Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

18 de abril de 2020

2º domingo da Páscoa - 2020



(19.04.2020)
Reflexão e partilha pascal
      Introdução:
      Os ecos da experiência pascal dos discípulos prolongam-se na história e emprestam sentido à vida e à missão que eles anunciam a partir do seu encontro com o Ressuscitado. Este encontro não só marcou a vida dos discípulos e dos seguidores de Jesus, mas define também um tempo novo, que o judaísmo anunciava e esperava que acontecesse com o messias, mas que para nós acontece como experiência permanente. Por isso, esta ‘semana’ dita pascal, que se conclui com o ‘domingo in albis’, como foi e é chamado na tradição cristã, significa a ‘semana eterna’ dos novos tempos a que Jesus dá início; é a plenitude dos tempos. Para os crentes do Antigo Testamento, o messias havia de implementar o 7º milénio, o milénio eterno do repouso sabático. Cristo, não veio inaugurar um milénio de repouso sabático, mas sim um tempo de eterna comunhão com Deus, de reconciliação plena da humanidade com Deus e, como profetizara Isaías, uma comunhão universal com todas as criaturas. Para que isso possa acontecer, há que descobrir e reconhecer a humanidade de Jesus e anunciar a sua divindade, tal como no-lo propõe o Evangelho de hoje.
      
O ‘Espírito’ das Leituras de hoje: 
         As leituras da Eucaristia de hoje centram-se, como sucede nestes dias, no encontro com o Ressuscitado. No entanto, olhando para estes textos, logo percebemos que eles incorporam uma dinâmica crente que vai para além do acontecimento em si e traduzem-se por uma nova forma de ser e estar: Nós já não ficamos à espera do acontecer, agora é o tempo novo de viver e testemunhar. Por isso, na 1ª leitura temos o testemunho da comunidade que se constrói a partir de Jesus, já não são os ‘feitos de outrora’, mas é o encontro com Jesus que nos leva ao encontro com o Outro, seja ele quem for. Olhar o outro e descobrir nele, na sua humanidade e, porventura na fragilidade, que ele é o sinal de Deus. Por isso, este domingo, dito também da ‘Misericórdia’ que é a expressão mais sublime da Escritura para nos falar de Deus, como o fez Oseias, é, acima de tudo, o ‘domingo de Tomé’. Temos no evangelho de hoje um dos textos fundamentais do Novo Testamento: o reconhecimento da humanidade de Jesus. Embora todos nós, e cada um, sejamos um ‘Tomé’ que procura encontrar-se com Deus em Jesus, fugimos muitas vezes ao encontro com a sua humanidade, com as marcas da sua existencialidade; preferimos um Jesus que não traga em si esses sinais. Por isso, precisamos de Tomé, do seu testemunho, do seu encontro e do seu reconhecimento, da sua fé: ‘Meu Senhor e meu Deus’! Por isso, Tomé abre-nos um caminho novo, a nós e a todos os que procuram os sinais de Deus na história, sabendo que essa presença tem as marcas e os traços da Sua paixão em Jesus Cristo. É aí que se encontram todos ‘aqueles que, mesmo sem verem, acreditam’. É nesta experiência que estejamos todos incluídos. É que só chegamos à divindade de Cristo se passarmos pela sua paixão e aí descobrimos os traços da sua humanidade na história de cada um de nós.
      A todas e a todos desejo uma feliz continuação de vivência pascal.
       Que os traços da dor e do sofrimento da história atual nos ajudem
       também descobrir que Ele é o Salvador: ‘Meu Senhor e meu Deus’!

        Fr. João Lourenço

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