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1 de maio de 2020

4º Domingo de Páscoa – 2020


Jesus As The Good Shepherd In Caesarea's National Park, Israel
DOMINGO DO BOM PASTOR
Introdução à liturgia:
     O 4º Domingo da Páscoa, de todos conhecido como o “Domingo do Bom Pastor”, colhe esta designação a partir do cap. 10º do Evangelho de S. João que sempre se lê, repartido em três unidades, neste 4º domingo. Trata-se de um tema – o Pastor – e de um texto, o capítulo de S. João que são marcantes da tradição bíblica, da vida e da pastoral da Igreja, e também da espiritualidade cristã. No entanto, importa ter presente que este tema – o Pastor – tem já as suas raízes no Antigo Testamento, designadamente nos Salmos (que toda a gente conhece e canta) e também em Ezequiel (cap. 34), um texto que serve de fundo e enquadra muito bem a mensagem que é transmitida por S. João. É aqui que o evangelista coloca toda a força e a centralidade dessa imagem única e singular – Jesus, ‘o Bom Pastor’ – que dá a vida pelas ovelhas e se entrega à missão que o Pai lhe confiou. O texto de S. João não é um texto fechado sobre si mesmo; não se trata de uma contemplação passiva. É uma imagem aberta e dinâmica que se prolonga naqueles que seguem o testemunho de Jesus e se dedicam ao Povo de Deus, pois sem Pastor não há Comunidades e, por isso, somos desafiados a rezar e promover, cada um com a sua capacidade, a causa do serviço pastoral: ser pastores conforme as nossas capacidades e os ministérios que nos são confiados. Também é tempo de rezar e pedir ao Bom Pastor que nos envie bons pastores para o serviço da Sua Igreja.

A Figura do Bom Pastor:
      Quem já visitou Cesareia Marítima teve a oportunidade de ver uma das mais antigas estátuas de Jesus (apesar de um pouco mutilada) como o ‘Bom Pastor’, carregando uma ovelha aos ombros. Isto mostra-nos que desde cedo os cristãos sentiram que o ‘ser pastor’ não era apenas uma figura de estilo nem uma mera categoria simbólica; muito mais que isso. A mensagem bíblica sempre se apresentou como um serviço e na figura do ‘Bom Pastor’ Jesus concretiza aquilo que Ele mesmo tinha dito: ‘Não vim para ser servido, mas para servir’; ou ainda: ‘Eu estou no meio de vós como quem serve’. De facto, a imagem do pastor é uma das mais expressivas, e simples ao mesmo tempo, para traduzir a ideia de serviço. Por isso, ela é uma ideia profundamente revolucionária. Deus sempre foi acreditado como fonte de poder e de mando; é a Escritura que nos diz que Ele é Pastor e que cuida do Seu rebanho, das suas ovelhas (Ez 34). A figura de pastor, como todos sabemos, nem era grata aos judeus, pois os pastores eram considerados como gente impura, gente que andava entre os gados e não cultivava as normas da pureza ritual. É a estes ‘marginais’ que Ele é anunciado na noite de Belém, os primeiros contemplados com a feliz notícia de que ‘nos nasceu um Salvador, fonte de alegria’ e de esperança para todo o povo. Jesus apresenta-se como o ‘Bom Pastor’ (o ‘Belo Pastor, no dizer do texto grego que com esta designação quer expressar a beleza e a ternura de Deus pelo Seu povo). Sendo o Bom Pastor, o evangelho (Jo 10) oferece-nos um conjunto de atitudes que definem a ‘bondade do Pastor’: Ele liberta, abre portas, mostra o caminho, conduz às pastagens, chama pelo nome, recolhesse todas e cada uma das suas ovelhas, recolhe-as no aprisco do seu ‘coração misericordioso’, vai buscar a que anda perdida e cuida da que está ferida pelo pecado, faz frente ao salteador e, finalmente, dá a vida por cada uma e por todas. A Sua missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude. Jesus cumpre com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas, aceitando cada uma como é para que venha a ser aquilo que Deus quer que sejamos. Na segunda leitura, Pedro reforça esta mesma atitude, convidando-nos a seguir o Pastor para não sermos ovelhas tresmalhadas. Hoje, o empenho na Igreja convida-nos a ser verdadeiras ovelhas que se aconchegam ao Bom Pastor e d’Ele recebem a força e a esperança de um amanhã de luz. Que o nosso confinamento nos ajude a sentir mais fortemente a presença do Bom Pastor que nos guia na esperança de um amanhã melhor.
      Rezemos ao Bom Pastor: ‘Não Te esqueças que somos as tuas ovelhas e nos colocamos nas Tuas mãos. Conduz-nos aos pastos da vida eterna’. Um santo e feliz domingo do ‘Bom Pastor’.

      Fr. João Lourenço

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