro a um momento de convívio. Estes momentos são sempre muito importantes, uma vez que permitem que nos conheçamos melhor e que cresçamos como família fraterna.

O programa de Domingo era, também, muito ambicioso…. Visitamos o Bom Jesus e o Sameiro pela manhã após a Eucaristia Dominical que foi celebrada na Igreja do Convento de Montariol.

O Sr. Pe. Domingos, ofm, nosso assistente espiritual foi o guia de serviço. Apresentou-nos Braga ao pormenor.

Findo o passeio da manhã, almoçamos no Convento de Montariol e partimos para Viana do Castelo. Com o Sr. Pe. Domingos, ofm sempre disponível para partilhar histórias da região. Passamos à sua terra natal e indicou-nos com muito carinho a casa onde nasceu, onde viveu e onde vivem os seus irmãos.

Após paragem breve em Viana do Castelo iniciamos a viagem de regresso.

Do passeio quero ainda destacar o acolhimento dos irmãos da primeira ordem (ofm) em Montariol, do carinho com que fomos recebidos; e também da amizade fraterna que vai crescendo nestes fins-de-semana em que estamos com os irmãos. Vamo-nos conhecendo melhor e vamos sentindo que quem caminha em fraternidade caminha com Cristo, caminha com Francisco, caminha com os irmãos!
Célia e Bruno Vicente






22 de abril de 2012

Passeio Pascal da Fraternidade - 2012

"No Encontro e no Diálogo, Fiéis à Regra e à Igreja" 
Passeio Pascal 2012
Visita ao Centro de Acolhimento «O Poverello» - Montariol
Programa e horário


Dia 28 de Abril, Sábado



09:00 – Partida da porta do Externato da Luz


09:15 – Laudes (rezadas a bordo)


10:45 – Paragem na Área de Serviço de Pombal (pequeno almoço livre)


12:15 – Chegada ao Porto (todo o programa da visita ao Porto conta com a presença do Padre Bernardo Corrêa D´Almeida, OFM)


12:30 – Visita guiada (45 min) à Igreja de S. Francisco (visita livre, isto é, não incluída: 3,50€)


13:30 – Almoço num restaurante da ribeira do Porto (livre: 10 €, não incluído)


15:00 – Visita guiada (60 min) ao Palácio da Bolsa, edificado no lugar do antigo convento franciscano (visita livre: 3€, não incluído)


16:15 – Partida para Braga


17:30 – Chegada a Montariol, distribuição de quartos e alojamento.


19:00 – Visita ao Centro de Acolhimneto «O Poverello», acompanhada pelo seu responsável, Pe. José Neves, OFM


20:00 – Jantar
21:00 – Momento de convívio


23:00 – Descanso


Dia 29 de Abril, Domingo



08:00 – Despertar


08:30 – Pequeno-almoço
09:30 – Eucaristia na Igreja do Convento de Montariol


10:30 – Visita de autocarro a Braga (Sé, Bom Jesus e Sameiro)


13:00 – Almoço
14:30 – Partida para Forjães (terra natal do Pe. Domingos, OFM)


15:00 – Visita a Forjães


16:00 – Visita a Viana do Castelo (Santa Luzia)


16:30 – Regresso a Lisboa


18:00 - Vésperas (rezadas a bordo)


18:30 – Paragem na Área de Serviço de Pombal (jantar livre)


21:00 – Chegada a Lisboa, portão do Externato da Luz






9 de abril de 2012

16 de Abril - Dia Nacional da FFP - Mensagem







FAMÍLIA FRANCISCANA PORTUGUESA
Largo da Luz, 11 - 1600-498 LISBOA
Tel. 217166327 - 963967784
Email:
vmelicias@gmail.com



DIA NACIONAL DA FAMÍLIA FRANCISCANA PORTUGUESA
16 DE ABRIL DE 2012
MENSAGEM



Caríssimos Irmãos e Irmãs
da Família Franciscana Portuguesa


O Senhor vos dê a Paz.



Como é do conhecimento geral e de muito boa prática, celebra-se no dia 16 de abril (de cada ano) o Dia Nacional da Família Franciscana Portuguesa, em comemoração da data da aprovação da nossa Proto Regra pelo Papa Inocêncio III nesse dia de 1209.
No nosso calendário comum, esta é seguramente uma data maior e um tempo forte de vivência e
reafirmação da nossa unidade fraterna e dos vínculos da mais profunda comunhão de Regra e de Vida que nos unem na maravilhosa vocação franciscana.
Louvando o Senhor, que «nos deu Irmãos» instituímos este Dia da Família para aprofundarmos esses laços de excelsa fraternidade mística e espiritual.
Importa, pois e sumamente, que o vivamos e valorizemos como tal.
Assim, peço a todos que, em sintonia de vontades com a Assembleia Geral e a Direção da nossa Família, hoje e para sempre façamos dele, como grande dia franciscano de Portugal, o Dia do nosso afeto, da nossa comunhão fraterna, da nossa entreajuda e cordialidade.
Neste ano de 2012, jubilosamente celebrado como Ano Clariano em comemoração do VIII Centenário da Regra das Irmãs de Santa Clara, toda a Família Franciscana deseja conferir uma tónica de «louvor de Santa Clara» às celebrações do Dia Nacional.
Por isso, se decidiu que o dia 16 de abril seja celebrado internamente em cada Fraternidade e Mosteiro com os atos e iniciativas que cada entidade considerar mais oportunos, de modo a que o Dia seja, significativa e vivencialmente, assinalado também com nota clariana.

Mais se decidiu que as celebrações conjuntas de toda a Família sejam, este ano, transferidas para o feriado dia 25 de Abril e festivamente celebradas na modalidade de «Capítulo das Esteiras de toda a Família Franciscana», na cidade de Coimbra, e em torno do antigo e monumental Mosteiro de Santa-Claraa-Velha.
Ao juntar a esta mensagem o Programa do Capítulo das Esteiras, solicito o entusiástico empenhamento de todos para que, neste ano em que também iniciamos a preparação dos VIII Centenário dos Protomártires de Marrocos e da Vocação Franciscana e missionária de Santo António de Lisboa, a cidade de Coimbra e Portugal, sintam a presença franciscana, que tão fortemente marcou a identidade cultural e histórica do nosso país e da lusofonia.
Que o Dia Nacional, assim celebrado este ano a 16 e 25 de abril, seja um grande dia de franciscanismo vivo e alegre.

À glória de Cristo.
Com fraternos votos de Santa Páscoa da Ressurreição,

Lisboa, 02 de abril de 2012.
Frei Vítor José Melícias Lopes, ofm
(Presidente)

8 de abril de 2012

Jesus Ressuscitou! Aleluia!


2 de abril de 2012

Senhor Jesus Cristo! - Semana Santa




Adoramos-Te, Santíssimo Senhor Jesus Cristo

Aqui e em todas as tuas Igrejas espalhadas

por todo o mundo e te louvamos,

porque pela tua Santa Cruz remiste o mundo!

(S. Francisco de Assis)

Eterno Sacerdote, que hoje alçado
Na grande ara da Cruz onde morrestes,
A Deus em sacrifício oferecestes
A Vós mesmo, em amor todo abrasado.


Supremo Rei, não de ouro coroado,
Mas de cruéis espinhos, que escolhestes,
Que por Senhor dos reinos que vencestes
No trono dessa Cruz estais jurado.


Guerreiro Capitão, que assim ferido
Com a lança que ao ombro alevantastes,
A morte que morreis tendes vencido.
Entrai, Senhor, nesta alma que buscastes
E nela para sempre recolhido
Os títulos tomai que hoje ganhastes.
(Hino da liturgia)

1 de abril de 2012

Domingo de Ramos - Início da Semana Santa

A mulher unge os pés do Senhor - Mosaico do Centro Aletti - Vaticano



DOMINGO DE RAMOS
NA PAIXÃO DO SENHOR
Semana II do Saltério
Vésperas I
Leitura breve 1 Pedro 1, 18-21
Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados dessa vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo Sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam postas em Deus.

21 de março de 2012

No encontro e no diálogo fiéis à Regra e à Igreja



Na próxima sexta-feira, dia 23 de março, realiza-se, no Centro Cultural Franciscano, mais uma conferência do ciclo de conferências dedicadas à Família - 2012.


Tema: Família: esteio de Amor incondicional
Oradores
: Luísa e António Marques de Carvalho
Sumário:
A família vive actualmente o assalto do relativismo, da indiferença, da licenciosidade, do egoísmo e do individualismo, como aqui realçou o Dr. Bagão Félix no início deste ciclo de conferências. Ela é porém o único bastião em que se pode viver o amor incondicional, a fraternidade e o diálogo intergeracional e é a primeira comunidade, a célula base de qualquer sociedade solidária, onde se aprendem a viver os valores que a sustentam.
Uma gestão adequada das relações humanas, particularmente no seio da família, deve procurar permanentemente a satisfação das necessidades de amar e ser amado e das de ser autónomo e válido, um equilíbrio dinâmico que exige de cada um de nós um escrutínio (avaliação) dos sentimentos, pensamentos e comportamentos, e uma comunicação franca, clara e confiante desse diagnóstico aos que amamos, para que, após o romance, possamos superar as desilusões, vencer os medos e renovar o vigor do nosso sonho de felicidade e retomar o entusiasmo do projecto comum que acompanha o nosso compromisso de constituir uma família ou de seguir uma vocação de consagração aos outros, fazendo opções realistas de aperfeiçoamento da relação em casal, em família e com a comunidade. Dialogando e partilhando com simplicidade esse nosso esforço de encontro connosco mesmos vivemos um estilo de vida aberto e confiante que é crucial para o reconhecimento mútuo e para nos acompanharmos realmente na alegria e na dor, numa comunhão que vence o desânimo, supera as ameaças de desagregação e as pressões de uma sociedade que aparenta estar carente de valores e tornar-se escrava do consumismo e do individualismo.
Perante estas ameaças é dever do cristão reafirmar na sua prática quotidiana que o amor eterno e incondicional é possível, certamente com imperfeições, mas com perseverança de crente num caminho de santidade dos que não desistem de uma visão esperançosa da humanidade. Isso é certamente o cerne do sacramento do Matrimónio, mas é-o também da consagração ao serviço da Igreja numa comunidade e no sacramento da Ordem. Todos estes compromissos são de relação de amor, seja para constituir uma família, seja para servir a comunidade.

Algumas referências bibliográficas:
Familiaris Consortio – exortação Apostólica de João Paulo II sobre a Família – Ed. S. Paulo – ISBN-972-30-0616-2, 1994
O Segredo do Amor Eterno – John Powell, sj – Ed. Paulinas –ISBN-972751-479-0, 2002
As 5 linguagens do Amor – Gary Chapman – Ed. SmartBook -
ISBN: 978-9898297112
Não à solidão a dois, a (in)comunicação no casamento – Jacques Salomé – Ed. Ésquilo – ISBN-972-8605-10-2, 2001
Ouvir, Falar, Amar – Laurinda Alves, Alberto Brito, sj – Ed. Oficina do Livro – ISBN-978-989-555-552-9, 2011
Sabedoria de um pobre – Elói Leclerc – Ed. Franciscana - , ISBN-972-9190-36-4, 1983
P. José António da Silva Soares, Ensino e Acção Pastoral – Coord. António de Sousa Araújo – estudos Franciscanos, Itinerarium, XLIX (2003) 369-380

10 de março de 2012

A Correção Fraterna




A Correção Fraterna
O dever de correção fraterna. A sua eficácia sobrenatural. A correção fraterna era praticada com frequência entre os primeiros cristãos. Falsas desculpas para não fazê-la. Ajuda que prestamos. Virtudes que se devem viver ao fazer a correção fraterna. Modo de recebê-la.
I. JÁ NO ANTIGO TESTAMENTO a Sagrada escritura nos mostra como Deus se serve frequentemente de homens cheios de fortaleza e de caridade para fazer notar a outros o seu afastamento do caminho que conduz ao Senhor. O Livro de Samuel apresenta-nos o profeta Natã, enviado por Deus ao rei David para falar-lhe dos pecados gravíssimos que este havia cometido. Apesar da evidência desses pecados tão graves (adultério com a mulher do seu fiel servidor, cuja morte provocou) e de que o rei fosse um bom conhecedor da L, “o desejo havia-se apoderado de todos os seus pensamentos e a sua alma estava completamente adormecida, como que num torpor. Necessitou da luz e das palavras do profeta para tomar consciência do que tinha feito”. Naquelas semanas, David vivia com a consciência adormecida pelo pecado. Para fazê-lo perceber a gravidade do seu delito, Natã expôs-lhe uma parábola:
Havia numa cidade dois homens: um rico e outro pobre. O rico tinha muitos rebanhos de ovelhas e de bois; o pobre só tinha uma ovelhinha que havia comprado; ia criando-a e ela crescia com ele e com os seus filhos, comendo do seu pão e bebendo da sua taça, dormindo nos seus braços: era para ele como uma filha. Certo dia, chegou uma visita à casa do rico e este, não querendo perder uma ovelha ou um boi para dar de comer ao seu hóspede, subtraiu a ovelha do pobre e preparou-a para o seu hóspede. David pôs-se furioso contra aquele homem e disse a Natã: Pela vida de Deus! Aquele que fez isso é réu de morte!
Natã respondeu então ao rei: Tu és esse homem. E David tomou consciência dos seus pecados, arrependeu-se e dasafogou a sua dor num salmo que a Igreja nos propõe como modelo de contrição. Começa assim: Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua bondade; e conforme a imensidão da tua misericórdia, apaga a minha iniquidade…
David fez penitência e foi grato a Deus. Tudo graças a uma advertência oportuna e cheia de fortaleza. Um dos maiores bens que podemos prestar àqueles a quem mais queremos e a todos, é a ajuda, muitas vezes heróica, da correção fraterna. No convívio diário, observamos que os nossos familiares, amigos ou conhecidos – como, aliás, nós mesmos – podem chegar a formar hábitos que destoam de um bom cristão e que os afastam de Deus. Podem ser faltas de laboriosidade habituais, de pontualidade, modos de falar que beiram a murmuração ou a difamação, brusquidões, impaciências… Podem ser também faltas de justiça nas relações de trabalho, atitudes pouco exemplares no modo de viver a sobriedade ou a temperança, gula embriaguez, gastos de pura ostentação, desperdícios de dinheiro no jogo ou nas lotarias, amizades ou familiaridades que põem em perigo a fidelidade conjugal ou a castidade… É fácil compreender que uma correção fraterna feita a tempo, oportuna, cheia de caridade e de compreensão, a sós com o interessado, pode evitar muitos males: um escândalo, um dano irreparável à família…; ou, simplesmente, pode ser um estímulo eficaz para que a pessoa em questão corrija um defeito e se aproxime mais de Deus. Esta ajuda espiritual nasce da caridade e é uma das suas principais manifestações. Por vezes, é também uma exigência da virtude da justiça, quando existe para com a pessoa que deve ser corrigida uma especial obrigação de prestar-lhe essa ajuda. Devemos pensar com frequência se não nos omitimos nesta matéria. “porque não te decides a fazer uma correção fraterna? – Sofre-se ao recebê-la, porque custa humilhar-se, pelo menos no começo. Mas, fazê-la, custa sempre. Bem o sabem todos. – O exercício da correção fraterna é a melhor maneira de ajudar, depois da oração e do bom exemplo.

II. A CORREÇÃO FRATERNA tem sabor evangélico; os primeiros cristãos praticavam-na frequentemente, tal como o Senhor a tinha estabelecido – Vai e corrige-o a sós -, e ocupava um lugar muito importante nas suas vidas, pois conheciam a sua eficácia. São Paulo escreve aos fiéis de Tessalónica: Se alguém não obedecer ao que dizemos nesta carta… não o olheis como inimigo, antes corrigi-o como a um irmão. Na epístola aos Gálatas, o apóstolo diz que a correção fraterna deve ser feita com espírito de mansidão. O Apóstolo São Tiago incentiva da mesma forma os primeiros cristãos a praticá-la, recordando-lhes a recompensa que o Senhor lhes dará: Se algum de vós se desviar da verdade e um outro conseguir reconduzi-lo, saiba que quem converte um pecador do seu extravio salvará a alma dele da morte e cobrirá a multidão dos seus próprios pecados. Não é uma recompensa pequena. Não podemos desculpar-nos a repetir e repetir as palavras de Caim: Por acaso sou eu o guardião do meu irmão? Entre as desculpas que podemos dar no nosso coração para não fazer ou para adiar a correção fraterna, está antes de mais nada o medo de entristecer aquele que a deve receber. É paradoxal que o médico não deixe de ao paciente que, se quer ser curado, deve sofrer uma dolorosa operação, e que nós, cristãos e franciscanos, tenhamos relutância às vezes em dizer àqueles que nos rodeiam que está em jogo a saúde da sua alma. “É grande o número dos que, para não desagradarem ou para não impressionarem uma pessoa que tenha entrado nos últimos dias e nos momentos extremos da sua existência terrena, lhe silenciam o seu estado real, causando-lhe desse modo um mal de dimensões incalculáveis. Mas é mais elevado o número daqueles que vêem os seus amigos no erro ou no pecado, ou prestes a cair num ou noutro, e permanecem mudos, e não mexem um dedo para lhes evitar esses males. Poderíamos considerar amigo a quem se comportasse connosco desse modo? Certamente que não. E, no entanto, as pessoas à nossa volta adoptam frequentemente essa atitude para não nos magoarem”. Com a prática da correção fraterna, cumpre-se verdadeiramente o que nos diz a Sagrada escritura: o irmão ajudado pelo seu irmão é como uma cidade amuralhada. Nada nem ninguém pode derrotar uma caridade bem vivida. Com essa demonstração de amor cristão, não são só as pessoas que melhoram, mas toda a sociedade. Evitam-se ao mesmo tempo críticas e murmurações que tiram a paz da alma e conturbam as relações entre homens. A amizade, se for verdadeira, torna-se mais profunda e autêntica com a correção fraterna; e e cresce também a amizade com Cristo.

III QUANDO SE PRATICA a correção fraterna, deve-se viver uma série de virtudes sem as quais não estaríamos diante de uma autêntica manifestação de caridade. “Quando tiveres de corrigir, fá-lo com caridade, no momento oportuno, sem humilhar…e com ânimo de aprender e de melhorares tu mesmo naquilo que corriges”, tal como Cristo a praticaria se estivesse no nosso lugar, com a mesma delicadeza, com a mesma firmeza. Às vezes, uma certa irritabilidade e falta de paz interior pode levar-nos a ver nos outros defeitos que na realidade são nossos. “Devemos corrigir, pois, por amor; não com o desejo de ferir, mas com a intenção carinhosa de conseguir que a pessoa se emende […]. Porque a corriges? Porque te irrita teres sido ofendido por ela? Queira Deus que não. Se o fazes por amor-próprio, nada fazes. Se é o amor que te move, atuas bem”. A humildade ensina-nos, mais talvez do que qualquer outra virtude, a encontrar as palavras certas e o modo de falar que não ofende, ao recordar-nos que nós também precisamos de muitas ajudas semelhantes. A prudência leva-nos a fazer a advertência com prontidão e no momento mais adequado; esta virtude é-nos necessária para levarmos em conta o modo de ser da pessoa e as circunstâncias por que está passando: “como bons médicos, que não curam de uma só maneira”, não dão a mesma receita a todos os pacientes. Depois de corrigirem alguém, não devemos deixar-nos impressionar se parece que não reage, antes é preciso ajudá-lo ainda um pouco mais com o exemplo, com a oração e a mortificação por ele, e com uma maior compreensão. Quando somos nós que recebemos uma correção, devemos aceitá-la com humildade e em silêncio, sem nos desculparmos, reconhecendo a mão do Senhor nesse bom amigo, que o é pelo menos a partir daquele momento; comum sentimento de gratidão viva, porque alguém se interessou de verdade por nós; com a alegria de pensar que não estamos sós no esforço por dirigir sempre os nossos passos para Deus. “Depois de teres recebido com provas de carinho e de reconhecimento as advertências que te fazem, procura segui-las como um dever, não só pelo benefício que representa corrigir-se, mas também para fazeres ver à pessoa que te advertiu que não foram em vão os seus esforços e que tens muito em conta a sua benevolência. O soberbo, ainda que se corrija, não quer aparentar que seguiu os conselhos que lhe deram, porque os despreza; quem é verdadeiramente humilde tem por ponto de honra submeter-se a todos por amor de Deus, e vive os sábios conselhos que recebe como vindos do próprio Deus, seja qual for o instrumento de que Ele se tenha servido”. Ao terminarmos a nossa oração, recorramos à santíssima Virgem, Mater boni consilii, Mãe do bom conselho, para que nos ajude a viver sempre que for necessário essa prova de amizade verdadeira, de apreço sincero por aqueles com quem temos um contacto mais frequente, que é a correção fraterna.
Pe. Paulo Ferreira, OFM
Assistente da Região Sul da Ordem Franciscana Secular de P
ortugal
Fontes: 2 Sam 12. 1-17; São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 60, 1; Sl 50; São Josemaría Escrivá, Forja, n. 455 e 641; Mt 18, 15; Didaqué, 15, 13; 2Tess 3, 14-15; gál 6, 1; Ti 5, 19-20; Gen 4, 9; S. Canals, Reflexões Espirituais, pág. 133; Prov 18, 19; São João Crisóstomo, op. Cit., 29; Leão XIII, Prática da humildade, 41.

 
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