Ser,
Senhor,
Nas tuas mãos,
Vaso de salvação
Eterna!!
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A Regra da Ordem
Franciscana Secular: estrada de conversão e caminho de santidade.
1. Nós, cristãos leigos,
religiosos e sacerdotes, somos chamados à santidade de vida. Não somos
convocados a sermos apenas “pessoas religiosas”, “corretas”, pessoas mais ou
menos correctamente religiosas. A Constituição Dogmática do Concílio Lumen
Gentium afirma: “Assim, é evidente que todos os fieis cristãos de qualquer
estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da
caridade. Por esta santidade se promove também na sociedade terrestre um modo
mais humano de viver. Com o fim de conseguir esta perfeição façam os fiéis uso
das forças recebidas segundo a medida da doação de Cristo, para que, seguindo
seus vestígios e feitos conformes à sua imagem, cumprindo em tudo a vontade do
Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo” (n.
101). O Documento lembra que a santidade consiste na glória do Pai e no amor do
próximo. Não podemos fazer por menos. Os que pretendem ingressar na vida
franciscana secular querem ser santos, à maneira evangélica de Francisco.
2. João Paulo II, na
Exortação Apostólica sobre a Vocação e Missão dos Leigos: “Hoje, como nunca,
urge que todos os cristãos retomem o caminho da renovação evangélica, acolhendo
com generosidade o convite apostólico de ser santo em todas a acções…Todos na
Igreja, precisamente porque são seus membros, recebem, e por conseguinte
partilham a comum vocação à santidade” (n.16). O assunto está claro. Somos
convidados à santidade.
3. Pio XII havia definido a
Ordem Franciscana Secular como “escola de perfeição, de genuíno espírito
franciscano, de acções ardorosas e imediatas. Mais ainda: a Ordem(terceira)
quer pessoas que, no seu estado, busquem a perfeição”. Ora, a Regra da OFS, diz
claramente: nas fraternidades “os irmãos e irmãs, impulsionados pelo Espírito e
atingir a perfeição da caridade, no próprio estado secular, são empenhados pela
Profissão a viver o Evangelho à maneira de São Francisco mediante esta Regra
aprovada pela Igreja” (n.5).
4. Nunca é demais afirmar
que os franciscanos seculares podem contar com um texto espiritual
inspiracional cheio de vigor para orientar sua vida na Igreja e no mundo.
Trata-se da Regra aprovada pelo Papa Paulo VI a 24 de junho de 1978 e
professada pelos seculares franciscanos. A elaboração da Regra da OFS foi um
retorno às fontes franciscanas primitivas. O Prólogo da actual Regra é
constituído pela Exortação de São Francisco aos irmãos e irmãs da penitência,
título dado ao texto por K. Esser. Há dois caminhos básicos na vida: o caminho
do bem e o caminho do mal, como já aparece na Didaqué. Há o caminho dos que
fazem penitência e daqueles não fazem. Os que fazem penitência vivem. Morrem os
que não fazem. Os franciscanos eram conhecidos primitivamente como os
penitentes de Assis. Percorrendo o caminho da penitência chega-se à santidade.
Entramos para a OFS porque queremos um espaço que nos ajude na conversão.
5. A Regra se apresenta
como uma proposta vocacional na qual Cristo é o centro do projecto de vida. De
maneira simples, mas profunda, lemos: “A Regra e a vida dos franciscanos
seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o
exemplo de São Francisco de Assis que fez de Cristo o inspirador e o centro de
sua vida com Deus e com os homens” ( n.4). Francisco nada mais queria saber a
não ser de Cristo. Um Documento antigo dos franciscanos seculares franceses,
anterior à Regra, dizia: Francisco queria … “o Cristo optando pela pobreza e
pela humildade para ser assim homem entre os homens; o Cristo amando os homens
todos os dias chegando ao extremo de dar a vida por eles no alto da cruz; o
Cristo realizando a vontade do Pai e cantando sua glória; o Cristo
ressuscitando para a vida eterna e assim passando desta vida ao Pai… Cada dia
Francisco contempla os mistérios da vida de Cristo e descobre assim seu
caminho. Quer seguir os traços de Cristo. Deixa-se transformar por ele. Esta é,
pois, sua vida”.
6. Há aqueles que fazem
penitência e os que não fazem… “Como irmãos e irmãs da penitência, em virtude
de sua vocação, impulsionados pela dinâmica do Evangelho (os franciscanos
seculares) conformem seu modo de pensar e de agir ao de Cristo, mediante uma
radical transformação interior que o próprio Evangelho designa pelo nome de
“conversão”, a qual, devido à fragilidade humana, deve ser realizada todos os
dias” (Regra n. 7).
7. Converter-se é passar a
viver a vida nova do Evangelho. Essa conversão se dá no quotidiano da
existência. Os franciscanos seculares vivem no mundo e é nesse mundo que se
convertem. Voltando a citar o Documento francês: “ Todo homem está num estado
de vida: casamento, celibato ou viuvez. Todo homem exerce uma profissão,
reserva um tempo para o lazer, faz parte de agrupamentos da sociedade. Todo
homem está inserido num tecido de relacionamentos familiares, sociais, profissionais,
culturais, religiosos, económicas, políticas, nacionais e internacionais. É
chamado a assumir responsabilidades nestes diversos domínios ou campos. É
precisamente esta realidade terrestre que o franciscano secular é chamado viver
e a transformar segundo o Evangelho”. Assim, ele transforma o mundo e caminha
rumo à santidade no coração das realidades.
8. Os franciscanos
seculares estão bem conscientes de tudo o que acaba de ser lembrado. Sabem que
para Francisco o começar a fazer penitência tem um dado preciso. Ele começou a
se transformar quando se aproximou dos leprosos. Em nossos dias a conversão
acontece quando se presta uma atenção toda especial às relações humanas e
sobretudo com os mais pobres. Aprendemos a admirar o trabalho da Dra. Zilda
Arns Neuman, criadora da pastoral da criança, que atinge milhares e milhares de
mulheres mães e de crianças. Amando os pobres e também aqueles que nos rejeitam
é o Cristo que encontramos e vemos se operar nossa conversão. Como a de
Francisco, nossa conversão passa pelo amor dos homens.
9. Não podemos ser cristãos
medíocres. A Regra da OFS é um convite à santidade de vida. As fraternidades
seculares são lugares de busca da perfeição evangélica. Os retiros anuais ou
mais frequentes, os exames de consciência, as visitas fraterno-pastorais, a
recepção regular do sacramento da confissão, a disponibilidade, mesmo com
sacrifício para assumir serviços na Igreja e na Ordem são sinais de que estamos
num caminho bom.
10. A intensa vida
eucarística dos franciscanos seculares será de fundamental importância. Ali
morremos a nós mesmos, com Cristo, e renascemos. A Eucaristia é lugar de
santidade e de santificação.
(*)
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Texto de reflexão enviado pelo Irmão Luís Miguel Ramos, responsável pela formação do CERS, para o fim de semana, sobre a Ordem Franciscana Secular que, segundo o mesmo, nos interpela e lança questões para as quais devemos ter uma atitude proactiva.
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