Encontro com Cristo - da Quaresma ao Advento e do Advento à Quaresma
É tempo de oração, de reflexão, de partilha, de dar espaço a Deus no mundo em que vivemos. De recomeço em recomeço é possível abrirmo-nos à dimensão espiritual da vida pessoal e fraterna e glorificar o Senhor, em Jesus Cristo, que incessantemente, como na ceia pascal, ensina-nos a acolhe-Lo na sua Encarnação diária e quotidiana e a servi-Lo nos irmãos. Publicam-se, em tempo de Advento, as notas que registámos do retiro quaresmal da Fraternidade. À Glória de Cristo. Ámen.
RETIRO QUARESMAL - Padre João Lourenço
1. Tempo de oração
Salmos 91 (Deus Criador) e 8 (A majestade do Senhor e a dignidade do homem).Testamento de S. Francisco.
1.1. Construir uma dimensão fraterna de vida. Esta dimensão faz-se por, com e em Cristo. É uma disponibilidade interior. E o empenho só será sério se nos levar ao encontro com Cristo Pascal. Viver segundo a forma do Santo Evangelho é um dinamismo de procura. A OFS não é um refúgio é uma procura. Um dinamismo de procura, de despojamento de se deixar encontrar pelo Evangelho de NSJC. É um momento de encontro connosco, com Deus e com os outros. Somos uma presença no mundo mas não vinculados ao mundo. A Quaresma é um tempo de encontro connosco, de nos refazermos, de tesourada, de poda, de desladroar. É assim um tempo de encontro connosco, com Deus e com os outros.
1.2. Procuramos o quê? O consumo? A facilidade?
1.3. Francisco encontrou na misericórdia de Deus, na dor com os outros, no sofrimento dos injustiçados o Evangelho de NSJC.
1.4. A Fraternidade é um ponto de chegada e não de partida depois do encontro consigo; com Deus e com os outros.
Preces: Socorrei-nos Senhor com a vossa graça
- Conservar sem mancha os nossos corpos para que sejam digna morada do Espírito Santo
- Despertai em nós, desde a manhã, o desejo de nos sacrificarmos pelos nossos irmãos e de cumprirmos a vossa vontade em todas as atividades deste dia.
- Ensinai-nos a procurar sempre o pão da vida eterna, que Vós ofereceis cada dia.
- Interceda por nós a Mãe Santíssima, refúgio dos pecadores, para alcançarmos o perdão dos nossos pecados.
2. Tempo de reflexão
a. 1º CONFERÊNCIA - Deixa a tua terra… e parte
Sacrifício de Isaac marca o início de uma caminhada de fé. É o texto da mudança de uma forma de ser e de estar. Marca o compromisso de uma vivência pessoal.
Deixa-te para seres uma pessoa nova, uma outra realidade. Parte e eu farei de ti um anúncio, um testemunho, uma nova fraternidade. O que significa partir? Ser peregrino, desinstalado. Partir para ouvir a voz de Deus. Capacidade permanente de procura de Deus, de renúncia. Não fugir, aceitar, acolher e pôr-se a caminho. Vai à procura de uma nova terra, dos outros, da fraternidade. Este chamamento é importante, pressupõe uma liberdade interior e disponibilidade do coração.
Os caminhos de Deus requerem aceitação querida (faça-se). Aceitar partir significa criar uma dimensão espiritual de vida. A gratuidade, a generosidade da nossa entrega é a nossa grandeza. Aqui encontramos a liberdade interior para um novo mundo: o da infinitude, de um horizonte largo.
“Farei de ti…” Força da fraternidade, sinal do Reino, para sermos nós. Fraternidade plena. Deixar para nos abrirmos a Deus, à sua força. Só com ele pode ser significativo construir algo significativo. Não existem certezas.
Que a nossa sombra não seja o limite de nós próprios. Saber escutar o apelo. Ir para além de nós próprios. Aceitar o desafio capacita-nos. Ousadia e atrevimento de nos deixarmos conduzir por algo.
Discípulos: “Vinde e farei de vós pescadores de homens.”Jovem rico. Parte. Deus dá-nos uma ordem. Não há lugar para recusas. Deus impõe-se de cima. A misericórdia de Deus está sempre associada ao chamamento. A certeza de Deus é o sustentáculo da nossa caminhada. “Ap. Estou à porta e chamo se me abrires a porta entrarei em tua casa e cearei contigo.”Aceitar a vontade de Deus porque Ele nos habilita para isso. Deus providenciará. Gratuidade e disponibilidade amorosa.
Não nos podemos recriar na nossa auto – suficiência, no consumo, na fantasia, no imediato, na nossa vontade (maior ídolo), na superficialidade e no endeusarmo-nos por nada, nos amigos (manipulação). Deixar a terra árida que somos e tornarmo-nos plenos de Deus. Nós somos o primeiro Deus de nós próprios. Não aceitamos que Deus nos mostre outra terra.
A verdadeira fé ouve os apelos de Deus a partir de fora.
b. 2ª Conferência - Vai e repara a minha Igreja
Acolher o apelo para partir é fazer a experiência da paternidade divina. Refazer a Igreja significa reconstruir algo de novo. Sentiu a sua Filialidade como dom da paternidade de Deus.
Em despojamento. Agora possa dizer verdadeiramente: Meu Pai! Intimidade profunda entre Deus e Francisco. Vive esta atitude de uma forma radical. Atitude de fé e entrega. Francisco vai traduzir a Fraternidade Universal pela experiência da paternidade divina e esta realidade faz com que todos sejam irmãos. É algo que assume sem reservas. È uma dimensão radical da vida. Vai e repara a minha Igreja. Reconstrução da comunhão fraterna, uma Igreja fraterna que passasse pelos corações. Este é um apelo para nós. Deus quer reconstruir esta casa de comunhão que nós chamamos fraternidade.
Deixar que este apelo entre nas nossas vidas. Tem de ser um apelo comunitário. O Senhor envolve-nos com os outros. Nova Terra – comunhão com o Senhor, com os outros. Francisco parte à procura de uma nova identidade fraterna. Confrontar esta realidade com a nova maneira de ser. Encontramo-nos numa sociedade ferida, como muralha impenetrável que faz com que nos ignoremos uns aos outros. As tecnologias isolam-nos, não nos fazem dialogar. Olhemos o isolamento em que vivemos. Gente que perdeu a capacidade de se relacionar. Fugimos do outro. A proximidade não é real. E o pior é que o isolamento se tornou normalidade.
A fraternidade universal é expressão da paternidade divina e faz com que todos sejam irmãos. Reconstrução da comunhão fraterna. Nova terra é uma nova identidade fraterna. O grave é que o isolamento tornou-se normalidade.
Que respostas temos para esta realidade? Como vivemos no meio do nosso mundo? Como reparamos?
Tudo o que não é construído em comunhão, em fraternidade é instável. Não é verdadeiramente uma casa.
Como podemos contribuir?
-Testemunho (experiência de vida maravilhosa);
- Fraternidade (é sinal visível?)
- Espaço de construção fraterna que possa acolher e deixar-se acolher.
- As nossas fraternidades têm a marca de Francisco de Assis? Acolhemos? Não somos todos reféns da situação que vivemos? Este testemunho não tem a vitalidade que devia ter porque não agimos em sintonia.
- Agir em sintonia
- Reconstruir a partilha e a comunhão em vez da proeminência. Como acolhemos este apelo? Construir comunidade de uma forma transparente (fugimos) temos pouca humildade para acolher as ideias dos outros. Isso não é uma dimensão fraterna.
- Pouca humildade para acolher as ideias dos outros. Somos peregrinos da verdade e não detentores da verdade. Assumir as nossas fragilidades e as dos outros. Soberba, vácua presunção da verdade. Fragilidade de quem procura e busca.
A nossa vocação só se realiza pela fraternidade. Viver o Evangelho em FRATERNIDADE.
A vocação da OFS é viver o Evangelho em Fraternidade.
QUAL O MEU CONTRIBUTO NA CONSTRUÇÃO DA FRATERNIDADE? COMO ME DOU?
Voltando-nos uns para os outros para mutuamente nos amarmos como disso nos deu o exemplo o Senhor). É O EXEMPLO.
As nossas Fraternidades são um espaço de encontro com Cristo?
O outro é um irmãos em Cristo? (refazer-se uns aos outros – Empenhar-se na descoberta de caminhos novos de comunhão /reencontrarmo-nos como irmãos para ir reconstruir a sua Igreja.
Como?
Estabelecer uma relação íntima com Deus. Partir sem olhar a medos mas em entrega. Deixar-se enamorar por Cristo como Francisco. Basta-te a minha graça.
Eco do apelo de Deus à comunhão fraterna: “Amarás.” Dimensão pessoal e fraterna
As nossas Fraternidades são um espaço de encontro com Cristo?
Por onde começar?
1. Recomeçar pela dimensão fraterna (Dinamismo – o individualismo é um esconderijo, um refúgio). Procurar a verdade fraterna. Só a verdade nos empenha/desprendimento/entrega/ empenho.
2. Partilha espiritual é fundamental (condição fraterna, abertura ao outro).
3. Luta contra a resignação – Alegria da Fraternidade.
4. Atitude dinâmica, oblativa, dinâmica.
5. Obra de todos, construída por todos e aberta a todos
6. A Fraternidade não é um património é uma vida constante.
7. Formação permanente – atitude de crescimento
8. Fazer da comunhão fraterna a reconstrução da Igreja.
9. Compromisso. Exigência. Renúncia
10. Restaurar a inquietação interior (novas formas de vida).
11. Cada um é um projeto de Fraternidade e é assim que temos de aparecer no mundo.
12. O paradigma da Comunhão Fraterna é Francisco de Assis
Basta-te a minha graça (S. Paulo)
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