Beato
Gil de Assis
Neste dia, 23 de abril,
assinala-se a memória do Beato Gil (Egídio) de Assis, o terceiro companheiro do
Poverello.
Francisco já tinha restaurado as
três igrejas que estavam em ruínas. Já entendera verdadeiramente a mensagem que
o Crucifixo de S. Damião lhe segredara. Ser um verdadeiro discípulo de Cristo.
Viver conforme o Evangelho. Calcorreando
as ruas de Assis, a todos saudava: “o Senhor vos dê a Sua paz” e, numa explosão
de alegria contagiante, falava do tesouro que tinha encontrado. A sua pregação
era escutada. As suas vestes que antes eram ricas e vistosas, refletiam agora a
imagem da pobreza que ele tinha abraçado.
Era um homem novo. Muitos
chamavam-lhe louco. Insultavam-no. Outros,
porém, começaram a ver nele a pureza duma alma de eleição.
Assim, o rico senhor Bernardo de
Quintavalle, juntou-se a Francisco depois de ter repartido todos os seus bens
pelos pobres. Veio a seguir Pedro Cattanio, jurista ilustre e cónego da
Catedral de San Rufino em Assis e que chegaria a ser um dia, ainda que por
pouco tempo, Vigário Geral dos Frades Menores.
*
E assim chegamos àquele que hoje
recordamos: Frei Gil. O terceiro
companheiro de Francisco. Jovem, de espírito reto e piedoso, admirava
Francisco, seguia-o de longe e sentia-se atraído pela vida que ele levava. Desejava
aproximar-se dele. Porém, tímido como era, rapaz simples e sem títulos, ia
adiando o encontro.
Mas, ao saber que frei Bernardo e
frei Pedro eram agora seus companheiros, encheu-se de coragem e foi ao seu
encontro. Francisco ficou feliz. Viu no jovem Gil uma bênção que o Senhor lhe
enviava. E tratou logo de o pôr à prova.
Estavam os dois a conversar
quando parou diante deles uma mendiga pedindo esmola. Por “amor de Deus” – dizia ela. Francisco não tendo nada para dar
aproveitou a oportunidade para testar Gil. Dá-lhe
o teu casaco… O jovem olhou para ele e não hesitou. Tirou o que de melhor trazia
consigo, o seu agasalho e entregou-o à mulher que estava diante de si.
Francisco exultou de alegria. Deu
graças ao Senhor e foram juntar-se a Bernardo e a Pedro. Frei Gil - chamar-lhe-iam
a partir de então. Era o dia 23 de abril de 1208.
A candura da vida destes
primeiros companheiros do pai S. Francisco, estava em sintonia com a natureza.
Os bosques onde rezavam, os caminhos que percorriam, as águas que brotavam nas
encostas e lhes matavam a sede, constituíam um cenário de beleza e de paz, onde
seria impossível não escutar o Senhor. A liberdade de nada possuírem, de se
entregarem inteiramente a Deus, dava-lhes a força para suportarem alegremente o
rigor da vida que tinham abraçado.
Gil, a quem Francisco costumava
chamar “cavaleiro da Távola Redonda”, depressa aprendeu os ensinamentos do
mestre. Rapaz robusto, dinâmico e muito habilidoso em trabalho manual, usou
essa sua aptidão ao longo da vida, com alegria. Fazia cestos, embalagens para
guardar ou transportar produtos e também objetos de barro. Além disto também
foi lenhador e no tempo das ceifas ia para o campo ajudar os trabalhadores.
Era assim que ele cumpria
rigorosamente a Regra (2R 5. 1-4) “Os
irmãos a quem o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fiel e devotamente,
de maneira que afugentem a ociosidade, inimiga da alma, mas não apaguem o
espírito da santa oração e devoção, ao qual todas as demais coisas temporais
devem servir. Como remuneração do trabalho recebam as coisas necessárias ao
corpo para si e seus irmãos, salvo dinheiro ou pecúnia; e isto humildemente,
como convém a servos de Deus e seguidores da santíssima pobreza.” Tanto em
Itália como nas suas andanças pelo mundo, Frei Gil trabalhava para ganhar o seu
sustento e dos seus irmãos, ao mesmo tempo que, com a naturalidade de quem
conversa serenamente, ia exortando, com palavras simples que todos entendiam, a
amarem a Deus, a converterem os corações, a praticarem o bem e a dedicarem
algum tempo à oração.
Frei Gil devia ser encantador.
Além de ser conhecido pela sua santidade e alegria, também a ele recorriam a
pedir conselhos. As suas “Sentenças” foram compiladas. Tinha resposta para
tudo. Tanto aconselhava pobres como ricos ou altas figuras da Igreja. Apesar da
sua grande humildade não passava despercebido.
Foi um verdadeiro Menor. Partiu
para o céu no dia 23 de abril de 1262, o mesmo dia em que, na Porciúncula, cinquenta
e quatro anos antes, Francisco o recebera como um dos seus Irmãos.
O seu corpo é venerado no
Convento de Monteripido, perto de Perúgia.
Beato
Gil de Assis. Frei Gil nosso irmão. Paz e Bem!
Altíssimo,
Omnipotente e bom Senhor, a Ti toda a honra e toda a glória…
maria clara,
ofs
23ABRIL2017
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