A TRINDADE por José António Merino, OFM, in "Filosofia da Vida - Visão Franciscana", Editorial Franciscana, 2000, pág.298:
"A teologia do encontro trinitário e a metafísica do amor, tais como no-las apresenta e enfatiza S. Boaventura, abrem-nos a uma nova forma de viver, e podem estimular-nos a certos comportamentos existenciais e sociais susceptíveis de transformar o nosso modo de ver, de interpretar e de praticar a vida social. A Trindade, comunidade de amor e comunhão, deveria ter posição mais destacada na teologia, na espiritualidade e na doutrina social, e até mesmo no imaginário colectivo dos cristãos, como fermento social de bom entendimento.
Para um futuro feliz, a comunidade familiar, a Igreja e a sociedade, precisam de descobrir a utopia trinitária como forma suprema de existência em comum, porquanto, haja o que houver, nunca deixaremos de constituir comunidade, e um regresso à vida solitária corresponderia a um retrocesso para a barbárie. Para um futuro mais risonho e comunicativo, o esperançoso modelo é a trindade das pessoas divinas, que, com seu estilo e feitio comunitário, nos estão a dizer que para a construção do futuro não basta haver comunhão de ideias, mas é preciso que haja também comunhão de vidas. A Trindade é o modelo supremo da utopia da convivência humana, e o melhor paradigma para um humanismo integral e interpessoal.
Vamos concluir, dizendo com S. Boaventura: «Senhor, de ti provenho, e por meio de ti a ti regresso». Mas essa viagem de regresso nunca ninguém a faz sozinho; faz-se sempre em companhia, em comunidade. É esse o nosso destino e a nossa esperança. Quem procura reproduzir a vida trinitária, nunca se sentirá no exílio do individualismo nem na solidão do egoísmo, pois já nesta terra experimenta as delícias da Terra Prometida, que é sempre pátria compartilhada."
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