Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

4 de abril de 2020

Domingo de Ramos – Semana Santa


(2020)

A Páscoa do silêncio e do Encontro

       Introdução – Uma Páscoa diferente:
       Com a liturgia do domingo de Ramos damos início à celebração da ‘grande semana’ da nossa redenção, acompanhando Jesus nos últimos passos da sua caminhada. Não o vamos fazer, como há dois mil anos, metendo-nos a caminho com Ele a descer o Monte das Oliveiras e, entre Hossanas, irromper pelas portas de Jerusalém, provocando o alvoroço daqueles que nada queriam aceitar da novidade que Ele vinha anunciar e propor aos homens. Desta vez, a grande novidade que Ele nos convida a viver é o silêncio contemplativo, marcado pela mesma esperança, que nos convida a olhar com para a situação que vivemos e que partilhamos. Desta vez, não temos atores e espetadores; o drama da história envolve a todos da mesma forma e todos nos situamos na mesma plateia; mas sabemos que o drama é vivido com fé, na certeza que a Sua caminhada desce ao coração de cada crente para aí contruir um vínculo de comunhão que se vive e se celebra na intimidade de cada um, numa proximidade silenciosa, mas nem por isso menos intensa nem menos partilhada. É o tempo, nesta semana, de aprender a alegria do silêncio na certeza que Ele no-la fará viver na madrugada da ressurreição. As nuvens aparecem no horizonte, mas o Sol do amor de Deus é mais forte e esse irrompe do sepulcro e nos mostra a aurora da vida nova.
                                                                                                                                                 
      As Leituras da semana santa – uma caminhada de Ressurreição:
      Neste tempo de ‘semana santa’ podemos olhar o mundo e os acontecimentos à luz do mistério de Cristo que nos mostra as duas dimensões da história: a cruz e a glória. Nascemos da árvore da cruz, onde, de braços abertos, Ele abraçou o mundo para que possamos caminhar ao encontro do Ressuscitado. Nesta semana, à cruz e à ressurreição, os dois momentos do mesmo mistério, junta-se necessariamente a experiência do silêncio; não é um silêncio mudo, um vazio de voz ou de ecos, é um silêncio contemplativo que olha o mundo e olhamos para cada um de nós à procura do sentido, daquele itinerário que, apesar de curto no espaço geográfico, entre o calvário e o jardim do encontro onde está o túmulo do Senhor, é um percurso longo, uma caminhada de eternidade que nos leva da morte à vida, das trevas ‘que cobriram toda a terra’ até ao amanhecer do 1º dia da nova semana, do não-sentido em que abanamos a cabeça sem nada compreender até à manhã da esperança gloriosa que nos ‘faz correr a levar a notícia’ aos ‘meus irmãos’, como nos narra a tradição extra bíblica do encontro entre o Ressuscitado e sua Mãe, na madrugada da Ressurreição: ‘Vai dizer a Meus Irmãos que estou vivo e vou para o Pai, meu pai e seu pai, meu Deus e seu Deus’.
Esta semana é o tempo da adoração silenciosa, da contemplação vigilante, já que, à semelhança dos Discípulos, todos e cada um de nós aguarda com esperança a aurora da Ressurreição. Entramos em nós, descobrimos que o nosso confinamento, mesmo limitado no espaço, tem a abertura do infinito, da misericórdia e da comunhão na Igreja. É o tempo de sentir que ela é a mãe que nos guarda neste tempo de abandono, porque é do abandono no tempo que nos entregamos à comunhão na Eternidade.

Se morremos com Cristo, também com Ele ressuscitaremos’

Uma Santa Páscoa,

Padre João Lourenço, OFM  

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