30 de setembro de 2023
26º Domingo do Tempo Comum
Introdução à Liturgia:
A liturgia de hoje
convida-nos a olhar para algo que é fundamental na nossa fé: ‘Deus tem uma
proposta a fazer-nos’. A sua mensagem não é vã nem vazia; pelo contrário, ela
está carregada de sentido e constitui um desafio para cada um de nós. É perante
esta proposta que nós podemos escolher, dizer sim ou dizer não, fazê-la nossa
ou ignorá-la. Ser cristão é, tal como Jesus, dizer sim e assumir o compromisso
da fidelidade à proposta que nos é feita.
A experiência do exílio na
Babilónia foi o grande desafio que Deus fez ao Seu povo. O profeta Ezequiel, na
1ª leitura, convida os israelitas a comprometerem-se de forma séria e
consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada crente
deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver,
com coerência, as implicações práticas da sua adesão à Aliança.
A 2ª leitura, Paulo, com um dos textos mais ricos de toda a sua
teologia e de todas as suas Cartas, exorta os cristãos de Filipos a seguir o
exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo assumiu a realidade da
fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema
lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor.
Padre João Lourenço, OFM
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25º Domingo do Tempo Comum
Introdução
à Liturgia:
A liturgia deste domingo convida-nos a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens. Será isto uma frase feita ou uma realidade a descobrir? De facto, o projeto de Deus assenta em algo que está para além do nosso horizonte moderno e da nossa lógica moderna. Os homens de hoje têm dificuldade em compreender a gratuidade e o dom. São estes os fundamentos radicais de novidade que Deus é para nós.
A primeira leitura é um
apelo de Isaías a cada um de nós para que procure o Senhor. Procurá-l’O é o
desejo que deve animar a nossa caminhada espiritual e isso faz-se por um
processo de conversão permanente. Sem esta abertura total, podemos correr muito
para a Igreja, mas isso não significa que O encontremos.
Na segunda leitura, Paulo, partindo da sua própria experiência,
diz-nos o que é a vida cristã: Cristo é a nossa vida. É uma vida em plenitude
que não se limita a isto ou àquilo, mas que comporta toda a nossa caminhada,
seguindo as propostas que Cristo nos faz.
.O Evangelho diz-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a antiguidade na fé, sem prazos nem créditos, sem olhar às qualidades ou aos comportamentos anteriormente assumidos. A Deus interessa apenas a forma como se acolhe o Seu convite e nos disponibilizamos para o Seu Reino. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.
Padre João Lourenço, OFM
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24º Domingo do Tempo Comum
(17/09/2023 – Ano A)
Introdução à Liturgia:
Ser cristão, discípulo de Jesus, pressupõe que a nossa
vida, em cada um dos seus momentos, seja marcada pela mensagem, pelos gestos e
pelo testemunho do Mestre. Um dos sinais que define a identidade do nosso
seguimento de Jesus está no perdão, aquilo que mais e melhor o distinguiu do
judaísmo do seu tempo e que ele assumiu como núcleo central da sua mensagem. É
do perdão que a palavra de Deus hoje nos fala e nos convida a pôr em prática.
A 1ª leitura, tomado do livro de Ben Sirah, relaciona
a cólera e o ódio com o pecado, convidando o crente a saber perdoar. O perdão
de que a Palavra de Deus nos fala tem o seu fundamento no próprio Deus; não se
trata de um esquecimento cómodo nem de um procedimento de boas maneiras. Pelo
contrário, ele é expressão da nossa fé e da nossa vontade em seguir Jesus.
Na 2ª leitura, da carta aos Romanos, S. Paulo, num texto muito breve, diz-nos algo que é fundamental para a nossa vida. Ela pertence a Cristo, em todos os seus momentos. Somos do Senhor e para o Senhor, o que nos fortalece na comunhão fraterna, já que também somos da Igreja e para a Igreja.
Hoje, Jesus, como é tão próprio de S. Mateus,
apresenta-nos uma parábola sobre o perdão e os procedimentos que isso implica.
Para o cristão, o perdão deve ser incondicional, assumido plenamente na nossa
vida e nas nossas relações. Não se trata apenas e só de uma atitude pessoal; o
perdão é também uma questão social, com implicações importantes na construção
da nossa sociedade. Não podemos agir de uma forma, e esperar que Deus proceda
connosco de outra. Sobre o perdão, a oração e o agir têm de estar em harmonia
total.
Padre João Lourenço, OFM
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23º Domingo do Tempo Comum
2023
Introdução à Liturgia:
O sentido de responsabilidade é hoje algo bastante raro naquilo
que diz respeito á vida social e comunitária. O mesmo acontece na vida
espiritual e na vivência cristã. A liturgia de hoje reforça em nós este apelo à
responsabilidade pessoal e também naquilo que diz respeito ao bem e à salvação
dos irmãos, mostrando que todos somos responsáveis uns pelos outros.
Introdução às Leituras:
A primeira leitura mostra-nos
como Deus, através dos profetas e dos seus mensageiros, cuida daqueles a quem
ama, fazendo deles “sentinelas” que nos podem ajudar a encontrar os caminhos do
bem. Atento aos projetos de Deus e à realidade do mundo, o profeta apercebe-se
daquilo que está a subverter os planos de Deus e a impedir a felicidade dos
homens e das próprias comunidades cristãs.
Padre João Lourenço, OFM
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4 de setembro de 2023
Tempo da Criação 2023
Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco
para o Tempo da Criação 2023
Queridos irmãos e irmãs,
«Que jorrem a
justiça e a paz» é, neste ano, o tema do Tempo ecuménico da Criação,
inspirado pelas palavras do profeta Amós: «Jorre a equidade como uma fonte, e a
justiça como torrente que não seca» (5, 24).
Esta expressiva
imagem de Amós diz-nos aquilo que Deus deseja. Deus quer que reine a justiça,
que é essencial para a nossa vida de filhos, criados à imagem de Deus, como é a
água para a nossa sobrevivência física. Esta justiça não se deve esconder
demasiado em profundidade, nem desaparecer como a água que evapora antes de
poder sustentar-nos, mas deve surgir onde houver necessidade. Deus quer que cada
um procure ser justo em todas as situações e sempre se esforce por viver
segundo as suas leis, permitindo à vida florescer plenamente. Quando buscarmos
antes de tudo o Reino dos Céus (cf. Mt 6, 33),
mantendo uma justa relação para com Deus, a humanidade e a natureza, então a
justiça e a paz poderão jorrar como torrente inexaurível de água pura,
vivificando a humanidade e todas as criaturas.
Em julho de 2022,
num lindo dia de Verão, convidei a meditar sobre isto durante a minha
peregrinação até às margens do Lago de Sant’Ana, província de Alberta, no
Canadá. Aquele lago foi, e é, um local de peregrinação para muitas gerações de
indígenas. Como disse então, acompanhado pelo rufar dos tambores, «quantos
corações chegaram aqui ansiosos e trepidantes, sobrecarregados pelo peso da
vida, e junto destas águas encontraram a consolação e a força para continuar!
Mas aqui, imerso na criação, há outro batimento que podemos escutar: a
palpitação materna da Terra. E assim como o batimento dos bebés, ainda no seio
materno, está em harmonia com o das mães, assim também para crescer como seres
humanos precisamos de cadenciar os ritmos da existência com os da criação que
nos dá vida».
Neste Tempo da Criação, detenhamo-nos
a sondar estes batimentos do coração: o nosso, o das nossas mães e das nossas
avós, o pulsar do coração da Criação e do coração de Deus. Hoje não estão
harmonizados, não batem em uníssono pela justiça e a paz. A muitos, é impedido
beber neste rio caudaloso. Ouçamos, pois, o apelo a permanecer ao lado das
vítimas da injustiça ambiental e climática, pondo fim a esta guerra insensata
contra a Criação.
Vemos os efeitos
desta guerra em muitos rios que estão a secar. «Os desertos exteriores
multiplicam-se no mundo, porque os desertos interiores tornaram-se tão amplos»:
afirmou certa vez Bento XVI. O
consumismo voraz, alimentado por corações egoístas, está a transtornar o ciclo
da água do planeta. O uso desenfreado de combustíveis fósseis e a destruição
das florestas estão a criar uma subida das temperaturas e a provocar secas
graves. Terríveis carências hídricas estão a afligir cada vez mais as nossas
casas, desde as pequenas comunidades rurais até às grandes cidades. Além disso,
indústrias predatórias estão a esgotar e poluir as nossas fontes de água
potável com atividades extremas, como o fraturamento hidráulico para a extração
de petróleo e gás, os megaprojetos de extração descontrolada e a engorda
acelerada de animais. Apropriam-se da «irmã água» – como lhe chama São
Francisco –, transformando-a em «mercadoria sujeita às leis do mercado» (Laudato
si’, 30).
O Painel
Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) defende
uma ação urgente em prol do clima a fim de nos impedir de malbaratar a ocasião
para criar um mundo mais sustentável e justo. Podemos e devemos evitar que se
verifiquem as piores consequências. E «é tanto o que se pode fazer» (Ibid., 180), se no final, como tantos riachos e
torrentes, confluirmos num rio caudaloso para irrigar a vida deste nosso
planeta maravilhoso e das gerações futuras da nossa família humana. Unamos as
mãos e demos passos corajosos, para que a justiça e a paz jorrem em toda a
Terra.
Como podemos
contribuir para o rio caudaloso da justiça e da paz neste Tempo
da Criação? Que podemos nós, sobretudo como Igrejas cristãs, fazer
para sanar a nossa Casa Comum, para que volte a pulular de vida? Devemos
decidir-nos a transformar os nossos corações, os
nossos estilos de vida e as políticas públicas que regem a nossa sociedade.
Em primeiro lugar,
contribuamos para este rio caudaloso transformando os nossos corações. Isto é essencial, se se quer começar qualquer
outra transformação. É a «conversão ecológica» que São João Paulo II nos
exortava a realizar: a renovação do nosso relacionamento com a Criação, de modo
que já não a consideremos como objeto a explorar, mas, ao contrário,
guardemo-la como um sacro dom do Criador. Depois, consciencializemo-nos de que
uma abordagem global requer que se pratique o respeito ecológico nas quatro
vertentes: para com Deus, para com os nossos semelhantes de hoje e de amanhã,
para com toda a natureza e para com nós próprios.
Quanto à primeira
destas dimensões, Bento XVI identificou como urgente a necessidade de
compreender que Criação e Redenção são inseparáveis: «O Redentor é o Criador e,
se nós não anunciarmos Deus nesta sua grandeza total – de Criador e de Redentor
–, tiraremos valor à Redenção». A Criação
refere-se à ação misteriosa e magnífica de
Deus criar do nada este majestoso e belo planeta e o universo inteiro, e também
ao resultado de tal ação, ainda em curso, que experimentamos como um dom inexaurível. Durante a liturgia e a oração
pessoal na «grande catedral da Criação», recordemos
o Grande Artista que cria tanta beleza e reflitamos sobre o mistério da sua
amorosa opção de criar o mundo.
Em segundo lugar,
contribuamos para o fluxo deste rio caudaloso, transformando os nossos estilos de vida. Partindo duma grata admiração do
Criador e da Criação, arrependamo-nos dos nossos «pecados ecológicos», como
adverte o meu irmão Patriarca Ecuménico Bartolomeu. Estes pecados prejudicam o
mundo natural e também os nossos irmãos e irmãs. Com a ajuda da graça de Deus,
adotemos estilos de vida com menor desperdício e menos consumos inúteis,
sobretudo onde os processos de produção são tóxicos e insustentáveis.
Procuremos estar o mais possível atentos aos nossos hábitos e opções
económicas, para que todos possam estar melhor: os nossos semelhantes, onde
quer que se encontrem, e também os filhos dos nossos filhos. Colaboremos para
esta criação contínua de Deus mediante opções positivas: fazendo o uso mais
moderado possível dos recursos, praticando uma jubilosa sobriedade, separando e
reciclando o lixo e recorrendo a produtos e serviços – e há tantos à nossa
disposição – que sejam ecológica e socialmente responsáveis.
Por fim, para que o
rio caudaloso continue a jorrar, devemos transformar as políticas públicas que regem as nossas sociedades
e moldam a vida dos jovens de hoje e de amanhã. Políticas económicas, que
favorecem riquezas escandalosas para poucos e condições degradantes para
tantos, decretam o fim da paz e da justiça. É evidente que as nações mais ricas
acumularam – e cito a encíclica Laudato si’ –
uma «dívida ecológica». Os líderes
mundiais presentes na cimeira COP28, programada de 30 de novembro a 12 de
dezembro deste ano no Dubai, devem ouvir a ciência e começar uma transição
rápida e equitativa para acabar com a era dos combustíveis fósseis. À luz dos
compromissos do Acordo de Paris tendentes a suspender o risco do aquecimento
global, é insensato permitir a exploração e expansão contínua das
infraestruturas para os combustíveis fósseis. Levantemos a voz para deter esta
injustiça para com os pobres e os nossos filhos, que sofrerão os impactos
piores da mudança climática. Apelo a todas as pessoas de boa vontade para
agirem de acordo com estas orientações acerca da sociedade e da natureza.
Numa perspetiva
paralela, mais específica do serviço da Igreja Católica, temos a sinodalidade.
Este ano, o encerramento do Tempo da Criação, na festa de São Francisco a 4 de
outubro, coincidirá com a abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade. Como os rios
que são alimentados por mil ribeirinhos e torrentes maiores, o processo
sinodal, iniciado em outubro de 2021, convida todos os componentes, a nível
pessoal e comunitário, a convergirem num majestoso rio de reflexão e renovação.
Todo o Povo de Deus está envolvido num abrangente caminho de diálogo sinodal e
conversão.
À semelhança duma
bacia hidrográfica com os seus numerosos afluentes grandes e pequenos, a Igreja
é uma comunhão de inumeráveis Igrejas locais, comunidades religiosas e
associações que se alimentam da mesma água. Cada fonte acrescenta a sua
contribuição única e insubstituível, até confluírem todas no vasto oceano do
amor misericordioso de Deus. Como um rio é fonte de vida para o ambiente que o
rodeia, assim a nossa Igreja sinodal deve ser fonte de vida para a casa comum e
quantos nela habitam. E como um rio dá vida a todo o tipo de espécies animais e
vegetais, assim uma Igreja sinodal deve dar vida semeando justiça e paz em cada
lugar que atinge.
Em julho de 2022, no
Canadá, recordei o Mar da Galileia onde Jesus curou e consolou tanta gente e
proclamou «uma revolução de amor». Soube que também o Lago de Sant’Ana é um
lugar de cura, consolação e amor, um lugar que «nos recorda que a fraternidade
é verdadeira se une os distantes, que a mensagem de unidade que o Céu envia à
terra não teme as diferenças e convida-nos à comunhão, à comunhão das
diferenças, a recomeçar juntos, porque todos – todos! – somos peregrinos a
caminho».
Neste Tempo da
Criação, como seguidores de Cristo no nosso caminho sinodal comum, vivamos,
trabalhemos e rezemos para que a nossa Casa Comum seja novamente repleta de
vida. Que o Espírito Santo continue a pairar sobre as águas e nos guie para
renovar a face da terra (cf. Sal 104, 30).
Roma – São João de Latrão, 13 de maio de 2023.
FRANCISCO
Informação geral
TEMPO
DA CRIAÇÃO 2023
O Tempo da Criação é um tempo de
graça que a Igreja, no diálogo ecuménico, oferece à humanidade para renovar a sua relação com o Criador e com
a Criação, por meio da celebração,
da conversão e do compromisso conjunto. O Tempo da Criação, que é um período
propício para refletir sobre a importância da conversão ecológica, procurar
atingir uma Ecologia Integral e, acima de tudo, para reconhecer que toda a Criação
fala da beleza de seu autor, começa no dia 1º de setembro, Dia Mundial de
Oração pelo Cuidado da Criação, e termina no dia 4 de outubro, festa de São
Francisco de Assis, o padroeiro da ecologia. Trata-se de uma oportunidade preciosa para renovar a adesão pessoal à própria
vocação de guardião da criação, refletir sobre o que fazer para curar nossa
Casa Comum elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele
confiou ao nosso cuidado,
Em cada ano, o Comitê Diretivo Ecumênico sugere um tema. “Que jorrem a justiça e a paz” é o tema do ‘Tempo da Criação’, em 2023, inspirado no livro bíblico do profeta Amós: ‘Que o direito corra como a água e a justiça como um rio perene’.
1 - Juntemo-nos ao rio da justiça e
da paz
O profeta Amós clama: “Que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca!” (Amós 5, 24) e assim somos chamados a juntarmo-nos ao rio da justiça e da paz, assumir a justiça climática e ecológica e falar com e para as comunidades mais afetadas pela injustiça climática e a perda da biodiversidade. As nossas orações devem clamar por justiça não apenas para os seres humanos, mas para toda a Criação. A justiça, aliada à paz, chama-nos ao arrependimento pelos nossos pecados ecológicos e à mudança das nossas atitudes e ações. A retidão exige que vivamos em paz, sem conflito com nossos vizinhos humanos e construindo relacionamentos corretos com toda a Criação. Somos convidados a unirmo-nos ao rio da justiça e da paz em nome de toda a Criação e a convergir nossas identidades individuais, como os afluentes se unem para formar um poderoso rio. Como povo de Deus, devemos trabalhar juntos em nome de toda a Criação como parte deste rio de paz e justiça.
2 - O rio da vida traz esperança em
vez de desespero
O profeta Isaías proclama: “porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe”. (Isaías 43, 19) A biodiversidade está sendo perdida a uma velocidade nunca vista desde a última extinção em massa. A esperança de manter os aumentos médios de temperatura em 1,5 graus Celsius está desaparecendo. O mundo conhecido e desfrutado pelos seres humanos está mudando rapidamente para além da possibilidade de reparação. O futuro dos jovens está ameaçado pelos impactos em cascata da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. A industrialização, colonização e extração e consumo de recursos geraram grandes riquezas, distribuídas de forma desigual. A emergência climática e ecológica de hoje afeta mais os mais vulneráveis, muitos deles vivendo nas nações menos ricas e que menos contribuíram com as emissões de poluentes. Atualmente, estamos mais conscientes do que nunca da ligação entre combustíveis fósseis, violência e guerra. Podemos, no entanto, sonhar e trabalhar por um mundo em que cada país produza a energia de que necessita com os dons do sol e do vento dados por Deus, em vez de ir à guerra por combustíveis fósseis. A urgência cresce e devemos tornar visíveis a paz com a Terra e na Terra, enquanto a justiça nos chama ao arrependimento e a uma mudança de atitude e ação. À medida que nos juntamos ao rio da justiça e da paz com os outros, criamos esperança. Uma economia de paz pode ser construída em vez de uma economia baseada no conflito.
3 - Uma poderosa torrente pode
mover montanhas
As nossas ações individuais durante o Tempo da Criação são importantes. Também devemos reconhecer que, como precisamos de um poderoso movimento de justiça, as ações individuais não são suficientes. Em nível global, as nações com poder e riqueza têm o dever de lidar com justiça e honestidade com as comunidades que mais sofrem com as crises climática e ecológica. As decisões da COP 15 [dezembro de 2022] para preservar a biodiversidade são fonte de esperança, mas exigem perseverança. Essas vitórias foram alcançadas por aqueles com menos poder trabalhando em conjunto. Juntos podemos ser um poderoso rio de justiça e paz, que traz vida nova à terra e às gerações futuras, um rio que pode mover as montanhas da injustiça.
4 - Pedidos de mobilização
profética
Outras ações em reconhecimento da nossa interconexão e interdependência com toda a Criação incluem aprender mais sobre a Declaração Universal dos Direitos dos Rios, parte de um movimento para reconhecer os direitos inerentes à Mãe Terra. Como família ecuménica, podemos envolver-nos nessas ações e contribuir para que a teia da vida seja preservada e cuidada. Ao mesmo tempo que confiamos na obra de Deus, reconhecemos que também podemos participar da vontade Dele para a justiça e a paz. Neste Tempo da Criação, podemos caminhar juntos e em comunhão como povo de Deus para deixar fluir a justiça e a paz!
Publicada por OFS LUZ à(s) 10:53:00 0 comentários
22º Domingo do Tempo Comum
(Ano A – 03.9.2023)
A liturgia de hoje constitui uma ótima oportunidade para
refletir sobra a forma como nos situamos no ambiente que estamos a viver.
Muitos de nós sentem que os seus projetos e, porventura, os seus sonhos têm
sido abalados pelas dificuldades da vida, designadamente pela ‘pandemia’ que
temos vindo a viver. As nossas esperanças precisam hoje de ser recentradas e de
fazermos uma espécie de ‘regresso’ aos fundamentos da nossa experiência
existencial, à procura do essencial da nossa vida. O Senhor Jesus, no Evangelho
de hoje, diz-nos exatamente isso.
Introdução às Leituras:
A primeira leitura, do livro
de Jeremias, apresenta-nos um dos textos mais marcantes deste profeta, onde ele
nos confessa o seu encanto por Deus, apesar das circunstâncias que o envolvem e
da hostilidade dos seus contemporâneos. Essa paixão por Deus leva-o a superar
tudo. Um belo testemunho para nós.
Na segunda leitura, na continuação dos domingos anteriores, S. Paulo exorta os crentes da comunidade de Roma a não se conformarem nem se deixarem cativar pelo ambiente mundano que os rodeia. Ser crente, para Paulo, é ser capaz de fazer opções e estas são aquelas que Jesus nos propõe.
Padre João Lourenço, OFM
Publicada por OFS LUZ à(s) 10:31:00 0 comentários