Pelos sinais
Eis os novos sinais da santidade
Que se revelam, dignos de louvor!
Miríficos sinais de bem querer
No humilde S. Francisco acreditados.
Aos professos da nova e humilde grei,
Outorga-se o direito da lei nova.
Os preceitos do Rei são renovados;
transmitidos do céu por S. Francisco.
Nova vida! Ordem nova que alvorece!
Uma regra inaudita neste mundo!
Lei sagrada que vem restaurar
O estado do Evangelho sacrossanto.
Reforma-se a aspereza do direito
por feição semelhante à lei de Cristo.
E as normas dessa regra se alevantam
Ao fastígio primeiro dos Apóstolos.
Ele veste um burel sem pretensões;
Uma corda grosseira por cintura.
O pão só por medida se permite;
E nega-se o conforto do calçado.
Descuida-se de tudo o que é terreno;
De tudo S. Francisco se despoja.
Despreza as previdências do pecúlio;
A pobreza deseja tão somente.
Procura a solidão para chorar;
De coração amargo solta vozes.
Triste, lastima o tempo tão querido,
Desperdiçado outrora lá no século.
Retirado num antro da montanha,
No chão prostrado, humilde, reza e chora.
Por fim, com seu espírito sereno,
Detém-se como preso em doce ergástulo.
A coberto somente dos rochedos
medita, arrebatado nas alturas...
Recto juiz, despreza o que é do mundo
E prefere-lhe as coisas lá do céu.
Na mortificação refreia a carne
Cujo aspecto transforma e desfigura.
A Escritura Sagrada é o seu sustento.
De tudo o que é terreno se desfaz.
Um certo dia lá vem das alturas
Hierática figura de Varão.
Visão do soberano e grande Rei
Que ao santo Patriarca aterroriza.
Traz em si os sinais do bom Jesus
E imprime-lhe essas chagas sacrossantas
Enquanto ele medita na Paixão
Com seu coração triste, emudecido...
Assinalado fica o santo corpo...
Ferido nos seus pés e suas mãos.
O seu lado direito trespassado...
E assim todo escorrendo o próprio sangue!
Proferem-se palavras de mistério
E revelam-se coisas do futuro.
O Santo compreende o que lhe é dito
Por mística e sagrada inspiração.
Logo aparecem cravos admiráveis.
Por fora, negros; dentro, cor de rosa.
Dor pungente que fere cruelmente,
Atrozes grilhões que supliciam...
Não entrou instrumento de arte alguma
Para as chagas abrir naqueles membros.
Não foi a natureza que os feriu
nem tão pouco o martelo torturante.
- PELOS SINAIS da cruz que em ti trouxeste
Com os quais triunfaste deste mundo
E superaste a carne tão hostil
Em ilustre e tão ínclita vitória,
Desvela-te por nós, Pai S. Francisco!
Protege-nos em toda a adversidade
A fim de que possamos ir gozar
Lá na glória celeste a recompensa.
Nosso bondoso Pai, nosso pai santo!
Por tua ajuda, o povo teu devoto,
Unido com a turba dos Irmãos,
possa alcançar o prémio celestial.
Oh! Faze companheiros dos eleitos
A todos os que inspiras na virtude.
Consiga o teu rebanho dos Menores
O gozo sempiterno lá nos céus.
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