Retalhos Como Francisco e Clara de Assis, a Fraternidade a todos saúda em Paz e Bem!Retalhos

8 de dezembro de 2012

Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


Festa da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


"Na sua Conceição Imaculada, Maria recebeu a benção do Senhor e a misericórdia de Deus seu Salvador.”

Em homenagem à Virgem Santa Maria e a Santa Clara, “Herdeiras de uma bênção”, transcreve-se o capítulo 17 da obra de Gadi Bosh Pons, OSC, “Chamo-me CLARA DE ASSIS”, Editorial Franciscana – 2011, págs. 103 a 107

"À medida que se aproxima o final da vida, queremos comunicar a experiência adquirida com o tempo. Desejamos manifestar aos que estão próximos o que dá sentido à nossa vida. E fazemo-lo com simplicidade e com a verdade que mana do mais profundo do coração. Quando este momento de verdade chegou à nossa irmã Clara, do seu coração brotou agradecimento e bênção: “o Senhor vos abençoe e vos guarde, vos mostre o seu roste e se compadeça de vós. Volte para vós a sua face e vos dê a paz…”, palavras ternas, impregnadas de orvalho bíblico. Esta Benção que nos legou foi estímulo e apoio para viver o dia-a-dia como dom de Deus e trabalho nosso.

A bênção é para a família franciscana uma maneira de responder e se dirigir ao irmão ou irmã de quem se gosta. A nossa irmã Clara dirigiu-a às irmãs presentes e às que viriam depois, quer dizer, a todas as clarissas do orbe. Com a bênção enlaça o passado, o presente e o futuro num único movimento que nasce de Deus, fonte de vida, sabendo que só Deus pode tornar fecundo qualquer gesto de fraternidade. O coração de Clara e das irmãs une-se ao Pai, ao Filho e ao Espírito, à Vida, à Luz e ao Amor. Se ela se considera a si mesma como a pequena planta de Francisco, irmã e mãe nossa, isso significa que tem consciência da sua missão de ser leito de bênção para os outros. Deseja que cheguem a todos as bençãos espirituais do Deus de entranhas de misericórdia que não cessa de nos abençoar desde a criação.

A bênção da nossa mãe é uma recordação amável e um olhar para o futuro. Orienta-nos através de três eixos fundamentais da fé: o amor, o compromisso e a fidelidade: “Amai sempre a Deus, a vossas almas e a vossas irmãs. Sede solícitas em cumprir o que prometestes ao Senhor”. Orienta-nos progressivamente para o nosso próprio coração, estando no mundo a partir da comunhão com Deus: “O Senhor esteja convosco e faça que vivais sempre em união com Ele. Ámen”.

Ser herdeiras de uma bênção introduz-nos na dinâmica da Ruah divina. Para nós, viver a espiritualidade da bênção significa avivar cada dia a adesão do coração a Jesus, renovar-se, abrir-se, celebrar, alegrar-se, comunicar, partilhar, compromisso com a vida, sensibilidade ecológica…

A adesão pessoal a Jesus é uma atração e uma chamada. Uma graça de Deus e um trabalho da nossa parte. Uma adesão que é amizade, um conhecimento que provém da experiência do trato, da confiança, da relação mantida com o Senhor mediante a oração, a leitura da Escritura, os sacramentos, em especial da participação na Eucaristia. E precisamente porque é uma adesão pessoal, consegue dar o passo de crer não unicamente porque os outros o dizem, nem porque seja favoráveis ou não as circunstâncias externas da sociedade ou da família. É uma adesão por amor, por um conhecimento pessoal de Jesus Ressuscitado que nasce de ter experimentado de alguma maneira a ação do Vivente na própria vida. O amor pessoal é que nos faz pessoas e o seguimento de Jesus arranca desta cordialidade. Seguir a jesus é identificar-se com ele através de um sentimento de pertença. Embora façamos parte de uma família, da Igreja, de um grupo, de uma associação…é a pertença fundamental ao Senhor que nos constitui.

A adesão a Jesus está unida ao acolhimento do outro, passa pelo diálogo. Aproximar-se do outro, passa pelo diálogo. Aproximar-se do outro sem querer ter o exclusivo da verdade, mas dialogando para aprender mutuamente a partir da convivência pacífica e respeitosa. Apesar de às vezes as crenças do outro poderem ser diferentes coincidimos em muitos valores que são património da humanidade.


Viver a espiritualidade da bênção torna-nos respeitosos com a criação. A espiritualidade e a ecologia estão estreitamente relacionadas, e tanto para Santa Clara como para São Francisco, a criação inteira é a casa de todos. Lugar de harmonia e de encontro com o Criador. E convertiam cada criatura em irmã. Louvavam a deus pela mãe terra, pelo sol e a lua, pelo fogo e a água, pelas flores e as estrelas, pelos frutos e a erva… e, sobretudo, pelo homem e a mulher, já que “pela graça de Deus, a alma fiel se torna a mais digna de todas as criaturas, mesmo maior que o Céu; já que os céus e as demais criaturas não podem conter o Criador, só a alma crente se transforma em sua mansão e seu trono pela caridade”.

Viver o dom e o trabalho da espiritualidade da bênção quer dizer também acompanhar os outros a fazer a experiência da fé, desejo positivo, encontro no simples; não apagar o pavio vacilante, viver a alegria do espírito; falar bem de Deus e do outro, escolher um valor que nos construa, um amor que nos dê sentido, um ideal que nos desperte o gosto pela vida…

Adeus, e como costumava dizer soror Clara, desejo-te boa saúde. E encomenda-nos ao Senhor nas tuas fervorosas orações, tanto a mim como a minhas irmãs, que muito nos alegramos, juntas, pelo bem que o senhor opera em ti pela sua graça.” (Gadi Bosh Pons, OSC, “Chamo-me CLARA DE ASSIS”, Editorial Franciscana – 2011, págs. 103 a 107).

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