Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

9 de outubro de 2012

S. Francisco de Assis por Bento XVI

Queridos irmãos e irmãs

Numa catequese recente, já ilustrei o papel providencial que a Ordem dos Frades Menores e a Ordem dos Padres Pregadores, fundadas respetivamente por São Francisco de Assis e por São Domingos de Gusmão, tiveram na renovação da Igreja do seu tempo. Hoje gostaria de vos apresentar a figura de Francisco, um autêntico “gigante” da santidade, que continua a fascinar muitíssimas pessoas de todas as idades e religiões.
“Nasceu no mundo um sol”. Com estas palavras, na Divina Comédia (Paraíso, Canto XI), o sumo poeta italiano Dante Alighieri alude ao nascimento de Francisco, ocorrido entre o final de 1181 e o início de 1182, em Assis. Pertencente a uma família rica – o pai era comerciante de tecidos – Francisco transcorreu uma adolescência e uma juventude tranquilas, cultivando os ideais cavalheirescos da época. Com vinte anos participou numa campanha militar, e foi aprisionado. Adoeceu e foi libertado. Depois do regresso a Assis, começou nele um lento processo de conversão espiritual, que o levou a abandonar gradualmente o estilo de vida mundano, que tinha praticado até então. Remontam a esta época os célebres episódios do encontro com o leproso, ao qual Francisco, descendo do cavalo, deu o ósculo da paz, e da mensagem do Crucifixo na pequena Igreja de São Damião. Três vezes Cristo na Cruz se animou, e disse-lhe: “Vai, Francisco, e repara a minha Igreja em ruínas”. Este simples acontecimento da palavra do Senhor ouvida na igreja de São Damião esconde um simbolismo profundo. Imediatamente São Francisco é chamado a reparar esta pequena igreja, mas o estado de ruínas deste edifício é símbolo da situação dramática e preocupante da própria Igreja naquele tempo, com uma fé superficial que não forma e não transforma a vida, com um clero pouco zeloso, com o refrear-se do amor; uma destruição interior da Igreja que implica também uma decomposição da unidade, com o nascimento de movimentos heréticos. Contudo, no centro desta Igreja em ruínas está o Crucifixo e fala: chama à renovação, chama Francisco a um trabalho manual para reparar concretamente a pequena igreja de São Damião, símbolo da chamada mais profunda a renovar a própria Igreja de Cristo, com a sua radicalidade de fé e com o seu entusiasmo de amor a Cristo. Este acontecimento, que aconteceu provavelmente em 1205, faz pensar noutro evento semelhante que se verificou em 1207: o sonho do Papa Inocêncio III. Ele vê em sonhos que a Basílica de São João de Latrão, a igreja-mãe de todas as igrejas, está a desabar e um religioso pequeno e insignificante ampara com os seus ombros a igreja para que não caia. É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem dá ajuda para que a igreja não desabe, mas um religioso pequeno e insignificante, que o Papa reconhece em Francisco que o visita. Inocêncio III era um Papa poderoso, de grande cultura teológica, assim como de grande poder político, contudo não é ele quem renova a Igreja, mas um religioso pequeno e insignificante: é São Francisco, chamado por Deus. Por outro lado, é importante observar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas em comunhão com ele. As duas realidades caminham juntas: o Sucessor de Pedro, os Bispos, a Igreja fundada na sucessão dos Apóstolos e o carisma novo que o Espírito Santo cria neste momento para renovar a Igreja. Ao mesmo tempo, cresce a verdadeira renovação.
Voltemos à vida de São Francisco. Dado que o pai Bernardone lhe reprovava a demasiada generosidade para com os pobres, Francisco, diante do Bispo de Assis, com um gesto simbólico despojou-se das suas roupas, com a intenção de renunciar assim à herança paterna: como no momento da criação, Francisco nada possui, mas só a vida que Deus lhe doou, em cujas mãos ele se entrega. Depois, viveu como um eremita, até quando, em 1208, teve lugar outro acontecimento fundamental no itinerário da sua conversão. Ouvindo um trecho do Evangelho de Mateus – o sermão de Jesus aos Apóstolos enviados em missão – Francisco sentiu-se chamado a viver na pobreza e a dedicar-se à pregação. Outros companheiros se uniram a ele, e em 1209 veio a Roma, para submeter ao Papa Inocêncio III o projecto de uma nova forma de vida cristã. Recebeu um acolhimento paterno daquele grande Pontífice que, iluminado pelo Senhor, intuiu a origem divina do movimento suscitado por Francisco. O Pobrezinho de Assis tinha compreendido que cada carisma doado pelo Espírito Santo deve ser colocado ao serviço do Corpo de Cristo, que é a Igreja; portanto agiu sempre em plena comunhão com a autoridade eclesiástica. Na vida dos santos não há contraste entre carisma profético e carisma de governo e, se surge alguma tensão, eles sabem esperar com paciência os tempos do Espírito Santo.
Na realidade, alguns historiadores no século XIX e também no século passado procuraram criar por detrás do Francisco da tradição, um chamado Francisco histórico, assim como se procura criar por detrás do Jesus dos Evangelhos, um chamado Jesus histórico. Este Francisco histórico não teria sido um homem de Igreja, mas um homem relacionado imediatamente só com Cristo, um homem que queria criar uma renovação do povo de Deus, sem formas canónicas nem hierarquia. A verdade é que São Francisco teve realmente uma relação muito imediata com Jesus e com a palavra de Deus, que queria seguir sine glossa, tal qual é, em toda a sua radicalidade e verdade. É também verdade que inicialmente ele não tinha a intenção de criar uma Ordem com as formas canónicas necessárias mas, simplesmente, com a palavra de Deus e com a presença do Senhor, ele desejava renovar o povo de Deus, convocá-lo de novo para a escuta da palavra e para a obediência verbal com Cristo. Além disso, sabia que Cristo nunca é “meu”, mas é sempre “nosso”, que não posso tê-lo “eu” e reconstruir “eu” contra a Igreja, a sua vontade e o seu ensinamento, mas só na comunhão da Igreja construída sobre a sucessão dos Apóstolos é que se renova também a obediência à palavra de Deus.
É também verdade que não tinha a intenção de criar uma nova ordem, mas apenas de renovar o povo de Deus para o Senhor que vem. Mas compreendeu com sofrimento e dor que tudo deve ter a sua ordem, que também o direito da Igreja é necessário para dar forma à renovação e assim inseriu-se realmente de modo total, com o coração, na comunhão da Igreja, com o Papa e com os Bispos. Sabia sempre que o centro da Igreja é a Eucaristia, na qual o Corpo de Cristo e o seu Sangue se tornam presentes. Através do Sacerdócio, a Eucaristia é a Igreja. Onde caminham juntos Sacerdócio de Cristo e comunhão da Igreja, então ali habita também a palavra de Deus. O verdadeiro Francisco histórico é o Francisco da Igreja e precisamente deste modo fala também aos não-crentes, aos fiéis de outras confissões e religiões.
Francisco e os seus frades, cada vez mais numerosos, estabeleceram-se na Porciúncula, ou igreja de Santa Maria dos Anjos, lugar sagrado por excelência da espiritualidade franciscana. Também Clara, uma jovem de Assis, de família nobre, se pôs na escola de Francisco. Assim, teve origem a Segunda Ordem franciscana, a das Clarissas, outra experiência destinada a dar frutos insignes de santidade na Igreja.
Também o sucessor de Inocêncio III, Papa Honório III, com a sua bula Cum dilecti de 1218 apoiou o singular desenvolvimento dos primeiros Frades Menores, que iam abrindo as suas missões em diversos países da Europa, e até em Marrocos. Em 1219 Francisco obteve a autorização para ir falar, no Egipto, com o sultão muçulmano Melek-el-Kamel, para pregar também ali o Evangelho de Jesus. Desejo ressaltar este episódio da vida de São Francisco, que tem uma grande actualidade. Numa época na qual se estava a verificar um confronto entre o Cristianismo e o Islão, Francisco, intencionalmente armado só com a sua fé e com a sua mansidão pessoal, percorreu com eficácia o caminho do diálogo. As crónicas falam-nos de um acolhimento benévolo e cordial recebido do sultão muçulmano. É um modelo no qual também hoje se deveriam inspirar as relações entre cristãos e muçulmanos: promover um diálogo na verdade, no respeito recíproco e na compreensão mútua (cf. Nostra aetate, 3). Parece depois que em 1220 Francisco visitou a Terra Santa, lançando assim uma semente, que teria dado muito fruto: de facto, os seus filhos espirituais fizeram dos Lugares nos quais Jesus viveu um âmbito privilegiado da sua missão. Com gratidão penso hoje nos grandes méritos da Custódia franciscana da Terra Santa.
Tendo regressado à Itália, Francisco entregou o governo da Ordem ao seu vigário, frei Pedro Cattani, enquanto o Papa confiou à protecção do Cardeal Ugolino, futuro Sumo Pontífice Gregório IX, a Ordem, que contava cada vez mais adeptos. Por seu lado o Fundador, totalmente dedicado à pregação que desempenhava com grande sucesso, redigiu uma Regra, depois aprovada pelo Papa.
Em 1224, na ermida de La Verna, Francisco vê o Crucificado na forma de um serafim e do encontro com o serafim crucificado, recebeu os estigmas; ele torna-se assim um com Cristo crucificado: um dom que expressa a sua íntima identificação com o Senhor.
A morte de Francisco – o seu transitus – aconteceu na noite de 3 de Outubro de 1226, na Porciúncula. Depois de ter abençoado os seus filhos espirituais, ele faleceu, estendido no chão nu. Dois anos mais tarde, foi construída em sua honra uma grande basílica em Assis, que ainda hoje é meta de muitíssimos peregrinos, que podem venerar o túmulo do santo e gozar da visão dos afrescos de Giotto, pintor que ilustrou de modo magnífico a vida de Francisco.
Foi dito que Francisco representa um alter Christus, que era verdadeiramente um ícone vivo de Cristo. Ele foi chamado também “o irmão de Jesus”. De facto, era este o seu ideal: ser como Jesus; contemplar o Cristo do Evangelho, amá-lo intensamente, imitar as suas virtudes. Em particular, ele quis dar um valor fundamental à pobreza interior e exterior, ensinando-a também aos filhos espirituais. A primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha – bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5, 3) – encontrou uma luminosa realização na vida e nas palavras de São Francisco. Deveras, queridos amigos, os santos são os melhores intérpretes da Bíblia; eles, encarnando na sua vida a Palavra de Deus, tornam-na atraente como nunca, de modo que fala realmente connosco. O testemunho de Francisco, que amou a pobreza para seguir Cristo com dedicação e liberdade totais, continua a ser também para nós um convite a cultivar a pobreza interior para crescer na confiança em Deus, unindo também um estilo de vida sóbrio e um desapego dos bens materiais.
Em Francisco o amor a Cristo expressou-se de modo especial na adoração do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Nas Fontes franciscanas lêem-se expressões comovedoras, como esta: “Toda a humanidade tema, o universo inteiro trema e o céu exulte, quando no altar, na mão do sacerdote, está Cristo, o Filho do Deus vivo. Ó favor maravilhoso! Ó sublimidade humilde, que o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, a tal ponto se humilhe que se esconda para a nossa salvação, sob uma modesta forma de pão” (Francisco de Assis, Escritos, Editrici Franciscane, Pádua 2002, 401).
Neste ano sacerdotal, apraz-me recordar também uma recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: “Quando quiserem celebrar a Missa, puros de modo puro, façam com reverência o verdadeiro sacrifício do santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Francisco de Assis, Escritos, 399). Francisco mostrava sempre uma grande deferência em relação aos sacerdotes, e recomendava que fossem sempre respeitados, também no caso de serem pessoalmente pouco dignos. Dava como motivação deste profundo respeito o facto de que eles receberam o dom de consagrar a Eucaristia. Queridos irmãos no sacerdócio, nunca esqueçamos este ensinamento: a santidade da Eucaristia pede que sejamos puros, que vivamos de modo coerente com o Mistério que celebramos.
Do amor a Cristo nasce o amor às pessoas e também a todas as criaturas de Deus. Eis outra característica da espiritualidade de Francisco: o sentido da fraternidade universal e o amor pela criação, que lhe inspirou o célebre Cântico das criaturas. É uma mensagem muito actual. Como recordei na minha recente Encíclica Caritas in veritate, só é sustentável um desenvolvimento que respeite a criação e que não danifique o meio ambiente (cf. nn. 48-52) e na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano ressaltei que também a construção de uma paz sólida está relacionada com o respeito da criação. Francisco recorda-nos que na criação se manifesta a sabedoria e a benevolência do Criador. A natureza é entendida por ele precisamente como uma linguagem na qual Deus fala connosco, na qual a realidade se torna transparente e nós podemos falar de e com Deus. Queridos amigos, Francisco foi um grande santo e um homem jubiloso. A sua simplicidade, a sua humildade, a sua fé, o seu amor a Cristo, a sua bondade para cada homem e mulher fizeram-no feliz em todas as situações. De facto, entre a santidade e a alegria subsiste uma relação íntima e indissolúvel. Um escritor francês disse que no mundo só existe uma tristeza: a de não ser santo, isto é, de não estar próximo de Deus. Olhando para o testemunho de São Francisco, compreendemos que é este o segredo da verdadeira felicidade: tornar-nos santos, próximos de Deus!
Que a Virgem, ternamente amada por Francisco, nos obtenha este dom. Confiemo-nos a ela com as mesmas palavras do Pobrezinho de Assis: “Santa Maria Virgem, não existe outra semelhante a ti nascida no mundo entre as mulheres, filha e escrava do altíssimo Rei e Pai celeste, Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo: interceda por nós... junto do teu santíssimo e dilecto Filho, Senhor e Mestre” (Francisco de Assis, Escritos, 163).
Audiência do Papa Bento XV
Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010

4 de outubro de 2012

4 de outubro - S. Francisco de Assis


Nota Histórica


Nasceu em Assis, no ano 1182. Depois de uma juventude leviana, converteu se a Cristo, renunciou a todos os bens paternos e entregou se inteiramente a Deus. Abraçou a pobreza para seguir mais perfeitamente o exemplo de Cristo e pregava a todos o amor de Deus. Formou os seus companheiros com normas excelentes, inspiradas no Evangelho, que foram aprovadas pela Sé Apostólica. Fundou também uma Ordem de religiosas e uma Ordem Terceira para seculares; e promoveu a pregação da fé entre os infiéis. Morreu em 1226.

Liturgia das horas

Da Carta de São Francisco de Assis a todos os fiéis

(Opuscula, ed. Quaracchi, 1949, 87-94) (Sec. XIII)
Devemos ser simples, humildes e puros

O Pai altíssimo, pelo seu arcanjo São Gabriel, anunciou à santa e gloriosa Virgem Maria que o seu Verbo, tão santo, digno e glorioso, ia descer do Céu. Do seio de Maria tomou Ele a carne verdadeira da nossa humanidade e fragilidade. Sendo Ele mais rico que tudo, quis no entanto escolher a pobreza com sua Mãe bem aventurada. E ao aproximar se a sua paixão celebrou a Páscoa com os discípulos. Depois rezou ao Pai, dizendo: Pai, se é possível, afaste se de mim este cálice.

Submeteu todavia a sua vontade à vontade do Pai. Ora, a vontade do Pai foi esta: que seu Filho bendito e glorioso, que Ele nos tinha dado e que por nós nascera, Se oferecesse pelo seu próprio sangue como sacrifício e hóstia no altar da cruz, não por Si mesmo – Ele tinha criado todas as coisas – mas pelos nossos pecados, deixando nos o exemplo para seguirmos os seus passos. E quer que todos sejamos salvos por Ele e que O recebamos de coração puro e corpo casto.

Como são felizes e abençoados os que amam o Senhor e praticam o que o mesmo Senhor diz no Evangelho: Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo. Amemos portanto a Deus e adoremo l’O de coração puro e alma simples, porque é isso o que Ele deseja acima de tudo, quando afirma: Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Por conseguinte, todos os que O adoram devem adorá l’O em espírito e verdade. Dia e noite elevemos para Ele os nossos louvores e preces, dizendo: Pai nosso, que estais no Céu, porque é preciso orar sempre e não desfalecer.

Além disso, façamos frutos dignos de penitência. Amemos o próximo como a nós mesmos. Sejamos caridosos e humildes e dêmos esmola, porque a esmola lava as almas da imundície do pecado. Na verdade, os homens perdem tudo o que deixam neste mundo, mas levam consigo o preço da sua caridade e das esmolas que fizeram, e por elas receberão do Senhor recompensa e digna remuneração.

Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas procuremos antes ser simples, humildes e puros. Nunca devemos desejar estar acima dos outros, mas devemos antes ser servos e súbditos de toda a criatura humana por amor de Deus. E sobre todos aqueles que assim procederem e perseverarem até ao fim, repousará o Espírito do Senhor, que neles fará sua habitação e morada, e serão filhos do Pai celeste, cujas obras imitam; eles são esposos, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo.

1 de outubro de 2012

40º Peregrinação a Fátima da FFP - 5 e 6 Outubro

28 de setembro de 2012

S. MIGUEL, S. GABRIEL e S. RAFAEL, Arcanjos



Nota Histórica

Entre «os puros espíritos que também são denominados Anjos» (Credo do Povo de Deus), sobressaem três, que têm sido especialmente honrados, através do séculos e a Liturgia une na mesma celebração. Além das funções próprias de todos os Anjos, eles aparecem-nos, na Escritura Sagrada, incumbidos de missão especial.

S. Miguel (= «Quem como Deus»?) é o príncipe dos Anjos, identificado, por vezes, como o Anjo do turíbulo de ouro de que fala o Apocalipse. É o Anjo dos supremos combates. É o melhor guia do cristão, na hora da viagem para a eternidade. É o protector da Igreja de Deus (Apoc. 12-19).

S. Gabriel (= «Deus é a minha força») é o mensageiro da Incarnação (Dan. 9, 21-22). É o enviado das grandes embaixadas divinas: anuncia a Zacarias o nascimento do Precursor e revela a Maria o mistério da divina Maternidade. Pio XII, em 12 de Janeiro de 1951, declarou este Arcanjo patrono das telecomunicações.

S. Rafael (= «Medicina de Deus») manifesta-se na Bíblia como diligente e eficaz protector duma família, que se debate para não sucumbir às provações. É conselheiro, companheiro de viagem, defensor e médico. Honrando os Anjos, cuja existência nos é abundantemente testemunhada pela Sagrada Escritura, nós exaltamos o poder de Deus, Criador do mundo visível e invisível.
Liturgia das horas

Das Homilias de São Gregório Magno, papa,
sobre os Evangelhos
(Hom. 34, 8-9: PL 76, 1250-1251) (Sec. VI)

A palavra «Anjo» designa a sua função, não a sua natureza
Deveis saber que a palavra «Anjo» designa uma função, não uma natureza. Na verdade, aqueles santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre se podem chamar Anjos. Só são Anjos quando exercem a função de mensageiros. Os que transmitem mensagens de menor importância chamam se Anjos; os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam se Arcanjos.

Esta é a razão pela qual à Virgem Maria não foi enviado um Anjo qualquer mas o Arcanjo Gabriel; de facto, era justo que para esta missão fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as mensagens.

É pela mesma razão que se lhes atribuem nomes particulares, que designam a missão respectiva que desempenham. Na santa cidade do Céu, onde a visão de Deus omnipotente dá um perfeito conhecimento de tudo, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros; mas quando vêm realizar alguma missão junto dos homens, são conhecidos pelo nome da função que exercem.

Assim, Miguel significa «Quem como Deus?»; Gabriel, «Fortaleza de Deus»; e Rafael, «Medicina de Deus».

Quando se trata de realizar algum mistério que exige um poder especial, verifica se que é Miguel o enviado, para dar a entender, pela sua acção e pelo seu nome, que ninguém pode actuar como Deus. Por isso aquele antigo inimigo, que pela sua soberba pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: Subirei até ao céu, levantarei o meu trono acima dos astros do céu e serei semelhante ao Altíssimo, será abandonado a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício. É este que São João no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: Travou se um combate no Céu contra o Arcanjo Miguel.

A Maria foi enviado Gabriel, que significa «Fortaleza de Deus», porque veio anunciar Aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre os poderes superiores. Convinha, de facto, ser anunciado pela «Fortaleza de Deus» Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos Exércitos e poderoso das batalhas.

Rafael, como dissemos, quer dizer «Medicina de Deus», como se compreende na missão que teve junto de Tobias: tocou lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da sua cegueira. Por isso, aquele que foi enviado para curar, é chamado «Medicina de Deus».

17 de setembro de 2012

17 set.- Impressão das Chagas de S. Francisco

Impressão das Chagas de S. Francisco de Assis

Nota Histórica
No dia 17 de setembro a Família Franciscana celebra, em todo o mundo, a festa da impressão das Chagas, também chamada de Estigmas de São Francisco de Assis. A introdução litúrgica da Missa e Liturgia das Horas diz o seguinte:
O Seráfico Pai Francisco, desde o início de sua conversão, dedicou-se de uma maneira toda especial à devoção e veneração do Cristo crucificado, devoção que até a morte ele inculcava a todos por palavras e exemplo. Quando, em 1224, Francisco se abismava em profunda contemplação no Monte Alverne (foto abaixo), por um admirável e estupendo prodígio, o Senhor Jesus imprimiu-lhe no corpo as chagas de sua paixão. O Papa Bento XI concedeu à Ordem dos Frades Menores que todos os anos, neste dia, celebrasse, no grau de festa, a memória de tão memorável prodígio, comprovado pelos mais fidedignos testemunhos.”
A vida de Francisco no Alverne é oração e ininterrupta penitência. Sente-se pobre e pecador. Quer despojar-se de tudo. Renuncia até mesmo a um manto que tinha sido salvo do fogo, a única coisa que tinha para cobrir-se durante o breve repouso da noite. Francisco voltará muitas vezes ao Alverne para encontrar a paz em Deus que a situação da Ordem e o fato de estar no meio dos homens não lhe davam e entregar-se de corpo e alma à oração.
No verão de 1224, última vez que esteve no Alverne, Francisco procura um lugar ainda mais “solitário e secreto” no qual possa mais reservadamente fazer a quaresma de São Miguel Arcanjo. Na manhã de 14 de setembro de 1224 os céus se abrem e Cristo crucificado desce ao Monte Alverne na forma de uma serafim.


Orações

Oração a São Francisco
Papa João Paulo II

Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne,
o mundo tem saudades de ti como imagem de Jesus Crucificado.
Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e para o homem,
dos teus pés descalços e feridos,
das tuas mãos trespassadas e implorantes.
Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo Evangelho.
Ajuda, Francisco, os homens de hoje a reconhecerem
o mal do pecado e a procurarem a purificação da penitência.
Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas de pecado,
que oprimem a sociedade hodierna.
Reaviva na consciência dos governantes a urgência da paz
nas Nações e entre os povos.
Infunde nos jovens o teu vigor de vida, capaz de fazer frente
às insídias das múltiplas culturas da morte.
Aos ofendidos por toda espécie de maldade,
comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.
A todos os crucificados pelo sofrimento, pela fome e
pela guerra, reabre as portas da esperança. Amém.
(Em 17.09.1983, na Capela dos Estigmas – Alverne)

Do Prefácio – Missa das Chagas
Vós exaltastes a mais sublime perfeição do Evangelho
o vosso servo Francisco,
pelos caminhos da altíssima pobreza e humildade.
Inflamado de amor seráfico,
vós os fizestes exultar de inefável alegria
com todas as obras de vossas mãos,
e adornado dos sagrados estigmas,
nos apresentastes a imagem do Crucificado,
Jesus Cristo, Senhor Nosso.

Hino – Salve, ó São Francisco

Salve, ó São Francisco, que do pé das fragas,
Vens assinalado de sagradas chagas.
Cheio de amor, cheio de amor,
as chagas trazes do nosso Salvador.
Eis-te na presença, de Deus-Redentor,
Serafim alado, de claro fulgor.
Meigo, a ti olhando, Cristo, o Verbo eterno,
eche tua alma de amor supremo.
E então suas chagas, lúcidos sinais,
em ti, Pai, formaram outras cinco iguais.
De tuas grandezas, tens agora o selo,
igual ao de Cristo; és nosso modelo.

Oração Coleta – Missa das Chagas

Ó Deus, que para inflamar os nossos corações
no fogo do vosso amor, renovastes de modo admirável
os sinais da paixão do vosso Filho,
na carne do bem-aventurado Pai Francisco,
concedei que, por sua intercessão,
configurados à morte do mesmo Filho,
participemos igualmente de sua Ressurreição.

Da Sequëncia de São Francisco

Busca o ermo e, comovido, chora amargo, até o gemido,
todo o tempo já perdido, quanto ao mundo consagrou.
Na montanha, retirado, chora, reza, ao chão prostrado.
Quando enfim, já serenado, vai a um antro repousar.
Por rochedos protegido, do divino é possuído;
todo mundo é preterido pelo céu que ele escolheu.
Freia a carne, quando impura; penitência o desfigura
Toma alento da Escritura, e do mundo se desfaz.
Eis do céu, varão hierarca, surge o Divinal Monarca!
Treme o Santo Patriarca, com pavor, ante a visão.
Com as chagas adornado, as transfere ao Santo amado,
que medita consternado o mistério da Paixão.
Todo o corpo é assinalado, mãos e pés; ferido o lado;
todo a Cristo conformado, chaga viva se tornou.
Num colóquio misterioso, vê o futuro radioso,
desfrutando divo gozo de celeste inspiração.
Maravilha! Surgem cravos, fora negros, dentro flavos.
Com seus membros cruciados sofre dura, ingente dor.
Não foi arte da natura dos seus membros a abertura,
nem de ferros a tortura que, implacável o feriu.
Pelas chagas que portaste e do mundo triunfaste
e da carne te livraste, em vitória sem igual.
São Francisco, te imploramos, nos perigos, te invocamos;
Que no céu, gozar possamos a celeste glória.

14 de setembro de 2012

14 de Setembro - Exaltação da Santa Cruz

A Santa Cruz é a Glória e a Exaltação de Cristo

(Cruz no Monte Alverne)

Nota Histórica
Foi na Cruz que Jesus Cristo ofereceu ao Pai o Seu Sacrifício, em expiação dos pecados de todos os homens. Por isso, é justo que veneremos o sinal e o instrumento da nossa libertação.

Objecto de desprezo, patíbulo de infâmia, até ao momento em que Jesus «obediente até à morte» nela foi suspenso, a Cruz tornou-se, desde então, motivo de glória, pólo de atracção para todos os homens.

Ao celebrarmos esta festa, nós queremos proclamar que é da cruz, «sinal do amor universal de Deus, fonte de toda a graça» (N.A., 4) que deriva toda a vida de Igreja. Queremos também manifestar o nosso desejo de colaborar com Cristo na salvação dos homens, aceitando a Cruz, que a carne e o mundo fizeram pesar sobre nós (G.S. 38).

(Rembrandt, Cristo na Cruz)
"Adoramos-Te, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as tuas Igregas espalhadas por todo o mundo e Te louvamos porque pela Tua Santa Cruz remiste o mundo."

Da Liturgia das horas
Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Sermão 10, na Exaltação da Santa Cruz:
PG 97, 1018-1019.1022-1023) (Sec. VIII)
A cruz é a glória e a exaltação de Cristo
Celebramos a festa da santa cruz, que dissipou as trevas e nos restituiu a luz. Celebramos a festa da santa cruz, e juntamente com o Crucificado somos elevados para o alto, para que, deixando a terra do pecado, alcancemos os bens celestes. Tão grande é o valor da cruz, que quem a possui, possui um tesouro. E chamo a justamente tesouro, porque é na verdade, de nome e de facto, o mais precioso de todos os bens. Nela está a plenitude da nossa salvação e por ela regressamos à dignidade original.

Com efeito, sem a cruz, Cristo não teria sido crucificado. Sem a cruz, a Vida não teria sido cravada no madeiro. E se a Vida não tivesse sido crucificada, não teriam brotado do seu lado aquelas fontes de imortalidade, o sangue e a água, que purificam o mundo; não teria sido rasgada a sentença de condenação escrita pelo nosso pecado, não teríamos alcançado a liberdade, não poderíamos saborear o fruto da árvore da vida, não estaria aberto para nós o Paraíso. Sem a cruz, não teria sido vencida a morte, nem espoliado o inferno.

Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo. Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; e o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu se em fonte de salvação para todo o mundo.

A cruz é a glória de Cristo e a exaltação de Cristo. A cruz é o cálice precioso da paixão de Cristo, é a síntese de tudo quanto Ele sofreu por nós. Para te convenceres de que a cruz é a glória de Cristo, ouve o que Ele mesmo diz: Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele e em breve O glorificará. E também: Glorifica me, ó Pai, com a glória que tinha junto de Ti, antes de o mundo existir. E noutra passagem: Pai, glorifica o teu nome. Veio então uma voz do Céu: ‘Eu O glorifiquei e de novo O glorificarei’.

E para saberes que a cruz é também a exaltação de Cristo, escuta o que Ele próprio diz: Quando Eu for exaltado, então atrairei todos a Mim. Como vês, a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.

7 de setembro de 2012

Natividade da Virgem Santa Maria - 8 de Setembro

Natividade da Virgem Santa Maria
Nossa Senhora e Sua mãe Sant'Ana - Imagem venerada na comunidade Lumen Coeli, dos Arautos do Evangelho (Revista Arautos do Evangelho, Set/2009, n. 93, p. 52).


Nota Histórica


A vinda do Filho de Deus à terra, foi preparada, pouco a pouco, ao longo dos séculos, através de pessoas e acontecimentos. Entre as pessoas escolhidas por Deus para colaborarem no Seu projecto de salvação, houve uma, à qual foi confiada uma missão única: Maria, chamada a ser a Mãe do Salvador e cumulada, por isso, de todas as graças necessárias ao cumprimento dessa missão.

O nascimento de Maria foi, portanto, motivo de esperança para o mundo inteiro: anunciava já o de Jesus. Era a autora da salvação a despontar; «Ela vem ao mundo e com Ela o mundo é renovado. Ela nasce e a Igreja reveste-se da sua beleza». (Liturgia bizantina).

Felicitando a Mãe do Salvador, no dia do Seu aniversário natalício, peçamos a graça de à Sua semelhança, colaborarmos, generosamente, na salvação do mundo.(Liturgia).

26 de agosto de 2012

Faleceu a Irmã Rita Teixeira Beltrão, ofs

Irmã Rita Teixeira Beltrão

A Irmã Maria Rita Teixeira Beltrão, com 70 anos de idade e 6 anos de profissão na Fraternidade da Ordem Franciscana Secular de S. Francisco à Luz, faleceu na manhã do dia 23 de agosto, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde tinha dado entrada no dia 20 do mesmo mês. No dia 24 foi concelebrada missa de corpo presente na Igreja Paroquial de S. Tomás de Aquino, em Lisboa, pelo Revº Pároco, pelo Padre Domingos Casal Martins, Guardião do Seminário Franciscano da Luz e assistente espiritual da Fraternidade da OFS e por outros sacerdotes amigos da Rita. O féretro foi sepultado no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.  
A Rita nasceu na freguesia das Mercês no dia 21 de Maio de 1942, era filha de Sebastião Gil Gouveia Beltrão e de Maria Helena Medeiros D`Albuquerque Teixeira Beltrão e solteira. Desempenhou a profissão de educadora de infância nos CTT e era voluntária no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, catequista na Igreja Paroquial de S. Tomás de Aquino, e Irmã Franciscana na Fraternidade Franciscana Secular de S. Francisco à Luz, onde fora admitida a 17 de Abril de 2005 e abraçara a Regra de S. Francisco a 19 de novembro de 2006. Assumiu o ofício de Mestre de Formação em 20 de Março de 2010, cargo que exercia à data da chegada da irmã morte.
Foi junto das crianças, que amava com desvelo maternal, dos doentes, a quem, semanalmente, distribuía a comunhão e consolava, alguns na hora da morte, da família, dos sobrinhos, especialmente da mãe, que partira para a casa do Pai havia oito meses, e dos irmãos da Fraternidade que a Rita realizou a sua vocação de mulher cristã. A Rita era alegre, simples, humilde e afável com todos. A Rita era Irmã Franciscana. Tinha o regaço de Nossa Senhora, o sorriso do Pai, a palavra do Filho e a generosidade e a força do Espírito Santo. Era uma filha extremosa, uma mãe solícita e uma irmã pobre e exemplar na Igreja e na Família Franciscana de Jesus Cristo. Junto da Mãe e na casa do Pai sabemos que continuará a exercer o seu múnus de educadora e formadora e a auxiliar e a interceder por todos os que nesta Terra tiveram o privilégio e a graça da sua presença e do seu fazer de PAZ e BEM. Rita, obrigado por tudo. Abraço-a até sempre.
Maria Francisca Rebordão Topa

25 de agosto - S. Luis, Rei de França

S. Luis, Rei de França - Padroeiro Principal da OFS 


Nota Histórica


Nasceu em 1214 e subiu ao trono de França aos vinte e dois anos de idade. Contraiu matrimónio e teve onze filhos a quem ele próprio deu uma excelente educação. Distinguiu se pelo seu espírito de penitência e oração e pelo seu amor aos pobres. Na administração do reino, foi notável o seu zelo pela paz entre os povos, e mostrou se tão diligente na promoção material dos seus súbditos como na sua promoção espiritual. Empreendeu duas cruzadas para libertar o sepulcro de Cristo e morreu perto de Cartago no ano 1270.

14 de agosto de 2012

15 agosto - Assunção da Virgem Santa Maria

ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

Nota Histórica
Ao terminar a Sua missão na terra, Maria, a Imaculada Mãe de Deus, «foi elevada em corpo e alma à glória do céu» (Pio XII), sendo assim a primeira criatura humana a alcançar a plenitude da salvação.
Esta glorificação de Maria é uma consequência natural da Sua Maternidade divina: Deus «não quis que conhecesse a corrupção do túmulo Aquela que gerou o Senhor da vida».
É também o fruto da íntima e profunda união existente entre Maria e a Sua missão e Cristo e a Sua obra salvadora. Plenamente unida a Cristo, como Sua Mãe e Sua serva humilde, associada, estreitamente a Ele, na humilhação e no sofrimento, não podia deixar de vir a participar do mistério de Cristo ressuscitado e glorificado, numa conformação levada até às últimas consequências. Por isso, Maria é «elevada ao Céu em corpo e alma e exaltada por Deus como Rainha, para assim Se conformar mais plenamente com Seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte» (LG. 59).
Este privilégio, concedido à Virgem Imaculada, preservada e imune de toda a mancha da culpa original, é «Sinal» de esperança e de alegria para todo o Povo de Deus, que peregrina pela terra em luta com o pecado e a morte, no meio dos perigos e dificuldades da vida. Com efeito, a Mãe de Jesus, «glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há-de consumar no século futuro» (LG. 68).
O triunfo de Maria, mãe e filha da Igreja, será o triunfo da Igreja, quando, juntamente com a Humanidade, atingir a glória plena, de que Maria goza já.
A Assunção de Maria ao Céu, em corpo e alma, é a garantia de que o homem se salvará todo: também o nosso corpo ressuscitará! A Assunção de Maria é o penhor seguro de que o homem triunfará da morte!

10 de agosto de 2012

11 de agosto - SANTA CLARA, virgem

Nota Histórica

Nasceu em Assis no ano 1193. Imitando o exemplo do seu concidadão Francisco, seguiu o caminho da pobreza e fundou a Ordem monástica (Clarissas). A sua vida foi de grande austeridade, mas rica em obras de caridade e de piedade. Morreu em 1253.

Liturgia das horas
Da Carta de Santa Clara, virgem, à Beata Inês de Praga
(Escritos de S. Clara, ed. 1 Omaecheverría, Madrid 1970, pp. 339-341) (Sec. XIII)

Imita a pobreza, a humildade e a caridade de Cristo

Feliz de quem pode gozar as delícias do sagrado banquete e unir se intimamente ao coração de Cristo, cuja beleza os Anjos admiram sem cessar, cujo afecto atrai os corações, cuja contemplação nos reconforta, cuja benignidade nos sacia, cuja suavidade enche a alma, cuja lembrança nos inunda de luz suave, cuja fragrância ressuscita os mortos, cuja visão gloriosa constitui a felicidade de todos os habitantes da Jerusalém celeste. Ele é o esplendor da luz eterna, o espelho puríssimo da acção divina. Olha continuamente para este espelho, rainha e esposa de Cristo; contempla nele o teu rosto e procura adornar te interior e exteriormente com as mais variadas flores das virtudes e com as vestes formosas que convêm à filha e à esposa castíssima do Rei dos reis.
Neste espelho se reflecte esplendidamente a ditosa pobreza, a santa humildade e a inefável caridade, como podes observar, com a graça de Deus, em todas as suas partes. Ao começo do espelho, repara na pobreza d’Aquele que foi colocado no presépio e envolvido em panos. Oh admirável humildade, oh espantosa pobreza! O Rei dos Anjos, o Senhor do céu e da terra deitado num presépio! No centro do espelho, observa como a humildade, ou a santa pobreza, suporta tantos trabalhos e tormentos para remir o género humano. E no fim do espelho, contempla a caridade inefável que O levou à cruz e à morte mais infamante.
Por isso o próprio espelho, suspenso na cruz, exortava os transeuntes a considerar estas coisas, dizendo: Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor.
Respondamos nós aos seus clamores e gemidos, com uma só alma e um só coração: A minha alma sempre o recorda e desfalece de tristeza dentro de mim. Abrasa te cada vez mais neste amor, ó rainha do Rei celeste.
Contempla ao mesmo tempo as delícias inefáveis do Rei dos Céus e as suas riquezas e honras perpétuas e, suspirando de amor ardente, proclama no íntimo do teu coração: Leva me contigo; correrei seguindo o aroma dos teus perfumes, ó Esposo celeste. Correrei sem desfalecer, até que me introduzas na sala do festim, até que na tua mão esquerda descanse a minha cabeça e a tua direita me abrace com terno amor.


No meio destas piedosas contemplações, lembra te desta pobrezinha, tua mãe, sabendo que te levo inseparavelmente gravada no meu coração como filha predilecta.

3 de agosto de 2012

Um dia bem passado - Itinerário pelo Oeste

Um dia bem passado



No encerramento das atividades de mais um bom ano desta jovem fraternidade, realizou-se, a 14-07-12, um passeio/convívio em itinerário pelos conventos franciscanos do oeste.
Cerca de 30 irmãos tomaram lugar no autocarro, no Largo da Igreja e do Externato de São Francisco à Luz, em Lisboa. Connosco, a sempre agradável e enriquecedora presença do nosso Assistente Espiritual, Rev. Pe. Domingos Casal Martins.
A oração de Laudes deu início ao dia. Mais adiante, uma breve paragem na área de serviço e, eis-nos rumo a Óbidos.
Óbidos, terra de encantos, é todo um mimo turístico, na vetusta proteção das muralhas. Percorremos a Rua Direita, com pausa para um cafezinho. Admirámos os azulejos do séc. XIII e o varandim barroco de um oratório do séc. XVII, ao atravessarmos a dupla passagem da Porta da Vila. Entrámos na bela Igreja de Santa Maria, onde, com numerosos participantes, decorria a celebração da Eucaristia, em língua que não identifiquei. Seria holandês, luxemburguês? Atenta ao momento do Sanctus, apenas olhei, de relance, as pinturas do teto. No largo, apesar de uma apelativa feira de artesanato, não houve tempo para delongas. Seguimos por ruazinhas pitorescas com alguns degraus de pedra. De quando em vez, num espaço entre casinhas, abre-se um amplo cenário encantador de paisagem dos campos que circundam a vila do castelo.
A Ermida de Nossa Senhora de Monserrate estava aberta para nós. Apreciámos as paredes interiores todas revestidas de azulejos de belo efeito e as diversas imagens de tamanho natural, levadas na Procissão Penitencial da Ordem Terceira, nas terras daquela região. Sobre a ermida multissecular e a procissão, remeto para a leitura do livrinho guia que o nosso Ir. Ministro Luís Topa, tão bem preparou para este passeio.
De volta ao autocarro amarelo que despertava as atenções com os desenhos emblemáticos de monumentos de Lisboa e Sintra, prosseguimos, agora, na direção de Peniche.
Primeira paragem, junto à ruína, embora caiada, do que foi o Convento do Bom Jesus. Apenas a janela, sem vidros, por cima da porta principal, mantém a beleza da sua traça arquitetónica. Aquele alfobre de fé, está reduzido à condição árida de armazém de uma grande cadeia comercial. Pena… Para a necessária informação, de novo aconselho a leitura do livrinho guia.
Nesse local, do outro lado da estrada, quando o autocarro parou e me dirigi para a porta, recebi um autêntico impacto vivificante de beleza natural. O verde mar tão forte mas calmo ao sol, as rochas trabalhadas pela erosão salina e uns corvos marinhos a secar as asas após a pescaria. Belo, grandioso, tremendo e tranquilo. Só Deus pode criar destas maravilhas.
O Cabo Carvoeiro, outra paragem que se impunha e foi devidamente apreciada. Os rochedos altaneiros e caprichosos junto à costa e das falésias. O grande mar com as Berlengas e os Farilhões. Barquinhos brancos de ligação no baloiço verde das ondas. E nós felizes, na ponta mais ocidental da Europa. Fotografias, conversas animadas, alguns tremoços. Crise… nem nos lembrámos.
De volta à estrada, seguimos para Peniche em demanda de um bom almoço, aliás já assegurado no restaurante Minhoto II. As expectativas não foram goradas. A acompanhar a degustação do bom arroz de tamboril, da caldeirada, do bacalhau com migas ou do lombo de porco assado, segundo as nossas preferências gastronómicas, a boa disposição foi uma constante no convívio. Andámos um pouco ao sol pela cidade que as gaivotas sempre sobrevoam e houve quem comprasse os afamados bolinhos “Amigos de Peniche”.
Partimos, tinha de ser. No autocarro, e assim aconteceu ao longo de todo o dia, o Sr. Pe. Domingos ia, oportunamente, partilhando connosco, algo das suas vivências por aquelas paragens. Fomos ao antigo Convento de São Bernardino, fechado e colocado à venda(!...) Visitámos a Igreja que ainda está aberta ao culto. As suas dimensões interiores foram reduzidas e precisa drasticamente de obras, embora seja cuidada com o esmero possível. Mais uma vez relembro a leitura do livrinho guia deste passeio que elucida sobre o historial do convento e as lamentáveis razões do seu estado atual. Falou-se no Euromilhões para solucionar casos como este.
A culminar este dia especial, dirigimo-nos ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, alcandorado na encosta rochosa do extremo ocidental da península de Peniche. Espaço que o mar libertou para este propósito – a edificação de um templo que engloba a pequena gruta em que a imagem pequenina da Senhora, tinha permanecido oculta, durante séculos. O desdobrável também preparado pelo Ir. Ministro, contém informação sobre este templo. Tivemos a oportunidade inesperada de escutar as interessantes explanações do Dr. José Manuel, autor de uma obra sobre o Santuário. Depois, o Sr. Pe. Domingos celebrou a Sagrada Eucaristia, lá, berço do início da sua vida sacerdotal.
O tempo estava esplendoroso e nós em festa, então resolveu-se alargar a rota ao Convento do Varatojo, casa de tantas reminiscências para o Assistente Espiritual da nossa Fraternidade. Foi no Varatojo que, com mais 8 irmãos, fui Admitida à OFS.
Fomos fraternalmente recebidos pelo Padre Frei Maciel, Guardião do Convento de S. António do Varatojo.
Na Igreja, um coro de vozes masculinas entoava as Vésperas. Visitámos a sacristia, com as suas paredes recobertas de formosos painéis de azulejos da vida de Stº António, estivemos na Sala do Capítulo e admirámos o tronco da glicínia secular do pátio do claustro de onde avistei, sob um beiral, 19 “chalets” de andorinhas, alegremente habitados. Gostaríamos de ter ficado mais tempo, passeado pela mata, mas não podíamos atardar-nos mais….
Vimos de novo o mar ao regressar pela Ericeira. Foi já no autocarro e não na Igreja do Varatojo, que rezámos as Vésperas.
A viagem prosseguia em amena conversação mas, ainda sobrou tempo para um momento engraçado. Li ao microfone uma pequena história sobre um gato meu conhecido – O Trombéculas, conhecem?
E assim chegámos a Lisboa depois de um dia muito bem passado.
Paz e bem,
Maria Cristina

2 de agosto de 2012

2 de Agosto - Nossa Senhora da Porciúncula


Nossa Senhora da Porciúncula

Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula,
São Francisco recebeu as vossas bençãos generosas juntamente com sua Ordem.
Ele depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos. Continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares.
Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro! Tudo é possível para aquele que crer, para aquele que se arrepender!
Vós, ó Mãe, manifestastes a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte. Por isso, com todos os anjos do céu, vos saudamos: Ave Maria …

20 de julho de 2012

Congresso Internacional - 24 a 28 de julho

CONGRESSO INTERNACIONAL OS FRANCISCANOS NO MUNDO LUSO-HISPÂNICO: HISTÓRIA, ARTE E PATRIMÓNIO

Sociedade de Geografia, Lisboa, 24 a 28 de Julho de 2012

R. das Portas de Santo Antão 100, 1150 Lisboa



Congratulando-nos pelo facto, publicamos o resumo da comunicação que o Irmão João Furtado Martins, da Fraternidade da Luz,  apresentará no Congresso Internacional.   

JOÃO HENRIQUE COSTA FURTADO MARTINS,

D. [FLUL], Bols.F.C.G.
Enfermarias e Hospícios dos Frades Capuchos da Provincia da Arrábida (Séc. XVI – XVIII) Congresso Os Franciscanos no Mundo Luso-Hispânico
A presente proposta de comunicação, centra-se na problemática da Saúde na província franciscana da Arrábida, província inserida na reforma da Mais Estrita Observância. Dado o modo de vida austero destes frades, as suas casas não tinham as condições adequadas para o tratamento e convalescença dos frades enfermos. Esta realidade evidenciava a necessidade de deslocamento por parte dos frades que padeciam de enfermidades, para locais muitas vezes distantes das casas de onde provinham, havendo a necessidade de se criar enfermarias mais perto das casas dos referidos religiosos. Tanto a Coroa, as Misericórdias como as populações, participaram na criação de espaços favoráveis ao restabelecimento dos religiosos doentes. Os próprios Estatutos da Província da Arrábida, contém referências à organização e gestão das enfermarias, como também relativamente aos procedimentos a tomar pelos frades, nas funções de enfermeiro.

O trabalho realizado foca a constituição dos vários hospícios e enfermarias, a partir das informações recolhidas nas crónicas desta província, como também as dinâmicas relacionais decorrentes da ocupação dos espaços cedidos. O período cronológico abrangido por este trabalho, remete-nos para a segunda metade do século XVI e princípios do XVIII.

16 de julho de 2012

15 de Julho - São Boaventura de Bagnoregio


CASTEL GANDOLFO, domingo, 15 de julho de 2012(ZENIT.org) – Bento XVI após Visita Pastoral à cidade de Frascati retornou a Castel Gandolfo de onde conduziu ao meio dia a tradicional oração mariana do Angelus.

Apresentamos as palavras dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo :

Queridos irmãos e irmãs!

No calendário litúrgico o dia 15 de julho faz memória a São Boaventura de Bagnoregio, franciscano, doutor da Igreja, sucessor de São Francisco de Assis na condução da Ordem dos Frades Menores.

Ele escreveu a primeira biografia oficial do Poverell’, e no final da vida foi Bispo desta Diocese de Albano. Numa carta, Boaventura escreve: “Confesso diante de Deus que a razão que mais me fez amar a vida do beato Francisco é que ela se assemelha ao início e ao crescimento da Igreja”(Epistula de tribus quaestionibus, na Obra de São Boaventura, Introdução Geral, Roma 1990, p.29).

Estas palavras nos remetem diretamente ao Evangelho deste domingo, que apresenta o primeiro envio em missão dos Doze Apóstolos por parte de Jesus “Chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos;

E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; Mas que calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas. (Mc 6, 7-9).

Francisco de Assis, depois de sua conversão, praticou ao ‘pé da letra’ este Evangelho, tornando-se uma fidelíssima testemunha de Jesus ; e associado de maneira singular ao mistério da Cruz, foi transformado num ‘outro Cristo’, como o próprio São Boaventura o apresente.”.

Toda a vida de São Boaventura, assim como sua teologia têm como centro inspirador Jesus Cristo. Esta centralidade de Cristo reencontramos na segunda Leitura da Missa de hoje (Ef 1, 3-14), o célebre hino da Carta de São Paulo aos Efésios, que inicia assim: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.O apóstolo mostra então como se realizou este designo em quatro passagens que começam com a mesma expressão ‘Nele’, referindo à Jesus Cristo. ‘Nele’ o Pai nos escolheu antes da fundação do mundo; ‘Nele’ fomos redimidos mediante o seu sangue; ‘Nele’ nos tornamo herdeiros, predestinados a ser ‘louvor de sua glória’; ‘Nele’aqueles que crêem no Evangelho recebem o sigilo do Espírito Santo.

Este hino paulino contém a visão da história que São Boaventura contribuiu para difundir na Igreja: toda a história tem como centro Cristo, o qual assegura também novidade e renovação a todo tempo. Em Jesus, Deus disse e deu tudo, mas como Ele é um tesouro inexorável, o Espírito Santo jamais deixa de revelar e de atualizar o seu mistério. Por isso a obra de Cristo e da Igreja jamais regride, mas sempre progride

Querido amigos, invoquemos Maria Santíssima, que celebramos amanhã como Virgem do Monte Carmelo, para que nos ajude, como São Francisco e São Boaventura, a responder generosamente a chamada do Senhor, para anunciar o seu Evangelho de salvação com as palavras e antes de tudo com a vida.

10 de julho de 2012

Os Franciscanos no Mundo Luso-Hispânico

CONGRESSO INTERNACIONAL OS FRANCISCANOS NO MUNDO LUSO-HISPÂNICO: HISTÓRIA, ARTE E PATRIMÓNIO

Sociedade de Geografia, Lisboa, 24 a 28 de Julho de 2012

R. das Portas de Santo Antão 100, 1150 Lisboa




Em http://www.socgeografialisboa.pt encontra-se o programa, a ficha de inscrição e os resumos das intervenções.
Apraz transcrever o resumo da intervenção da Mestre, Maria da Luz Sousa Nogueira Rei, com o título “A Livraria do Seminário dos Missionários Apostólicos – Convento de Santo António do Varatojo (1680-1834).”

O Convento de Santo António de Varatojo foi construído com o patrocínio de D. Afonso V e, por este, inaugurado a 4 de Outubro de 1474. É entregue aos Franciscanos (OFM) ficando na dependência da província Observante de Portugal até 1532. De 1532 a 1680 passa a depender da província dos Algarves.
Pelo Breve Apostólico de Inocêncio XI – Ex injuncti Nobis divinitus de 23 de novembro de 1679 passa a designar-se Seminário de Missionários Apostólicos na direta dependência do Ministro Geral da Ordem – Fr. Joseph Ximenes Samaniego.
O seu mentor e fundador é Fr. António das Chagas, OFM (1631-1682) que após atribulada vida secular, se converte à doutrina Evangélica, acreditando que os homens, pelo dom da Graça em Jesus Cristo, podem transformar-se em testemunhos vivos. Acreditava no poder pedagógico da ascese e da pregação.
Assim, estruturou o programa de vida e estudo do pedagogo e do missionário, contido no Cerimonial Doméstico. A sua prioridade é levar o Evangelho às populações dos mais recônditos lugares de Portugal, como confirma o Livro das Missões.
Doravante, no Seminário Apostólico a arte da pregação é ensinada, quer aos aspirantes ao noviciado, quer aos frades já experientes de modo a serem enviados, dois a dois para as missões populares. É a arte da pregação ao serviço do povo, que congrega confrades de outras províncias, a manifestarem interesse em aprender esta técnica e a dedicarem-se a este serviço. É o púlpito na mais extrema radicalidade, é um regresso às origens seráficas.
O objetivo desta comunicação consiste na reconstituição da Livraria do Seminário dos Missionários Apostólicos, com base no Rol de Livros, apenso ao processo de extinção, cuja sentença está datada de 8 de março de 1834.
Este Rol de Livros é a fonte de investigação realizada e, posteriormente, convertido no catálogo possível. Concebeu-se uma grelha, que se preencheu com a informação retirada do Rol que lista 5793 espécies bibliográficas, assim descritas. Autor, título da obra, volume e formato. Considera-se um instrumento incipiente se comparado com inventários e catálogos de outras livrarias do mesmo período, onde local e data de edição estão presentes. De salientar que o catálogo ou inventário da Livraria do Seminário de Missões de Varatojo não é mencionado no Rol.
É através da identificação das obras contidas no Rol de Livros, que se determina o que era fundamental para a formação espiritual e robustez física dos missionários, em preparação, para com ousadia e convicção evangélica, calcorrearem o território, a pedido do episcopado, a doutrinar o povo – missões populares. A espiritualidade varatojana, caracterizava-se de profunda e inabalável austeridade.
Para fundamentar o plano de estudos sistematizado e a sua aplicação prática, é essencial analisar o manuscrito e dar a conhecer as obras, nele referidas, e que constituíram aquela que se considera a primeira biblioteca do Convento de Santo António do Varatojo."

2 de julho de 2012

Ano Clariano - No Louvor a Deus


A elegância de uma alma que se despende no louvor a Deus



Carta de Bento XVI por ocasião do 'Ano Clariano'


CIDADE DO VATICANO, sábado, 21 de abril de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a seguir a carta do Papa Bento XVI ao Bispo de Assis-Nogera Umbra-Gualdo Tadino por ocasião do Ano Clariano.


Ao Venerado Irmão


Domenico Sorrentino


Bispo de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino


Foi com alegria que tomei conhecimento de que nessa Diocese, assim como entre os Franciscanos e as Clarissas do mundo inteiro, se está a recordar santa Clara com um «Ano Clariano», por ocasião do VIII centenário da sua «conversão» e consagração. Tal evento, cuja datação oscila entre 1211 e 1212, completava, por assim dizer, «o feminino» a graça que tinha alcançado poucos anos antes a comunidade de Assis com a conversão do filho de Pietro de Bernardone. E, como acontecera para Francisco, também na decisão de Clara se escondia o rebento de uma nova fraternidade, a Ordem clariana que, tornando-se uma árvore frondosa, no silêncio fecundo dos claustros continua a espalhar a boa semente do Evangelho e a servir a causa do Reino de Deus.

Esta feliz circunstância impele-me a voltar idealmente a Assis, para meditar com Vossa Excelência, venerado Irmão, com a comunidade que lhe foi confiada e, igualmente, com os filhos de são Francisco e as filhas de santa Clara, sobre o sentido deste acontecimento. Com efeito, ele fala também à nossa geração, e tem um fascínio sobretudo para os jovens, aos quais dirijo o meu pensamento carinhoso por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, celebrada este ano, segundo a tradição, nas Igrejas particulares precisamente neste dia do Domingo de Ramos.

É a própria Santa que fala, no seu Testamento, da sua escolha radical de Cristo em termos de «conversão» (cf. FF 2825). É a partir deste aspecto que me apraz começar, quase retomando o discurso feito em referência à conversão de Francisco no dia 17 de Junho de 2007, quando tive a alegria de visitar esta Diocese. A história da conversão de Clara centra-se na festa litúrgica do Domingo de Ramos. Com efeito, o seu biógrafo escreve: «Estava próximo o dia solene dos Ramos, quando a jovem foi ter com o homem de Deus para lhe perguntar sobre a sua conversão, quando e de que modo devia agir. Padre Francisco ordena que no dia da festa, elegante e ornamentada, vá aos Ramos no meio da multidão do povo, e depois na noite seguinte, saindo da cidade, transforme a alegria mundana no luto do domingo da Paixão. Portanto, quando chegou o dia de domingo, no meio das outras mulheres, a jovem, resplandecente de luz festiva, entra com as outras na igreja. Ali, com prenúncio digno, aconteceu que, enquanto os outros corriam para receber os ramos, Clara, por pudor, permaneceu imóvel e então o Bispo, descendo os degraus, chegou até ela e depôs o ramo na suas mãos» (Legenda Sanctae Clarae virginis, 7: FF 3168).

Tinha passado cerca de seis anos desde que o jovem Francisco empreendera o caminho da santidade. Nas palavras do Crucifixo de São Damião — «Vai, Francisco, repara a minha casa» — e no abraço aos leprosos, Rosto sofredor de Cristo, ele tinha encontrado a sua vocação. Disto brotara o gesto libertador do «despojamento» na presença do Bispo Guido. Entre o ídolo do dinheiro que lhe fora proposto pelo pai terreno, e o amor de Deus que prometia encher o seu coração, não teve dúvidas, e com ímpeto exclamara: «De agora em diante poderei dizer livremente:Pai nosso, que estais no Céu, e não já pai Pietro de Bernardone» (Segunda Vida, 12: FF 597). A decisão de Francisco tinha desconcertado a Cidade. Os primeiros anos da sua nova vida foram caracterizados por dificuldades, amarguras e incompreensões. Mas muitos começaram a meditar. Também a jovem Clara, então adolescente, foi sensibilizada por este testemunho. Dotada de um acentuada sentido religioso, foi conquistada pela «mudança» existencial daquele que tinha sido o «rei das festas». Achou o modo de o encontrar e deixou-se envolver pelo seu fervor por Cristo. O biógrafo faz um esboço do jovem convertido, enquanto instrui a nova discípula: «Padre Francisco exortava-a ao desprezo pelo mundo, demonstrando-lhe com uma palavra viva que a esperança deste mundo é árida e traz desilusão, e instilava nos seus ouvidos a dócil união de Cristo» (Vita Sanctae Clarae Virginis, 5: FF 3164).

Segundo o Testamento de Santa Clara, ainda antes de receber outros companheiros, Francisco tinha profetizado o caminho da sua primeira filha espiritual e das suas irmãs de hábito. Com efeito, enquanto trabalhava pela restauração da igreja de São Damião, onde o Crucifixo lhe tinha falado, anunciara que aquele lugar teria sido habitado por mulheres que glorificariam Deus com o seu santo teor de vida (cf. FF 2826; cf. Tomás de Celano, Segunda Vida, 13: FF 599). O Crucifixo original encontra-se agora na Basílica de Santa Clara. Aqueles grandes olhos de Cristo, que tinham fascinado Francisco, tornaram-se o «espelho» de Clara. Não é por acaso que o tema do espelho lhe será tão querido e, na iv carta a Inês de Praga, escreverá: «Fixa todos os dias este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e nele perscruta continuamente o teu rosto» (FF 2902). Nos anos em que se encontrava com Francisco para aprender dele o caminho de Deus, Clara era uma jovem atraente. O Pobrezinho de Assis mostrou-lhe uma beleza superior, que não se mede com o espelho da vaidade, mas desenvolve-se numa vida de amor autêntico, nas pegadas de Cristo Crucificado. Deus é a beleza verdadeira! O coração de Clara iluminou-se com este esplendor e isto incutiu-lhe a coragem de deixar que lhe cortassem os cabelos e de começar uma vida penitente. Para ela, como para Francisco, esta decisão foi marcada por muitas dificuldades. Se alguns familiares a compreenderam sem dificuldade, e a mãe Ortolana e duas irmãs até a seguiram na sua escolha de vida, outros reagiram violentamente. A sua fuga de casa, na noite entre o Domingo de Ramos e a Segunda-Feira Santa, teve aspectos aventurosos. Nos dias seguintes foi perseguida nos lugares onde Francisco lhe tinha preparado um refúgio e tentaram em vão, até com a força, fazê-la renunciar ao seu propósito.

Clara preparara-se para esta luta. E se Francisco era o seu guia, um apoio paterno vinha-lhe também do Bispo Guido, como vários indícios sugerem. Explica-se assim o gesto do Prelado que se aproximou dela para lhe oferecer o ramo, como que para abençoar a sua escolha corajosa. Sem o apoio do Bispo, dificilmente teria sido possível realizar o projecto idealizado por Francisco e levado a cabo por Clara, quer na consagração que ela fez de si mesma na igreja da Porciúncula na presença de Francisco e dos seus frades, quer na hospitalidade que recebeu nos dias seguintes no mosteiro de São Paulo das Abadessas e na comunidade de «Sant’Angelo in Panzo», antes da chegada definitiva a São Damião. A vicissitude de Clara, como a de Francisco, demonstra assim uma característica eclesial particular. Nela encontram-se um Pastor iluminado e dois filhos da Igreja que se confiam ao seu discernimento. Instituição e carisma interagem maravilhosamente. O amor e a obediência à Igreja, tão acentuados na espiritualidade franciscano-clariana, afundam as raízes nesta bonita experiência da comunidade cristã de Assis, que não só gerou para a fé Francisco e a sua «plantinha», mas também os acompanhou com a mão pelo caminho da santidade.

Francisco tinha visto bem a razão para sugerir a Clara a fuga de casa, no início da Semana Santa. Toda a vida cristã, e portanto também a vida de consagração especial, constituem um fruto do Mistério pascal e uma participação na morte e na ressurreição de Cristo. Na liturgia do Domingo de Ramos, dor e glória entrelaçam-se, como um tema que depois se desenvolve nos dias seguintes, através da obscuridade da Paixão, até à luz da Páscoa. Com a sua escolha, Clara revive este mistério. No dia dos Ramos recebe, por assim dizer, o seu programa. Depois, entra no drama da Paixão, cortando os seus cabelos e com eles renunciando inteiramente a si mesma para ser esposa de Cristo na humildade e na pobreza. Francisco e os seus companheiros já são a sua família. Depressa chegarão irmãs de hábito também de terras distantes, mas os primeiros rebentos, como no caso de Francisco, despontarão precisamente em Assis. Ea Santa permanecerá para sempre vinculada à sua Cidade, demonstrando-o especialmente em certas circunstâncias difíceis, quando a sua oração poupou a Assis violência e devastação. Então, disse às irmãs de hábito: «Caríssimas filhas, desta cidade recebemos todos os dias muitos bens; seria muito ímpio se não lhe prestássemos socorro, como podermos no tempo oportuno» (Legenda Sanctae Clarae Virginis23: FF 3203).

No seu significado profundo, a «conversão» de Clara é uma conversão ao amor. Ela já não terá as vestes requintadas da nobreza de Assis, mas a elegância de uma alma que se despende no louvor a Deus e no dom de si mesma. No pequeno espaço do mosteiro de São Damião, na escola de Jesus-Eucaristia contemplado com afecto esponsal, desenvolver-se-ão no dia-a-dia as características de uma fraternidade regulada pelo amor a Deus e pela oração, pela solicitude e pelo serviço. É neste contexto de fé profunda e de grande humanidade que Clara se faz intérprete segura do franciscano ideal, implorando aquele «privilégio» da pobreza, ou seja, a renúncia a possuir bens, mesmo só em comunidade, o que deixou perplexo durante muito tempo o próprio Sumo Pontífice, que no final se arrendeu ao heroísmo da sua santidade.

Como não propor Clara, como Francisco, à atenção dos jovens de hoje? O tempo que nos separa da vicissitude destes dois Santos não diminuiu o seu fascínio. Pelo contrário, é possível ver a sua actualidade no confronto com as ilusões e as desilusões que muitas vezes marcam a hodierna condição juvenil. Nunca uma época fez sonhar tanto os jovens, com os milhares de estímulos de uma vida em que tudo parece possível e lícito. E no entanto, quanta insatisfação está presente, quantas vezes a busca de felicidade, de realização, acaba por fazer empreender caminhos que levam rumo a paraísos artificiais, como os da droga e da sensualidade desenfreada! Também a situação actual, com a dificuldade de encontrar um trabalho digno e de formar uma família unida e feliz, acrescenta nuvens no horizonte. Mas não faltam jovens que, também nos nossos dias, aceitam o convite a confiar-se a Cristo e a enfrentar com coragem, responsabilidade e esperança o caminho da vida, inclusive fazendo a escolha de deixar tudo para O seguir no serviço total a Ele e aos irmãos. A história de Clara, juntamente com a de Francisco, é um convite a meditar sobre o sentido da existência e a procurar em Deus o segredo da alegria verdadeira. É uma prova concreta de que quantos cumprem a vontade do Senhor e confiam nele não só nada perdem, mas encontram o verdadeiro tesouro capaz de dar sentido a tudo.

A Vossa Excelência, venerado Irmão, a esta Igreja que tem a honra de ser o lugar de nascimento de Francisco e de Clara, às Clarissas, que mostram quotidianamente a beleza e a fecundidade da vida contemplativa, em prol do caminho de todo o Povo de Deus, e aos Franciscanos do mundo inteiro, a tantos jovens à procura e necessitados de luz, confio esta breve reflexão. Faço votos por que ela contribua para fazer redescobrir cada vez mais estas duas figuras luminosas do firmamento da Igreja. Com um pensamento especial para as filhas de santa Clara do Protomosteiro, dos demais mosteiros de Assis e do mundo inteiro, concedo de coração a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 1 de Abril de 2012, Domingo de Ramos

BENEDICTUS PP. XVI

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