Hoje,
17 de setembro, dia grande para toda a Família Franciscana. Celebramos a festa dos
Estigmas com que o Senhor adornou S. Francisco.
Já
tinham passado dezoito anos desde a sua conversão. Estando ele em Santa Maria
dos Anjos, por inspiração divina, foi-lhe revelado que só permaneceria neste
mundo mais dois.
Ficou
o nosso seráfico Pai muito sereno e logo pensou retirar-se para sítio mais sossegado onde nada perturbasse a
sua intimidade com Deus. E não exitou: o Alverne! Sim, iria para a montanha querida
que o conde Orlando de Chiúsi lhe ofereceu por ser um lugar propício à
contemplação. E pôs-se a caminho. Com Frei Leão, Frei Ângelo e Frei Masseu. Aí
iniciaria a quaresma em honra do Arcanjo São Miguel.
Mas
Francisco, atormentado pelas doenças, frágil e com poucas forças, não aguentava
a caminhada. Então os seus companheiros pediram a um camponês que se dirigia
para aqueles lados, que lhes emprestasse o jumentinho para o levar. E lá
seguiram todos. Caminho duro. Viagem difícil, com poucas palavras. Até que o
dono do jumento quebrou o silêncio. Virou-se para Francisco e com toda a
simplicidade disse “- és de verdade o
irmão Francisco de Assis, como me disseram? Então ouve um conselho de amigo:
cuida bem em ser o que as pessoas pensam de ti. Vê lá, não as desmintas!”.
Francisco, humildemente, agradeceu. E uma santa alegria inebriou o seu coração.
Assim,
nesta caminhada para o Monte Alverne, o Senhor ia preparando o coração de
Francisco para o grande momento. A beleza imponente do local, o silêncio, o
tempo agreste, ajudavam ao alheamento do bulício do mundo.
Ali
chegados e procurando em tudo saber o que o Senhor queria dele, abriu por três
vezes o Evangelho (três vezes em honra da Santíssima Trindade) e sempre lhe
apareceu a narração da Paixão. E foi essa a sua meditação. Em cabana isolada
dos Irmãos, aí se instalou, louvando, agradecendo e oferecendo-se para sentir o
sofrimento que Cristo suportou no Calvário. Só Frei Leão – a ovelhinha de Deus
como lhe chamava – se aproximava para lhe levar algum mantimento.
E
neste isolamento voluntário, numa visão doce e terna, o Senhor comunicou-lhe que acedia ao seu desejo. Ao
acordar, Francisco viu que tinha as mãos e os pés trespassados por cravos e uma
chaga aberta no peito. E muito sofrimento físico. Meu Senhor e meu Deus, Contigo tudo suporto, terá desabafado…Comovido
e embaraçado, não sabendo como esconder este privilégio, agradeceu e,
procurando tapar com o burel as Santas Chagas, continuou a sua vida de oração
intensa.
Neste
dia em que se recorda S. Francisco, tantos pensamentos nos são oferecidos.
Também nós vamos subindo o nosso Monte Alverne. Talvez demasiado carregados.
Talvez sem nos apercebermos da beleza deste percurso. E quando o Senhor se faz
ouvir, chamando a nossa atenção para os erros que cometemos, como reagimos? Na
voz daquele camponês que emprestou o jumento, Francisco foi alertado para não
descurar a sua verdadeira humildade e para viver segundo aquilo que pregava.
Seremos nós sempre coerentes com aquilo que afirmamos e os atos que praticamos?
Francisco
também se isolou. Não para fugir à convivência com os seus Irmãos, mas para
estar só com Deus. No silêncio é mais facil escutar a voz do Altíssimo. Mas,
antes de nos entregarmos a Deus ou ao próximo, precisamos de nos encontrar
connosco. Numa conversa franca. Com toda a sinceridade. Conhecermo-nos
interiormente. Assim, a mensagem que passaremos será uma mensagem de verdade e
de paz. Temos que apagar qualquer fogo incómodo que moleste o coração. Nunca
chegaremos aos outros quando aquilo que tentamos transmitir não faça parte do
nosso modo de viver.
Francisco
foi maravilhoso! Deixou-se guiar e guiou aqueles que o seguiam. Com o desvelo
de um pai. Com a caridade de um irmão. Com a humildade de quem tudo recebeu de
Deus. Com o desprendimento de que nada lhe pertencia.
Vivamos
bem este dia. Saudemos o querido pai S. Francisco, pedindo que nos ajude também
a subir ao nosso Monte Alverne, com firmeza, com disponibilidade, para espalhar
no mundo de cada um de nós, a Paz e o Bem, o Amor e a Alegria, segundo aquilo
que o Senhor nos inspirar e com a gratidão de que tudo nos foi dado por Ele.
Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor, a Ti toda
a Honra, Glória e Louvor…
maria clara, ofs
17setembro2017
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