Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

27 de janeiro de 2017

4º Domingo do Tempo Comum

As Bem-aventuranças de Jesus Cristo são o ‘manual’ da nossa vida e da nossa identidade.
 (29 de janeiro 2017)

Introdução à Liturgia:
A liturgia deste domingo leva-nos até ao núcleo central da nossa vivência cristã, que marca a nossa forma de ser e de estar no mundo. Trata-se das Bem-aventuranças que nos são propostas como forma de ser e como testemunho da nossa identidade cristã. Acolher esta página no Evangelho é como refrescar a nossa vida, redescobrir a sua novidade e o seu sentido. É isso que a Eucaristia de hoje nos propõe.

.Introdução às Leituras:
A 1ª leitura, tomada do profeta Sofonias, mostra-nos a voz de alguém que interpela o povo de Deus para alguns dos aspetos fundamentais da sua fé, numa altura que os reis de Judá tinham abandonado os caminhos de Deus. É certamente uma interpelação para que o povo volte o seu coração para Deus e não se deixe levar pelas atitudes daqueles que o governam.

Na 2ª leitura, dando continuidade ao tema dos domingos precedentes, Paulo fala-nos da sabedoria de Deus e da sabedoria humana, dizendo-nos que Deus nos interpela através das atitudes dos simples e humildes, tal como sucede em Jesus.

No Evangelho, temos o código das Bem-aventuranças, com tudo aquilo que elas representam como novidade do Reino. Poderíamos dizer que elas são o ‘manual’ da nossa vida e da nossa identidade. Viver as Bem-aventuranças é, desde já, sentir-se bem-aventurado na comunhão com Deus e os irmãos.
Padre João Lourenço, OFM 

20 de janeiro de 2017

22 de janeiro - S. Vicente, diácono e mártir

FESTA DE SÃO VICENTE
Padroeiro do Patriarcado de Lisboa
(22 de janeiro 2017)
S. Vicente | Pintura do séc. XVI | D.R.


Introdução à liturgia:
A Igreja do Patriarcado de Lisboa celebra hoje a festa do seu patrono, S. Vicente, mártir em Saragoça nos inícios do séc. IV. O culto a este mártir difundiu-se rapidamente por toda a península hispânica e, trazidas para Lisboa na altura da invasão islâmica, as suas relíquias tornaram-se um testemunho vivo da fé cristã, desde as origens da nossa nacionalidade.

Introdução às leituras:
A primeira leitura, do livro de Ben Sirá, fala-nos da confiança que depositam em Deus aqueles que n’Ele acreditam, mormente nos momentos de maior tribulação. Os Mártires são um exemplo vivo desta confiança e desta coragem que os leva a enfrentar a própria morte como testemunho da sua fé.
                       
Na segunda carta aos Coríntios, S. Paulo fala-nos do seu testemunho de arauto do Evangelho e da confiança que deposita em Cristo, apesar de todas as adversidades que teve de enfrentar ao longo do seu percurso.

No Evangelho, S. Mateus deixa-nos as advertências de Jesus aos seus discípulos acerca daquilo que será o percurso do seu ministério. Muitas dessas advertências estão já presentes na vida de Jesus e foram depois experimentadas pelos primeiros arautos do Evangelho. O testemunho dos mártires mostra-nos que é na Palavra do Mestre que eles encontram a coragem para enfrentar a própria morte.

Padre João Lourenço, OFM


O texto que se publica infra foi elaborado e cedido pela UCP para assinalar a Festa de S. Vicente, padroeiro da diocese de Lisboa. 


S. Vicente, diácono e mártir

S. Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal. O seu dia celebra-se a 22 de janeiro.
Desde muito cedo foi objeto de um culto amplamente difundido. Já o grande poeta Paulino de Nola, que viveu na segunda metade do século IV e na primeira do século V, lhe atribuía o mesmo estatuto que o de S. Ambrósio em Itália, ou o de S. Martinho de Tours na Gália. O seu contemporâneo Prudêncio dedica-lhe um longo poema, além de largo excerto noutro hino a propósito da cidade natal do mártir, Saragoça. Nos primeiros anos do século V, por volta de 410-412, Agostinho assim dizia em Cartago num dos sermões compostos para a missa da festa do mártir ("Sermo" 276, PL 38, 1257):
«Qual é hoje a região, qual a província, até onde quer que se estenda tanto o império romano como o nome de Cristo, que não rejubile por celebrar o dia consagrado a Vicente?»
Segundo a tradição hagiográfica, os acontecimentos ter-se-iam passado na sequência de uma série de decretos dos imperadores Diocleciano e Maximiano, emitidos nos anos 303 e 304, que intentavam reprimir o culto cristão por todo o império. Vicente seria diácono em Saragoça, quando é preso por um governador de quem não temos qualquer outra referência e cuja existência é muito problemática, de nome Daciano. Recusando revelar o sítio dos livros de culto e abjurar, como ordenava o decreto imperial, é levado para Valência (episódio singular, pois Saragoça e Valência pertenciam a províncias distintas, uma à Tarraconense, a outra à Cartaginense, cada uma com o seu próprio governador). Das sequelas do interrogatório sob tortura a que foi submetido, faleceu a 22 de janeiro do ano 304.
Após a morte, a hagiografia deixou-nos acontecimentos miraculosos, como o episódio do corvo e o do regresso do corpo a terra, após ter sido lançado ao mar. Poucos anos depois, a partir de 313, no tempo do imperador Constantino, constrói-se um sepulcro martirial em Valência, que mais tarde daria lugar uma basílica extramuros, onde o corpo era venerado pelos devotos.
O culto difundiu-se rapidamente. Corroborando os textos hagiográficos, Valência assumiu-se desde logo como sua sede privilegiada. Aqui ficava a igreja que acolhia o corpo do mártir, citada por Prudêncio e pela Paixão traduzida mais adiante. Além disso, uma inscrição transmitida por um manuscrito do século IX indica que o bispo Justiniano (527-548), membro de uma família de ilustres literatos e eclesiásticos, além de muito devoto do santo, terá deixado os seus bens em testamento a um mosteiro dedicado a S. Vicente, que a tradição identifica hoje com San Vicente de la Roqueta.
O outro local importante era Saragoça, onde Vicente fora diácono e onde o seu martírio começara. Já em finais do século IV e inícios do século V, o poeta Prudêncio refere o culto que aí se desenvolvia, aludindo a umas relíquias (fala de algum objeto com o sangue do mártir). Em 541, durante o cerco de Childeberto, rei da Nêustria, Saragoça teria sido salva pela intervenção miraculosa da túnica do mártir, em episódio mais adiante referido. Na primeira metade do século VII, o poeta Eugénio de Toledo dedica um epigrama a uma igreja do santo, aludindo ao sangue e à túnica, túnica que reaparece numa oração da missa composta na mesma altura. Eugénio foi, de resto, arcediago desta igreja.
Além de Valência e Saragoça, cidades indissociáveis da figura de S. Vicente, o culto cedo se estendeu a outras cidades da Hispânia. Em Sevilha, já antes de 428, quando os Vândalos invadem a cidade, a catedral onde Isidoro se recolheu na véspera de morrer estaria dedicada a S. Vicente. A catedral de Córdova também estaria sob a invocação do mártir em período anterior às invasões muçulmanas.
A epigrafia documenta-nos o desenvolvimento do culto em época recuada. Temos conhecimento, talvez no século V, de uma igreja em Toledo. No século VI, há notícia de três igrejas dedicadas ao mártir: uma em Nativola, Granada (consagrada em 594), outra em Cehegín na província de Múrcia, e uma terceira em Loja, perto de Córdova. No século VII, no ano 644, consagra-se um templo em Vejer de la Miel, perto de Cádis. Também o calendário epigráfico de Carmona, porventura do século VI ou VII, assinala o dia do santo. No século VII, o impulso dado ao culto é atestado pela significativa produção litúrgica (um hino, orações, uma missa, sermões), alguma da qual percorreremos nas páginas seguintes.
E desde o século VIII até ao século X, a proliferação de igrejas dedicadas a S. Vicente é notável por toda a Hispânia: cite-se apenas Oviedo, onde em 761 são depositadas umas relíquias trazidas de Valência.
Em África, sabemos que, por inícios do século V, o dia de S. Vicente era celebrado com grande solenidade. O ilustre Agostinho redigiu, entre 410 e 412, quatro sermões para este dia, um outro com larga referência, e, se acaso for do bispo de Hipona, um sexto entre 410 e 419 ("Serm4 De Iacob et Iesau")Em quatro deles indica expressamente que tinham acabado de escutar a leitura da Paixão do mártir. No século VI, o seu culto está atestado por um calendário litúrgico de Cartago, escrito entre 506 e 535, por alguns sermões anónimos e pela epigrafia.
Na Gália e Aquitânia, o culto remonta, pelo menos, a meados do século V. (...) O século IX assiste a uma notável expansão do culto de S. Vicente (...). Mas, de longe, a igreja mais famosa na Gália é a de Paris. Em 541, em campanha contra o rei visigodo Têudis, o rei Childeberto da Nêustria sitia Saragoça. A túnica de Vicente, mencionada por Eugénio de Toledo e na missa reelaborada no século VI na Hispânia, então reino dos Visigodos, foi levada em procissão em redor das muralhas e a cidade foi salva. Childeberto pediu então ao bispo da cidade relíquias do mártir. Este concedeu-lhe a estola (espécie de manto que se usava sobre a túnica). No regresso, Childeberto edificou em Paris uma basílica dedicada a S. Vicente onde depositou a relíquia, tendo sido consagrada em 558 pelo bispo de Paris, Germano. Este foi o panteão dos primeiros reis merovíngios. Nos finais do século X e inícios do século XI, a igreja foi reconstruída. Em 1163, a igreja foi dedicada de novo a S. Germano, sendo desde então conhecida como Saint-Germain-des-Prés. Em Itália, o culto também se desenvolveu desde muito cedo. (...)
Por estas brevíssimas notas, é evidente a espantosa difusão que o culto a S. Vicente alcançou nos séculos anteriores à nossa nacionalidade. Ora, sucede que os inícios do reino de Portugal, e, em particular, a cidade de Lisboa, estão indissociavelmente ligados ao diácono de Saragoça.
Já antes da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, temos notícia da existência de basílicas dedicadas ao mártir no que será mais tarde território português. Um documento do ano 830 (seguido de dois outros de cerca de 90S e do ano 911) refere uma igreja dedicada a S. Vicente em Infias, Braga, que poderá remontar ao século VII. Em 972, documentação referente ao mosteiro do Lorvão menciona uma igreja nas imediações de Coimbra; documentos dos anos 970 e 973 aludem a uma Porta de S. Vicente, nos limites das terras de um mosteiro designado "de Bacalusti", nas margens do rio Douro; em 978 e 1002 refere-se uma igreja de S. Vicente "de Pararia".
Antes de 1094, quando passa para a posse do bispo de Coimbra, o mosteiro da Vacariça, na região da Mealhada, associava a invocação a S. Vicente à de S. Salvador, e já antes de meados do século XI, o mosteiro de Guimarães tinha o mártir de Valência como um dos seus titulares secundários. O censual de Braga, escrito entre 108S e 1091, do qual se conserva apenas a parte respeitante à região entre o Lima e o Ave, refere oito igrejas dedicadas a S. Vicente, e mais duas em que o mártir se associa a outro patrono. Enfim, a documentação medieval identifica noutras regiões outras igrejas sob a invocação do mártir que podem remontar a período anterior a meados do século XII.
Em Lisboa, a mais antiga atestação remonta ao tempo do nosso primeiro rei. Ao sitiar Lisboa em 1147, D. Afonso Henriques fizera o voto de, se a cidade lhe caísse nas mãos e os infiéis fossem aniquilados, mandar construir dois mosteiros junto a dois cemitérios que se revelavam necessários para sepultar os cruzados que sucumbiam junto às muralhas do castelo. Uma das igrejas foi erigida junto ao cemitério dos teutónicos em 1148 sob a invocação de S. Vicente. Não sabemos se já ali haveria um culto mais antigo, se era uma criação expressa. Tendo o rei dado a escolher ao bispo D. Gilberto e aos cónegos uma das duas igrejas, estes optaram por Santa Maria dos Mártires (a atual Sé de Lisboa), junto ao cemitério dos ingleses. A igreja de S. Vicente ficou então na posse do rei, e foi dirigida por presbíteros ingleses, até D. Afonso Henriques nomear o primeiro prior, Gualter, de origem flamenga, a que se seguiram cónegos regrantes da confiança do rei. Isto é relatado na "Notícia da fundação do mosteiro de S. Vicente", redigida em 1188.
Mas o que liga intrinsecamente Lisboa a S. Vicente é a chegada das suas relíquias ocorrida em 1173. Conta a "Crónica de Al-Razi", composta no século X, que conhecemos por intermédio de uma tradução portuguesa do século XIV feita a mando de D. Dinis, que, durante a perseguição de Abderramán I (756-788), o corpo de S. Vicente fora levado de Valência, onde estaria na antiga igreja sob sua invocação, para o Promontório Sacro, hoje Cabo de S. Vicente, em Sagres. O caráter sagrado do local já na Antiguidade era assinalado, desde, pelo menos, o geógrafo Estrabão, que viveu nos séculos I a. C. e I d. c., Plínio (século I d. C.) e outros autores do mundo clássico. A "História PseudoIsidoriana" e o geógrafo Al-Idrisi em obra de meados do século XII afirmavam que ali existiria uma "igreja dos corvos". Porventura, desde época recuada, ali poderia ter havido uma capela. Esta tradição sustentava a pretensão de Lisboa, pretensão essa apoiada nos séculos XVI e XVIII por Ambrosio de Morales e Henrique Flórez: seria aqui que estavam efetivamente as relíquias do santo.
Diga-se que Lisboa não era a única cidade a presumir ter o corpo do mártir. Aimoin de Saint-Gerrnain-des-Prés conta que o corpo do mártir fora trazido, em 863, de Valência para Castres, uma cidade no sul de França. No século XI, um braço num relicário fora levado de Valência para Bari. Também San Vincenzo ai Volturno (desde inícios do século VIII), e depois Cortona e Metz, Benevento e Monembasia (no sul da Grécia), reclamavam deter o corpo do santo. Por outro lado, o século XII é um período de intenso "achamento" de corpos santos e relíquias, geralmente com o objetivo de promover a peregrinação e ampliar o prestígio e o estatuto das respetivas igrejas. Relembre-se apenas, no início do século, Braga e Compostela, que se dedicaram à disputa da posse de corpos santos.
Neste contexto, em 1173, de acordo com um texto de finais do século XII ou do século XIII da autoria de Estêvão, chantre da catedral de Lisboa, e que segundo Aires Nascimento, corresponde ao momento da instauração do culto na diocese de Lisboa, um anónimo alerta para a existência do corpo do mártir na ponta do Algarve, em mãos dos infiéis. No dia 15 de setembro, as relíquias chegam a Lisboa, ficando na igreja de Santa Justa, antes de se recolherem no dia seguinte na Sé, com a oposição da igreja real de S. Vicente. O mártir de Valência tornou-se assim o padroeiro de Lisboa, sendo o dia da chegada do seu corpo celebrado na liturgia e em animadas festas populares (15 de setembro). E este dia, que no século XIX mudou para 22 de janeiro, foi comemorado até recentemente.

Acalma os meus passos, Senhor


Acalma os meus passos, Senhor,
desacelera as batidas do meu coração,
acalmando a minha mente.
Diminui o meu ritmo apressado com uma nova visão da eternidade e do tempo.
No meio das confusões do dia a dia,
dá-me a tranquilidade das montanhas.
Retira a tensão dos meus músculos e nervos
com a música tranquilizante dos rios e das águas constantes
que vivem nas minhas lembranças.
Ajuda-me a conhecer o poder mágico
e reparador do sono.
Ensina-me a arte de tirar pequenas férias:
reduzir o meu ritmo para contemplar uma flor,
conversar com os amigos, afagar uma criança,
ler um poema, ouvir uma música.
Acalma os meus passos, Senhor,
para que eu possa perceber
no meio do incessante labor quotidiano dos ruídos,
lutas, alegrias, cansaços ou desalentos,
a Tua presença constante no meu coração.
Acalma os meus passos, Senhor,
para que eu possa entoar o cântico da esperança,
sorrir para o meu próximo
e calar-me para ouvir a Tua voz.
Acalma os meus passos, Senhor,
e inspira-me a enterrar as minhas raízes
no solo dos valores duradouros da vida,
para que eu possa crescer até às estrelas do meu destino maior: TU!
Obrigado Senhor, pelo dia de hoje,
pela família que me deste,
os meus trabalhos
e sobretudo pela Tua presença na minha vida."
(Autor desconhecido – adaptado para a língua Portuguesa por A. R.)

Publicada por Frei Albertino Rodrigues in http://betus-pax2.blogspot.pt/

16 de janeiro de 2017

16 de janeiro - SS Mártires de Marrocos

Degolação dos Cinco Mártires de Marrocos, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal - Autor: Francisco Henriques. Data: 1508-1511.

Os cinco protomártires franciscanos chamavam-se Berardo de Lobio, Pedro de S. Gemianiano, Otão, Adjuto e Acúrsio. Enviados a pregar em Marrocos por S. Francisco de Assis em 1219. O zelo da sua fé levou-os a exagerar a sua atuação, o que conduziu ao seu martírio.
Os restos mortais destes cinco franciscanos foram enviados para Portugal pelo infante D. Pedro, filho de D. Sancho I, que residia em Marrocos na altura e lhes tinha dado guarida e apoio à chegada, sendo recebidos com grandes manifestações públicas de luto e de dor; levados em procissão, foram sepultados na Igreja de St.ª Cruz, em Coimbra.

O dia 16 de Janeiro, está indicado no Calendário Litúrgico da Igreja Católica, para honrar, no seu aniversário, a glória do martírio padecido em Marrocos em 1220.

13 de janeiro de 2017

2º Domingo do Tempo Comum

(15 Janeiro de 2017)


Introdução à Liturgia:
A todos saudamos no início da nossa celebração. Hoje, o Senhor convida-nos a redescobrir a nossa missão de ‘filhos’ no Filho que Ele envia ao mundo. A liturgia deste domingo fala-nos da vocação, ajudando-nos a situá-la no contexto do projeto de Deus para os homens e para o mundo. Deus tem um projeto de vida plena para oferecer aos homens; Com Jesus e pela força do Espírito, também nós somos desafiados a ser testemunhas desse projeto na história e no tempo.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura apresenta-nos do Servo de Jahwéh – a quem Deus elegeu desde o seio materno, para que fosse um sinal no mundo e levasse aos povos de toda a terra a Boa Nova do projeto libertador de Deus. A Igreja das origens acredita e sabe que esse Servo é Jesus, o Filho enviado para ser a testemunha do amor do Pai.

Na segunda leitura, Paulo a recordar aos cristãos da cidade grega de Corinto que todos eles, tal como ele mesmo, são “chamados à santidade” – isto é, são chamados por Deus a viver realmente comprometidos com os valores do Reino.


O Evangelho apresenta-nos Jesus, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro, investido de uma missão pelo Pai; e essa missão consiste em libertar os homens do “pecado” que oprime e não deixa ter acesso à vida plena. É este um sinal do Reino: ‘ajudar os outros a libertar-se do jugo do pecado’.
Padre João Lourenço, OFM

7 de janeiro de 2017

Solenidade da Epifania do Senhor

(8 de janeiro 2017) 
Reis Magos.  Andrea Mantegna (1431-1506). J. Paul Getty Museum, Los Angeles.

Introdução à Liturgia:
Fazendo parte da quadra natalícia, a liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens, dando assim uma dimensão universal ao mistério da manifestação do Senhor: Ele dá-se a conhecer a todos os povos. Ele é a “luz” que resplandece na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Esta “luz” incarnou na nossa história, fez-se presente na história dos homens e iluminou os seus caminhos, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida em plenitude.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora que Deus fará brilhar sobre Jerusalém, simbolizando assim a chegada da plenitude da vida de que Jesus é portador. A centralidade universal de Cristo atrai a Ele todos os povos que caminham guiados por essa luz.

Atualizando em Cristo o anúncio da 1ª Leitura, a segunda diz-nos que essa Luz se concretiza através dos arautos do Evangelho de que Paulo é testemunho; já não apenas aos Judeus, mas a todos os povos, pois todos são chamados a partilhar a mesma comunhão em Cristo.


No Evangelho, numa narrativa muito bela e profundamente simbólica, Mateus dá-nos a conhecer a forma como a Luz que é Cristo convida todos os povos, simbolizados nos Magos, caminham ao encontro de Jesus. Importa estar atentos aos seus sinais e deixar-se conduzir por Ele, pois só assim podemos encontrar um novo caminho para construir um mundo diferente.
Padre João Lourenço, OFM  

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus


(01 de janeiro 2017)

Introdução à Liturgia:
Hoje, todos nos saudamos, desejando um novo ano, cheio de paz e harmonia. Dois termos que traduzem, de forma muito concreta, aquilo que a Palavra de Deus nos convida a viver, neste dia em que celebramos três realidades da nossa identidade cristã:
.Maria, a mãe do Salvador que as comunidades cristãs, desde as origens, louvavam e enalteciam como Mãe de Deus;
.O Dia mundial da Paz – a construção da Paz é uma missão que a todos é confianda;
.O início de um novo ano, no ritmo das nossas vidas, que colocamos nas mãos do Senhor.
    Três motivos que dão sentido a este primeiro dia do ano.

Introdução às Leituras:
A primeira leitura, do livro dos Números, fala-nos da bênção que Deus confia a Moisés para dar a todo o povo. Aí se anuncia que a Paz e a Misericórdia, a ternura e a bondade de Deus são um dom para nós. Acolhamos esta bênção em nossos corações.

A carta aos Gálatas fala-nos da plenitude dos tempos, quando Deus enviou ao nosso mundo a plenitude do Seu amor: Jesus Cristo. É Ele esta plenitude que dá sentido à nossa vida. Que este ano seja um tempo de procura e de encontro dessa plenitude.


No Evangelho, S. Lucas diz-nos que a bênção e a plenitude de que nos falam as duas leituras se alcança, fazendo como Maria: ‘Escutando e meditando no nosso coração’ o mistério de Cristo. 
Padre João Lourenço, OFM

5 de janeiro de 2017

Plano de Vida e Acção 2017

Ordem Franciscana Secular
Fraternidade de S. Francisco à Luz
Mosaico de Maria Ludgera Haberstroh ilustrando o Cântico das Criaturas,
na Liebfrauenkirche, Innenhof

Plano de Vida e Ação 2016/2017
Tema: A Alegria do Amor: Viver como Irmãos
Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At. 2, 44)
Objetivos:
1.    Promover o espírito fraterno entre os irmãos da fraternidade;
2.    Aprofundar a vivência do carisma franciscano;
3.    Refletir sobre o serviço e a entrega ao outro;
4.    Celebrar a vida em Fraternidade, exercer a misericórdia, viver em comunhão e na partilha;
5.    Acolher e acompanhar todo e qualquer irmão da Fraternidade.

A Alegria do Amor: Viver como Irmãos
Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At. 2, 44)
                O livro dos Atos dos Apóstolos tem como grande objetivo oferecer-nos uma espécie de “retrato” daquela que era a comunidade cristã das origens. São Lucas vai descrevendo essa comunidade numa perspetiva que se vai alargando, tomando como itinerário dessa expansão a caminhada de Paulo e dos seus companheiros de missão. Os primeiros capítulos dos Atos são dedicados à comunidade nascente, aquela que, na esteira de Jesus e dos Apóstolos, inicia a vivência da mensagem agora já sem a presença física e visível do Mestre. Formando um todo, com o Evangelho, devemos olhar para o texto do livro dos Atos como a 2ª parte de um grande projeto em que o seu autor, tal como ele mesmo o refere no prólogo (At 1,1-11), procura mostrar esta continuidade no que diz respeito ao plano de Jesus de que a comunidade das origens é o garante e a testemunha vivencial, já assumida no contexto do Novo Testamento.
                É neste enquadramento que devemos situar e fazer a nossa aproximação aos textos dos primeiros capítulos dos Atos, mormente a partir de 1,12, onde nos é apresentada a “Comunidade de Jerusalém”. Deste conjunto de textos e narrativas, sobressaem aquelas que dizem respeito à vivência dos primeiros cristãos convertidos à fé em Jesus, na sua maioria de origem judaica. O quadro que nos é oferecido por Lucas, personalidade de grande sensibilidade cultural e humana, faz-nos sentir como os ideais da fé eram vividos num clima de grande intensidade. Podemos dizer que Lucas, companheiro que fora de S. Paulo, tinha-se deixado tocar pelo ideal evangélico que tão profundamente marca a conversão do “Apóstolo das gentes”, capaz de centrar em Cristo todo o plano da salvação, passando da radicalidade da Lei mosaica, típica da ideologia farisaica em que fora formado, para uma paixão envolvente em Cristo à qual tinha aderido. Lucas, marcado por esta experiência radical de Paulo, deixa-se também ele tomar por essa radicalidade evangélica que se cruza muito bem com aquilo que eram também os ideais de vida do grupo dos “Pobres de Yahwé” que aguardam a irrupção do “Reino de Deus” e para o qual se devem preparar.
Nos últimos decénios do séc. 1º aC, assim como no período em que decorre a vida de Jesus, tinha despertado no âmbito do judaísmo uma grande tensão escatológica e apocalíptica que desencadeara um clima de grande exigência e austeridade, mormente no que diz respeito ao uso dos bens temporais e à partilha de recursos humanos, já que a sociedade judaica tinha sofrido um grande empobrecimento. A mensagem de Jesus, em vários textos evangélicos, faz-se eco desse ambiente de austeridade e de urgência na partilha de bens temporais. A tradição rabínica e os ecos da literatura judaica extra bíblica ajudam-nos a constatar este clima social e religioso que então atravessava a sociedade do tempo.
É neste contexto que se enquadra também a resposta cristã que comporta duas dimensões fundamentais; por um lado, o movimento cristão das origens assume também ele esta radicalidade que, aliás, S. Lucas deixa já transparecer nos chamados “Evangelhos da infância”, mormente nos cânticos do Benedictus (Lc 1,67-79) e no Magnificat (Lc 1,46-55) e nas personagens que compõem esses quadros evangélicos: Isabel, Zacarias, Maria, os pastores, assim como os dois anciãos, Simeão e Ana. A dimensão teológica destes textos que nos apresentam a Comunidade cristã de Jerusalém procura assim mostrar-nos como a radicalidade da conversão implica uma série de opções que devem ter reflexos concretos no modo e na forma de vida dos crentes.
Várias dessas opções estão bem expressas e definidas nos objetivos traçados para o Plano de Vida e Ação da Fraternidade para 2016/17. É verdade que o ideal definido para este Plano – “Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At. 2, 44) – é uma meta em busca de concretização, muito bem adequada à vivência do “Ano da Misericórdia” cujos valores e propostas vão continuar a fazer parte da nossa identidade cristã e franciscana. Por isso, o regresso às fontes franciscanas e ao Evangelho faz parte do desafio constante a que somos interpelados a dar resposta. Não devemos sentir este ideal como uma meta impossível, mas antes como uma interpelação que é, hoje, a nossa forma de experimentar a temporalidade e a fragilidade da nossa condição humana, que passa pela conversão constante ao Evangelho.
Padre João Duarte Lourenço, OFM
 
 Wenzel Hollar: São Francisco em retiro, século XVII. Universidade de Toronto


2 de janeiro de 2017

Igreja do Seminário da Luz - Leitores 2017


Mapas de Serviço no Bar do CCF - Janeiro 2017



1 de janeiro de 2017

Dia Mundial da Paz - Decálogo de Assis



O Decálogo de Assis
Para a paz, enviado aos chefes de Estado


    Comprometemo-nos a proclamar a nossa firme convicção de que a violência e o terrorismo estão em oposição com o verdadeiro espírito religioso e, ao condenar qualquer recurso à violência e à guerra em nome de Deus ou da religião, empenhamo-nos em fazer tudo o que for possível para desenraizar as causas do terrorismo.

    Comprometemo-nos a educar as pessoas no respeito e na estima recíprocos, a fim de poder alcançar uma coexistência pacífica e solidária entre os membros de etnias, culturas e religiões diferentes.

  Comprometemo-nos a promover a cultura do diálogo, para que se desenvolvam a compreensão e a confiança recíprocas entre indivíduos e entre os povos, pois são estas as condições para uma paz autêntica.

   Comprometemo-nos a defender o direito de todas as pessoas humanas de levar uma existência digna, conforme com a sua identidade cultural, e de fundar livremente uma família que lhe seja própria.

   Comprometemo-nos a dialogar com sinceridade e paciência, não considerando o que nos divide como muro insuperável, mas, ao contrário, reconhecendo que o confronto com a diversidade do próximo pode tornar-se uma ocasião de maior compreensão recíproca.

     Comprometemo-nos a perdoar-nos reciprocamente os erros e os preconceitos do passado e do presente, e a apoiar-nos no esforço comum para vencer o egoísmo e o abuso, o ódio e a violência, e para aprender do passado que a paz sem justiça não é uma paz verdadeira.

    Comprometemo-nos a estar da parte de quantos sofrem devido á miséria e do abandono, fazendo-nos a voz dos que não têm voz e empenhando-nos concretamente para sair de tais situações, convictos de que, sozinhos, ninguém pode ser feliz.

     Comprometemo-nos a fazer nosso o brado de todos os que não se resignam à violência e ao mal, e desejamos contribuir com todos os nossos esforços para dar à humanidade do nosso tempo uma real esperança de justiça e de paz.

     Comprometemo-nos a encorajar qualquer iniciativa que promova a amizade entre os povos, convictos de que, se não há um entendimento solidário entre os povos, o progresso tecnológico expõe o mundo a riscos crescentes de destruição e de morte.

Comprometemo-nos a pedir aos responsáveis das nações que façam todos os esforços possíveis para que, quer a nível nacional quer internacional, seja edificado e consolidado um mundo de solidariedade e de paz fundado na justiça.

 
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