Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

31 de outubro de 2023

Centenário Regra Bulada 1223


 

Formação_Família_Franciscana

 


Solenidade de Todos os Santos

 


(1 de novembro 2023)

Introdução à liturgia:

A Igreja celebra hoje um dos dias mais emblemáticos e significativos do seu calendário litúrgico. Desta vez, a centralidade da nossa liturgia está focada no seguimento de Jesus, nas propostas de vida em ordem à santidade: ‘Sede Santos’ porque Eu sou santo’. Este é o apelo de Deus ao seu povo no livro do Levítico. Hoje, celebramos a santidade a que somos chamados e também os nossos Irmãos que a viveram e a testemunharam.

 Introdução às leituras:

A primeira leitura, tomada do Livro do Apocalipse, apresenta-nos a grande festa da santidade, de todos aqueles que ‘banharam’ as suas vidas no sangue do Cordeiro. Por isso, celebram festivamente a sua glorificação. É a festa da universalidade do povo de Deus, onde todos são acolhidos: uma multidão incontável, vinda de todos os povos, raças e nações; Ninguém está excluído dela.                     

A segunda leitura fala-nos daquilo que nos faz santos e filhos de Deus: o amor. Este é o nosso fermento de santidade, uma santidade que nos abre à plenitude de Deus e à comunhão fraterna com todos os irmãos.

Como chegar à santidade? Qual o código de vida que devemos seguir? Há algum caminho que nos conduza a essa plenitude de vida? A regra é a vivência das bem-aventuranças, o verdadeiro caminho de santidade que Jesus viveu e nos deixou como itinerário a seguir.

Padre João Lourenço, OFM

30º Domingo do Tempo Comum


(29.10.2023)

Introdução à liturgia:

A vida cristã não é nem se reduz a um mero sentimento de afeição e compaixão pelos outros. Pelo contrário, tal como nos é proposto pela liturgia de hoje, ela tem no seu centro a vivência concreta do amor e da partilha: o amor está no centro da vivência cristã, seja qual for a forma como fazemos essa experiência de fé. O que Deus pede a cada um é que deixe o seu coração ser tocado pelo amor.

Introdução às leituras:

A primeira leitura fala-nos do código da Aliança, o centro da vida e da identidade do povo de Israel e faz parte integrante do projeto de Deus para o Seu povo. Aí se fala de situações concretas que exigem o envolvimento pessoal e não apenas um sentimento vazio que manda para os outros, mormente para os anónimos, as exigências que decorrem da nossa identidade cristã.                   

A segunda leitura, por sua vez, apresenta-nos o exemplo da comunidade cristã de Tessalónica que, apesar da hostilidade e da perseguição, aprendeu a percorrer, com Cristo e com Paulo, o caminho do amor e do dom da vida. Foi assim que, dessa experiência comum, nasceu uma verdadeira família de irmãos, tendo o evangelho como fundamento de vida.

Em forma de diálogo entre Jesus e os fariseus, o Evangelho diz-nos, claramente e sem rodeios, que a autenticidade da minha fé está no meu agir e não no meu discurso, na minha ação e não na minha retórica discursiva, assumindo de forma pessoal o que a cada um compete fazer. Esta é a forma de dar sentido à nossa fé.

Padre João Lourenço, OFM


Domingo 29º do Tempo Comum

 

Domingo das Missões - 2023

Introdução à Liturgia:

A liturgia deste domingo – dia mundial das Missões – apresenta-nos uma dimensão importante da nossa relação com as realidades temporais, sociais e políticas em que devemos privilegiar a palavra de Deus e encontrar nela os critérios das nossas opções.  As ambiguidades que persistem e nos envolvem dificultam, muitas vezes, a prontidão e a clareza das respostas que damos a este desafio que é feito a cada um de nós. Dia mundial das missões é também uma ótima oportunidade para refletir acerca do que é a missão da Igreja e de cada cristão nesta relação com o mundo em que nos encontramos.

 Introdução às Leituras:

Na 1ª leitura, Isaías apresenta como elementos fundamentais da sua mensagem o universalismo da salvação, da eleição e da escolha de Deus que se estende a todos os povos. À semelhança de outros profetas, mostra que Deus se serve de outros povos e dos seus governantes para advertir Israel do seu mau procedimento, mormente da sua infidelidade. No dia mundial das Missões, este texto diz-nos que temos de deixar a nossa ‘zona de conforto’, instalados em oportunos apartamentos e pensar que estamos a missionar. É necessário sair, ir ao encontro, abrirmo-nos aos outros.

          A 2ª leitura da nossa eucaristia é a introdução e saudação de Paulo, e de seus colegas de missão, à comunidade de Tessalónica. São palavras simples, mas que traduzem a relação profunda, vivida e sentida, que existia entre a Comunidade e aqueles que por ela tinham passado a difundir a mensagem do Evangelho.

 O Evangelho trás até nós o eco de uma das questões mais complexas do tempo de Jesus. As reações da sociedade judaica face à presença e aos efeitos da dominação romana eram transversais a todo o tecido social, embora nem todos se manifestassem da mesma forma. A resposta dada por Jesus não é uma fuga à questão, mas sim a abertura a uma outra realidade, a uma outra dimensão que é aquela de que ele se faz portador: ‘Dar a Deus’ o que é de Deus.

Padre João Lourenço, OFM

28.º Domingo do Tempo Comum

(15.10.2023)

Introdução à Liturgia:

O tema do banquete e do encontro que simboliza a comunhão entre Deus e o homem, muito presente em textos proféticos, é um desafio que a Palavra de Deus nos faz em ordem a superar as marcas da exclusão humana e introduzir-nos numa relação de amor e de comunhão com Deus. Num tempo como este em que vivemos, procurar formas de comunhão é um imperativo da nossa fé. É a este banquete, de que a eucaristia é o momento central, que nós também somos chamados. 

Introdução às Leituras:

Na 1ª leitura, Isaías oferece-nos dois temas muito caros à Teologia deste profeta e que marcam o judaísmo e a fé bíblica do seu tempo: o tema do Banquete como forma de traduzir a relação de amor e de comunhão de Deus com o Seu povo, deixando o convite aberto a todos os povos para que acolham o ‘alimento’ da Palavra de Deus. 

A 2ª leitura constitui um dos mais belos e impressionantes testemunhos de Paulo. A comunidade dos Filipenses foi uma das mais agradecidas a Paulo, aquele que lhes levou a mensagem de Jesus. Paulo retribui essa generosidade reconhecido, deixando-nos um testemunho de grande despreendimento e de dedicação total à causa do Evangelho.

 No Evangelho, estamos em presença da 3ª parábola consecutiva que Jesus dirige aos membros do Sinédrio, o órgão judaico de governo para as questões da lei e da sua interpretação. Jesus quer mostrar que é necessário ter um coração novo e aberto para acolher o Reino. O Judaísmo tinha perdido essa dimensão de comunhão, de banquete e de partilha, para se tornar num sistema jurídico e legalista, recusando por isso mesmo acolher a mensagem de Jesus.

Padre João Lourenço, OFM


6 de outubro de 2023

27.º Domingo do Tempo Comum - Homilia

 


Homilia de Frei Isidro Lamelas (27º Domingo do T. Comum) – Igreja do Seminário

«Que vos parece?

Mais uma parábola de Jesus, dita aos «chefes dos sacerdotes» e aos «anciãos» do povo.

Outra vez a imagem da vinha: da vida, do reino…

Outra vez o nosso testemunho e compromisso e vida a ser questionado: que vos parece?

Que fazemos da vida? Qual o nosso lugar, na Vinha, no mundo, na Igreja, no Reino?

1. Já o profeta Ezequiel nos convidava a assumir, com verdade e coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de auto-suficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos. Muitas vezes “a culpa morre solteira”. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da conjuntura económica internacional; é do governo… ou até de Deus. Há guerras e violência; há injustiça? A culpa é dos tribunais, do sistema; talvez de Deus: A maneira de proceder do Senhor não é justa?. A minha comunidade cristã está dividida, e não testemunha suficientemente o amor de Jesus? A culpa é do Papa, ou do bispo, ou dos padres… se a culpa não é de Deus, é do diabo…

-E a minha culpa? O que é que eu faço? E as minhas omissões? Não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Não precisarei de mudar, de me “converter”?

No Evangelho Jesus dirige-se, de novo aos chefes da religião e referências na vida pública, mas também aos “católicos praticantes” que dizem mas não fazem, que rezam mas não vivem; que pregam mas não dão exemplo.

Somos interpelados por Jesus: «Que vos parece?»; «Qual dos dois fez a vontade do Pai?».

Os fariseus aparecem no Evangelho de Mateus como aqueles que «dizem, mas não fazem» (Mt 23,3). É o farisaísmo… O «Fazer», em oposição a dizer, é um tema fundamental em Mateus, assim expresso por Jesus no discurso programático da Montanha: «Nem todo aquele que diz: “Senhor, Senhor” entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade do Meu Pai que está nos Céus» (Mt 7,21).

Mais ainda: neste Evangelho de Mateus, o verdadeiro «fazer» traduz-se em «dar fruto, fazer frutificar», como consequência da conversão ou mudança operada na nossa vida.

É agora mais fácil deixar entrar em nós a força da parábola de Jesus, contada a gente habituada apenas a dizer, dizer, dizer… Falam, falam… mas não vão para a Vinha. O homem e pai da parábola é Deus. A vinha é d´Ele, mas é também nossa. Nunca se fala nesta parábola, da «minha» vinha. A vinha é, portanto, campo aberto de alegria e de liberdade, onde todos os filhos de Deus podem encontrar um espaço novo, há sempre vagas… para a filialidade e fraternidade.

É dito que este Pai tem dois filhos, que são todos os Seus filhos, diferentes, nas reações e comportamentos. Somos todos nós, nas nossas semelhanças e diferenças. Ao primeiro, o Pai diz: «Filho, vai hoje trabalhar na vinha» (Mt 21,28). Note-se o termo carinhoso «filho»; e o imperativo da liberdade «vai»; A autoridade que falta aos pais…

Vai hoje: o HOJE requer resposta pronta e inadiável; não faças para amanhã o que podes e deve fazer hoje.

O primeiro filho dá uma resposta torta e dura: «Não quero», mas emendou: «Mas, depois, arrependeu-se e foi»; O segundo filho, depois de ter ouvido o mesmo convite do seu Pai : «Eu vou, Senhor», . Mas de facto, não foi.

Como se vê, todos os filhos de Deus-Pai ouvem o mesmo convite e são tratados como filhos, importantes no seu Reino. O que nos distingue é a resposta, dada em obras e não em meras palavras “para agradar”. O que importa é o que fazemos hoje, e não o que dissemos ontem, adiando a decisão, a ação. Fez a vontade do PAI, não o que disse que sim, mas só de palavras, mas o que nas obras mudou o não em SIM.

É aqui que aparecem os publicanos e as prostitutas:  Estes ouviram João e ouvem agora Jesus, e estão a mudar a sua vida (Mt 21,31-32: Asseguro-vos que os publicanos e as prostitutas entrarão antes que vós no reino de Deus».)! O Autor destas páginas deslumbrantes, Mateus, sabe do que fala, pois, era um publicano. E agora é um Apóstolo e Evangelista. E nós?

Padre Frei Isidro Lamelas, OFM 

30 de setembro de 2023

Agradecimento - Conselho Nacional


 

50. ª Peregrinação Franciscana a Fátima

 


Thogether - Encontro do Povo de Deus

 


26º Domingo do Tempo Comum

 


(01.10.2023)

Introdução à Liturgia:

A liturgia de hoje convida-nos a olhar para algo que é fundamental na nossa fé: ‘Deus tem uma proposta a fazer-nos’. A sua mensagem não é vã nem vazia; pelo contrário, ela está carregada de sentido e constitui um desafio para cada um de nós. É perante esta proposta que nós podemos escolher, dizer sim ou dizer não, fazê-la nossa ou ignorá-la. Ser cristão é, tal como Jesus, dizer sim e assumir o compromisso da fidelidade à proposta que nos é feita.

 Introdução às Leituras:

A experiência do exílio na Babilónia foi o grande desafio que Deus fez ao Seu povo. O profeta Ezequiel, na 1ª leitura, convida os israelitas a comprometerem-se de forma séria e consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada crente deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as implicações práticas da sua adesão à Aliança.

A 2ª leitura, Paulo, com um dos textos mais ricos de toda a sua teologia e de todas as suas Cartas, exorta os cristãos de Filipos a seguir o exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo assumiu a realidade da fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor.

 Na parábola do Evangelho, Mateus apresenta-nos a forma e o modo como se concretiza a proposta que Deus nos faz: pelas obras e compromissos e não pelas palavras e pelas boas intenções. Um desafio sempre presente na Igreja e dirigido a cada um de nós. O ‘sim’ que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, mas antes um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores.

Padre João Lourenço, OFM

25º Domingo do Tempo Comum

 



Introdução à Liturgia:

A liturgia deste domingo convida-nos a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens. Será isto uma frase feita ou uma realidade a descobrir? De facto, o projeto de Deus assenta em algo que está para além do nosso horizonte moderno e da nossa lógica moderna. Os homens de hoje têm dificuldade em compreender a gratuidade e o dom. São estes os fundamentos radicais de novidade que Deus é para nós.

 Introdução às Leituras:

A primeira leitura é um apelo de Isaías a cada um de nós para que procure o Senhor. Procurá-l’O é o desejo que deve animar a nossa caminhada espiritual e isso faz-se por um processo de conversão permanente. Sem esta abertura total, podemos correr muito para a Igreja, mas isso não significa que O encontremos.

Na segunda leitura, Paulo, partindo da sua própria experiência, diz-nos o que é a vida cristã: Cristo é a nossa vida. É uma vida em plenitude que não se limita a isto ou àquilo, mas que comporta toda a nossa caminhada, seguindo as propostas que Cristo nos faz.

.O Evangelho diz-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a antiguidade na fé, sem prazos nem créditos, sem olhar às qualidades ou aos comportamentos anteriormente assumidos. A Deus interessa apenas a forma como se acolhe o Seu convite e nos disponibilizamos para o Seu Reino. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.

Padre João Lourenço, OFM

24º Domingo do Tempo Comum

 

(17/09/2023 – Ano A) 

          Introdução à Liturgia:    

Ser cristão, discípulo de Jesus, pressupõe que a nossa vida, em cada um dos seus momentos, seja marcada pela mensagem, pelos gestos e pelo testemunho do Mestre. Um dos sinais que define a identidade do nosso seguimento de Jesus está no perdão, aquilo que mais e melhor o distinguiu do judaísmo do seu tempo e que ele assumiu como núcleo central da sua mensagem. É do perdão que a palavra de Deus hoje nos fala e nos convida a pôr em prática.

           Introdução às Leituras 

A 1ª leitura, tomado do livro de Ben Sirah, relaciona a cólera e o ódio com o pecado, convidando o crente a saber perdoar. O perdão de que a Palavra de Deus nos fala tem o seu fundamento no próprio Deus; não se trata de um esquecimento cómodo nem de um procedimento de boas maneiras. Pelo contrário, ele é expressão da nossa fé e da nossa vontade em seguir Jesus. 

Na 2ª leitura, da carta aos Romanos, S. Paulo, num texto muito breve, diz-nos algo que é fundamental para a nossa vida. Ela pertence a Cristo, em todos os seus momentos. Somos do Senhor e para o Senhor, o que nos fortalece na comunhão fraterna, já que também somos da Igreja e para a Igreja. 

Hoje, Jesus, como é tão próprio de S. Mateus, apresenta-nos uma parábola sobre o perdão e os procedimentos que isso implica. Para o cristão, o perdão deve ser incondicional, assumido plenamente na nossa vida e nas nossas relações. Não se trata apenas e só de uma atitude pessoal; o perdão é também uma questão social, com implicações importantes na construção da nossa sociedade. Não podemos agir de uma forma, e esperar que Deus proceda connosco de outra. Sobre o perdão, a oração e o agir têm de estar em harmonia total.

Padre João Lourenço, OFM

23º Domingo do Tempo Comum

 


2023

Introdução à Liturgia:


O sentido de responsabilidade é hoje algo bastante raro naquilo que diz respeito á vida social e comunitária. O mesmo acontece na vida espiritual e na vivência cristã. A liturgia de hoje reforça em nós este apelo à responsabilidade pessoal e também naquilo que diz respeito ao bem e à salvação dos irmãos, mostrando que todos somos responsáveis uns pelos outros.


Introdução às Leituras:

A primeira leitura mostra-nos como Deus, através dos profetas e dos seus mensageiros, cuida daqueles a quem ama, fazendo deles “sentinelas” que nos podem ajudar a encontrar os caminhos do bem. Atento aos projetos de Deus e à realidade do mundo, o profeta apercebe-se daquilo que está a subverter os planos de Deus e a impedir a felicidade dos homens e das próprias comunidades cristãs.

 Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Roma, e também a nós próprios, a colocarmos o mandamento do amor no centro da nossa experiência de vida cristã. Trata-se de uma “dívida” que temos para com todos os nossos irmãos, e que nunca estará completamente saldada.

 O Evangelho exorta-nos à responsabilidade na ajuda fraterna aos irmãos, a fim de os advertir dos seus próprios erros. Trata-se de um dever que resulta do mandamento do amor. Jesus ensina, no entanto, que o caminho para atingir esse objetivo não passa pela humilhação ou pela condenação de quem falhou, mas antes pelo diálogo fraterno, leal, amigo, que revela ao irmão que a nossa intervenção resulta do amor.

Padre João Lourenço, OFM

4 de setembro de 2023

Tempo da Criação 2023

 


Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco para o Tempo da Criação 2023

 

Queridos irmãos e irmãs,

 

«Que jorrem a justiça e a paz» é, neste ano, o tema do Tempo ecuménico da Criação, inspirado pelas palavras do profeta Amós: «Jorre a equidade como uma fonte, e a justiça como torrente que não seca» (5, 24).

Esta expressiva imagem de Amós diz-nos aquilo que Deus deseja. Deus quer que reine a justiça, que é essencial para a nossa vida de filhos, criados à imagem de Deus, como é a água para a nossa sobrevivência física. Esta justiça não se deve esconder demasiado em profundidade, nem desaparecer como a água que evapora antes de poder sustentar-nos, mas deve surgir onde houver necessidade. Deus quer que cada um procure ser justo em todas as situações e sempre se esforce por viver segundo as suas leis, permitindo à vida florescer plenamente. Quando buscarmos antes de tudo o Reino dos Céus (cf. Mt 6, 33), mantendo uma justa relação para com Deus, a humanidade e a natureza, então a justiça e a paz poderão jorrar como torrente inexaurível de água pura, vivificando a humanidade e todas as criaturas.

Em julho de 2022, num lindo dia de Verão, convidei a meditar sobre isto durante a minha peregrinação até às margens do Lago de Sant’Ana, província de Alberta, no Canadá. Aquele lago foi, e é, um local de peregrinação para muitas gerações de indígenas. Como disse então, acompanhado pelo rufar dos tambores, «quantos corações chegaram aqui ansiosos e trepidantes, sobrecarregados pelo peso da vida, e junto destas águas encontraram a consolação e a força para continuar! Mas aqui, imerso na criação, há outro batimento que podemos escutar: a palpitação materna da Terra. E assim como o batimento dos bebés, ainda no seio materno, está em harmonia com o das mães, assim também para crescer como seres humanos precisamos de cadenciar os ritmos da existência com os da criação que nos dá vida».

Neste Tempo da Criação, detenhamo-nos a sondar estes batimentos do coração: o nosso, o das nossas mães e das nossas avós, o pulsar do coração da Criação e do coração de Deus. Hoje não estão harmonizados, não batem em uníssono pela justiça e a paz. A muitos, é impedido beber neste rio caudaloso. Ouçamos, pois, o apelo a permanecer ao lado das vítimas da injustiça ambiental e climática, pondo fim a esta guerra insensata contra a Criação.

Vemos os efeitos desta guerra em muitos rios que estão a secar. «Os desertos exteriores multiplicam-se no mundo, porque os desertos interiores tornaram-se tão amplos»: afirmou certa vez Bento XVI. O consumismo voraz, alimentado por corações egoístas, está a transtornar o ciclo da água do planeta. O uso desenfreado de combustíveis fósseis e a destruição das florestas estão a criar uma subida das temperaturas e a provocar secas graves. Terríveis carências hídricas estão a afligir cada vez mais as nossas casas, desde as pequenas comunidades rurais até às grandes cidades. Além disso, indústrias predatórias estão a esgotar e poluir as nossas fontes de água potável com atividades extremas, como o fraturamento hidráulico para a extração de petróleo e gás, os megaprojetos de extração descontrolada e a engorda acelerada de animais. Apropriam-se da «irmã água» – como lhe chama São Francisco –, transformando-a em «mercadoria sujeita às leis do mercado» (Laudato si’, 30).

O Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) defende uma ação urgente em prol do clima a fim de nos impedir de malbaratar a ocasião para criar um mundo mais sustentável e justo. Podemos e devemos evitar que se verifiquem as piores consequências. E «é tanto o que se pode fazer» (Ibid., 180), se no final, como tantos riachos e torrentes, confluirmos num rio caudaloso para irrigar a vida deste nosso planeta maravilhoso e das gerações futuras da nossa família humana. Unamos as mãos e demos passos corajosos, para que a justiça e a paz jorrem em toda a Terra.

Como podemos contribuir para o rio caudaloso da justiça e da paz neste Tempo da Criação? Que podemos nós, sobretudo como Igrejas cristãs, fazer para sanar a nossa Casa Comum, para que volte a pulular de vida? Devemos decidir-nos a transformar os nossos corações, os nossos estilos de vida e as políticas públicas que regem a nossa sociedade.

Em primeiro lugar, contribuamos para este rio caudaloso transformando os nossos corações. Isto é essencial, se se quer começar qualquer outra transformação. É a «conversão ecológica» que São João Paulo II nos exortava a realizar: a renovação do nosso relacionamento com a Criação, de modo que já não a consideremos como objeto a explorar, mas, ao contrário, guardemo-la como um sacro dom do Criador. Depois, consciencializemo-nos de que uma abordagem global requer que se pratique o respeito ecológico nas quatro vertentes: para com Deus, para com os nossos semelhantes de hoje e de amanhã, para com toda a natureza e para com nós próprios.

Quanto à primeira destas dimensões, Bento XVI identificou como urgente a necessidade de compreender que Criação e Redenção são inseparáveis: «O Redentor é o Criador e, se nós não anunciarmos Deus nesta sua grandeza total – de Criador e de Redentor –, tiraremos valor à Redenção». A Criação refere-se à ação misteriosa e magnífica de Deus criar do nada este majestoso e belo planeta e o universo inteiro, e também ao resultado de tal ação, ainda em curso, que experimentamos como um dom inexaurível. Durante a liturgia e a oração pessoal na «grande catedral da Criação»recordemos o Grande Artista que cria tanta beleza e reflitamos sobre o mistério da sua amorosa opção de criar o mundo.

Em segundo lugar, contribuamos para o fluxo deste rio caudaloso, transformando os nossos estilos de vida. Partindo duma grata admiração do Criador e da Criação, arrependamo-nos dos nossos «pecados ecológicos», como adverte o meu irmão Patriarca Ecuménico Bartolomeu. Estes pecados prejudicam o mundo natural e também os nossos irmãos e irmãs. Com a ajuda da graça de Deus, adotemos estilos de vida com menor desperdício e menos consumos inúteis, sobretudo onde os processos de produção são tóxicos e insustentáveis. Procuremos estar o mais possível atentos aos nossos hábitos e opções económicas, para que todos possam estar melhor: os nossos semelhantes, onde quer que se encontrem, e também os filhos dos nossos filhos. Colaboremos para esta criação contínua de Deus mediante opções positivas: fazendo o uso mais moderado possível dos recursos, praticando uma jubilosa sobriedade, separando e reciclando o lixo e recorrendo a produtos e serviços – e há tantos à nossa disposição – que sejam ecológica e socialmente responsáveis.

Por fim, para que o rio caudaloso continue a jorrar, devemos transformar as políticas públicas que regem as nossas sociedades e moldam a vida dos jovens de hoje e de amanhã. Políticas económicas, que favorecem riquezas escandalosas para poucos e condições degradantes para tantos, decretam o fim da paz e da justiça. É evidente que as nações mais ricas acumularam – e cito a encíclica Laudato si’ – uma «dívida ecológica». Os líderes mundiais presentes na cimeira COP28, programada de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano no Dubai, devem ouvir a ciência e começar uma transição rápida e equitativa para acabar com a era dos combustíveis fósseis. À luz dos compromissos do Acordo de Paris tendentes a suspender o risco do aquecimento global, é insensato permitir a exploração e expansão contínua das infraestruturas para os combustíveis fósseis. Levantemos a voz para deter esta injustiça para com os pobres e os nossos filhos, que sofrerão os impactos piores da mudança climática. Apelo a todas as pessoas de boa vontade para agirem de acordo com estas orientações acerca da sociedade e da natureza.

Numa perspetiva paralela, mais específica do serviço da Igreja Católica, temos a sinodalidade. Este ano, o encerramento do Tempo da Criação, na festa de São Francisco a 4 de outubro, coincidirá com a abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade. Como os rios que são alimentados por mil ribeirinhos e torrentes maiores, o processo sinodal, iniciado em outubro de 2021, convida todos os componentes, a nível pessoal e comunitário, a convergirem num majestoso rio de reflexão e renovação. Todo o Povo de Deus está envolvido num abrangente caminho de diálogo sinodal e conversão.

À semelhança duma bacia hidrográfica com os seus numerosos afluentes grandes e pequenos, a Igreja é uma comunhão de inumeráveis Igrejas locais, comunidades religiosas e associações que se alimentam da mesma água. Cada fonte acrescenta a sua contribuição única e insubstituível, até confluírem todas no vasto oceano do amor misericordioso de Deus. Como um rio é fonte de vida para o ambiente que o rodeia, assim a nossa Igreja sinodal deve ser fonte de vida para a casa comum e quantos nela habitam. E como um rio dá vida a todo o tipo de espécies animais e vegetais, assim uma Igreja sinodal deve dar vida semeando justiça e paz em cada lugar que atinge.

Em julho de 2022, no Canadá, recordei o Mar da Galileia onde Jesus curou e consolou tanta gente e proclamou «uma revolução de amor». Soube que também o Lago de Sant’Ana é um lugar de cura, consolação e amor, um lugar que «nos recorda que a fraternidade é verdadeira se une os distantes, que a mensagem de unidade que o Céu envia à terra não teme as diferenças e convida-nos à comunhão, à comunhão das diferenças, a recomeçar juntos, porque todos – todos! – somos peregrinos a caminho».

Neste Tempo da Criação, como seguidores de Cristo no nosso caminho sinodal comum, vivamos, trabalhemos e rezemos para que a nossa Casa Comum seja novamente repleta de vida. Que o Espírito Santo continue a pairar sobre as águas e nos guie para renovar a face da terra (cf. Sal 104, 30).

Roma – São João de Latrão, 13 de maio de 2023.

FRANCISCO



Informação geral 


TEMPO DA CRIAÇÃO 2023

Tempo da Criação é um tempo de graça que a Igreja, no diálogo ecuménico, oferece à humanidade para renovar a sua relação com o Criador e com a Criação, por meio da celebração, da conversão e do compromisso conjunto. O Tempo da Criação, que é um período propício para refletir sobre a importância da conversão ecológica, procurar atingir uma Ecologia Integral e, acima de tudo, para reconhecer que toda a Criação fala da beleza de seu autor, começa no dia 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, e termina no dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, o padroeiro da ecologia. Trata-se de uma oportunidade preciosa para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardião da criação, refletir sobre o que fazer para curar nossa Casa Comum elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado,

Em cada ano, o Comitê Diretivo Ecumênico sugere um tema. “Que jorrem a justiça e a paz” é o tema do ‘Tempo da Criação’, em 2023, inspirado no livro bíblico do profeta Amós: ‘Que o direito corra como a água e a justiça como um rio perene’.                                                 

1 - Juntemo-nos ao rio da justiça e da paz

O profeta Amós clama: “Que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca!” (Amós 5, 24) e assim somos chamados a juntarmo-nos ao rio da justiça e da paz, assumir a justiça climática e ecológica e falar com e para as comunidades mais afetadas pela injustiça climática e a perda da biodiversidade. As nossas orações devem clamar por justiça não apenas para os seres humanos, mas para toda a Criação. A justiça, aliada à paz, chama-nos ao arrependimento pelos nossos pecados ecológicos e à mudança das nossas atitudes e ações. A retidão exige que vivamos em paz, sem conflito com nossos vizinhos humanos e construindo relacionamentos corretos com toda a Criação. Somos convidados a unirmo-nos ao rio da justiça e da paz em nome de toda a Criação e a convergir nossas identidades individuais, como os afluentes se unem para formar um poderoso rio. Como povo de Deus, devemos trabalhar juntos em nome de toda a Criação como parte deste rio de paz e justiça. 

2 - O rio da vida traz esperança em vez de desespero

O profeta Isaías proclama: “porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe”. (Isaías 43, 19) A biodiversidade está sendo perdida a uma velocidade nunca vista desde a última extinção em massa. A esperança de manter os aumentos médios de temperatura em 1,5 graus Celsius está desaparecendo. O mundo conhecido e  desfrutado pelos seres humanos está mudando rapidamente para além da possibilidade de reparação. O futuro dos jovens está ameaçado pelos impactos em cascata da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. A industrialização, colonização e extração e consumo de recursos geraram grandes riquezas, distribuídas de forma desigual. A emergência climática e ecológica de hoje afeta mais os mais vulneráveis, muitos deles vivendo nas nações menos ricas e que menos contribuíram com as emissões de poluentes. Atualmente, estamos mais conscientes do que nunca da ligação entre combustíveis fósseis, violência e guerra. Podemos, no entanto, sonhar e trabalhar por um mundo em que cada país produza a energia de que necessita com os dons do sol e do vento dados por Deus, em vez de ir à guerra por combustíveis fósseis. A urgência cresce e devemos tornar visíveis a paz com a Terra e na Terra, enquanto a justiça nos chama ao arrependimento e a uma mudança de atitude e ação. À medida que nos juntamos ao rio da justiça e da paz com os outros, criamos esperança. Uma economia de paz pode ser construída em vez de uma economia baseada no conflito. 

3 - Uma poderosa torrente pode mover montanhas

As nossas ações individuais durante o Tempo da Criação são importantes. Também devemos reconhecer que, como precisamos de um poderoso movimento de justiça, as ações individuais não são  suficientes. Em nível global, as nações com poder e riqueza têm o dever de lidar com justiça e honestidade com as comunidades que mais sofrem com as crises climática e ecológica. As decisões da COP 15 [dezembro de 2022] para preservar a biodiversidade são fonte de esperança, mas exigem perseverança. Essas vitórias foram alcançadas por aqueles com menos poder trabalhando em conjunto. Juntos podemos ser um poderoso rio de justiça e paz, que traz vida nova à terra e às gerações futuras, um rio que pode mover as montanhas da injustiça. 

4 - Pedidos de mobilização profética

Outras ações em reconhecimento da nossa interconexão e interdependência com toda a Criação incluem aprender mais sobre a Declaração Universal dos Direitos dos Rios, parte de um movimento para reconhecer os direitos inerentes à Mãe Terra. Como família ecuménica, podemos  envolver-nos nessas ações e contribuir para que a teia da vida seja preservada e cuidada. Ao mesmo tempo que confiamos na obra de Deus, reconhecemos que também podemos participar da vontade Dele para a justiça e a paz. Neste Tempo da Criação, podemos caminhar juntos e em comunhão como povo de Deus para deixar fluir a justiça e a paz!

22º Domingo do Tempo Comum

 


(Ano A – 03.9.2023)

 Introdução à Liturgia:


A liturgia de hoje constitui uma ótima oportunidade para refletir sobra a forma como nos situamos no ambiente que estamos a viver. Muitos de nós sentem que os seus projetos e, porventura, os seus sonhos têm sido abalados pelas dificuldades da vida, designadamente pela ‘pandemia’ que temos vindo a viver. As nossas esperanças precisam hoje de ser recentradas e de fazermos uma espécie de ‘regresso’ aos fundamentos da nossa experiência existencial, à procura do essencial da nossa vida. O Senhor Jesus, no Evangelho de hoje, diz-nos exatamente isso.


Introdução às Leituras:

A primeira leitura, do livro de Jeremias, apresenta-nos um dos textos mais marcantes deste profeta, onde ele nos confessa o seu encanto por Deus, apesar das circunstâncias que o envolvem e da hostilidade dos seus contemporâneos. Essa paixão por Deus leva-o a superar tudo. Um belo testemunho para nós. 

Na segunda leitura, na continuação dos domingos anteriores, S. Paulo exorta os crentes da comunidade de Roma a não se conformarem nem se deixarem cativar pelo ambiente mundano que os rodeia. Ser crente, para Paulo, é ser capaz de fazer opções e estas são aquelas que Jesus nos propõe.

 No Evangelho, numa sequência imediata ao texto do passado domingo, Jesus diz a Pedro e aos Discípulos que Ele não é o messias com que eles estão a contar, nem a missão que recebeu do Pai é compatível com os planos deles. Ele é o messias de Deus e não o messias dos homens e, por isso, há que perder a vida para a poder ganhar em Deus.

Padre João Lourenço, OFM

 

25 de agosto de 2023

21º Domingo do Tempo Comum

 

(27/08/2023)

           Introdução à Liturgia:

A liturgia dominical, para além da celebração da fé comunitária, elemento fundamental da nossa identidade eclesial, ajuda-nos também a formular perguntas e questões sobre a forma como cada um de nós se confronta com Jesus e a encontrar respostas para essas mesmas questões. Neste domingo, através da Palavra de Deus, escutamos o convite pessoal que nos é feita para que respondamos com a nossa vida e o nosso testemunho.

           Introdução às leituras:       

Na 1ª leitura, Isaías apresenta-nos dois paradigmas, dois modelos de pessoas para que cada um de nós possa também descobrir a forma como se coloca ao serviço do Reino de Deus: a pensar em si ou disponibilizando-se para servir os Irmãos.

 Na segunda leitura, da Carta aos Romanos, e já em jeito de conclusão, Paulo fala-nos, com admiração e espanto, acerca da sabedoria e da generosidade de Deus. Nisso, está todo o mistério da gratuidade da salvação que nos é concedida.

          No texto do Evangelho, Jesus coloca perguntas, interroga os seus discípulos. As perguntas assumem dois âmbitos: os que dizem as pessoas, o que escutas por aí acerca da pessoa de Jesus? Depois, Jesus faz uma pergunta pessoal, dirigida a cada um de nós que não tem a ver com o que se diz, mas sim com a minha afirmação pessoal de fé: E tu, quem dizes que Eu sou? É a pergunta desafiante da fé e para a qual só cada cristão pode responder, pois a resposta é pessoal.

Padre João Lourenço, OFM

XX Domingo do Tempo Comum


(20/08/2023) 

 

     Introdução à Liturgia 

Um dos grandes contributos que a Igreja tem vindo a oferecer à nossa sociedade de hoje é a questão do acolhimento e da inclusão. De inúmeras formas, sentimos diariamente esta questão que, por vezes, assume também contornos religiosos. Ao seu tempo, Jesus sentiu igualmente este problema, já que o judaísmo contemporâneo vivia uma realidade fechada em si mesmo, mormente nas questões das práticas rituais e da relação com aqueles que não eram judeus. Ontem, como hoje, encontramos em Jesus respostas para questões que são eternas: como acolher o outro.  

 

Introdução às leituras:         

Na 1ª leitura, Isaías fala-nos do acolhimento que o povo de Israel devia dispensar àqueles que, mesmo não pertencendo ao povo eleito, eram também amados e sinais do amor universal de Deus. Para o profeta, esse era um dever imposto a Israel.  


 A segunda leitura, da Carta aos Romanos, Paulo fala-nos da salvação universal que Deus oferece a todos os povos que através de Cristo chegam à plena comunhão com Deus. É por Ele que todos alcançam a misericórdia divina.  

 

         No texto do Evangelho, tomando as palavras de Jesus, S. Mateus faz uma aplicação dessas palavras em 1ª pessoa; ele, que fora também uma das ovelhas desgarradas do povo eleito, tornou-se beneficiário da misericórdia divina que em Jesus se estande e alarga a todos, incluindo a própria mulher cananeia que implora a sua salvação. 

 

Padre João Lourenço, OFM

 
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